SEGUNDO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
Lucas 7.1-10
17 de junho de 2001
CONTEXTO
A narrativa deste milagre segue imediatamente depois do Sermão do Monte. Isto segundo Lucas. Mateus, que é o outro evangelista que relata o milagre, insere ainda entre o Sermão do Monte e a cura do servo do centurião um outro milagre: a cura de um leproso. É um detalhe pouco relevante.
TEXTO
V. 1 – O evangelista relata que o Sermão do Monte fora uma mensagem plena, um ensinamento completo. Tudo o que Jesus queria dizer e ensinar, foi feito. Isto feito, foi para Cafarnaum. Cafarnaum era a cidade ministerial de Jesus. Diríamos: a sede da paróquia. Desta cidade suas saídas para suas atividades era a melhor opção.
V. 2 – O contato de Jesus será com um gentio. Era um centurião, um romano a serviço do exército romano. Como o império romano governava também na Palestina, competia ao imperador zelar pela ordem e cumprimento das leis. Centurião era um que cuidava (normalmente) ou tinha sob suas ordens uma centúria de soldados, ou seja, cem soldados. O mal que inquietava sua alma era a doença que acometia a um dos seus servos, no original, um escravo. Esgotadas todas as possibilidades de ajuda, o servo continua muito doente e, pelo que tudo indicava, iria morrer. Sua inquietação talvez se devesse a um misto de dor e sentimento de perda, por se tratar de um servo de quem o centurião gostava muito.
V. 3 – O centurião já ouvira falar de Jesus, ou seja, ele já conhecia a Jesus. Talvez pelos milagres dos quais ouvira, ou pelo que o povo falava de Jesus. Se à primeira vista pensamos que conhecia Jesus apenas como “um que fazia milagres”, esse conceito a respeito do centurião mudamos quando vemos como Jesus avalia sua fé. O centurião tinha realmente a fé salvadora, pois se não, Jesus não diria dele o que disse. Por outro, este centurião nos lembra um outro, colega seu, que é Cornélio, o centurião do qual nos fala o mesmo Lucas em Atos 10 e que também era crente em Jesus. Um fato curioso, mas perfeitamente normal, é que o centurião de nosso texto se dava com os líderes dos judeus e que até construíra uma sinagoga (casa de culto) para os habitantes de Cafarnaum. Não
é de admirar, pois, que o centurião pede que os anciãos contactem com Jesus em seu lugar, pedindo ajuda. Quando o pecado expõe a natureza humana à morte, surge a vez do poder de Deus, do Evangelho de Cristo e do próprio Senhor Jesus. Ainda hoje é assim. Aproveitemos as portas que Deus abre.
Vv. 4 e 5 – Em si ninguém é digno de receber a ajuda, o socorro, um milagre ou salvação de Jesus. O argumento usado pelos enviados do centurião era um argumento muito humano e até compreensível do ponto de vista humano. Eles queriam convencer a Jesus que fosse com eles para ajudar o servo doente do centurião.
Vv. 6 e 7 – Uma frase linda a primeira desse versículo: “Então Jesus foi com eles”. Jesus sempre vai com os que o buscam em espírito e de verdade. Ele mesmo disse: “Vinde a mim e eu vos aliviarei” ( Mt 11.28). O segundo destaque é a atitude do centurião. Mostra que o fundamento de sua fé é Jesus e a característica da fé verdadeira é a humildade. Ele confiava em Jesus de “olhos fechados”. Nem precisava vê-lo. Mas, sabia que Jesus podia ajudá-lo. E ao mesmo tempo, não se julgava digno de receber a Jesus sob o teto de sua casa. Foi exatamente isto que fez a Jesus dizer que o centurião tinha uma fé como não achara em Israel, sua gente.
O terceiro destaque é a afirmação do centurião: “... manda com uma palavra...”. Atrás da palavra de Jesus estava o próprio Deus porque Jesus é Deus.
V. 8 – É um exemplo que o centurião cita de como ele confia. V. 9 – Temos aqui a avaliação de Jesus da fé do centurião. O povo que estava com Jesus era certamente parte do povo que ouvira o Sermão do Monte. Jesus chama a fé do centurião de “pístis”, isto é, a fé verdadeira, a fé salvadora, a fé operada pelo Espírito Santo através dos meios da graça.
Uma observação quanto à tradução de Almeida: com respeito à fé do centurião, Jesus diz: “tosautéen pístin” ou seja: “fé tão grande” e não somente “fé como esta”, como diz Almeida. Seja como for, Jesus admirou-se da fé no coração do centurião.
V. 10 – O desfecho do milagre de Jesus: o servo estava curado pelo poder de Jesus. Uma recomendação para quem pregar sobre este texto é quanto à discussão dos milagres de Jesus: não deixe de ler o livrete “Curas e milagres” do Dr. Otto Goerl, para uma correta postura teológica frente ao entendimento que devemos ter sobre os milagres de Jesus.
APLICAÇÕES HOMILÉTICAS
a) Temos, a partir da doença, um respingo do pecado;
b) somos todos pecadores, doentes no corpo e, especialmente, na alma;
c) o clamor da alma por ajuda, somos necessitados como o centurião;
d) mas a grande notícia é Jesus e o acesso que temos a Ele;
e) todos precisam dele: ajuda para o corpo e, principalmente, a cura
do pecado pelo seu sangue;
f) somos felizes por termos Jesus.
SUGESTÕES DE TEMAS E PARTES
a) A GRANDE FÉ
1 – tem a Jesus por fundamento
2 – tem a humildade por característica
b) DIZE SOMENTE UMA PALAVRA
1 – é a poderosa Palavra de Jesus
2 – ela tem poder para salvar e curar
c) ENTÃO JESUS FOI COM ELES
1 – Ele busca e salva os perdidos
2 – os salvos o seguem.
Benjamim Jandt
Volume 60 - Junho 2001 - Número 1