SEMINÁRIO CONCÓRDIA DE SÃO LEOPOLDO
ESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA
Disciplina: Estudos na teologia de Lutero
Professor: Dr. Paulo W. Buss
Aluno: Marco Antônio Clemente
Introdução:
Neste, queremos lembrar a todos, que Lutero não foi apenas um reformador da igreja. Mas também um grande reformador nas escolas e um grande incentivador para que os pais mandem os seus filhos para as mesmas.
Lutero divide a educação em duas partes:
1) Educar para o ministério da igreja.
2) Educar para o governo secular e a sociedade.
#) Educar é dever dos pais e do Estado.
Aos conselheiros da Alemanha para fazerem e manterem escolas:
Lutero estava vendo o desleixo dos alemães em relação quanto a mandarem os seus filhos para a escola, por isso, ele intercede aos pais dizendo que esse desleixo é uma armadilha do diabo para acabar aos poucos com a nação alemã.
Escolas em decadência:
Lutero aponta ao fato de que as escolas estão em abandono, às universidades são poucas freqüentadas e os conventos estão em declínio. Este ainda estava indignado pelo fato dos pais não colocarem seus filhos nas escolas. A idéia dos alemães era a seguinte: Os filhos deveriam ir à escola, apenas se fossem estudar para serem clérigos. Veremos que isso reflete a preguiça dos alemães em não quererem trabalhar para se sustentar. Vejamos o que os alemães diziam: “Pois é, que haverão de estudar se não podem tornar-se padres, monges e freiras”.
Os pais estavam preocupados com o sustendo dos filhos, aí Lutero entrevem dizendo que eles devem procurar um outro oficio para se sustentar. A intenção dos pais ao colocar os filhos nos conventos, não eram para os mesmos aprenderem à palavra de Deus, mas sim, para garantir o sustento aos seus filhos (Nisto lembramos da idéia do pai de Galileu Galilei). Lutero aponta que os pais não estavam se preocupando com a alma dos seus filhos ao colocarem no convento, mas apenas com a barriga dos mesmos.
Um problema da época, em que Lutero aponta, é o caso de que os conventos não estavam mais educando na palavra de Deus. Segundo ele, as pessoas passavam vinte a trinta anos e mal sabiam ler e escrever. Lutero via que por trás de tudo isso, quem estava levando vantagem era o diabo, por isso ele faz tal apelo aos governantes. No obstante, ele disse que se alguém desse um ducado para a guerra, que deveria dar cem ducados de sorte que educasse um jovem a tornar-se verdadeiramente cristão. Isso porque uma pessoa verdadeiramente cristã é mais útil do que todos os seres humanos da terra.
Lutero reclama o fato de que anualmente era preciso levantar grande soma de dinheiro para comprar armas, arrumar estradas, e inúmeras outras coisas para que a cidade pudesse viver em segurança temporal. Então, pergunta ele: “Porque não levantar igual soma para a pobre juventude, sustentando um ou dois homens competente para o ensino?”.
O reformador também não apela somente aos governantes para manterem as escolas e a juventude nela. Ele vai mais longe, sua apelação também atinge o povo. “Cada cidadão deveria pensar o seguinte: que até agora gastou inutilmente dinheiro e outros bens com indulgências, missas, vigílias, doações, espólios testamentários, missas anuais pelos falecidos, ordens mendicantes, fraternidades, peregrinação e coisas semelhante, e agora que estamos livres dessas ladroeiras, que agora doem pela graça de Deus parte desse dinheiro para as escolas para educarem as pobres crianças para não acabarem na miséria”. Lutero afirma sem restrições que toda essa confusão e obra do diabo.
Ele ainda aponta três motivos pelo quais devem mandar a juventude à escola: 1º) O primeiro motivo é que se mandarmos os filhos as escolas estaremos resistindo o diabo, o qual é o inimigo secreto e o mais perigoso. 2º) É que não devemos receber a graça de Deus em vão. (Nessa época a Alemanha estava com mais sábios de todos os tempos, e com três anos formaria um menino, de forma que aos 15 e 18 anos saberiam muito mais do que até então se tinha ensinado nas universidades e conventos, do qual os jovens nada mais tinham aprendido do que serem burros e estúpidos. Lutero disse que houve quem estudasse 20 a 40 anos e não soubesse nem latim e nem o alemão).
Lutero via que Deus os tinha agraciado com pessoas sábias, por isso é que os governantes e pais não podiam deixar de enviar as crianças ás escolas. Isso significaria que não podiam deixar a graça de Deus bater em vão na “porta”. 3º) Os alemães devem saber que o mandamento de Deus estimula e exige com tanta freqüência aos pais que mandem os filhos a escola.
Mas se há aqueles filhos que não querem ir? Lutero disse que para esses tem o quarto mandamento. A pergunta que Lutero faz é a seguinte: “Para que servimos nós os mais velhos senão para cuidar da juventude e educá-la?” Para Lutero a educação era tão importante que ele disse uma frase de sua juventude: “Negligenciar um estudante não é crime menor do que violar uma virgem”.
Razões pelo fato dos pais não mandarem seus filho às escolas:
Mas o fato de os pais não cumprirem essa tarefa tem várias razões, afirma Lutero. 1º) Há os que se quer são leais e conscientes a ponto de fazê-lo, ainda que tenham condições. 2º) Infelizmente a maioria das pessoas mais velhas não tem aptidão para tanto, e não sabem como educar uma criança. Pois elas próprias nada aprenderam senão a encher a barriga. 3º) Mesmo que os pais fossem aptos e quisessem assumir, eles não tem tempo nem espaço em face de outras atividades e serviços doméstico Por isso, o governo precisa criar escolas e mantê-las, a não ser que cada um mantenha o seu filho em particular. Mas isso seria muito para um simples cidadão, e com isso muitos meninos inteligentes seriam prejudicados.
Lutero disse que a cidade não precisa apenas de acumulo de grandes tesouros, casa bonitas, muros, etc., mas sim, que o melhor tesouro e o mais rico progresso é quando uma cidade possui muitos homens bem instruídos, ajuizados, honestos e bem educados. Lutero quando se refere à educação, aponta para a cidade de Roma, dizendo que ela educava seus meninos, de sorte que dentre 15 a 18 anos eles dominavam perfeitamente o latim, o grego e outras artes liberais e que daí por diante estavam aptos a entrarem no serviço militar e público, e eram homens sensatos, ajuizados e excelentes. Lutero aponta esse “fracasso” como culpa das autoridades. E ainda mostra o fato de que o governo não pode olhar somente para o aqui agora, mas também para os que vêem depois deles.
A importância das línguas:
Lutero também reclama o fato de as universidades e os conventos não ensinarem o evangelho, mas também de corromperem a língua latina e a alemã. Fazendo com que as pessoas falem e escrevam muito mal. Outro ponto que Lutero da muita importância e reclama é a respeito de não ensinarem aos jovens as línguas de uma maneira correta. Ele disse que o Espírito Santo não é nenhum tolo, e não lida com coisas levianas e desnecessárias, e considerou as línguas algo tão útil que as trouxe do céu consigo. Afirma ainda que isso seja o suficiente para nos interessarmos e estudarmos com mais afinco. O reformador também atribui o fato de os pais eclesiásticos terem errados varias vezes é porque não conheceram as línguas. E por isso erram nas interpretações. Vejamos: “Quantas vezes santo Agostinho se enganou no Saltério e outras interpretações. Igualmente Hilário, e todos os outros que ousaram a explicar as Escrituras sem o conhecimento das línguas”.
Vemos que Lutero afirma que como o sol está para a sombra, assim também as línguas (originais) estão para a interpretação. Visto que os cristãos devem ler o seu livro e entendê-lo. Pois é uma vergonha quando não entendemos o nosso próprio livro. Ele afirma que com muito esforço os pais alcançaram apenas as migalhas, enquanto nós podemos alcançar o pão inteiro, e que a dedicação dos pais envergonha a nossa preguiça. Existe o fato de muito dizerem que não há necessidade de estudarem as línguas, isso pelo fato de possuírem o Espírito, assim como fazem os Valdenses. Mas Lutero afirmou que o diabo importa muito menos com o seu Espírito do que com sua língua e sua pena a favor da Escritura. Também, disse que não apóia os Valdenses pelo fato de desprezaram as línguas. Pois, ainda que ensinem corretamente, hão de errar muitas vezes na interpretação do texto. Era esse o sentido pelo qual Lutero disse que havia necessidade das línguas e das escolas cristã.
Casso fossemos apenas corpo e não alma, e não existisse nem céu e nem inferno?
Lutero ficava indignado quando ouvia o povo dizer: “Para que ir à escola quando não quer ser padres?” Só que Lutero faz uma bela explanação quando diz que deveríamos saber o quanto é útil e o quanto agrada a Deus quando um governante, príncipe, conselheiro ou outra pessoa instruída é apta para exerce esta função cristãmente. Mesmo que não precisasse de escolas para ensinar as línguas e as Sagradas Escrituras, somente isso seria motivo suficiente para instruir melhor as escolas, meninos e meninas em toda parte. Visto que o mundo necessita de pessoas excelentes para administrar o governo secular. E que os homens governem bem o povo e o seu país, e as mulheres governem bem as casa, os filhos e os empregados.
Vemos também que Lutero aponta ao fato de que a juventude necessita de dançar, pular e fazer algo semelhante. Neste caso, não se pode impedir, e nem seria bom, fazê-lo. Então, por que não construir escolas cristãs para ensinarem essas disciplinas?
Lutero aponta para o seguinte problema: “Esta é a falta de vontade e seriedade para educar a juventude e ajudar a socorrer o mundo com pessoas qualificadas. O diabo prefere grandes bobalhões e gente inútil para que as pessoas não vão bem na terra.” O mundo precisa de pessoas aptas, porque na maioria dos casos, essas não são capazes de instruir e orientar, pois não sabem mais nada do que cuidar da barriga. No entanto não teremos pessoas aptas para tais fins se negligenciarmos as escolas.
O reformador aponta ao povo que olhe para Salomão como rei. Como esse sempre ocupou com os jovens e escreveu o livro de Provérbios. Ele (Lutero) ainda afirma: “Vede como Cristo atrai para si as crianças e com quanto rigor no-las recomenda, para nos mostrar que grande é o serviço de educar bem a juventude e, por outro lado, como é grande a sua ira quando se lhe provoca escândalo e a deixa perecer”.
De volta ao apelo:
Ele volta ao apelo dizendo que são por esses motivos que se volta aos alemães pedindo que se interessem pela criação e manutenção das escolas, e que não poupem esforços e nem dinheiro para a instalação de livrarias ou biblioteca, especialmente nas grandes cidades. Lutero ainda usa o exemplo do apóstolo Paulo que recomenda a Timóteo que se dedicasse a leitura (1Tm 4. 13, 2Tm 4. 13).
Este ainda afirma que se a nação alemã está na miséria é porque ela merece. Isso porque deixaram de enviar os filhos a escolas, quando tinham oportunidade para estudar e manter as bibliotecas. Afirma ainda que, além disso, eles receberam e tomaram a máscara do diabo, isso porque sustentaram muitos monges e o fantasma da universidade e muitos outros doutores, mestres, monges, pregadores, padres, ou seja, grandes grosseiros e gordos burros que na verdade não ensinavam nada de bom. Pelo contrário, cegaram e confundiram o povo cada vez mais e, em recompensa devoraram todos os bens da nação e enganaram todos os conventos somente com sujeira e estercos dos livros “venenosos”.
Vemos a insistência de Lutero pelo fato da nação alemã não ter insistido numa educação verdadeiramente cristã e ativa. Afirma ainda que os outros paises nada sabem a respeito dos alemães. E que, além disso, são zombados por todos pelo fato de só saberem fazer guerras, comerem e beberem. Lutero tenta apontar para o passado das nações, que podem contar o que aconteceu com elas. Mas, os alemães nada têm a contar, a não ser vergonha. E que o povo ainda continua a querer ser os mesmo alemães, sem cultura, sem passado e sem escolas cristãs e dignidade.
Ele ainda aponta o caso de que, mesmo que ele fosse um tolo, mas que, de vez enquanto tem uma boa idéia, não deveria ser considerada vergonha por parte de nenhum sábio segui-lo. E afirma que já houve casos em que um tolo deu melhores conselhos do que todos os sábios da cidade (José no Egito). Ele ainda aponta para Getro que aconselhou seu genro Moisés.
Mensagem para toda a Alemanha.
Nesta, Lutero diz que escreveu um sermão e enviou para os pregadores da Alemanha. Isso com objetivo de que os mesmos predicassem nas igrejas, para que os pais podessem mandar os seus filhos para a escola. Lutero também aponta e agradece a Deus que antecipou em muito as pretensões do diabo e inspirou Melanchthon a instalar uma escola tão excelente e maravilhosa escolhendo e contratando pessoas capazes. Ele ainda afirma que nem mesmo em Paris teve uma universidade tão bem provida de docentes. Aí, mais uma vez Lutero apela aos pais que mandem os seus filhos para essa escola. Ele chama a atenção para que dessa vez nem um pai, por ser escravo do dinheiro tire o seu filho da escola, dizendo o seguinte: “Se meu filho já sabe calcular e ler é o que basta.” Fazendo com isso que outros cidadãos honrados seguirem o mau exemplo sem pensarem no prejuízo, pensando que estão agindo corretamente e dando mais uma chance para o diabo.
Uma coisa é certa, quando se ajuda, estimula e encoraja as crianças a irem à escola. E quando se contribui para tanto com dinheiro e conselho para que isso possa se tornar possível, a isso se chama, sem dúvida, ter encaminhado e levado os filhos para Cristo.
Um apelo em prédica para que mande os filhos à escola:
Amados, entre todas as artimanhas do diabo, uma das mais importantes (senão a mais importante), consiste em enganar as pessoas simples de tal maneira que não queiram mandar os seus filhos à escola, em encaminhá-los ao estudo.
Lutero estava percebendo que as pessoas simples estavam alheias a manutenção das escolas e que mantinham seus filhos totalmente afastados dos estudos, dedicando-se exclusivamente à alimentação e ao cuidado do estômago. Também não querem ou não podem avaliar que coisa horrível à anticristã que estão fazendo. Bem como o grande prejuízo e assassino que provocam no mundo inteiro a favor do diabo.
Este também reclama do atual clero, conventos e fundações semelhantes, porque essas a muito tempo se afastaram do seu estado original. Ele também insiste que forme pastores, professores, ministros, capelães, etc., pessoas verdadeiramente devotas a Deus para poderem auxiliar as crianças nas escolas.
Mas onde conseguir pessoas para tal função?
Mas onde buscaremos pessoas para tais finalidades acima citadas, senão juntos aqueles que têm filhos? Se nem tu, nem este, nem aquele querem educar seu filho para este fim, e se nenhum pai e nenhuma mãe querem entregar seu filho a Deus para essa finalidade, como poderá subsistir o ministério e o estado clerical? Os mais velhos que agora desempenham o papel, não viveram par sempre; morrem todos os dias e não há sucessores. Que diria Deus por esse fim? Crês que Lhe agrada o fato de desprezarmos tão escandalosamente seu ministério de instituição divina, conquistado a tão alto preço para o seu louvor, honra e salvação. E agora o abandonarmos e deixarmos perecer com tanta ingratidão.
Lutero também adverte aos pais que, se eles têm condições de pagar, e se seus filhos são capazes e tem vontade de aprender. E os pais desses não o fazem, então tais pais são culpados por tal dano e pelo desaparecimento do estado eclesiástico e do fato de nem Deus e nem a palavra de Deus permanecerem no mundo.
Vemos a seguinte advertência de Lutero aos pais: “Ainda que fosse um rei, não te julgue digno demais para empenhar teu filho com todos os teus bens, entregando-o para esse ministério e obra. Acaso teu dinheiro e trabalho que investes nesse teu filho não será mais honrado, abençoado de modo mais maravilhoso, melhor investido e mais valorizado aos olhos de Deus do que qualquer reino ou império?”
Críticas por questões de boas obras:
Os Sofistas criticam Lutero e os luteranos pelo fato de não praticarem boas obras. Pelo que Lutero respondeu: “Eles conhecem boas obras, bons camaradas são esses. Eles entendem boas obras, pois não. Por acaso não são boas obras as mencionadas acima? Será que educar os jovens tirando-os da ignorância e educando para Deus e para o bem do estado e de seus semelhantes será que não é uma boa obra para Deus bem como para as pessoas?”
Lutero continua: “Como pensas em subsistir quando Deus se dirigir a ti no leito de morte ou no juízo final dizendo: ‘Estive com fome, com sede, forasteiro, nu, doente, preso e não me servistes’ (Mt 25.42ss). Pois o que não fizeste as pessoas na terra em favor de meu reino e do Evangelho, antes ajudastes a reprimi-los e deixastes a alma perecer, isso fizestes a mim mesmo, pois poderia ter colaborado. Pois foi para isso que te dei filhos e bens. Mas você não fez, deixando sofre a mim e a meu reino e a todas as almas. E desse modo servistes ao diabo e foste contra mim e contra o meu reino. Que ele (o inferno) seja a tua recompensa. O que achas de tudo isso e muito mais?”
Nem todos devem ser educados para o ministério:
Não era intenção de Lutero que todos educassem seus filhos para o ministério, bem como não era necessário que todos os meninos fossem pastores, pregadores ou professores. Lutero dizia que os filhos dos patrões não se destinam a essa finalidade, porque o mundo também precisa de herdeiros. Ele se refere ao povo comum, que anteriormente só se preocupavam com o sustento.
Também os outros meninos comuns devem aprender pelo menos o latim, a escrever e a ler. Mesmo que não fossem tão capazes, pois não precisamos somente de doutores e mestres na Escritura. A igreja também precisa de pastores comuns, que preguem o evangelho e ensinem o catecismo, que batizem e administrem o sacramento, etc.
Lutero afirma que nesse momento, as pessoas podem aprender muito mais em três anos, do que se aprendia em 20 anos. Agora, até as mulheres e crianças podem aprender muito mais a respeito de Cristo com os livros em alemão, do que se aprendiam antes nas universidades, conventos, todo o papado e o mundo inteiro.
Em relação ao reino terreno:
Assim como no reino de Cristo, um falso pregador e herege é um diabo, ladrão, assassino, etc. Do mesmo modo, um falso jurista e desonesto na casa do imperador é um ladrão, traidor e um diabo de todos os reinos. Lutero dizia que devia viver entre os animais, aqueles que têm condições financeiras, mas não enviam seus filhos para ajudar o imperador a defender tanto o seu território, corpo, mulher, bens e honra. Lutero conclui: “Por acaso não é servir a Deus quando se colabora na manutenção de sua ordem e do regime secular?”.
Se por um lado Lutero enaltece aqueles que estudam e que mandam os seus filhos a estudarem. Por outro lado ele se ira contra aqueles que chegam desprezar e ridicularizar outras profissões. Como por exemplo, os juristas e escrivãezinhos que desprezam outras profissões, como se fossem os únicos capazes no mundo.
Lutero diz que ninguém vê onde aperta o sapato do outro. Por exemplo: Há os que pensam que a vida de um escritor é fácil. Mas que suportar calor, frio, sede, pó, etc., isso sim seria um trabalho de verdade. Lutero ainda afirma que gostaria de vê um escrivão montar num cavalo, correr os campos debaixo do calor do sol com uma espada do lado. Mas por outro lado ele gostaria de ver um cavalheiro conseguir ficar o dia todo sentado em frente um livro, com os olhos fixos no mesmo.
Como dito antes, muitos não mandavam seus filhos à escola pelo fato de serem pobres e precisarem trabalhar. Mas, em contraposição a isso, Lutero disse que existem muitas pessoas que eram pobres, e que hoje são advogados, escrivães, conselheiros, etc. E que agora subiram na vida a tal ponto que chegaram a ser senhores. Tudo isso por causa do estudo. Ele mesmo afirma que foi um mendicante, e que pedia pão nas portas das casas. Se bem que seu querido pai mais tarde o sustentou com muito carinho e fidelidade quando este estava na universidade de Erfurt.
Qual poderá ser a verdadeira recompensa de um professor ou daqueles que ensinam as crianças?
“A um professor ou mestre dedicado e piedoso, ou a quem quer que seja que eduque e instrua fielmente as crianças, jamais se pode recompensar o suficiente, e não há dinheiro que pague”.
Ainda afirma que se ele (Lutero) pudesse ou tivesse que abandonar o ministério, sem dúvidas ele desejaria ser um professor de meninos. Porque ao lado do ministério da pregação, esse é o ministério mais útil. Disse Lutero: “Inclusive tenho dúvidas sobre qual deles é o melhor, pois é mais difícil domesticar cachorros velhos e converter velhacos...se dedicar ao ministério da pregação trabalhando muitas vezes em vão...enquanto as arvorezinhas novas são fáceis de dobrar e criar, embora algumas também se quebrem nesse processo.”
Direito das autoridades:
Lutero acreditava que as autoridades também têm o direito de obrigar os súditos a mandarem os seus filhos à escola. Se podem obrigar os súditos capazes a carregarem a lança, escalar muros e outras coisas que devem ser feitos em tempo de guerra, também devem e podem mandar os súditos a enviarem os seus filhos à escola.
“Quanto mais às autoridades deveriam escolher meninos e mandá-los a escola, visto que não os estão tirando dos seus pais, pelo contrário, estão educando para os mesmo. E que estão educando para o seu bem e proveito comum. Se as autoridades descobrirem um menino sensato, e, se o seu pai for pobre, que use o recurso da igreja para tal fim. Os ricos deveriam destinar dinheiros para esse fim. Essa seria uma forma digna de doar dinheiro para a igreja. Com isso, não estarás tirando as almas dos falecidos do purgatório, mas, por meio da preservação dos ministérios divinos, estarás ajudando tanto aos que vivem atualmente como também as gerações futuras, que ainda não nasceram, para que não entrem no purgatório, mais ainda, para que sejam libertados do inferno e subam ao céu; e para que os vivos gozem paz e bem-estar.”
Apelo a uma reforma nas universidades:
Lutero afirmou que as universidades precisavam de uma boa e profunda reforma. Ele afirmava que ali se levava uma vida de libertinagem e pouco se ensinava a respeito da Sagrada Escritura e da fé cristã, e que ali Cristo quase não era pregado. O que ali se regia era unicamente o cego e mestre pagão Aristóteles. Lutero tinha em mente de que os livros de Metafísica, Ética e outros que ufanam a cerca das coisas naturais deveriam ser abolidos. Isso porque desses nada se aprendem, nem das coisas espirituais, nem das coisas naturais.
Havia o livro de Aristóteles de dizia respeito ao Tratado da alma. Quanto a esses e outros Lutero disse: “Que afastem esses livros de todos os cristãos!... Pois conheço Aristóteles quanto tu e os teus. Ninguém pode me acusar de falar o que não sei”. Segundo Lutero, deveria ler A Lógica de Aristóteles sem muitos comentários. Ele afirmava que os jovens deveriam estudar o latim, o grego e o hebraico, pois disso dependem muitas coisas. Pois é nisso que se deveria ser instruir a juventude cristã e a gente mais nobre, nas quais reside o futuro da cristandade. Por isso, o reformador disse que não há tarefa mais nobre de um papa ou de um imperador do que fazer brevemente uma reforma nas universidades. Em contrapartida, não há nada mais diabólico do que uma universidade não-reformada.
Uma das coisas que indignava Lutero; era que o papa preceituava com palavras severas de que suas leis deveriam ser lidas e usadas nas escolas. Porém, com o evangelho, pouco se importava.
Lutero ainda afirmou que os que têm o título de professor das Sagradas Escrituras, deveriam ser “obrigados” de acordo com o título a ensinar a Sagrada Escritura e nenhuma outra. Este ainda ensinou que deveria selecionar os melhores livros, pois muito livro não torna ninguém sábio, tampouco muita leitura. Mas, por menos que seja; ler coisas boas e com muita freqüência é que torna uma pessoa sábia na Sagrada Escritura, e ainda, piedoso. Este continua afirmando que nas escolas superiores e inferiores, a lição mais importante deveria ser a Sagrada Escritura. Bem como em cada cidade deveria ter também uma escola de meninas, na qual deveriam ouvir o evangelho pelo menos uma hora por dia.
Outro ponto destacado por Lutero; é que, mesmo que as escolas superiores se apliquem com diligência a Sagrada Escritura, não deveríamos mandar todos para lá. Mas, o príncipe e os conselheiros deveriam permitir que enviassem apenas os mais hábeis. Porém, Lutero não aconselha que ninguém mande os seus filhos para onde não reina o espírito da Escritura. Este também temia profundamente que as escolas superiores sejam grandes portões para o inferno. Isso, caso não ensinassem rapidamente e com afinco a Escritura Sagrada os jovens.
Mas se alguns nos envergonharem com os muitos estudos?
Também não podemos deixar de enviar os jovens para a escola por causa de alguns que se desencaminharam causando com isso grande prejuízo, vergonha e desonrar. Isso, porém, não deve afugentar ninguém da escola. Todas as criaturas de Deus por natureza estão sujeitas ao abuso, e isso sem exceção, como diz São Paulo em Rm 8. 20. Não se deve desprezar a boa criatura de Deus por causa do abuso. Do contrário se deveria desprezar todos os anjos, porque deles procederam os diabos. Também deveria desprezar todos os reis, príncipes, senhores e autoridades, porque dentre eles surgiram tiranos, assassinos, incendiários e os piores patifes. Se observássemos isso, nenhum apóstolo seria digno de respeito, porque dentre eles surgiu Judas, o traidor. Se olhássemos isso, nenhuma virgem nem mulher seria honrada, porque todas as prostitutas procedem de mulheres virgens, e todos os fornicadores de pessoas honrada.
Mas se meu filho tornar-se um herege por causa dos estudos?
É verdade, mas precisa-se arriscar. Nem por isso teu empenho e esforço estará perdido. Apesar disso, Deus reconhecerá o teu fiel serviço e o recompensará como se tivesse sido bem aplicado. O que aconteceu com Abraão, cujo filho Ismael também fracassou? E a Isaque com seu filho Esaú? E a Adão com o seu filho Caim? Teria por isso Abraão desistido de educar o seu filho Isaque, Isaque o seu filho Jacó e Adão o seu filho Abel para o serviço de Deus?
Se as coisas continuarem assim, onde conseguiremos pastores, professore, e sacristãos dentre três anos? Lembre-se que: “A sabedoria é melhor do que couraças e armas, e é melhor do que a força.”.
Conclusão:
Podemos concluir esse nosso trabalho a respeito da educação fazendo a seguinte pergunta: Será que todo esse incentivo, escrito, esforço e trabalho de Lutero a respeito da educação não serve para todos os países do mundo, inclusive para o nosso querido Brasil?
Bibliografia:
BECK, Nestor. Igreja, Sociedade e Educação – estudos em torno de Lutero. Porto Alegre: Concórdia, 1988.
LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. 2ª edição, Vol. II. São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal e Concórdia, 2000.
LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. Vol. V. São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal e Concórdia, 1995.
LUTERO, Martinho. Educação e Reforma – Lutero Para Hoje. São Leopoldo e Porto Alegre: Sinodal e Concórdia: Sinodal e Concórdia, 2000.