A Cruz e o Crucifixo
A cruz é o símbolo e distintivo mais forte e importante em toda igreja e culto cristão. Desde o início da igreja, ela foi usada como ornamento de templos, cemitérios e casas. É também costume muito antigo usá-la como adorno pessoal pendurado ao pescoço. E hoje ela continua sendo uma das melhores formas para identificar um templo cristão. É bom que ela esteja em lugares visíveis como nas fachadas de templos, nas torres, portas e placas das igrejas. No último capítulo desta obra temos diversos modelos de cruzes. Aqui vamos apenas tratar do significado dela.
O Crucifixo é a cruz com o corpo esculpido de Cristo. É o mais importante ornamento do altar. Ele enfatiza a humanação de Cristo e o seu sacrifício por nós. Ele também nos lembra que a nossa vida aqui ainda é uma vida sob cruz. A cruz vazia carece dessa ênfase e pode desvalorizar a humanação de Cristo e levar a uma espiritualização de Cristo. Cristo é verdadeiro homem e está conosco também, de acordo com sua natureza humana. O crucifixo quer nos lembrar que o Senhor Jesus se deu a nós numa cruz e que por este sacrifício recebemos perdão e salvação. "Nós pregamos o Cristo crucificado", diz o apóstolo Paulo (1 Co 1. 23). No templo, o lugar dele é em cima do altar, um pouco à frente da cruz vazia. Deveria ser aquele em que Cristo usa a coroa de rei para lembrar sua exaltação e vitória sobre a morte.
A Cruz Vazia lembra a ressurreição e a vitória de Cristo e aponta para a nossa futura ressurreição. É, portanto, um símbolo da esperança. Mas é preciso cuidar para não usá-la como simbolismo errôneo. Muitos entendem que, após a ressurreição de Cristo, para o cristão não há mais sofrimentos. A cruz vazia, seria então uma forma de dizer, que o cristão está livre de sofrimentos. A Palavra de Deus condena esta interpretação. De qualquer forma, o maior símbolo da ressurreição, é o túmulo vazio. Dentro da igreja a cruz vazia deve estar por trás do altar e, sobressaindo acima dele.
A Cruz da Procissão: Em festividades especiais, por ocasião da entrada dos ministros e dos oficiantes, pode-se usar uma cruz processional. Ela é composta de uma cruz com uma haste destacável de metal, que vai no braço superior. Na procissão de entrada, ela deve ir à frente e sobressair a tudo e a todos, para mostrar que é por causa de Cristo que podemos prestar culto a Deus. É, por isso, recomendável que os olhos de todos acompanhem a cruz desde a sua entrada até o momento de ser colocada junto ao altar. É conveniente que o portador da cruz cubra-se com uma sobrepeliz.
As Velas
No culto são usadas velas acesas, que nos lembram que a luz é um símbolo de Deus. "Deus é luz e nele não há trevas"(Jo 1.5). Cristo é a Luz do mundo, como ele mesmo disse (Jo 8.12). Ele é "a verdadeira luz que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem" (Jo 1.9). A primeira palavra que procedeu da boca de Deus durante a criação foi: "haja luz". Além disso, as velas se consomem pelo fogo. Isso nos lembra "de como nosso Senhor sacrificou-se a si mesmo para nos redimir e de como nós devemos sacrificar-nos em servir a Deus e aos homens."[1] Este simbolismo torna as velas importantes no culto. As velas também expressam glória, alegria e festividade.
Não há uma regra exata sobre a quantidade de velas a serem usadas no culto. Dependendo da ênfase, da solenidade e da época litúrgica, podem-se usar quantidades diferentes de velas. Sobre o altar o ideal é usar duas velas. Fora do altar podem-se usar os castiçais ou candelabros com 3, 5, 7 e 10 velas[2].
As duas velas, são chamadas de "Velas Eucarísticas". Elas são próprias do Culto Principal, ou seja, com Santa Ceia e deveriam ser acesas preferencialmente na preparação da Santa Ceia. Duas velas também representam as duas naturezas de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Se o normal é ter Santa Ceia em todos os cultos, as duas velas até podem ser acesas no início do culto. Em cultos sem Santa Ceia não deveriam ser acesas, deveria se dar preferência aos castiçais. Os castiçais também podem ser acesos em cultos com Santa Ceia. Neste caso as duas velas deveriam ser acesas também. Os castiçais, no entanto, não deveriam estar sobre o altar mas ao lado.
Os castiçais e as velas nunca deveriam estar mais altas do que os braços da cruz. As velas devem também ser de boa qualidade, e é recomendável que tenham cera de abelha na sua composição. Devem ser verdadeiras, nunca lâmpadas elétricas que imitam velas. Deve-se evitar o deposito de tocos de vela, principalmente no altar, pois dão um aspecto desagradável. Velas novas deveriam ser acesas previamente para evitar qualquer defeito no pavio. As velas não deveriam ser acesas com fósforos ou isqueiros. Isso tira o aspecto da reverência. Seria bom que um auxiliar, paramentado, por ocasião da entrada dos oficiantes, trouxesse o fogo num acendedor apropriado e, após a reverência ao altar, acendesse as velas.
[2] Três velas representam a Trindade. Cinco representam os cinco ferimentos de Jesus na cruz (mãos pés e o lado), por isso ele é o número do sacrifício. Sete representam as sete virtudes do Espirito (Is 11.2, Ap. 5.12), as sete vezes que Jesus falou enquanto estava pregado na cruz, e as sete igrejas mencionadas no Apocalipse. Sete é também o número da perfeição, pois no sétimo dia Deus descansou e sua obra estava completa e perfeita. Dez é o número dos mandamentos, das dez pragas, é o número que expressa o completo.
Os Paramentos
A palavra paramento vem do latim paramentu, que significa adorno, enfeite, preparo. Paramentos são todos os tecidos que usamos no altar, entre eles, a toalha que cobre toda a mesa, os guardanapos e os antepêndios. O altar da casa de Deus é adornado e preparado, para mostrar que a mesa está pronta para ceia. A tolha da mesa, de preferência deve ser de linho fino, simboliza o lençol que cobriu o corpo de Cristo na sepultura. Em alguns lugares também se usa um pano que cobre toda a frente do altar. Os "antepêndios" são os panos coloridos que usamos no altar, no púlpito da pregação e no púlpito de leitura, que, na verdade, são conhecidos pelo nome geral, "paramentos". Eles simbolizam a nossa alegria pelo perdão que recebemos na Ceia e na Palavra.
Os desenhos, cores, símbolos e decorações usados nos altar e nos panos, devem estar em harmonia com o espírito e os acontecimentos da época. Não se pode colocar qualquer desenho só porque é bonito mas que não tem significado litúrgico coerente. Devem ter pelo menos o desenho de uma cruz para demonstrar a finalidade sacra. No capítulo final deste livro temos diversos símbolos com os seu significados que podem ser usados nos paramentos.
David Karnopp