5º ESTUDO
Mt 5.27-32 – Do adultério
Moisés era legislador do povo de Israel. Nem todos no povo eram tementes a Deus e não deram ouvidos à lei, pois havia entre eles hipócritas e incrédulos, mesmo sendo as leis rigorosas com punição até por apedrejamento, isto é, pena de morte a infratores da lei. Por isso, Moisés criou a carta de divórcio, para impor certa ordem àqueles que não temiam a Deus e não tinham fé. (Dt 24.1-4) O homem, que despedia sua esposa por qualquer motivo, tinha que dar à esposa repudiada uma carta de divórcio. Esta lei governamental, em tempos de decadência, foi interpretada da forma mais liberal possível. Um homem tinha o direito de mandar sua esposa embora por qualquer motivo. Jesus expõe isto a seus ouvintes e diz que não era assim desde o princípio. Quando Deus instituiu o matrimônio, ele não criou uma opção ou um espaço para o divórcio. Por isso Jesus sublinha: Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Em outras palavras, não existe razão para que filhos de Deus, um casal temente a Deus, possa vir a se separar. O divórcio não é o caminho para se resolver problemas matrimoniais. Se o matrimônio de uma família cristã entrar em crise, o amor e o relacionamento mútuo esfriarem, o problema está na fé cristã, que está morrendo. Os dois estão deixando de ouvir e falar com Deus. Este casal precisa voltar a ouvir a Deus e deixar guiar-se por Deus ao arrependimento e à fé, da qual brotará o amor de um para com o outro, para a restauração e renovação de sua vida matrimonial.
Por isso Jesus afirma: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres. Esta dureza do coração não é outra coisa do que incredulidade. Um dos dois ou os dois caíram da fé. Portanto, não existe “um divórcio sem pecado”. Isto também fica muito claro nas palavras de Jesus no sermão do monte: Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de adultério, a expõe a tornar-se adultera; e aquele que casar com a repudiada, comete adultério. (Mt 5.31,32) Jesus não admite o divórcio para filhos de Deus, exceto em caso de sofrerem o divorcio, quando um dos cônjuges quebra a união pelo adultério. Ora, adultério não é um pecado de fraqueza. É um pecado proposital, que deveria ser castigado no Antigo Testamento por apedrejamento. (Dt 22.20-26) Não temos, no entanto, nenhum exemplo de que este lei tenha sido executada. O apóstolo Paulo reflete o mesmo espírito ao escrever: Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta, forma um só corpo com ela? Porque, como se diz: serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. Fugi da impureza! (1 Co 6.15-18)
Jesus ainda vai mais longe. Ele levanta a pergunta sobre um novo casamento do desquitado (pressuposto que são dois cristãos que não tem o direito de se separarem) e responde: Não! Pois, quem casar com a repudiada, comete adultério. Ele passa a viver com alguém, com quem não tem o direito de conviver. A separação temporária visa a reconciliação.
Princípios Bíblicos sobre Casamento e Divórcio:
a) Cristãos, enquanto na fé em Cristo, não cogitam da possibilidade de divórcio para solucionar seus problemas matrimoniais. Eles foram unidos por Deus e juraram fidelidade um ao outro.
b) Divórcio de cristãos. Em caso de um casal cristão se divorciar, isto sempre implica no fato de um ou os dois terem caído ou enfraquecido da fé, quer seja por causa de adultério ou um apartar-se maliciosamente. Neste caso, a parte inocente permanece membro da comunidade, a parte culpada precisa ser disciplinada. (Na maioria dos casos, é difícil estabelecer que apenas um dos dois é culpado)
c) Soluções. Quando a união matrimonial foi quebrada por adultério de uma das partes ou por abandono malicioso, as soluções podem ser: 1) No caso de adultério, a parte culpada cai em si, se arrepende e pede perdão. A parte inocente pode perdoar e aceitar o cônjuge de volta, o que é recomendado. Isso, no entanto, dependerá da boa vontade da parte inocente. Ela poderá
também perdoar e não aceitar o cônjuge faltoso de volta, isto é, solicitar o divórcio, conforme a afirmação de Jesus, (Mt 19.9) por ser uma relação mui íntima. 2) Em caso de abandono malicioso, espera-se por um tempo (talvez um ano, depende das leis do país), a espera de uma possível reconciliação. Não havendo reconciliação, a parte que repudiou deve ser declarada incrédula, pois endureceu seu coração contra a palavra de Deus. E o cônjuge que sofreu o abandono, estará livre para um novo casamento.
d) Arrependimento. Quando, após um tempo, a parte culpada, cai em si e reconhece seu erro, se arrepende e volta à fé em Cisto, o que fazer? Importa que o manifeste à Comunidade e para a pessoa a qual abandonou, pedindo perdão. Estando o caminho para refazer o matrimônio fechado, isto é, a pessoa não aceita o adúltero de volta, ou porque a pessoa inocente já está em vias ou contraiu novo casamento, a parte culpada, arrependida, poderá contrair novo casamento.
Aplicação. O que dizem essas palavras, hoje, para nós? a) Cabe-nos instruir bem nossos jovens e nossa Comunidade sobre esse assunto. Será que eles sabem enfrentar crises matrimoniais? Que tipo de ajuda precisam? Basta correr simplesmente a psicólogo, ou precisam de auxílio espiritual? Pois mesmo que estes se chamem de cristãos, normalmente predominam neles as teorias psicológicas. Precisamos de estudos bíblicos à disposição para que nossos membros possam, pela leitura, conhecer o que a Bíblia diz sobre o assunto. E mostrar o que Deus uniu não o separe o
homem, pois a união matrimonial é uma união vitalícia. Não é em vão que ao Jesus afirmar isso, até os discípulos estranharam e disseram: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar (Mt 19.10). b) Estar atento aos problemas e ter cuidado no trado e no aconselhamento a casais em crise e diante do divórcio, fazendo tudo para evitá-lo. E dizer à parte que causa o divórcio que realmente caiu da fé, e que quem casar com a repudiada, comete adultério. c) Instruir com mais profundidade pessoas divorciadas que vêm à Comunidade em busca da cerimônia religiosa.
Afirmações com aplicação prática sobre Divórcio e Novo Casamento
Rev. Jeffrey C. Kinery, Grace Ev. Luth. Church Brownwood, Texas - Tradução e adaptação: Horst R. Kuchenbecker
Em todos os tempos a Igreja precisou reafirmar sua posição a esse respeito e isto não baseado nas idéias inconstantes de pessoas, nem conforme os ditames da sociedade e da cultura na qual vivemos, mas unicamente baseado na imutável e inerrante autoridade da Palavra de Deus: O conselho do Senhor dura para sempre, os desígnios do seu coração por todas as gerações. Sl 33.11
As teses que seguem representam a posição da Escritura Sagrada sobre a questão do divórcio e do novo casamento.
1. O matrimônio, como instituído por Deus, é uma união vitalícia, contraída por esponsais legítimos, entre um homem e uma mulher para uma só carne, até que a morte os separe. Mateus 19.3-6; Marcos 10.6-9; Romanos 7.1-3; 1 Coríntios 7.5.
2. O divórcio é justificado (endossado, aprovado, sancionado) aos olhos de Deus somente com base na Escritura. Sob a base da Escritura, no entanto, na maioria dos casos, o divórcio não é ordenado, nem encorajado. Divórcio sob outra base do que a Escritura, por exemplo, o pronunciamento legal da autoridade civil de que o matrimônio foi quebrado em base não bíblica, tem sido tolerada por Deus por causa da perversidade e obstinação humana.
3. A lei de Moisés no Antigo Testamento que permitia o divórcio por “qualquer motivo” de impureza (incluindo qualquer impropriedade), foi por causa da “dureza do coração” do povo de Israel. A lei de Moisés também permitia um novo casamento de ambos os cônjuges envolvidos num divórcio, mas proibia, após o segundo divórcio, retornar ao primeiro cônjuge. Dt 24.1-4; Mt 5.31; 19.7-8; Mc 10.2-5.
4. No Novo Testamento, Jesus mostrou que Deus não aprova o divórcio, exceto se alguém o sofre por causa da infidelidade, fornicação e adultério do seu cônjuge, ou qualquer relacionamento sexual imoral e contrário à lei matrimonial como por exemplo: homossexualismo, incesto, prostituição, bestialidade, etc. Nestes casos o divórcio pode ser requerido e um novo casamento é possível. Mateus 5.32; 19.9.
5. O apóstolo Paulo, por inspiração divina, enfoca uma outra pergunta no assunto divórcio, o abandono malicioso* por parte de um dos cônjuges. 1 Coríntios 7.12-15 * “Abandono Malicioso” não é, especificamente, uma causa para o divórcio, mas o próprio ato do divorcio – a dissolução do laço matrimonial. Deserção maliciosa consiste em um dos cônjuges se recusar persistentemente a viver como homem ou mulher com seu cônjuge. Mas precisamos ter certos cuidados, visto que separação temporária por causa de doença, prisão, trabalho, guerra, deportação, etc. não é deserção maliciosa. Persistente recusa, no entanto, de dar o direito conjugal ou não dar a devida benevolência por estúpida resistência não acidental ou por motivos de doença, representam uma deserção do voto matrimonial. Pois um dos principais propósitos do matrimônio é o intercurso sexual legítimo, negá-lo persistentemente é deserção maliciosa (1 Co 7.1-5). Persistente crueldade física e violência também tornam a convivência da coabitação marital impossível e isto constitui deserção maliciosa.
6. Todos os outros argumentos e/ou motivos para o divórcio fora da fornicação e abandono malicioso não são reconhecidos pela Igreja cristã, tais como: um não suporta mais ao outro, bebedeiras, diferença religiosa (de outra denominação) vagabundagem, grande negligência, crueldade mental, prisão, insanidade, doença contagiosa ou repugnante, doença incurável, condenação por crime, perda do amor, desapontamento das aspirações e esperanças matrimoniais, incompatibilidades. Tais motivos não são reconhecidos pela igreja cristã como válidos ou motivos bíblicos para o divórcio.
7. No caso de um dos cônjuges ter cometido infidelidade sexual (fornicação) ou abandono malicioso e persistir nisso sem arrependimento, não buscando perdão nem reconciliação, o cônjuge inocente pode (não que precisa faze-lo) buscar obter o divórcio legal para atestar que o cônjuge infiel dissolveu a união matrimonial por sua infidelidade. Mateus 1.19.
8. Na maioria dos casos pastores cristãos insistem no perdão e na reconciliação se isto for possível. Pois, na maioria das vezes, ambos as partes têm certa culpa em grau maior ou menor, que levaram uma união ao divórcio. É muito raro uma das partes ser totalmente inocente num divórcio. 1 Coríntios 7.10,11.
9. Se ambos os cônjuges numa união são culpados de fornicação, eles perdem o direito de buscarem o divórcio. Se após a descoberta da infidelidade, do adultério o casal consente em voluntariamente coabitarem como homem e mulher, o matrimônio foi com isso novamente unificado e a parte inocente perde o direito de mais cedo ou mais tarde buscar obter o divórcio.1Co 6.15
10. A Igreja cristã não proíbe a parte inocente contrair novo matrimônio, nem ao cônjuge culpado que obteve o divórcio por causa de adultério ou deserção maliciosa. Deuteronômio, Mateus 5.32; 19.9; 1 Coríntios 7.15,27,28.
11. Se o divórcio ou separação foi obtido por uma razão não bíblica, nenhum dos cônjuges deve casar novamente, mas buscar a reconciliação e restauração de sua união matrimonial. 1 Coríntios 7.10-11.
12. Se um dos cônjuges separados por um motivo não bíblico, casar com outra pessoa, este ato dissolve a união legítima. E este cônjuge tornou-se culpado do pecado de adultério.* Quem casar com tal divorciado ou separado por um motivo não bíblico também comete adultério. A parte inocente, neste caso, está livre. *Adultério é um pecado grosseiro da carne e merece a condenação eterna, se a pessoa disso não se arrepender. (Êx 20.14,17; Hb 13.4; 1Co 6.9-10; Gl 5.19; Ef 5.5; Ap 21.8; 22.15)
13. Se os cônjuges são membros de uma Congregação cristã, a parte culpada no divórcio deve ser tratada conforme os princípios evangélicos da disciplina cristã. Mateus 18.15-18;
1 Coríntios 5; 1 Timóteo 5.20; Gálatas 2.11-14.
14. A parte culpada num divórcio, se penitente, deve corrigir sua vida pelo pedir perdão ao seu ex-cônjuge e à congregação cristã. Se a parte culpada ainda não casou de novo, deve procurar a reunificação com seu ex-cônjuge. Se este (a parte inocente) ainda não casou novamente e está disposto a recebê-lo de volta e se reconciliar. Se a parte inocente da união original morreu, casou ou recusa a reunificação, então a parte penitente, está livre para cassar novamente sem o estigma de ser um adúltero.
Se a parte culpada no divórcio do matrimônio original vier a se arrepender após estar casado pela segunda vez, não há razão bíblica para rotular a segunda união como adultério. Ela também não precisa ser dissolvida, visto que a parte culpada, agora se arrependeu, mesmo estando casado com uma pessoa com a qual não tinha o direito de casar, pois estava divorciada por uma razão não bíblica. A segunda união dissolveu, permanentemente, a primeira aos olhos de Deus (Veja tese 12ª). Por outro, a Bíblia proíbe, especificamente, após um segundo casamento o retorno à primeira mulher (Tese 3ª) Rm 7.1-3; 1 Co 7.10-11, 27
15. A parte culpada num divórcio, se sinceramente arrependida, que corrigiu sua vida, deve ser completamente perdoada e recebida de volta na Congregação cristã com todos os direitos e privilégios. João 8.11; 2 Samuel 12.13; 2 Coríntios 2.6-8.
16. O pastor cristão não oficiará na cerimônia de casamento de pessoas que evitaram todo tratamento cristão em relação ao casamento, que divorciaram de forma não cristã. A não ser que sejam penitentes e que seu primeiro cônjuge tenha falecida, cassou ou recusa permanecer com ele. 1 Timóteo 5.22; Ezequiel 3;17-20; Efésios 5.11.
17. A melhor maneira de se evitar a tragédia do divórcio é quando cônjuges cristãos tomarem a sério a admoestação bíblica de que marido e mulher devem amar um ao outro e reconhecer sua responsabilidade sexual própria dada por Deus na vida e no matrimônio. Efésios 5.22-31; Tt 2,3-5; 1 Pedro 3.1-7; Colossenses 3.12-19.