UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
MARLUS SELING
JESUS CRISTO, MAIS QUE UM EXEMPLO!
Trabalho de Pesquisa Bibliográfica
Sistematica II: Doutrinas Básicas da Igreja Cristã
Prof. Paulo W. Buss
CANOAS
2007
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO---------------3
1 JESUS CRISTO, MAIS QUE UM EXEMPLO!
1. 1 As Duas Naturezas de Cristo--------------- 4
1. 2 Jesus Cristo é Histórico!--------------6
2 O CRISTO SALVADOR E O CRISTO EXEMPLO
2. 1 O Cristo Salvador----------------- -8
2.2 Mais que Um Exemplo!-------------- 9
CONCLUSÃO--------------------12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS----------13
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como principal objetivo apresentar Jesus Cristo como o Salvador da humanidade, apresentar Jesus como “Mais que um simples Exemplo a ser seguido”.
Os capítulos que se seguem vão tratar de Jesus Cristo como Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus. Será abordada a questão da historicidade de Jesus Cristo, assim como apresentar Jesus Cristo como “Mais que um exemplo”.
A razão pela qual optei por este tema, foi justamente por que muito se tem falado de Cristo, mas muitas destas coisas faladas revelam um Cristo, apenas como Um bom Homem, Um bom Exemplo, Um grande Profeta... E estas pessoas que acabam descrevendo Jesus desta forma esquecem de falar que Jesus Cristo foi muito mais do que isso, Foi e é Nosso Salvador.
1 JESUS CRISTO, MAIS QUE UM EXEMPLO!
1. 1 As Duas Naturezas de Cristo
As duas naturezas de Cristo, bem como a Doutrina de Cristo é um dos assuntos abordados pelas dogmáticas cristãs, e esta é considerada segundo Mueller “como o artigo cardinal da fé cristã, com o qual a igreja ou permanece ou cai”. Neste capitulo vamos nos concentrar em definir as duas naturezas de Cristo.
E para compreendermos que Jesus Cristo foi mais que um simples exemplo, nós precisamos esclarecer algumas coisas, por exemplo, deve ficar claro que Ele realmente viveu, morreu e ressuscitou. É preciso entender as duas naturezas de Cristo: Cristo foi Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus.
Na confissão de Augsburgo vemos a seguinte explicação sobre o Filho de Deus, onde de maneira objetiva resume toda a obra de Cristo Jesus:
Ensina-se, além disso, que Deus Filho se fez homem, nascido da pura Virgem Maria, e que as duas naturezas, a divina e a humana, inseparavelmente unidas em uma única pessoa, são um só Cristo, que é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, que verdadeiramente nasceu, padeceu, foi crucificado, morreu e foi sepultado, a fim de ser oblação não só pelo pecado hereditário, mas ainda por todos os outros pecados, e para aplacar a ira de Deus. Ensina-se, outrossim, que o mesmo Cristo desceu ao inferno, no terceiro dia ressurgiu verdadeiramente dos mortos, subiu ao céu e está sentado à destra de Deus, para dominar eternamente sobre todas as criaturas e governá-las, a fim de santificar, purificar, fortalecer e consolar, pelo Espírito Santo, a quantos nele crêem dar-lhes também vida e toda sorte de dons e bens, e proteger e defendê-los contra o diabo e o pecado. Também se ensina que o mesmo Cristo Senhor, conforme o Symbolum Apostolorum, no fim virá visivelmente, para julgar os vivos e os mortos. etc.
Neste artigo há um resumo de toda a vida de Cristo, ficou definido e explicado que Ele foi Verdadeiro Deus, assim como foi também verdadeiro Homem, unido em uma só essência.
Aos olhos humanos fica difícil de entender como isso se deu, pois como pode um Deus se encarnar em um homem, e tornar-se um Homem-Deus? É difícil de entender, mas o que precisamos é crer que isso é verdade, pois foi o próprio Deus que nos revelou.
É importante frisar que esta dúvida não é só nossa. Muito se discutiu sobre as duas naturezas de Cristo. Durante a história humana, muitas heresias surgiram, uns afirmavam que Jesus Cristo não era verdadeiro homem, por exemplo: o docetismo e outros que Jesus Cristo não era verdadeiro Deus, por exemplo, Arianos. Além destas duas citadas existem muitas outras que foram julgadas em Concílios da Igreja, um deles foi o Concílio de Calcedônia realizado em 451, onde este afirmou que Cristo é Deus e homem, perfeitamente divino, perfeitamente humano. As Sagradas Escrituras testemunham as duas naturezas de Cristo ao dizer que ele é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Como poder isso ser assim? Cristo é verdadeiro Deus porque é da mesma essência com o Pai, conforme nos confirma o apóstolo em Jo 10.30 “Eu e o Pai somos um”. Assim também encontramos em várias outras passagens bíblicas como: Is 9.6, Mt 18.11 e Rm 1.4..
Cristo também é verdadeiro homem, tendo corpo e sangue como qualquer ser humano. Cristo é chamado de homem pelo apóstolo Paulo em 1 Tm 2.5. Além disso, tem descendência humana (Rm 9.5), funções físicas (Mt 4.2), concepção humana (Lc 1.42) e nomes humanos (Jo 8.40). Vemos em textos bíblicos que Jesus sentiu sede, chorou, irritou-se.
Jesus Cristo tinha que ser verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Pois era preciso, para que pudesse realizar a obra da redenção, a saber, cumprir a lei em nosso lugar e assim nos perdoar os nossos pecados e salvar-nos da condenação eterna.
1. 2 Jesus Cristo é Histórico!
A historicidade de Cristo tem dado muito que falar na história da teologia. Muitas especulações giram em torno de sua existência real ou não. Todavia, há muitas provas a favor de sua existência, e estas são muito fortes e contundentes. Quanto ao seu legado à posteridade, as opiniões soam um tanto unânimes em apontar um Jesus como “modelo”, apenas um “exemplo” a ser seguido e, cuja mensagem marcou e alterou o rumo da civilização humana para sempre.
Jesus Cristo realmente existiu! Ele sem dúvida é histórico. Provas a favor de sua existência não faltam. Segundo Norman Anderson em seu livro, além da testemunha incontestável da existência de Cristo relatadas na bíblia, há outras testemunhas muito significativas, como: 1) As testemunhas romanas, (nesta ela cita que há documentos que evidenciam as primeiras comunidades cristãs em Roma); 2) Evidências secundárias: “In addition, there is a certain amount of secondary evidence, in the form of quotations from earlier pagan writers preserved in the books of third-century Christian authors.” 3) Judeus admitem que Cristo realmente existiu. 4) e a arqueologia através de achados mostram que Jesus realmente existiu. Assim, como esta autora coloca evidências a favor da existência terrena, muitos outros autores descrevem as várias formas de comprovar a existência de Cristo.
No entanto, assim como sabemos que existem muitos autores que descrevem Jesus cristo como sendo uma verdadeira “Figura Histórica”, há outros autores que escrevem negando a existência de Cristo. Estas pessoas dizem que Jesus Cristo existiu, porém foi apenas um homem, não foi um Deus encarnado num homem.
Por exemplo, no Livro em que George Carey escreve.ele cita alguns autores como John Knox, John Hick, Dennis Nineham e Don Cupitt como exemplos de estudiosos que não crêem na verdadeira encarnação de Deus em Cristo, para eles Jesus Cristo foi apenas um homem que se tornou uma suprema revelação de bondade e piedade. Suas conclusões são:
“The idea of ‘incarnation’, that God became man in Jesus of Nazareth, is a construction built upon the New Testament and not found in it. It is a false interpretation of the apostolic documents
Para estes estudiosos, a existência de Cristo pode ser argumentada desta maneira: A história de Jesus Cristo foi “criada” por pessoas que interpretaram mal os documentos encontrados pelos apóstolos.
Diante de considerações feitas deste ponto de vista, devemos saber que é evidente que crer num Cristo que não apenas viveu, mas que também foi o salvador de todos nós é uma questão de crença. É pela fé que entendemos e cremos que Cristo foi um personagem que fez e ainda faz parte de nossa história.
2 O CRISTO SALVADOR E O CRISTO EXEMPLO
2. 1 O Cristo Salvador
Ao denominarmos Jesus como Cristo Salvador, entendemos que o adjetivo “salvador” lhe é atribuído em virtude da sua ação, que resultou na salvação do homem. Tal salvação pôde vir a ser apresentada ao homem pelo fato de que Cristo foi enviado pelo Pai para restabelecer o relacionamento rompido com o homem por causa do pecado.
O ser humano depois da queda em pecado se afastou de Deus. Então Deus já em Gênesis 3. 15 promete um Salvador. Este salvador foi enviado para que reconciliasse o homem com Deus, e assim o homem pudesse ser salvo, através da ação redentora de Cristo na Cruz.
Para que nossos pecados pudessem ser perdoados foi preciso que Cristo, o Deus Filho se tornasse homem e pagasse um preço altíssimo pelos nossos pecados. Cristo teve que passar pelo estado de humilhação, que começa com o seu nascimento, que se deu pela virgem Maria e culmina na sua morte na cruz.
Este estado de humilhação já fora profetizado por Isaías, onde ele diz: “Não tinha aparência nem formosura; olhamos, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens” (Is 53.2-3).
A humilhação de Cristo também consistia no fato de que ele nem sempre poderia fazer uso dos seus atributos divinos. Segundo Koehler:
“Se Cristo, durante sua vida eterna, tivesse feito uso constante e integral de sua majestade divina também em sua natureza humana, o mundo inteiro teria sido maravilhoso, mas não salvo”. O estado de humilhação de Cristo culmina com a crucificação, onde ele carregou não só as nossas transgressões e as nossas iniqüidades, mas “nossas enfermidades” e “nossas dores”. Sua obra consistiu em expiar nossos pecados através da satisfação Vicária, que quer dizer: “Cristo tomou o nosso lugar, nossa condição de pecador. Para sermos reconciliados com Deus, Cristo precisou cumprir a lei em nosso lugar. Cristo não veio abolir a lei, mas sim cumpri-la (Mt 5.17).”.
Cristo precisou fazer tudo isso, pois o ser humano não poderia cumprir a lei. Cristo é o único filho que veio capacitado para cumprir a lei exigida pelo Pai.
Cristo cumpriu a exigência de Deus ao morrer na cruz por nós. Mas ele não ficou morto, como disse o anjo às mulheres “ele não está aqui; ressuscitou como tinha dito” (Mt 28.6). Com esta vitória de Cristo começa o estado de exaltação, que se inicia quando Ele ressuscita dos mortos e permanece até hoje, assim como nos relata o apóstolo Pedro em sua primeira epístola “está à destra de Deus”. (1Pe 3.22).
Somente sendo Deus, Cristo poderia ter atributos, os quais lhe delegaram a vitória sobre a morte. E foi somente por causa de sua divindade que ele pode ressuscitar dentre os mortos. Se Cristo fosse mero homem, a sua história teria terminado na cruz, com a sua morte. Se Cristo ressuscitou, é porque ele possuía atributos divinos, justamente por ser verdadeiro Deus.
Cristo também subiu de volta para a glória que era a dele. O próprio Credo niceno nos dá testemunha disso, ao dizer: “... e subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai, e virá novamente em glória a julgar os vivos e os mortos”. Com a vinda de Cristo, os cristãos viverão em glória. Viveremos felizes para sempre.
2.2 Mais que Um Exemplo!
Nos capítulos anteriores vimos que Cristo é Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem. Vimos que foi necessário Ele se fazer homem para poder cumprir a obra salvadora, que nos resgatou do pecado.
Neste capitulo vamos dar um enfoque especial num Jesus “mais que um exemplo”.
As pessoas geralmente tendem a aceitar Jesus como exemplo ou como salvador, mas não os dois. Alguns seguem o exemplo de Jesus pelo aspecto social, mas esquecem a cruz. Outros enfatizam a morte de Cristo por nossos pecados, mas falham, ao seguir seus passos.
Muitos autores ganham fortunas por escrever livros que colocam um Jesus apenas como um Exemplo, como um Grande Homem, muitas vezes colocam estes adjetivos acima do maior adjetivo que pode ser empregado Jesus o “Salvador”. Jesus Cristo, por muitos é descrito apenas como: O maior psicólogo que já existiu, ou ainda, o maior administrador que já houve. Nós não podemos ver Cristo apenas como um Grande Exemplo.
Tanto o Cristo Salvador como o Cristo Exemplo formam uma unidade que é inseparável. Não devemos ver Cristo como um homem que veio ditar uma nova filosofia de vida, ou estabelecer novas leis, que poderiam nos levar a alcançar uma vida mais pura e Santa, assim com ensinam algumas “religiões” como os Mórmons, por exemplo:
Jesus Cristo é o exemplo perfeito. Quando Seus discípulos perguntaram a Jesus que tipo de pessoas desejava que eles fossem, Sua resposta foi simples: “Como Eu sou” .
Também não podemos ver Cristo como alguém que nos oferece uma graça barata, onde somos salvos, mas continuamos a viver indignamente, viver uma vida de libertinagem.
As ações de Cristo nos mostram que não devemos apenas cuidar do espiritual das pessoas, anunciando o evangelho. Mas que também é nosso dever ajudar o próximo nas necessidades físicas. Jesus, como Criador, sabia que não criados apenas em corpo ou apenas em alma. Antes, ele cuidou das pessoas integralmente.
Mas também não precisamos falar de Cristo como apenas um Salvador. Podemos falar de Cristo como Exemplo, afinal é um ótimo Exemplo a ser seguido, é uma forma de mostrar como Cristo demonstrou a prática do verdadeiro espírito do cristão. No entanto os exemplos de Cristo não são para serem seguidos visando alcançar a justificação diante de Deus, visto que esta já foi alcançada e transferida a nós, gratuitamente, por Cristo. Antes, Cristo pretende mostrar como podemos viver a verdadeira vida cristã.
Devemos ter muito cuidado com o tipo de Cristo que estamos testemunhando às pessoas. O mundo quer um Cristo que se molde aos seus anseios e pretensões. No entanto, como vimos Cristo veio ser o Salvador do mundo e não apenas um Exemplo, Cristo foi um ótimo exemplo, de conduta, ética, moral, honestidade. Porém Ele foi mais que isso Ele foi, e é o Nosso Salvador.
CONCLUSÃO
Ao final deste trabalho, nós podemos chegar a algumas conclusões. Cristo é muito mais que um simples Exemplo. Foi visto que Ele precisou pagar caro para nos libertar de nossos pecados, teve que ser Humilhado, foi tentado, sofreu numa cruz, padeceu, morreu, mas Ressuscitou para nos dar de presente a salvação e a vida eterna.
É diante destas considerações que precisamos e devemos olhar para Cristo como Mais que um Exemplo, e olhar como O Filho de Deus que se entregou a morte para nos salvar, Cristo é verdadeiramente Nosso SALVADOR.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
A Confissão de Augsburgo. Edição Comemorativa 1530-2005. Publicado pela Comissão Interluterana de Literatura (CIL), São Leopoldo, ed.: Concórdia, Sinodal e Encontro Publicações, 2005.
CAREY, George. God Incarnate: Meeting the Contemporary Challenges to a Classic Christian Doctrine. InterVarsity Press: Illinois, 1978
KOEHLER, Edward W. A. Sumário da Doutrina Cristã. Porto Alegre: Concórdia, 2002.
Livro de Concórdia. Arnaldo Schüler (Trad.) Porto Alegre: Concórdia, 1993.
Norman Anderson. Jesus Christ The Witness of history. Illinois, USA. Ed. Inter-Varsity Press, IVP, 1985.
MUELLER, John Th. Dogmática Cristã. Traduzido por Martinho L. Hasse. 4., ed. rev. e ampl. Porto Alegre: Concórdia, 2004..
PIEPER F. Christian Dogmatics. Saint Louis: Concordia Publishing House, 1950.
v.2
SCAER, David P. Confessional Lutheran Dogmatics: Christology v. VI. Michigan: Edwards Brothers Inc., 1993.
SENKBEIL, Harold. SANTIFICATION: Christ in action. Milwaukee: Northwestern Publishing House, 1989.
MUELLER, John Th. Dogmática Cristã. Porto Alegre: Concórdia, 2004, p. 266. Confissão de Augsburgo, Artigo 3: DO FILHO DE DEUS, p. 11
CAREY, George. God Incarnate: Meeting the Contemporary Challenges to a Classic Christian Doctrine. InterVarsity Press: Illinois, 1978
Ibid, p. 09 “a idéia da encarnação, que Deus se tornou homem em Jesus de Nazaré, é uma construção feita sobre o Novo Testamento e não encontrada nele. É uma falsa interpretação dos documentos apostólicos (tradução do autor) KOEHLER, Edward W. A. Sumário da Doutrina Cristã. Porto Alegre: Concórdia, 2002. p. 79 O Livro de Mórmon, 3 Néfii 27:27