Pesquisar este blog

Mostrando postagens com marcador DIVÓRCIO. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador DIVÓRCIO. Mostrar todas as postagens

O DIVÓRCIO

INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO

Escola Superior de Teologia

Disciplina: Ética Teológica

O DIVÓRCIO

Professor: Erní Walter Seibert

Aluno: Herivelton Regiani

2o Trimestre de 1998

ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................3

II. O CASAMENTO COMO INSTITUIÇÃO DIVINA...............................................4

III. O DIVÓRCIO NA CONSTITUIÇÃO....................................................................6

IV. O DIVÓRCIO NA ÉTICA CRISTÃ......................................................................7

V. SEGUNDAS NÚPCIAS.........................................................................................10

VI. CONCLUSÃO.......................................................................................................13

BIBLIOGRAFIA....................................................................................................14

I. INTRODUÇÃO

No presente estudo queremos apresentar, com base nas várias fontes que consultamos, a vontade de Deus expressa nas Escrituras a respeito do divórcio. Para tanto, incluímos no início um breve resumo da doutrina da instituição divina do matrimônio como estado indissolúvel. O fazemos tão brevemente por não ser esse o nosso tema, apesar de se fazer necessária a exposição como introdução e base para as demais afirmações.

Igualmente, a partir da constatação de que o matrimônio é também uma instituição civil, procuramos trazer informações a respeito da legislação de nosso país, que retiramos de algumas obras teológicas e também da Constituição Nacional de 1988.

Como definido no curso, nosso intuito não é o de abranger também a questão do divórcio no aconselhamento pastoral. Nisto encontramos certa dificuldade, pois, sempre que pensamos no que é dito na Escritura sobre o assunto, já o relacionamos com a prática pastoral e os diversos problemas que podem exigir orientações e decisões que não se enquadram perfeitamente no modelo escriturístico. Além disso, grande parte do que é escrito sobre o assunto não faz claramente a mesma distinção entre o campo da ética e o do aconselhamento que tivemos nos cursos. Essa dificuldade de apresentação transparece nas citações que fazemos e, certamente, na nossa própria análise e interpretação.

Finalmente, ressaltamos aqui que, sendo a posição escriturística claramente definida e bastante conhecida, nosso caminho foi apresentar a exposição da verdade bíblica nas confissões, em Lutero, em obras diversas e no parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais, como forma de aprofundar a discussão em torno das claras passagens bíblicas.

II. CASAMENTO COMO UNIÃO VITALÍCIA

Jesus, deixou bem claro, quando questionado pelos fariseus sobre o repúdio à esposa: “... o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19.6). O matrimônio é uma união indissolúvel e inviolável entre um homem e uma mulher para constituírem família e “viverem a vida comum do lar” (1Pe 3.7) por toda a sua vida.

Lutero, seguindo o contraste estabelecido por Cristo com a lei de Moisés, já que aquela lidava com a dureza de coração do ser humano sob a lei, diz que pessoas que querem ser cristãs não procuram o divórcio[1]. As pessoas se divorciam porque seus casamentos falharam, e casamentos falham porque as pessoas não reconhecem a instituição divina do casamento e não observam o propósito de Deus ao instituir o matrimônio. Como resultado dessa falta de compreensão, muitos se tornam impacientes e incapazes para o mútuo perdão. Paciência e perdão são tidas por Lutero como as melhores armas contra o divórcio.

Nas Confissões, o matrimônio é descrito na maioria das vezes em oposição à doutrina dos adversários da reforma em relação ao casamento dos sacerdotes. Nos trechos que lemos, a partir do índice onomástico que aponta para o termo, sempre fica evidente o valor que Deus dá a essa instituição como direito natural estabelecido na criação, com a finalidade de unir um casal para um relacionamento puro e feliz também sexualmente, de garantir a procriação e de evitar a impureza diante da inclinação do ser humano corrompido para o pecado. Deve ser considerado como estado divino, de supremo valor e bendito, como o é por Deus na Escritura. Também se diz que o divórcio, embora permitido no Antigo Testamento, é proibido no Novo Testamento, reservando-se o valor do matrimônio como instituição vitalícia e digna de respeito acima de tudo, como pode-se ler no Catecismo Maior, p.442.305-6.

Mesmo diante das mudanças e pressões da sociedade moderna e da crise ética em que vivemos, o casamento não pode ser visto como uma experiência, cujo final será determinado segundo a vontade dos participantes, ou segundo a duração do que eles entendem por amor, ou por causa da descoberta de uma “incompatibilidade de gênios” que supostamente não pode ser vencida.

Algumas passagens bíblicas de grande clareza e importância:

Gn 2.18-24 – “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea ... E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.”

Mt 19.6 – “De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.

1Co 7.10-15 – “Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido...”

III. O DIVÓRCIO NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

Foi no dia 28 de junho de 1977 que o Congresso Nacional introduziu o divórcio pela primeira vez na Constituição Brasileira, seguido da sanção presidencial, no dia 26 de dezembro do mesmo ano, à lei 6.515, que regulamentava sua aplicação.

O artigo 226 da Constituição de 1988 diz, no parágrafo 6:

“O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada a separação de fato por mais de dois anos”[2].

IV. O DIVÓRCIO NA ÉTICA CRISTÃ

Segundo Norman L. Geisler, apesar das divergências, há pelo menos três pontos em que todos os cristãos da terra concordam a respeito do divórcio:

a) O divórcio não está dentro do ideal divino – Ml 2.16: “Eu odeio o divórcio”.

b) O divórcio não é permitido por qualquer causa – ainda que os cristãos tenham diferenças quanto a quais são as exceções válidas.

c) O divórcio cria diversos problemas – mesmo quem acredita que o divórcio é justificável em algumas situações reconhece que ele sempre tem um alto preço para os pais e filhos, bem como toda a família e relações sociais. “Divorce leaves scars that are not easly healed”[3].

O parecer da CTRE diz:

“Há um divórcio previsto na Palavra de Deus mas somente em uma situação de pecado... Somente quando o pecado se abate sobre o matrimônio de um casal cristão, a tal ponto que tenha como conseqüência o fracasso, a derrota, destruição e a separação, então o cristão sofre o divórcio.”[4]

A Escritura admite o divórcio em dois casos: a) adultério de uma das partes, de acordo com Mt 19.9; b) abandono pecaminoso, de acordo com 1Co 7.15. Nesse texto, não é o crente quem manda embora o descrente, mas o descrente que quer apartar-se. Segundo a CTRE, as causas do abandono são todos os pecados descritos por Cristo como “dureza do vosso coração” (Mt 19.8). Corações endurecidos podem levar um matrimônio ao abandono do amor e ao fracasso.

Ressalta também a Comissão que cabe à igreja ajudar os que fracassaram em seu casamento no arrependimento e busca do perdão de Deus.

“A Igreja deve analisar cada caso isoladamente, tentando, em primeiro lugar, a reconciliação do casal. Se, porém, as tentativas não salvarem o matrimônio e, sendo já a separação um fato consumado, a igreja deverá reconhecer a separação por amor à paz e à salvação das almas (1Co 7.15). A separação é pecado, mas não é um pecado imperdoável, e como qualquer outro pecado também é alvo do perdão trazido por Cristo, pois ‘o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado’ (1Jo 1.7).”[5]

Lutero, baseando-se na afirmação de Jesus em Mt 5.32 e 19.9, coloca o adultério como a grande base para a dissolução do matrimônio. O adúltero na verdade já dissolveu o casamento. Por isso, a parte traída não fica ordenada ao casamento a menos que se disponha a aceitar o cônjuge apesar de tudo. Ainda traz o argumento de que, já que na lei de Moisés um adúltero tem como pena a morte, ele já está morto diante de Deus. E morte dissolve o casamento.

Além disso, ele orienta as autoridades políticas a que dêem o divórcio com tranqüila consciência quando o casamento já está destruído pelo adultério. Por outro lado, Lutero lembra que o cristão deve ser sempre incentivado a aceitar de volta o cônjuge e restabelecer a paz no lar. Porém não deixa de advertir contra aqueles que vivem continuamente em adultério desprezando o perdão e fazendo pouco daquele que os aceitou de volta, que por isso seria melhor não fossem aceitos.

“‘For one oversight is still pardonable, but a sin that takes mercy and forgiveness for granted is intolerable’. Similary, no one can be forced ‘to take back a public prostitute os an adulterer if he does not want to do do or is so disgusted that he cannot do so.’”[6]

Em “O Cativeiro Babilônico da Igreja” e “Assuntos matrimoniais”, Lutero ainda fala de outras razões para o divórcio: impotência, recusa de relações sexuais e incompatibilidade. Exceto nos casos de impotência, vale a regra de 1Co 7.10-11: que pessoas divorciadas nessas circunstâncias não se casem novamente ou se reconciliem. Além disso, ninguém deve divorciar-se simplesmente por sua vontade. O divórcio, assim como o casamento, é algo público que se dá no julgamento da autoridade secular com o conhecimento da sociedade.

Mas foi no texto “Da vida matrimonial”, publicado no volume 5 das obras selecionadas pelas editoras Concórdia e Sinodal, que encontramos arrolados com grande clareza por Lutero as três razões pelas quais, segundo ele, uma pessoa pode divorciar-se:

“A primeira já foi referida acima: se homem ou mulher for incapaz para o matrimônio por problemas físicos[7] ou por natureza. Sobre os detalhes já foi dito o suficiente. A segunda razão é o adultétio. Sobre essa os papas silenciaram. Por isso devemos ouvir o que Cristo diz em Mt 19.3ss... O terceiro caso está dado quando um priva o outro ou se retira, não lhe presta o dever conjugal, nem quer viver em sua companhia. Existem essas mulheres obstinadas, que impõem sua teimosia. A essa altura deve-se dizer: ‘Se não queres tu, uma outra quer; se não quer a mulher, que venha a empregada’. No entanto, não antes de o marido adverti-la duas ou três vezes e o comunique a outras pessoas, para que a teimosia dela se torne de conhecimento público e seja castigada perante a comunidade. Se ela ainda não consentir, despede-a. Toma uma Ester e deixa a Vasti ir, como fez o rei Assuero.”[8]

Novamente, no fim da citação, podemos ver o quanto o casamento é enfatizado por Lutero como um instituição pública que é regulamentada pela sociedade civil e de pleno conhecimento da comunidade, fato que se aplica na mesma medida ao divórcio.

Althaus ainda lembra que Lutero distingue entre o que é instituído para a ordem pública pela autoridade, que se destina também aos não cristãos, e o que é esperado especialmente dos cristãos. A autoridade secular pode permitir o divórcio, por exemplo, para prevenir males maiores na sociedade. No entanto, espera-se que os cristãos tenham amor e paciência suficientes para manter o matrimônio. Para os cristãos, a regra de Jesus está acima da ordem legal estabelecida pela autoridade civil.

V. SEGUNDAS NÚPCIAS

Não há dúvidas sobre o segundo casamento de viúvos, já que o casamento é indissolúvel enquanto ambos viverem (Rm 7.2; 1Co 7.39). As dúvidas surgem no caso de pessoas separadas de um matrimônio anterior pretendem casar-se novamente.

Com base nas passagens bíblicas de Mt 5.32 e Mt 19.9, Koehler define que, se o divórcio acontece por razões que não são as previstas acima, aquele que repudia seu cônjuge é adúltero diante de Deus, assim como aquele que casa com a parte repudiada, já que o matrimônio não foi rompido. Também ressalta que, nos casos de adultério e deserção maliciosa (abandono), a parte inocente pode casar-se.

Baseando-se nas Escrituras, como dito acima, Lutero faz restrições ao segundo casamento, proibindo-o à parte culpada, nos casos de adultério, ou a ambos, nos casos em que a separação se deu sem real destruição do matrimônio pelos motivos válidos. Acima mostramos que, fora do três casos que ele define como válidos, estabelece-se a regra de 1Co 7.10-11: que pessoas separadas nessas circunstâncias não se casem novamente ou se reconciliem.

Em “Da Vida Matrimonial” o reformador reforça o caráter público e civil da legislação do divórcio e novo casamento, dizendo:

“O divórcio público, porém, que permite que o divorciado case novamente, está sujeito à investigação e à autoridade secular, para que o adúltero seja proclamado publicamente. Caso as autoridades não queiram ocupar-se com o assunto, que se divorcie com o conhecimento da comunidade, para não acontecer que cada qual busque para si um motivo qualquer para o divórcio.[9]

Sobre a parte culpada pelo divórcio, o reformador é enfático e, como sempre, duríssimo:

“Onde, porém ficará o outro, caso não consiga viver castamente? perguntas tu. Resposta: Foi por isso que Deus ordenou na lei que a adúltera fosse apedrejada, de sorte que não havia preocupação com essa pergunta. É assim que ainda hoje deveria proceder a espada e a autoridade secular – que mate os adúlteros, pois quem comete adultério já divorciou a si mesmo e deve ser considerado pessoa morta. Por essa razão a outra pessoa pode casar novamente, como se o companheiro tivesse morrido, desde que queira valer-se do direito de não perdoar. Se, porém, as autoridades se omitem e não matam, o adúltero pode refugiar-se num território distante e ali casar, se não souber dominar-se. O melhor, porém, seria que fosse morto mesmo, para evitar o mau exemplo.”[10]

Embora Lutero não considere correto, no fim da citação acima ainda admite, seguindo a lei secular e a valorização da pessoa, o fato de casar-se o adúltero novamente num outro lugar, em outra jurisdição. Continuando a leitura do texto após a citação acima, ele repete que melhor seria se a pena de morte fosse aplicada para evitar isso, mas o casar-se de novo, já que as autoridades abrem esta brecha, é ainda um meio de evitar a maldade.

A Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da IELB, preocupada com os problemas de nossa época, é mais branda, e junta em suas considerações a regra bíblica com sua aplicação no aconselhamento pastoral, o que não contradiz Lutero, na medida em que ele também agia de maneira diversa de acordo com a situação apresentada em sua prática pastoral, como fica evidente em outros escritos e no caso da bigamia de Felipe de Hesse[11].

Três pontos são ressaltados pela CTRE nas páginas 18 e 19:

a) o pecador arrependido verdadeiramente recebe o perdão de Cristo e seu amor e graça o possibilitam viver uma nova vida, mesmo onde o pecado já violou a ordem e mandamento do Senhor (Jo 8.11; Cl 3.10; Gl 5.22-25; 2Co 2.5-11). Considerando-se também que o matrimônio é algo desejável e de grande importância e santidade, e que “quem se despede do velho homem e se reveste do novo homem, que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.8-10) é “nova criatura em Cristo Jesus” (2Co 5.17), é correto concluir que o cristão que sofreu o divórcio possa iniciar uma nova vida familiar. Isso vai ao encontro também do conselho de Paulo, de que é melhor casar que viver abrasado (1Co 7.9).

b) a igreja precisa estar atenta ao problema de pessoas que, mesmo não estando divorciadas segundo a lei do país, se unem a outras. Não se deve ir contra a lei do país, nem aceitar uniões levianas e irresponsáveis em relação à sociedade. Mas não se pode ignorar as dificuldades diversas, tanto de cunho financeiro como processual. Há pessoas que, mesmo não estando legalmente aptas para uma nova união matrimonial, a assumem responsavelmente e dignamente. Num caso desses, recomenda-se que seja notificada a congregação a respeito do compromisso assumido pelas pessoas de realizar o divórcio e casamento legais (a CTRE sugere ainda a elaboração de um documento escrito que comprove essa sincera intenção).

c) em casos de dificuldades financeiras, cabe à congregação assistir e orientar os envolvidos na regularização de sua situação perante a lei.

VI. CONCLUSÃO

Em nossa pesquisa pudemos reafirmar o que já havíamos aprendido sobre o problema do divórcio e, de certa forma, aprofundar nossos conhecimentos, especialmente no que diz respeito à leitura do tema em Lutero e nos diversos autores e na verificação das diferenças na maneira de discutir e escrever dobre o assunto.

Nossa conclusão sobre o assunto é de concordância com o que foi exposto pela CTRE, divergindo apenas quanto à forma de apresentação do parecer da mesma, que nos parece muito sucinto, trazendo apenas as conclusões. Melhor e mais edificante seria se fosse publicada também a pesquisa e a detalhada argumentação em torno de cada conclusão. O parecer dá ao leitor a impressão de regra imposta, e não de fruto do profundo debate que certamente aconteceu em torno do tema. Cremos que, quando se procura apresentar ao leitor ou ouvinte o caminho percorrido até chegar às conclusões, estas últimas lhe parecem mais vivas e significativas.

Cremos ser essa a principal vantagem da pesquisa: o retorno ao debate a respeito das bases do que já temos por estabelecido argumentação faz com que nos sintamos ainda mais seguros no final.

BIBLIOGRAFIA

ALTHAUS, Paul. The Ethics of Martin Luther. Trans. Robert C. Schultz.

Philadelphia, Fortress Press, 1972. p. 97-99.

Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, Centro Gráfico do

Senado Federal, 1988. p.147-8.

GEISLER, Norman L. Christian Ethics; options and issues. Michigan, Baker Book House, 1990. p. 281-92.

KOEHLER, Edward W. A. Sumário da Doutrina Cristã. Trad. Arnaldo Schüler. 2 ed. Porto Alegre, Concórdia, 1981. p. 268-74.

Livro de Concórdia; as Confissões da Igreja Evangélica Luterana. Trad. Arnaldo

Schüler. 4 ed. São Leopoldo, Sinodal & Porto Alegre, Concórdia, 1993.

LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. São Leopoldo, Sinodal & Porto Alegre,

Concórdia, 1995. v.5, p. 160-83, 238-82.

SILVA, Plinio Moreira da. O Divórcio e a Bíblia; uma interpretação cristã da lei do

divórcio. Mogi das cruzes, ABECAR, 1983. p.9-12.

Teologia; pareceres da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais. Porto Alegre,

IELB, 1995. v. 1.

WENDLAND, Heinz-Dietrich. Ética do Novo Testamento; uma introdução. Trad.

Werner Fuchs. 2 ed. São Leopoldo, Sinodal, 1981.


[1] Aqui, como em grande parte das considerações a respeito de Lutero, nos referimos ao que diz Paul Aulthaus em The Ethics of Martin Luther, p. 97-99.

[2] Constituição da República Federativa do Brasil, p.147.

[3] Geisler, Norman L. Cristian Ethcis, p.282.

[4] Pareceres da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais, v.1, p.17.

[5] Idem, p. 17-8.

[6] Althaus, Paul. The Ethics of Martin Luther, p. 98.

[7] Aqui Lutero não defende o divórcio no caso em que o cônjuge adoece e não pode manter relacionamento sexual. O que é dito acima aplica-se a casos em que não houve relações sexuais no casamento. Quando o relacionamento é interrompido por doença, vê-se a situação como oportunidade de servir à pessoa doente e a Deus em amor. “... bem aventurado és se reconheceres essa dádiva e graça”, cf. Obras Selecionadas, p.173.

[8] Lutero, Martiho. Obras selecionadas, V. 5, p. 170, 172.

[9] v.5, p.171

[10] v.5, p. 171-2.

[11] v.5, p. 291-6.

DIVÓRCIO

INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO

Escola Superior de Teologia

clip_image002

Disciplina: Ética Teológica.

Prof.: Dr Erní W. Seibert.

Aluno: Márcio Schumacker.

Turma: 5o Teológico/00

São Paulo-SP, 30 de Junho de 2000.

INTRODUÇÃO

É comum e natural que entre homem e mulher existe uma necessidade de viverem juntos, unidos sob um mesmo teto. Mas, a relação de união não é tão simples e fácil de se dominar, exige muitos esforços na convivência para se superar um conjunto de dificuldades. Os problemas diários e as crises que afetam a união exigem provas de paciência, resistência e comunicação. Quando estas não ocorrem ou, quando não há consenso entre as partes por diversos motivos, o separar-se é inevitável. E essa separação é difícil.

As estatísticas aumentam dia após dia, ao ponto de entendermos que, casamento é uma aposta.

Na apresentação que segue, o tema dominante e único será, “O Divórcio”, uma opção na maioria das vezes, contrária a vontade de Deus, e que traz consequências irreversíveis e até dramáticas, aos envolvidos.

clip_image003

Guy Duty, em sua obra,[1] diz que, quando se começa a sentir os problemas e as dificuldades do divórcio, a única e primeira opção criativa é fazer frente à situação antes que esta defina de uma vez o futuro. E a melhor maneira de “fazer frente” a esta situação é identificar os sentimentos.

Quando a situação encaminha para o difícil, o certo é regular as coisas de acordo com a sua importância e ordem, complementando bom diálogo, trabalhando os problemas e buscando soluções simples e urgentes.

Muitos homens e mulheres, ao comentarem sobre a experiência do divórcio, concluem que, nada mais é senão uma devastadora e contraditória vivência. A insegurança, o temor frente ao futuro, a angústia, a falta de confiança em si mesmo e nos outros, o ressentimento e até a vergonha, pode-se dizer, são alguns dos sentimentos que aparecem com o divórcio. Uma carrada de problemas que, em nada diferente de antes, deverão ser resolvidos ou amenizados.

Se, por um lado, existe um alívio de se ter uma relação de amargura concluída, por outro, surge a tristeza, a dor, a ira, a solidão e um profundo sentimento de culpa.

Muitas questões surgem também junto ao divórcio. Perguntas como: Terei feito o certo? Conseguirei sobreviver a essa crise? Poderei voltar a ser feliz e a amar? Encontrarei alguém que amarei e que me amará? Como? E os filhos? O que os outros irão pensar de mim? De que modo serei vista? Terá sentido a minha vida daqui em diante? Etc, etc, etc.

Mais que um ato de separação de relação e convivência, o divórcio põe fim a uma relação que, um dia, foi feliz.

O divórcio, em si, é uma crise, e, como toda crise, deve ser superada. Requer solução e recuperação.

Do contrário, se não haver essa tentativa de superação, construir-se-á uma carga que será levada pelo resto da vida.

Lamentavelmente, são muitas as pessoas que não tem consciência clara a respeito do que é amor e, do que é envolvimento. O amor é mais que um sentimento, e que se constrói sobre a base de um compromisso, do conhecimento, da entrega e da felicidade.

Amar é comprometer-se. Implica em conhecer a outra pessoa em todos os aspectos, não somente suas opiniões, senão também seus sentimentos e reações. É entregar-se.

Essa entrega envolve promessa, aquela feita frente ao altar e diretamente frente ao Juíz civil, de fidelidade, de amor, de companherismo. Neste sentido, é o amor de Deus que nos educa a vivermos em paz.

O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (1 Cor 13.4-7)

Muitos casais se casam com o pensamento de que o amor é todo cor-de-rosa. Outros imaginam que os problemas do noivado desaparecerão no casamento.

As dificuldades não deveriam, por certo, levar ao divórcio, pelo contrário, deveriam servir para o amadurecimento de ambos no relacionamento.

· CAUSAS DO DIVÓRCIO:

Em princípio, e segundo a opinião da maioria dos autores consultados, não existe uma causa única para o divórcio.

Cada união é diferente e cada divórcio precede causas muito particulares e especiais.

A seguir, serão apresentadas algumas causas que influenciam ou que podem levar ao divórcio.

a) Infidelidade Sexual ou Adultério:

Apesar da lei civil e da lei de Deus permitirem o divórcio nesta situação, nunca se deve descartar a possibilidade de um perdão e de uma reconciliação, apesar de difícil pois a parte ferida e inocente se vê em dificuldades de confiar novamente no parceiro(a), no futuro do relacionamento. Na maioria das vezes, o sentimento de ira é predominante. Porém, a separação, as vezes, pode ser mais difícil de compreender.

b) Abandono:

Na Bíblia, esta atitude é reprovada e considerada causa para o divórcio. Não é uma causa incomum nos dias de hoje, mais frequentemente em famílias de classe baixa.

c) Atitudes Imaturas:

A falta de maturidade por parte de uma ou ambas as partes, também é fator que coopera para o divórcio, mas não há, na Bíblia, aprovação para essa atitude. Onde inicia a maturidade é difícil de definir. Pessoas com sintomas de imaturidade, geralmente, tendem a ser livres e fazem o que querem quando se tem oportunidade. Isso estimula o conflito e dificulta as tentativas de resolver os problemas e evitar a separação.

Define-se também de imaturas, as pessoas que mantém uma dificuldade ou aversão ao diálogo aberto e franco.

Quando não há diálogo não há consenso, e quando não há consenso, surgem intrigas e discussões sem fundamento.

d) Influências Sociais:

A sociedade tem opiniões por demais liberais quanto à separação. Interessante é perceber que a sociedade aprova o divórcio como algo comum e que “faz parte” do matrimônio, ou seja, dentro da união entre homem e mulher, vale tudo. Assim como se inicia com um simples namôro ou paquera, pode-se terminar com uma separação judicial.

As barreiras legais para o divórcio foram quebradas, a igreja, em si, se tornou mais compreensiva e a própria mulher adquiriu maior influência com os movimentos de libertação, os meios de comunicação transmitem um apoio maciço à infidelidade. A autorealização e a satisfação pessoal são metas mais importantes na vida, que todas as demais, inclusive o matrimônio, está em segundo plano. A televisão, com suas novelas e dramas, trata-se, neste caso, de um perigoso meio de influência que reflete e influi grandemente no modo de pensar e agir de uma enorme massa.

O compromisso “até que a morte os separe”, está sendo substituído pela idéia de que o divórcio seja apenas um meio para se fugir das dificuldades do casamento.

e) Abusos - Físico e Psicológico:

A falta de respeito para com os próprios filhos, o mal exemplo, o abuso sexual no matrimônio, neste sentido, de não compreender o parceiro em suas carências afetivas, as agressões físicas, o medo, são questões que, lamentavelmente se dão na família e que podem levar à separação.

f) Outras Tensões:

Qualquer tensão, suficientemente grave, pode provocar pressão no matrimônio, estimulando o divórcio. As exigências de uma profissão que ocupe todo o tempo do conjuge, o alcoolismo, dívidas resultantes da falta de dinheiro ou de uma má administração, aborrecimentos, inflexibilidade e ressentimentos, podem crescer com o passar dos anos e levar ao divórcio, especialmente quando um dos conjuges tenha presenciado a separação de seus próprios pais no passado.

· CONSEQUÊNCIAS:

Segundo o escritor Jim Smoke, há três etapas pelas quais atravessam os divorciados.

1. O Choque: Fase de reflexão, onde vem à mente tudo o que se viveu até ali, ou seja, o otimismo, a felicidade, a esperança, tem sido substituídos por sentimentos confusos e vazios, ressentimento e perplexidade.

2. O Ajuste: Trata-se de relembrar e repartir os maus tempos vividos antes e também das felicidades compartilhadas quando unidos. Após, buscar adaptar-se à uma vida sem “parceiro”, porém, não sem “parceria”.

3. O Crescimento: É a nova condição de vida. Toma-se mais tempo para a reflexão, a tendência de culpar os outros e a si mesmo pelo ocorrido já não existe mais. Faz-se planos para o futuro na nova vida. Também é importante que a pessoa tenha consciência do que Deus quer para todos nós.

Muitas pessoas divorciadas buscam outra parceria, não por amor, senão por necessidade econômica, pondo desta maneira em perigo, a estabilidade de um segundo matrimônio.

Os FILHOS, principalmente, são vítimas do divórcio. Na maioria das vezes não expressam claramente o que sentem com a separação, e, em silêncio, vêem-se confusos. O divórcio pode marcar o destino de um filho, mesmo assim, jamais deve-se ocultar a realidade com inverdades.

Interessante é que, a separação dos pais gera, na maioria dos casos, uma maior união ou relacionamento, entre irmãos.

· O DIVÓRCIO E A BÍBLIA:

- Do Matrimônio: O matrimônio não foi criado ou formulado por decisão humana, mas, por Deus, aquele que criou os componentes da união. Deus estabeleceu, instituiu e ordenou o matrimônio, assim como também o sujeita a regras e leis. E disso não se pode fugir, a sociedade, em todos os casos, é dependente. Ela necessita da união e das leis.

O casar-se não é simplesmente perpetuar-se.

O que a Palavra de Deus nos ensina com respeito ao matrimônio encontramos muito claramente na passagem de Gênesis 2.24: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se uma só carne”. Daí percebe-se claramente ser o casamento uma união exclusiva. E ainda Mateus 19.6: “O que Deus juntou, não o separe o homem”.

- Do Divórcio: Na sociedade judía, o divórcio era permitido ou tolerado, no entanto, não estava aprovado por Deus. (Dt 24.1-4)

Segundo as palavras em Mt 5.31-32, 19.3-8; Mc 10.11-12, conclui-se que, a única razão pela qual se justifica o divórcio é o adultério. Há ainda outras aceitações como causa do divórcio em casos de desavenças com a fé cristã, conforme 1 Cor 7.10-16.

Enfim, o que o próprio Deus nos revela é que, para todas as complicações há soluções. O que ocorre quase sempre, é que o ser humano se deixa dominar pela hipocrisia, falta de humildade, pelo ódio enraizado, pela intolerância e pela ausência de um espírito verdadeiramente crente e confiante.

· RECUPERAR-SE PARA O FUTURO:

Recuperação é reconhecer a necessidade de receber consolo, perdão e saber que, viver sempre, vale a pena.

Em certo sentido, o divórcio é uma volta ao passado, ou seja, à vida de solteiro, mas há responsabilidades que foram construídas com o tempo das quais não se pode fugir.

É importantíssimo que se reserve tempo para criar e organizar metas ou ajustes para o futuro. E isso se consegue em meio à confiança em Deus e na sua graça. Uma vida com relacionamento centrado no amor de Deus em Cristo é, e sempre será, uma vida de sólidas bases emocionais.

Deus mesmo criou a família, e ele mesmo a abençoa. Quando se pensa desta forma, existirá um profundo desejo entre os cônjuges de estarem juntos, unidos carnal e espiritualmente em Cristo. Cristo nos ensinou a amar, a dedicarmo-nos ao nosso próximo e a fazer a sua vez.

A maneira mais correta de se evitar uma separação é construir matrimônios mais fortes, é basear as uniões matrimoniais nos princípios bíblicos caracterizados pelo amor, a dedicação e a franca comunicação. Antes de descobrirmos como são as outras pessoas, devemos procurar descrobrir, com orientação divina, como nós somos e ou reagimos. A leitura diária da Palavra de Deus e a oração são inevitáveis para que uma relação a dois seja concretizada melhor e mais tranquilamente.

“Martinho Lutero diz que cada cônjuge deve reconhecer o estado do matrimônio, ou seja, é ver o cônjuge como um presente de Deus que deve ser aceito e tratado como tal”.[2]

· PESQUISAS E DADOS ESTATÍSTICOS ATUAIS:[3]

A legalização civil do divórcio foi promulgada em 1977, e, a cada ano que passa, no Brasil, as pessoas valorizam mais àquilo que, anteriormente, era considerado um desrespeito.

Atualmente, uma em cada quatro uniões se desfaz no país onde o casamento para a vida toda é considerado coisa rara.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a frequência de uniões rompidas aumenta a cada ano. As alegações para o rompimento do matrimônio também aumentaram. Antes da década de 70, as alegações eram: Infidelidade, dificuldades financeiras, problemas com a família do cônjuge, violência doméstica, negligência do lar, e outros mais comuns; a partir da década de 80 constavam nas alegações: Falta de entrosamento, de comunicação.

Nos Estados Unidos, quase que 60% dos rompimentos partem das mulheres, enquanto que no Brasil esse índice sobe para 70% dos processos.

Segundo a socióloga americana Diane Vaughan, sete fases precedem a separação, sendo elas:

FASE 1 = O Segredo

A idéia da separação começa a tomar forma com os questionamentos dos defeitos do outro.

FASE 2 = As Queixas

O insatisfeito começa a se queixar em casa e com os outros, os hábitos do outro que o irritam.

FASE 3 = A Transição

Passa-se um a evitar o outro e a negligenciar até os filhos. Compromissos familiares são evitados.

FASE 4 = A Incerteza

Enquanto um demonstra incerteza e infelicidade, o outro, percebendo a crise, quer acreditar que tudo é passageiro.

FASE 5 = O Confronto

O descontente sente que não pertence mais “àquele mundo” e pede a separação.

FASE 6 = A Reconsideração

O casal troca acusações e revira o passado.

FASE 7 = A Separação

As tentativas, se houveram, surtem efeito contrário. Um sai de casa ou pede que o outro saia.

“Deus conhece a nossa natureza iníqüa e os atoleiros em que nós entramos. É por isso que ele deu a Sua Palavra como ‘Lâmpada para os [nossos] pés’ – Sl 119.105a”.[4]

· CONSELHOS E CONSIDERAÇÕES:

Os seguintes princípios básicos que, sendo observado, podem evitar um divórcio e colaborar para um casamento feliz:[5]

v FAZER UMA ESCOLHA SÁBIA;

v SEGUIR OS PRECEITOS BÍBLICOS;

v CASAL QUE ORA JUNTO PERMANECE JUNTO;

v OS PROBLEMAS DEVEM SER ENCARADOS DE FORMA FRANCA;

v AS DIFERENÇAS DEVEM SER DISCUTIDAS CALMAMENTE;

v DEVE-SE BUSCAR CONSELHO QUALIFICADO;

v MANTER OUTRAS PESSOAS LONGE DOS PROBLEMAS CONJUGAIS;

v LEMBRAR-SE QUE: DIVÓRCIO NÃO É SOLUÇÃO;

v QUE NÃO EXISTE CASAMENTO PERFEITO.

“O casamento tem que ser uma união em todas as áreas da vida e a religião tem que entrar como fator de união. O casamento ‘no Senhor’, implica uma identidade religiosa profunda, isto é, os dois não podem apenas crer no Senhor, mas precisam, juntos, serví-lo”.[6]

“É bom amar, porque o amor é difícil. O amor de um ser humano por outro, é talvez a mais difícil prova para qualquer de nós, é o mais alto testemunho de nós mesmos; a obra suprema de que as outras todas são meros preparativos. Por isso é que os seres jovens, novos em tudo, ainda não podem amar; devem aprender. Tudo o que resulta de uniões turvas, que devem sua confusão à pressa, é mera convenção. Se, porém, com pertinácia, nos sujeitarmos ao amor como lum duro aprendizado, em lugar de nos perdermos nos jogos fáceis e frívolos, talvez, então, um insensível progresso, um certo alívio possa vir aos que nos sucedem e ainda por muito tempo depois de nós”.[7]

CONCLUSÃO

Realmente não é fácil conviver com uma experiência dessa natureza. O divórcio é, sem dúvida, a pior consequência de uma má relação, e que causa incontáveis prejuízos à família e à sociedade em geral.

Mas, por outro lado, deve-se reconhecer que não há crescimento se não se aprende a sofrer e a compreender a importância de reconhecer os erros e os equívocos a fim de encontrar o perdão de Deus, a graça que conduz à uma vida de felicidade e realização.

Deve-se lembrar também que a presença de Cristo não divide, pelo contrário, une sempre mais; não separa, mas cria uma união mais íntima e sólida; não destrói, mas estimula à reconciliação. Este é o desejo de Deus. E como cita Lutero: “Não há ligação mais doce do que a de um matrimônio feliz, porém, não há separação mais amarga do que a de um matrimônio feliz.”

BIBLIOGRAFIA

CHAVE BÍBLICA. Compêndio Bíblico. São Paulo: SBB, 1998.

A BÍBLIA SAGRADA. Ed. Revista e Atualizada no Brasil. Trad.

João Ferreira de Almeida. São Paulo: SBB, 1994.

Nunes, Reginaldo. Et al. Divórcio para os Não-Católicos. São

Paulo: Agir, 1957.

Duty, Guy. Divórcio e Novo Casamento. Trad. Myrian T.Lins. 2a

ed. Belo Horizonte: Betânia, 1979.

Da Silva, Plínio Moreira. O Divórcio e a Bíblia. Mogi das

Cruzes: ABECAR, 1983.

Plekker, Robert J. O Divórcio à Luz da Bíblia. Trad. Ia H.

Kietzmann. São Paulo: Vida Nova, 1985.

Müeller, Norbert H. Teologia Pastoral. Trad. Paulo e Ivonelde

Teixeira. Saint Louis: Concordia, 1990.

Forell, George W. Ética da Decisão. 5a ed. Trad. Walter

Müller e Luís Sander. São Leopoldo: Sinodal, 1994.

Revista VEJA. Edição 1.641 de 22/03/2000. São Paulo: Abril,

pp 120-125.

Mensageiro Luterano. 12/85. Porto Alegre:Concórdia,pp 6-8.


[1] Guy Duty. Divórcio e Novo Casamento.

[2] Müller e Kraus. Teologia Pastoral. p. 261

[3] Revista VEJA - 22.03.2000

[4] Robert J. Plekker. O Divórcio à Luz da Bíblia. p 69

[5] Mensageiro Luterano. 12/95. Pp 6-8

[6] Plínio M. da Silva. O Divórcio e a Bíblia. p 56

[7] Hahnemann Guimarães. Divórcio para os Não Católicos. pp 40-41

O DIVÓRCIO E O NOVO CASAMENTO

clip_image002

Seminário Concórdia -Faculdade de Teologia -

Disciplina: Teologia Pastoral

Prof.: Paulo

Aluno: José Carlos Paulino Dos Santos

O Divórcio e o Novo Casamento

I. A Bíblia e O Divórcio

COLLINS, Gary R. Aconselhamento Cristão. Vida Nova, São Paulo:1995

1. Os ensinos do Antigo Testamento

A Bíblia apresenta claramente o casamento como união permanente e íntima entre marido e esposa. Gn 2.18-25; Mt 19.5; Mc 10.2-12;

Com a queda em pecado o homem se desviou dos propósitos de Deus para o casamento. A Bíblia reconhece isto, e dá diretrizes breves e práticas que regulam a prática do divórcio - Dt 24.1-4 - prática tolerada, mas jamais ordenada ou endossada por Deus.

2. Os ensinos de Jesus

Jesus reafirmou a natureza permanente do casamento, salientou que a permissão divina para o divórcio só foi concedida devido à pecaminosidade humana. Estabeleceu que a imoralidade sexual era a única causa para o divórcio.

3. Os ensinos de Paulo: reafirmou o que Jesus disse, 1 Co 7.10-16

4. A Bíblia não fala nada a respeito do divórcio de dois incrédulos

5. Enfatizar o perdão de Deus

· Deus odeia o divórcio - Ml 2.16

· Deus proíbe o adultério - Ex 20.14; Mt 5.27,28

· Deus perdoa e espera que os seguidores façam o mesmo 1 Jo 1.9; Mt 6.14,18.

· viver com pureza e sem pecar mais Rm 6.1,2; 12.1,2; 13.14; 1 Pe 2.11

II. As Causas do Divórcio

1.pecado

2.infidelidade sexual

3.abandono

4.atitudes imaturas

5.abuso físico e psicológico

III. Os Efeitos do Divórcio

O divórcio é penoso. Extremamente penoso. Ele pode destruir completamente a vida da pessoa, sua rotina, sentimentos e senso de segurança.

· Efeitos emocionais: ansiedade, culpa, medo, tristeza, depressão, frustração, etc.

· Efeitos comportamentais: o divórcio não afasta apenas os sentimentos, mas também influência naquilo que fazemos.

· Efeitos sociais: o divórcio envolve pessoas e sempre que ocorre separação, inúmeros indivíduos são afetados: família, aliados, críticos, amigos casados, outros solteiros.

IV. O Aconselhamento e o Divórcio

O aconselhamento cristão aos divorciados tenta auxiliar o indivíduo ou casal separado de um modo compatível com os ensinamentos bíblicos.

1. Atitudes do conselheiro: ouvir cuidadosamente, compreender, evitar a condenação, resistir às pressões e inclinação de tomar partido.

2. Estabelecer alvos, como:

· ajudar os aconselhados avaliar sua situação conjugal, inclusive a possibilidade de evitar o divórcio;

· discutir os ensinamentos bíblicos sobre o divórcio e novo casamento;

· ajudar os aconselhados a chegarem a um acordo mútuo;

· encorajar os casais a deixarem de lado atitudes de vingança;

· encorajar os aconselhados em seu crescimento espiritual e seu envolvimento com outras pessoas;

3. Trabalhar os pontos práticos:

· a escolha do advogado;

· nova identidade;

· construir novos relacionamentos;

· os filhos - que muitas vezes se transformam em armas involuntárias pelo marido e esposa para se agredirem;

· igreja - ponto de apoio, cuidado e amor;

· novo casamento;

V. Como Evitar o Divórcio

Vamos supor que o casal esteja pensando em divórcio. Como evitá-lo?

1. Aconselhamento - Antes de um casal decidir separar-se, eles têm a responsabilidade perante Deus, perante si mesmos e seus familiares, de fazer todo o possível para evitar o divórcio e construir um casamento satisfatório.

2. Auto-análise - a pergunta que o cônjuge deve fazer a si mesmo: “O que estou fazendo (ou deixando de fazer) que contribui para os problemas em meu casamento?”

3. Reconciliação - a reconciliação acontece após muitas horas de discussão e uma análise realista dos problemas.

4. Orientação Divina - leitura diária das Escrituras e oração no lar; Os crentes devem ser instruídos a orar pelos casais e interessar-se por eles.

O DIVÓRCIO, A LEI E JESUS

O Divórcio, a lei e Jesus

Walter L. Callison

O Divórcio, a lei e Jesus

O divórcio e o novo casamento são temas que geram muita discussão.

O meu propósito é convidar o leitor a reconsiderar a atitude da igreja em relação ao novo casamento. “A lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo“ (João 1.17).

Será que os que estão sofrendo tragédias matrimoniais também receberam a graça, como descreve a Lei no Novo Testamento? É claro que afirmamos que a graça e a verdade vieram por Cristo Jesus. Então, como predomina a graça naqueles que sofreram a tragédia de um fracasso no matrimônio e um subseqüente divórcio? Cristo não ensinou apenas com palavras, mas também com sua vida. Ele deu novas idéias a seus seguidores, rejeitando o antigo ditado: “olho por olho, dente por dente” e enfatizando o amor, não entre eles mesmos, mas em relação aos outros. Ele tirou a mulher da condição em que se encontrava para ser reconhecida como pessoa. Ensinou também o respeito para com a antiga lei judaica.

Quando estudamos o que Jesus disse acerca do divórcio, devemos também estudar a vida dos que tiveram seu casamento destruído, bem como o que ensinou sobre a lei judaica, especialmente a lei do divórcio. O que encontramos em suas palavras? Se uma pessoa divorciada e se casa novamente, o que Jesus nos diz? “Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra aquela. E, se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério?” (Mc 10.11-12).

Nós podemos imitar a natureza compassiva e misericordiosa de Cristo, que enviou a mulher samaritana até a cidade para ser sua testemunha. Suas palavras, no entanto, negam suas ações? Por acaso as pessoas divorciadas que casam com outra estão vivendo em adultério? Estão proibidas de servir a Cristo? Devemos igualmente ouvir as palavras do apóstolo Paulo: “É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher” (1 Tm 3.2). Será que ele está falando de uma pessoa que se divorciou ou casou novamente? Sobre este aspecto, Lucas faz somente um comentário muito conciso: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei. Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério: e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério” (Lc 16.17-18).

Jesus deixou claro que o Antigo Testamento tinha algo significativo a dizer. Existe uma lei! Quando foi perguntado pelos fariseus, no Evangelho segundo Marcos, se “é lícito ao marido repudiar sua mulher”, Jesus respondeu com uma pergunta: “Que vos ordenou Moisés?” Tornaram eles: “Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar” (Mc 10.2-4). Há uma lei! A lei se encontra em Deuteronômio 24.1-4, escrita bem antes de Jesus vir ao mundo. O historiador Flávio Josefo, que viveu um pouco depois da época de Jesus, referiu-se a ela como a “lei dos judeus”: “Aquele que deseja divorciar-se de sua esposa, por qualquer motivo (muito comum nos homens), deve registrar por escrito que nunca voltará a casar com aquela mulher. Portanto, ela terá a liberdade de casar com outro homem. Entretanto, enquanto essa carta de divórcio não lhe for dada, não poderá fazê-lo” Esta é a lei de que fala Deuteronômio: “Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável aos seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa; e se ela, saindo de sua casa, for e se casar com outro homem...” (Dt 24.1-2).

Essa lei ainda estava vigente na época de Jesus. Portanto, temos de tratar dos “títulos” da lei. A Bíblia fala apenas de um divórcio. Deus diz que ele o providenciou. Em Jeremias três, Deus recordou a Judá que estavam procurando problemas. Israel fora levado ao cativeiro. Deus disse a Jeremias que prevenisse a Judá de que a nação tinha sido testemunha da infidelidade de sua irmã Israel, e que Deus a havia mandado embora e lhe dado carta de divórcio; mesmo assim, Judá não se arrependeu (Jr 3.6-8). Havia outras coisas que os homens podiam fazer com suas esposas.

Muitos se casavam com mais de uma mulher, sem sequer se incomodar e sem pensar em divórcio. Alguns destes foram servos de Deus: Salomão, Davi, Abraão e Jacó, por exemplo. Heróis das revelações de Deus, mas também produto da sua cultura. Se não se divorciava, o que fazia um homem daquela época com a primeira esposa quando tomava outra? Punha-a de lado. Há uma palavra para isto no Antigo Testamento, a palavra hebraica shalach. Esta palavra é diferente da palavra traduzida para divórcio, que é keriythuwth (como em Jeremias 3.8), que literalmente significa excisão ou corte do vínculo matrimonial. O divórcio legal era escrito como pedia Deuteronômio 24, e o novo matrimônio era permitido. Shalach normalmente é traduzido por “repudiar”.

As mulheres eram “repudiadas” quando seu marido se casava com outra, para estarem disponíveis quando este necessitava dela ou a queriam novamente, repudiadas para serem sempre propriedade, como escravas, ou ficando em isolamento total. Eram dias cruéis para as mulheres. Elas eram “repudiadas” para favorecer outras, mas não lhes era dada carta de “divórcio” e, conseqüentemente, tampouco o direito de se casarem novamente. Essa palavra descreve uma tradição cruel e comum, mas contrária à lei judaica. Algumas das injustiças e do terror experimentados pelas mulheres daquele tempo que eram “repudiadas” podem ser vistas na descrição que o Langenscheidt Pocket Hebrew Dictionary (McGraw-Hill, 1969) faz da palavra shalach: “A fé cristã lançou raízes e floresceu em uma atmosfera quase totalmente pagã, onde a crueldade e a imoralidade sexual eram normais e onde a escravatura e a inferioridade da mulher eram quase universais. A superstição e as religiões rivais, com todo tipo de ensinos errados, existiam em todo o mundo”.

Deus odeia o “repúdio”.

O profeta Malaquias, com seu coração compadecido, implorou ao povo de Deus que parassem com isso. A palavra traduzida por “repúdio” em Malaquias 2.16 não é a palavra hebraica para divórcio, mas é shalach, repúdio. Veja como Malaquias responde aos líderes que perguntavam como tinham cometido abominação em Israel e profanado a santidade do Senhor: “Perguntais: por quê? Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança. Não fez o Senhor um, mesmo que havendo nele um pouco de espírito? E por que somente um? Ele buscava a descendência que prometera. Portanto, cuidai de vós mesmos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade. Porque o Senhor, Deus de Israel, diz que odeia o repúdio e também aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o Senhor dos Exércitos; portanto, cuidai de vós mesmos e não sejais infiéis” (Ml 2.14-16).

Depois veio Jesus, e suas palavras não negaram suas ações! Ele se referiu a isso quando disse: “Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido, também comete adultério” (Lucas 16:18). Todo aquele que faz isso comete adultério! Essa prática era cruel e adúltera, porém não se tratava de um divórcio. A palavra do Novo Testamento traduzida por “repúdio” vem do verbo grego apoluo. Esta é a palavra que os autores do Novo Testamento usaram como equivalente a shalach (“deixar” ou “repudiar”).

Existe uma palavra hebraica para divórcio no Antigo Testamento, keriythuwth, equivalente a uma palavra grega no Novo Testamento, apostasion. O Arndt/Gingrich Lexicon Del Nuevo Testamento indica apostasion como o termo técnico para uma carta ou escritura de divórcio, remontando até 258 a.C. Apoluo, a palavra grega que significa deixar de lado ou repudiar, não significava tecnicamente um divórcio, apesar de às vezes ser usada como sinônimo. Tratava-se de um termo de domínio total masculino: O homem com freqüência tomava outras esposas e não dava carta de divórcio quando abandonava as anteriores. A lei judaica que exigia que se concedesse carta de divórcio (Dt 24.1-4) era amplamente ignorada. Se um homem se casasse com outra mulher, quem se importava? Se um homem repudiasse (apoluo) sua esposa, sem incomodar-se de lhe dar carta de divórcio, quem se oporia? A mulher? Jesus se opôs. Disse ele: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da lei” (Lc 16.17). E: “Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério” (Lc 16.18).

A diferença entre “repudiar” e “divorciar” (no grego apoluo e apostasion) é crítica. Apoluo indicava que a mulher era escrava, repudiada, sem direitos, sem recursos, roubada em seus direitos básicos ao casamento monogâmico. Apostasion significava que o casamento terminava, sendo permitido um casamento legal subseqüente. O papel fazia a diferença. A mulher que tinha saído de casa podia casar-se com outro homem (Dt. 24.2). Essa era e lei. Como foi que começamos a ler “todo aquele que se divorcia da sua mulher” na passagem em que Jesus disse literalmente “todo aquele que repudia ou abandona a sua mulher?” Existem outras passagens, além de Lucas 16.17-18 em que Jesus falou desse assunto. Essas incluem Mateus 19.9, Marcos 10.10-12 (onde Marcos diz que Jesus determinou a validade da lei do homem igualmente para a mulher) e Mateus 5.32. Nessas passagens Jesus usou onze vezes alguma forma da palavra apoluo. Em todas as ocasiões Ele proibiu o apoluo, o repúdio. Ele nunca proibiu apostasion, a carta de divórcio, requerido pela lei judaica. Devemos traduzir a palavra grega apoluo por “divórcio”? Kenneth W. Wues, em sua tradução expandida do Novo Testamento, sempre vertia “repudiar” ou “deixar”, nunca “divorciar”. A tradução Revista e Corrigida de Almeida, a mais antiga em português, sempre usou “deixar” ou “repudiar”, da mesma forma a Revista e Atualizada.

Na versão mais antiga em inglês, produzida em 1611 por encomenda do rei Tiago (King James) temos um problema: Em uma das onze vezes em que Jesus usou o termo, os tradutores escreveram “divorciada” em lugar de “repudiada” ou “abandonada”. Em Mateus 5.32 eles escreveram: “E aquele que casar com a divorciada comete adultério”. A palavra grega não é apostasion (divórcio), mas é uma forma de apoluo, a situação que não inclui carta de divórcio para a mulher. Ela, tecnicamente ainda estaria casada. Mateus 19.3-10 relata que os fariseus perguntaram a Jesus sobre esse assunto. Depois que ele afirmou: “De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (v 6), eles indagaram: “Por que mandou então Moisés dar carta de divórcio (escrita apostasion) e repudiar a mulher}?” (v 7). Jesus respondeu: “Por causa da dureza do vosso coração” (v 8). O primeiro direito básico humano que Deus nos concedeu foi o de nos casarmos. Nenhuma outra companhia era adequada. Nos dias de Jesus os direitos humanos estavam concentrados apenas nos homens. Jesus mudou isso. Ele exigiu obediência à lei: Demandou direitos iguais para a mulher no matrimônio.

A graça é abundante em Cristo Jesus! Jesus disse àqueles homens que repudiar a esposa e casar-se com outra era adultério. Adultério! A lei (Dt 22.22) prescreve a pena de morte como castigo para o adultério, tanto para o homem como para a mulher. Isso foi difícil de engolir para os homens que faziam com sua mulher o que lhes comprazia. Mateus 19.10 registra a seguinte reação: “Se essa é a condição do homem relativa à sua mulher, não convém casar!” Eles não viviam em uma cultura que esperava que o homem vivesse apenas com uma mulher por toda a vida, muito menos que desses direitos iguais à mulher se o casamento acabasse. Como foi que começamos a ler “aquele que divorciar sua mulher” nas passagens em que Jesus, na verdade disse “aquele que repudiar ou abandonar sua mulher?”

Parece que o processo começou ali onde apoluo foi traduzido erroneamente como “divórcio” pela primeira vez, em 1611. A versão Standard Americana corrigiu o erro em 1901, mas nunca chegou a ser suficientemente popular para fazer muita diferença. Wuest teve o cuidado de evitar os erros mencionados, como vimos acima. Porém quase tudo o que foi impresso sofreu a influência da versão King James, e até os léxicos gregos americanos e os tradutores mais modernos parece que se deixaram influenciar por essa ocorrência, traduzindo apoluo por “divórcio”, mesmo quando o significado da palavra não inclui o divórcio por escrito (apostasion).

Assim, a tradição nos ensinou a ter em mente “divórcio”, mesmo quando lemos “repúdio”. Seria o divórcio por escrito a solução para a prática cruel do repúdio, como indica Deuteronômio? O capitulo 24 é uma evidência de que, assim como Deus ouviu as queixas no Egito e proveu libertação da sua escravatura, também ouviu as súplicas das mulheres escravizadas e as libertou do abuso, por meio de uma necessidade trágica, o divórcio. Trágica porque termina com algo que nunca deve terminar o matrimônio; necessária para proteger as vítimas daqueles que não obedecem as regras do nosso Criador, o Todo-Poderoso. Necessária, originalmente porque o homem repudiou a mulher, enredando-as em matrimônios ilegais, múltiplos e adúlteros. O divórcio é uma tragédia.

O divórcio é um privilégio, previsto como um corretivo para situações intoleráveis. É um privilégio que pode ser, e com freqüência é abusado. O divórcio não é um quadro bonito, na maioria dos casos. Solidão, rejeição, um profundo senso de ter falhado, perda de auto-estima, crítica dos familiares, problemas com a educação dos filhos e muitos outros problemas assaltam os divorciados. O divórcio pode ser mais traumático que a morte de um cônjuge. A morte do cônjuge é difícil de ser superada, mas um cônjuge falecido não retorna mais. O divorciado normalmente retorna, e assim prolonga a situação.

O divórcio é, porém, como no tempo de Jesus, uma solução parcial para uma situação séria e cruel, e pode ser a única solução razoável. Pode ser necessária, mas sempre é uma tragédia. É fácil pregar contra o divórcio, mas é difícil para a igreja ser construtiva, provendo preparo para o casamento. Temos de estar prontos para prevenir alguns divórcios, ajustando nossas leis de divórcio ou proibições religiosas contra o divórcio, mas essas ações não prevêem o rompimento de matrimônios. Quando os casais permanecem juntos somente por preocupação com a notoriedade requerida pelas leis de divórcio, ou pela “segurança dos filhos”, o resultado pode ser uma tragédia.

Desastrosos triângulos amorosos, crueldade doméstica, abuso de crianças, homicídio e suicídio são algumas das conseqüências documentadas de casamentos que falharam, mas não terminaram. Que opção mais terrível! Um lugar em ruínas é uma tragédia, mas nunca esquecerei de um jovem que pôs uma pistola na boca, acabando, assim, com seu casamento como alternativa ao divórcio. Sua igreja tinha proibido o divórcio. Nossa taxa elevada de divórcios não é um problema real. O fracasso nos casamentos vem primeiro, depois o divórcio.

A taxa de divórcios é indício da nossa alta taxa de casamentos ruins. Para corrigir isso temos de fazer mais do que pregar contra o divórcio: temos de revigorar os casamentos. Esse é o nosso desafio! Uma pessoa divorciada pode ser ordenada diácono ou pastor? O apóstolo Paulo, um homem instruído, conhecia a palavra grega para divórcio (apostasion) e conhecia sua cultura. Também sabia que Cristo aceita qualquer pessoa, até ele, o “maior dos pecadores” (1 Tm 1.15). É inquestionável que, naquela época os homens tinham muitas esposas, escravas e concubinas. Cada uma dessas relações, abarcadas pelo termo poligamia, constituía adultério. Paulo rejeitou a escolha de homens nessa condição como líderes da igreja. A instrução de dar carta de divórcio em Deuteronômio 24 limitou o homem a uma só mulher, e ainda proibiu a poligamia e o adultério inerente a ela. Parece que Paulo concordava plenamente com isso quando diz: “É necessário, portanto, que o Bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar...” (1 Tm 3.2). Ele rejeita a poligamia, não o divórcio. Apesar de sérios abusos, a lei do divórcio (Dt. 24) ainda tem validade.

O divórcio é uma solução radical para problemas maritais insuperáveis. Ele termina com toda a esperança de que o matrimônio deve ser conservado, e declara publicamente que ele falhou. É preciso estar contrito nesse momento da verdade. O pecado relativo a essa falha tem de ser confessado. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça” (1Jo 1.9).

Isso também inclui o perdão de fracassos no casamento.

Ao contrário do repúdio, a carta de divórcio, exigida pela lei, provê um grau de dignidade humana para mulheres sujeitas ao abuso cruel da poligamia adúltera e aos caprichos de homens de coração endurecido. Não há nada tão atordoante como “quero divorciar-me de você”, não é verdade? O divórcio declara o término legal do matrimônio, portanto, se houver qualquer acusação de adultério ou bigamia, qualquer das partes pode voltar a casar-se novamente. O divórcio rompeu todos os laços maritais e todo controle da esposa anterior. O divórcio exigia monogamia estrita, prevenia o término unilateral e preservava o direito básico de casar-se. O mesmo ocorre hoje: Abandono, negligência, deserção, o que se queira dizer do coração duro que deixa a esposa por outra mulher sem divorciar-se foi e está proibido pelo mesmo Senhor Jesus Cristo (Mt 5.32; 19.9; Mc 10.11-12; Lc 16.18).

Durante séculos, muitas comunidades cristãs têm interpretado esses ensinos de Jesus da seguinte maneira:

1. O divórcio é absolutamente proibido, ou melhor, é permitido somente no caso em que se admite ou comprova o adultério.

2. Uma pessoa divorciada não tem permissão para casar novamente;

3. Uma pessoa divorciada que casa novamente vive em adultério;

4. Alguém que se divorcia não pode ser ordenado diácono ou pastor.

Todas as pessoas que mantêm essas convicções estão erradas.

As três primeiras são contrárias à lei de Moisés e estão baseadas em um versículo em que Jesus nem sequer usou a palavra grega para divórcio (apostasion); a quarta está baseada em um versículo em que Paulo também não a usou. A palavra que Jesus usou foi “apoluo“ repudiar.

O problema do qual Jesus estava tratando é o repúdio, não o divórcio. Uma pessoa divorciada deve ter muita graça e determinação para servir em uma igreja que adota as quatro posições mencionadas acima. Como isso é possível, quando a igreja é o corpo de Cristo na terra, que deve funcionar e servir como ele o fez em pessoa? Cristo, que aquela vez levantou sua voz em Jerusalém, precisa olhar do céu para baixo e levantar a voz para nós. Ele veio e chamou Simão o zelote, um radical anti-romano, e Mateus, um rejeitado servo de Roma, uma dupla tão incompatível como dificilmente se pode encontrar em nosso mundo de hoje; mas ele os pôs para trabalharem juntos em seu Reino.

Depois eles foram para a Samaria. Ele se revelou diante de uma mulher cujos antecedentes de fracassos matrimoniais eram vergonhosos, e enviou-a para compartilhar a revelação de Deus em Cristo, como se ela fosse como qualquer outra pessoa. Ele tem de levantar sua voz quando vê que desperdiçamos nosso tempo tentando calcular a quem podemos proibir de servir em sua igreja. Jesus ministrou abertamente a todos os que se achegaram a ele. Hoje, muitos dos nossos amigos divorciados têm medo das nossas igrejas. Eles sabem que alguma coisa não combina com a Bíblia, em nosso ensino sobre divórcio. Podemos estar corretos, estando tão opostos a Cristo?

Nossas interpretações tradicionais nos separam das pessoas que receberam a Cristo? Se for assim, estamos equivocados. Ele veio para salvar os pecadores. As únicas pessoas que ele sempre rejeitou foram os que queriam justificar a si mesmos, os religiosos “justos”. Será que nossa compreensão das suas palavras é correta, simplesmente porque não está de acordo com a sua vida? Pessoas divorciadas são gente! Por séculos, elas têm sido excluídas da comunhão e do serviço, da alegria e da igualdade, e até da salvação; pessoas pelas quais Cristo morreu.

Seja o divórcio pecado ou não, essa exclusão com certeza o é!

O Senhor nos deu a sua graça para sermos canais da graça de Cristo Jesus para os divorciados.

Walter L. Callison

MATRIMÔNIO, CRISES, DIVÓRCIO E NOVO CASAMENTO

Matrimônio, crises, divórcio e novo casamento

Introdução. O matrimônio e a família são preciosas instituições divinas, uma herança dos céus. Mesmo crescendo os problemas nessa área, não podemos agradecer o bastante a Deus, por preservar o matrimônio e a família. Ao mesmo tempo é preciso dizer que a vida matrimonial e familiar é o lugar no qual se desenrola a grande tensão e luta da fé cristã. Pois ali há uma comunhão não de dois santos, mas de dois pecadores que, pela fé em Cristo, lutam contra sua natureza carnal e se ajudam mutuamente repreendendo, consolando, amparando como o recomenda o apóstolo Paulo: Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. Seja a paz de Cristo o árbitro em vossos corações, à qual, também, fostes chamados em um só corpo: e sede agradecidos. E de onde nos virá a força para tanto? O apóstolo mostra a fonte: Habite ricamente em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhei-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações. E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. (Cl 3.12-17)

Sustentar o amor na vida matrimonial e manter bom relacionamento na família, especialmente em nossos dias com tantas tentações e o desmoronamento de todos os bons costumes, sendo o lar invadido pelos meios de comunicação: jornais, revistas, televisão, internet, não é algo fácil. Mas ali onde a família se firma na Palavra de Deus, educando se mutuamente mediante boa disciplina externa, vencerão pela graça de Deus. Por isso o apóstolo admoesta: “Andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne.” (Gl 5.16) “Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau.” (Ef 6.13)

Nos últimos tempos, no entanto, os problemas nessa área estão se multiplicando. O número de divórcio nas famílias cristãs é maior do que entre os povos gentílicos. E o que é mais triste, cresce o número de divórcios nas famílias pastorais. A luta é grande. É preciso que nos apoiemos uns aos outros nesta luta. E a Igreja precisa dispor de estudos com exposição clara dos textos bíblicos sobre o assunto e as afirmações de suas confissões.

Pois entre todas as agremiações que lutam pela família, a Igreja Cristã deve ser, sem dúvida, a que mais se empenha pela preservação do matrimônio e da família. E isto não só por seus ensinos, mas também pelo exemplo. E os pastores devem ser exemplo número um, modelos irrepreensíveis.

1. O matrimônio é uma união vitalícia. O matrimônio, instituído por Deus, é uma união vitalícia. Esta união é firmada pelo consentimento dos pais e por parte dos noivos com juramento mútuo de fidelidade em dias bons e maus. Jesus sublinha: “O que Deus ajuntou não o separe o homem.” (Mt 19.6) O escritor da carta aos Hebreus afirma: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.” (Hb 13.4) O profeta Malquias, após uma severa advertência contra a infidelidade conjugal, termina dizendo: Porque o Senhor Deus de Israel diz que odeia o repúdio (divórcio). (Ml 2.10-16) A instituição do matrimônio não prevê a separação de cônjuges. O matrimônio só pode ser dissolvido pela morte de um dos cônjuges. A exceção mencionada por Jesus em Mateus (5.32; 19.9) é um problema a parte. Neste caso um dos dois quebrou a união, pois ao cometer adultério, uniu-se a um outro corpo (1 Co 6.16) O abandono malicioso, o não cumprimento dos deveres matrimoniais de cama e mesa, é, na verdade, somente o outro lado da moeda do adultério. Hoje, no entanto quer-se usar este argumento como um segundo motivo, enquadrando nele a chamada “incompatibilidade de gênios”. Sob este pretexto, então, qualquer desentendimento serve de motivo para a separação. Afirma-se: é melhor separar numa boa do que viver brigando. Quando os fariseus perguntaram a Jesus: Por que mandou então Moisés dar carta de divórcio e repudiar? Jesus respondeu: Por causa da dureza do vosso coração. (Mt 19.7,8) Que dureza é essa e contra quem? Dureza contra Deus e sua Palavra. A pessoa deixa de dar ouvidos a Deus e endurece seu coração contra a palavra de Deus, que orienta a vida matrimonial. Ora, endurecer o coração contra Deus é cair da fé. Assim fica claro que para dois cristãos não existe a possibilidade do divórcio. Em nome de Deus, o apóstolo Paulo recomenda aos cristãos, e isto vale especialmente também para o matrimônio: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição.” (Cl 3.12-14) A união matrimonial não simplesmente firmada sobre nosso sentimento do amor, pois este oscila e tem altos e baixos, mas sob a ordem e promessa de Deus. Por isso Deus afirma: O que Deus ajuntou, não o separe o homem.

Vamos, no entanto, examinar as passagens bíblicas mais de parte.

2. Exposição exegética de Mt 19.7,8 e 1Co 7.10-15.

- Mt 19.7,8. Moisés era legislador do povo de Israel. Como nem todos no povo eram tementes a Deus, pois havia entre eles hipócritas e incrédulos, mesmo sendo as leis rigorosas com punição até por apedrejamento, isto é, pena de morte a infratores da lei, muitos entre o povo não deram ouvidos à lei de Deus. Afim de por certa ordem, Moisés criou a carta de divórcio, para impor certa ordem àqueles que não temiam a Deus, não tinham fé. (Dt 24.1-4) O homem, que despedia sua esposa por qualquer motivo, tinha que dar à esposa repudiada uma carta de divórcio. Esta lei governamental, em tempos de decadência, foi interpretada de forma bem liberal possível. Um homem tinha o direito de mandar sua esposa embora por qualquer motivo. Jesus expõe isto a seus ouvintes e diz que não era assim desde o princípio. Quando Deus instituiu o matrimônio, ele não criou uma opção ou um espaço para o divórcio. Por isso Jesus sublinha: Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Em outras palavras, não existe razão para que filhos de Deus, um casal temente a Deus, possa vir a se separar. O divórcio não é o caminho para se resolver problemas matrimoniais. Se o matrimônio de uma família cristã entrar em crise, o amor e o relacionamento mútuo esfriarem, o problema está na fé cristã, que está morrendo. Os dois estão deixando de ouvir e falar com Deus. Este casal precisa voltar a ouvir a Deus e deixar guiar-se por Deus ao arrependimento e à fé, da qual brotará o amor de um para com o outro, para a restauração e renovação de sua vida matrimonial.

Por isso Jesus afirma: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres. Esta dureza do coração não é outra coisa do que incredulidade. Um dos dois ou os dois caíram da fé. Portanto, não existe “um divórcio numa boa”. Isto também fica muito claro nas palavras de Jesus no sermão do monte: Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: Qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de adultério, a expõe a tornar-se adultera; e aquele que casar com a repudiada, comete adultério. (Mt 5.31,32) Jesus não admite o divórcio para filhos de Deus, exceto em caso de sofrerem o divorcio, quando um dos cônjuges quebra a união pelo adultério. Ora, adultério não é um pecado de fraqueza. É um pecado proposital, que deveria ser castigado no Antigo Testamento por apedrejamento. (Dt 22.20-26) Não temos, no entanto, nenhum exemplo de que este lei tenha sido executada. O apóstolo Paulo reflete o mesmo espírito ao escrever: Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente, não. Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta, forma um só corpo com ela? Porque, como se diz: serão os dois uma só carne. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. Fugi da impureza! (1 Co 6.15-18)

Jesus ainda vai mais longe. Ele levanta a pergunta sobre um novo casamento do desquitado (pressuposto que são dois cristãos que não tem o direito de se separarem) e responde: Não! Pois, quem casar com a repudiada, comete adultério. Ele passa a viver com alguém, com quem não tem o direito de conviver. A separação temporária visa a reconciliação.

- 1 Co 7.10-15. Para completar o quadro precisamos analisar o que o apóstolo Paulo escreve aos coríntios em 1 Co 7.10-15. Ele tem duas admoestações. Na primeira admoestação (1 Co 7.10,11) ele fala a um casal, no qual marido e mulher são cristãos; na segunda admoestação (1 Co 7.12-15) ele fala um casal misto, no qual um é cristão o outro não. Vejamos.

Ora aos casados, ordeno, não eu mas Deus, que a mulher não se separe do marido se porém, ela vier a separar-se, que não se casa, ou que se reconcilie com seu marido; e que o marido não se aparte de sua mulher.(1 Co 7.10,11) Temos aqui duas ordens: não se separe, não se aparte. Esta é a vontade e ordem de Deus baseada na instituição do matrimônio: o que Deus ajuntou não o separe o homem. Uma ordem que vale para todos os tempos. Portanto, para cristãos, enquanto na fé, não existe a possibilidade do divórcio. Se um deles vier a separar ou apartar-se, por motivos não justificados, (exceto em caso de adultério), não se case. Este não se case tem um objetivo, dar um tempo para acalmar os ânimos, para voltarem a pensar corretamente, para que a fé volte a triunfar neles e eles voltem a se reconciliar. Pois a separação é contrária à vontade de Deus, é a quebra do juramento. Se a mulher que se separou ou o marido que se apartou casarem cometem adultério, pois eles não têm direito a um novo casamento. E quem casar com eles também comete adultério, pois está casando com alguém que está comprometido.

Isto dá o que pensar a nós pastores em nossos dias, nos quais somos simplesmente informados: Pastor, mude meu nome no fichário. Eu me separei e voltei a usar o nome de solteira. Ou quando eles vêm simplesmente com os papéis do divórcio e pedem a bênção para um novo casamento, sem que houvesse alguma tratativa pastoral com respeito ao matrimônio anterior. Dizem simplesmente: Fizemos um divórcio amigável. O fato de membros, que se debatem com crises matrimoniais, não procurarem a orientação de Deus junto ao seu pastor, já é em si um fato para repreensão. Muitos alegam: Fomos a um psicólogo cristão e ele nos aconselhou separar. Precisamos acentuar com muita clareza e força o que Jesus diz: O que Deus ajuntou, não o separe o homem. É preciso deixar isto bem claro ao casal cristão: Vocês não têm direito à separação, vocês precisam se entender.

1 Co 7.12-14. A segunda admoestação do apóstolo se dirige a um casal misto. Aos mais digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone; e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com ele, não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no convício da esposa e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra sorte os vossos filhos seriam impuros, porém, agora são santos. (1 Co 7.12-14) O apóstolo fala a respeito de casamentos mistos. Não dos casamentos mistos de hoje, mas de um casal de gentios, do qual um dos dois se converteu ao cristianismo. E agora? O apóstolo diz: Digo eu, não o Senhor. É que Jesus não falou diretamente sobre tal situação, por isso o apóstolo não tem nenhuma palavra expressa de Jesus em que pudesse se basear, mas ele o faz por sua autoridade apostólica. E nesse sentido, ele fala inspirado por Deus. Pois a pessoa convertida – naquele tempo na maioria era um prosélito, procedente de judeus – e ele se perguntava: Meu casamento é puro? Deus vai abençoá-lo? Pode haver comunhão entre um cristão e um incrédulo? Visto que no Antigo Testamento casamentos mistos eram proibidos (Dt 7.3). Além disso, temos exemplos em que judeus, que haviam casado com mulheres gentias, deveriam mandá-las embora. (Ed 10.2,19) O apóstolo Paulo quer acalmar consciências perturbadas por tais perguntas e recomenda que, se a parte incrédula, homem ou mulher, consentir, em permanecerem unidos, que cumpram fielmente seus deveres no matrimônio. Paulo procura remover qualquer dúvida no cristão sobre a pergunta: Será que Deus vai estar em nosso lar e nos abençoar? O apóstolo afirma: Sim, Deus vai estar com vocês. Ele escreveu: Porque o marido incrédulo é santificado no convício com a esposa e a esposa incrédula é santificada no convício do marido incrédulo. Doutra sorte os vossos filhos seriam impuros, porém, agora, são santos. Vejamos bem o que ele diz: o marido incrédulo é santificado, a esposa incrédula é santificada. Paulo não está falando da justificação do pecador, no sentido de perdão dos pecados e da paz com Deus; ele está falando de incrédulos no matrimônio cristão. Ele se refere à santificação do matrimônio. O matrimônio, esta união vitalícia é válida diante de Deus e Deus dará sua bênção a esta união. E, por amor ao cristão, seus filhos ou suas filhas, nesta união serão abençoados. Isto significa: o casamento é correto. E por haver ali um cristão, repousa sobre este matrimônio e o lar a bênção de Deus. Os filhos ali não são bastardos, como que gerados em adultério, mas gerados num matrimônio legítimo. Evidente que a parte cristã buscará levá-los ao batismo e educá-los de forma cristã. É uma grande bênção para um incrédulo estar num lar cristão. Mesmo que tal união não seja fácil e requer muita paciência e amor.

(Este consolo é post factum, isto é, quando dois casaram como gentios e então um se converteu ao cristianismo. Este versículo não endossa, nem justifica que cristãos se lancem levianamente para dentro de casamentos mistos. Casamentos mistos sempre devem ser desaconselhados. Se um(a) cristão(ã) está namorando alguém não cristão, então fale com a pessoa e procure primeiro trazê-la à fé, aos cultos, à instrução. Se conseguir trazê-lo, então dê os outros passos, noivado e casamento. Se não, termine o namoro.)

Pode, no entanto, acontecer também o contrário, que a parte incrédula não queira viver em tal união. Então Paulo diz: Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos não fica sujeito à servidão, nem o irmão, nem a irmã; Deus vos têm chamado à paz. (v.15) Incrédulo é alguém que não está na fé em Cristo, conseqüentemente não aceita a palavra de Deus e não se orienta por ela. Ele simplesmente abandona maliciosamente o seu cônjuge (malitiosa desertio). E agora, o que fará o irmão ou a irmã cristã abandonada? Estará livre? Poderá contrair novo matrimônio? Ou terá de correr atrás do seu cônjuge e esperar por sua volta? O que significam as palavras: não fica sujeito à servidão... vos têm chamado à paz? Será que servidão se refere à servidão no matrimônio? Sim. Uma vez que foi abandonado, que sofreu a separação, ele ou ela não são obrigados, sujeitos ao cônjuge, correr atrás dele, esperar para ver se um dia ele volte. Não há possibilidade de se aguardar ou procurar uma reconciliação, como no primeiro caso. Deus vos têm chamado à paz é o contrário da servidão. Isto significa que poderá casar novamente? Na verdade o apóstolo não levanta aqui esta pergunta diretamente, mas a palavra livre sem dúvida se refere à sujeição matrimonial, da qual ele agora está livre. Isto possibilita um novo casamento.

Infelizmente este texto foi e ainda está sendo interpretado fora do seu contexto cultural original do tempo do apóstolo Paulo e é interpretado à luz da cultura ocidental. Fala se assim na incompatibilidade de gênios, abrindo a porta ao divórcio por qualquer motivo. Por isso há teólogos que afirmam existirem dois motivos para o divórcio: adultério e incompatibilidade de gênios. Isto na confere com a Bíblia. Conforme a Escritura há um motivo só, a saber: o adultério. Quando Jesus falou sobre o assunto, ele lidou com a pergunta sobre a razão para o divórcio e respondeu: Não existe nenhum motivo, exceto em caso de adultério. O apóstolo ao falar sobre o assunto e responde uma outra pergunta: O que fazer quando um cristão é abandonado pelo cônjuge incrédulo, isto é, que sofreu o abandono. Isto vale também com respeito a um falso cristão, um hipócrita que abandona seu cônjuge levianamente por um motivo qualquer.

A Igreja Católica, contra a Bíblia, não admite nenhum motivo para uma separação, por isso não admite o desquite nem o divórcio[1].

Observações. Nossos teólogos levantam aqui, com muita razão, uma série de perguntas: Este abandono se restringe somente quando praticado por gentios declarados ou também por falsos cristãos e hipócritas? O apartar-se refere-se somente ao sair de casa ou também a um comportamento devasso em casa, a um abandono dentro do lar pelo não cumprimento dos deveres matrimoniais de cama e mesa? (1 Co 7.4,5)

Os exegetas são claros, a palavra gentio se refere também a um falso cristão, a um hipócrita, a alguém que se diz cristão, mas seu comportamento mostra que não o é.

Quanto ao abandono malicioso, os exegetas mostram que isto não é o caso quando um dos cônjuges, por obrigações profissionais, precisa ausentar-se por um tempo, que é o caso especialmente de soldados que ficam fora meses ou até anos, mas mantêm a comunicação e expressam sua saudade, etc. Também não é o caso de pessoas doentes que ficam meses hospitalizados ou até em casos de demência. Nem é o caso quando num momento de raiva, um deles explode e sai de casa, mas no outro dia (ou após alguns dias), volta arrependido e suplicar perdão. Nem é o caso se uma mulher for violentada, estuprada. Nem se o marido foi preso ou é expatriado, especialmente por motivos políticos. A não ser que, se na prisão ou no exílio, ele enveredar por uma conduta sexualmente devassa.

Mas é o caso quando alguém não cumpre seus deveres matrimoniais de cama e mesa, quer devido a seu comportamento leviano ou por sua malícia, isto é, desentendimento, repúdio de um ao outro, falta de reconciliação, mostrando pelas obras da carne sua falta de fé. Lutero escreve: “É um abandono malicioso por ódio à religião, leviandade, vida desregrada ou outros motivos. Quando um se furta ao outro, não cumprindo seu dever matrimonial, nem deseja estar com seu cônjuge, isto também é rebentar a união matrimonial. Quando todo o conselho e toda a admoestação é rejeitada e a pessoa se revela como gentio, não havendo mais esperanças de melhoras”[2]. Paulo Gerhard afirma: “Quando obstinação e absoluta falta de boa vontade para a reconciliação tomam conta. Então o casal precisa ser admoestado por parentes ou pelo pastor para que cumpram seu dever. Mas quando um dos dois revela obstinação isto também é uma maneira de abandono.” Deyling observa: “Esta negação permanente precisa ser expressa”[3].

Uma outra pergunta que se levanta é: Quanto tempo é necessário para se comprovar que é deserção maliciosa? A lei civil de cada pais provê respostas para isso. O pastor e conselheiros respeitarão essas leis, mesmo assim não é uma lei absoluta. Eles julgarão o caso.

3. Disciplina. A parte culpada, que adulterou ou abandonou o cônjuge maliciosamente, que mostra por seu procedimento que caiu da fé, que divorciou, precisa ser disciplinada pela Comunidade. Caso não se arrepender, deve ser desligado. Muitas vezes a pessoa sai da Comunidade antes de a disciplina lhe ser aplicada. Mas pode acontecer também, e isto é o desejado, que a pessoa dê atenção à disciplina – quer seja ao ser disciplinada ou mesmo meses ou anos depois – se arrepende, volta à fé em Cristo e pede a sua readmissão à Comunidade, qual o procedimento? A Comunidade sem dúvida se alegrará com sua volta e o receberá com alegria. Poderá ele contrair novo matrimônio? Sim. Ele deverá manifestar seu arrependimento ao ex-cônjuge e lhe suplicar perdão. Estando o caminho para refazer o primeiro matrimônio impedido ou porque a primeiro cônjuge não o aceita ou porque já está em vias de ou já concretizou novo matrimônio, ele poderá contrair novo matrimônio.

4. Pedidos para efetuar cerimônias de casamento. Uma das situações com as quais nós pastores luteranos nos defrontamos é o pedido de católicos, que solicitam a cerimônia de casamento. Toca o telefone ou após o culto alguém nos pergunta: “Vocês casam desquitados?” Normalmente são católicos que perguntam, porque a Igreja Católica não realiza casamento de desquitados ou divorciados. O que fazer? Nossa resposta é: A cerimônia de casamento é um privilégio só de membros da comunidade. Imediatamente somos perguntados: E o que é preciso fazer para ser membro da Comunidade? Vir aos cultos e à instrução de adultos. Com o que os interessados, normalmente, concordam logo. Segue a instrução. Devo dizer que tive bons momentos e diálogos profundos com tais pessoas. Podia-se notar que tinham pouca noção do que é ser cristão e mostravam verdadeiro interesse nos estudos da Bíblia. Aborda-se então o casamento e também as razões ou não razões para um divórcio. Na opinião das pessoas na instrução, é evidente, eram sempre inocentes e a culpa estava do outro lado. Como é um fato consumado e não temos condições de julgar o assunto, pedia que agora como cristãos, expressassem à outra parte seu pedido de desculpas. Em alguns casos, quando havia filhos e relativa comunicação com a ex-esposa, isto foi feito. Em outros casos, de separação litigiosa, isto era impraticável. Confesso, no entanto, que por mais participativa que tenha sido a instrução de adultos com eles, muitos, infelizmente, se afastaram novamente, logo depois do casamento. Provavelmente por falta de uma vivência e integração maior com a Comunidade.

Conclusões. Diante do que vimos, precisamos manter os seguintes princípios bíblicos:

a) Cristãos, enquanto na fé em Cristo, não cogitam na possibilidade de divórcio para solucionar seus problemas matrimoniais. Eles foram unidos por Deus e juraram fidelidade um ao outro.

b) Divórcio de cristãos. Em caso de um casal cristão se divorciar, isto sempre implica no fato de um ou os dois terem caído da fé, quer seja por causa de adultério ou um apartar-se maliciosamente. Neste caso, a parte inocente permanece membro da comunidade, a parte culpada (ou os dois) precisa ser disciplinada.

c) Soluções. Quando a união matrimonial foi quebrada por adultério de uma das partes ou por abandono malicioso, as soluções podem ser: 1) No caso de adultério, a parte culpada cai em si, se arrepende e pede perdão. A parte inocente pode perdoar e aceitar o cônjuge de volta, o que é recomendado. Isso, no entanto, dependerá da boa vontade da parte inocente. Ela poderá também perdoar e não aceitar o cônjuge faltoso de volta, isto é, solicitar o divórcio, conforme a afirmação de Jesus, (Mt 19.9) por ser uma relação mui íntima. 2) Em caso de abandono malicioso, espera-se por um tempo (talvez um ano, depende das leis do país), a espera de uma possível reconciliação. Não havendo reconciliação, a parte que repudiou deve ser declarada incrédula, pois endureceu seu coração contra a palavra de Deus. E o cônjuge que sofreu o abandono, estará livre para um novo casamento.

d) Arrependimento. Quando, após um tempo, a parte culpada, cai em si e reconhece seu erro, se arrepende e volta à fé em Cisto, o que fazer? Importa que o manifeste à Comunidade e para a pessoa a qual abandonou, pedindo perdão. Estando o caminho para refazer o matrimônio fechado, isto é, a pessoa não aceita o adúltero de volta, ou porque a pessoa inocente já está em vias ou contraiu novo casamento, a parte culpada, arrependida, poderá contrair novo casamento.

Aplicação. O que dizem essas palavras, hoje, a nós pastores? a) Cabe nos instruir bem nossos jovens e nossa Comunidade sobre esse assunto. Será que eles sabem o que fazer quando um casal enfrenta crises matrimoniais, de que devem procurar seus pastores e não correr simplesmente a psicólogo? Pois mesmo que estes se chamem de cristãos, normalmente predominam neles as teorias psicológicas. Precisamos de estudos bíblicos à disposição para que nossos membros possam, pela leitura, conhecer o que a Bíblia diz sobre o assunto. E mostrar o que Deus uniu não o separe o homem, pois a união matrimonial é uma união vitalícia. Não é em vão que ao Jesus afirmar isso, até os discípulos estranharam e disseram: Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar (Mt 19.10). b) Estar atento aos problemas e ter cuidado no trado e no aconselhamento a casais em crise e diante do divórcio, fazendo tudo para evitá-lo. E dizer à parte que causa o divórcio que realmente caiu da fé, e quem casar com a repudiada, comete adultério. c) Instruir com mais profundidade pessoas divorciadas que vêm à Comunidade em busca da cerimônia religiosa.

Afirmações com aplicação prática sobre Divórcio e Novo Casamento

Rev. Jeffrey C. Kinery, Grace Ev. Luth. Church

Brownwood, Texas

Tradução e adaptação: Horst R. Kuchenbecker

Em todos os tempos a Igreja precisou reafirmar sua posição a esse respeito e isto não baseado nas idéias inconstantes de pessoas, nem conforme os ditames da sociedade e da cultura na qual vivemos, mas unicamente baseado na imutável e inerrante autoridade da Palavra de Deus:

- O conselho do Senhor dura para sempre, os desígnios do seu coração por todas as gerações. (Salmo 33.11)

- Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu. (Salmo 119.89)

- Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa.

Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou tendo falado, não o

cumprirá?(Números 28.19).

- A Escritura não pode falhar. (João 10.35)

As teses que seguem representam a posição da Escritura Sagrada sobre a questão do divórcio e do novo casamento.

1. O matrimônio, como instituído por Deus, é uma união vitalícia, contraída por esponsais legítimos, entre um homem e uma mulher para uma só carne, até que a morte os separe.

Mateus 19.3-6; Marcos 10.6-9; Romanos 7.1-3; 1 Coríntios 7.5. Cf.: Catecismo. Menor, perg. 56.

2. O divórcio é justificado (endossado, aprovado, sancionado) aos olhos de Deus somente com base na Escritura. Sob a base da Escritura, no entanto, na maioria dos casos, o divórcio não é ordenado, nem encorajado. Divórcio sob outra base do que a Escritura, por exemplo, o pronunciamento legal da autoridade civil de que o matrimônio foi quebrado em base não bíblica, tem sido tolerada por Deus por causa da perversidade e obstinação humana.

Cf.: teses e versículos que seguem.

3. A lei de Moisés no Antigo Testamento que permitia o divórcio por “qualquer motivo” de impureza (incluindo qualquer impropriedade), foi por causa da “dureza do coração” do povo de Israel. A lei de Moisés também permitia um novo casamento de ambos os cônjuges envolvidos num divórcio, mas proibia, após o segundo divórcio, retornar ao primeiro cônjuge.

Deuteronômio 24.1-4; Mateus 5.31; 19.7-8; Marcos 10.2-5.

4. No Novo Testamento, Jesus mostrou que Deus não aprova o divórcio, exceto se alguém o sofre por causa da infidelidade, fornicação e adultério do seu cônjuge, ou qualquer relacionamento sexual imoral e contrário à lei matrimonial como por exemplo: homossexualismo, incesto, prostituição, bestialidade, etc. Nestes casos o divórcio pode ser requerido e um novo casamento é possível.

Mateus 5.32; 19.9.

5. O apóstolo Paulo, por inspiração divina, enfoca uma outra pergunta no assunto divórcio, o abandono malicioso* por parte de um dos cônjuges.

1 Coríntios 7.12-15

* “Abandono Malicioso” não é, especificamente, uma causa para o divórcio, mas o próprio ato do divorcio – a dissolução do laço matrimonial. Deserção maliciosa consiste em um dos cônjuges se recusar persistentemente a viver como homem ou mulher com seu cônjuge. Mas precisamos ter certos cuidados, visto que separação temporária por causa de doença, prisão, trabalho, guerra, deportação, etc. não é deserção maliciosa. Persistente recusa, no entanto, de dar o direito conjugal ou não dar a devida benevolência por estúpida resistência não acidental ou por motivos de doença, representam uma deserção do voto matrimonial. Pois um dos principais propósitos do matrimônio é o intercurso sexual legítimo, negá-lo persistentemente é deserção maliciosa (1 Co 7.1-5). Persistente crueldade física e violência também tornam a convivência da coabitação marital impossível e isto constitui deserção maliciosa.

6. Todos os outros argumentos e/ou motivos para o divórcio fora da fornicação e abandono malicioso não são reconhecidos pela Igreja cristã, tais como: um não suporta mais ao outro, bebedeiras, diferença religiosa (de outra denominação) vagabundagem, grande negligência, crueldade mental, prisão, insanidade, doença contagiosa ou repugnante, doença incurável, condenação por crime, perda do amor, desapontamento das aspirações e esperanças matrimoniais, incompatibilidades. Tais motivos não são reconhecidos pela igreja cristã como válidos ou motivos bíblicos para o divórcio.

7. No caso de um dos cônjuges ter cometido infidelidade sexual (fornicação) ou abandono malicioso e persistir nisso sem arrependimento, não buscando perdão nem reconciliação, o cônjuge inocente pode (não que precisa faze-lo) buscar obter o divórcio legal para atestar que o cônjuge infiel dissolveu a união matrimonial por sua infidelidade.

Mateus 1.19. Cf.: passagens da 6ª tese.

8. Na maioria dos casos pastores cristãos insistem no perdão e na reconciliação se isto for possível. Pois, na maioria das vezes, ambos as partes têm certa culpa em grau maior ou menor, que levaram uma união ao divórcio. É muito raro uma das partes ser totalmente inocente num divórcio.

1 Coríntios 7.10,11.

9. Se ambos os cônjuges numa união são culpados de fornicação, eles perdem o direito de buscarem o divórcio. Se após a descoberta da infidelidade, do adultério o casal consente em voluntariamente coabitarem como homem e mulher, o matrimônio foi com isso novamente unificado e a parte inocente perde o direito de mais cedo ou mais tarde buscar obter o divórcio.

1 Coríntios 6.15,16.

10. A Igreja cristã não proíbe a parte inocente contrair novo matrimônio, nem ao cônjuge culpado que obteve o divórcio por causa de adultério ou deserção maliciosa.

Deuteronômio, Mateus 5.32; 19.9; 1 Coríntios 7.15,27,28.

11. Se o divórcio ou separação foi obtido por uma razão não bíblica, nenhum dos cônjuges deve casar novamente, mas buscar a reconciliação e restauração de sua união matrimonial.

1 Coríntios 7.10-11.

12. Se um dos cônjuges separados por um motivo não bíblico, casar com outra pessoa, este ato dissolve a união legítima. E este cônjuge tornou-se culpado do pecado de adultério.* Quem casar com tal divorciado ou separado por um motivo não bíblico também comete adultério. A parte inocente, neste caso, está livre.

*Adultério é um pecado grosseiro da carne e merece a condenação eterna, se a pessoa disso não se arrepender. (Êxodo 20.14,17; Hebreus 13.4; 1 Coríntios 6.9-10; Gálatas 5.19; Efésios 5.5; Apocalipse 21.8; 22.15; 22;15)

13. Se os cônjuges são membros de uma Congregação cristã, a parte culpada no divórcio deve ser tratada conforme os princípios evangélicos da disciplina cristã.

Mateus 18.15-18; 1 Coríntios 5; 1 Timóteo 5.20; Gálatas 2.11-14.

14. A parte culpada num divórcio, se penitente, deve corrigir sua vida pelo pedir perdão ao seu ex-cônjuge e à congregação cristã. Se a parte culpada ainda não casou de novo, deve procurar a reunificação com seu ex-cônjuge. Se este (a parte inocente) ainda não casou novamente e está disposto a recebê-lo de volta e se reconciliar. Se a parte inocente da união original morreu, casou ou recusa a reunificação, então a parte penitente, está livre para cassar novamente sem o estigma de ser um adúltero.

Se a parte culpada no divórcio do matrimônio original vier a se arrepender após estar casado pela segunda vez, não há razão bíblica para rotular a segunda união como adultério. Ela também não precisa ser dissolvida, visto que a parte culpada, agora se arrependeu, mesmo estando casado com uma pessoa com a qual não tinha o direito de casar, pois estava divorciada por uma razão não bíblica. A segunda união dissolveu, permanentemente, a primeira aos olhos de Deus (Veja tese 12ª). Por outro, a Bíblia proíbe, especificamente, após um segundo casamento o retorno à primeira mulher (Tese 3ª)

Romanos 7.1-3; 1 Coríntios 7.10-11, 27-28; João 4.16-18; Deuteronômio 24.4.

15. A parte culpada num divórcio, se sinceramente arrependida, que corrigiu sua vida, deve ser completamente perdoada e recebida de volta na Congregação cristã com todos os direitos e privilégios.

João 8.11; 2 Samuel 12.13; 2 Coríntios 2.6-8.

16. O pastor cristão não oficiará na cerimônia de casamento de pessoas que evitaram todo tratamento cristão em relação ao casamento, que divorciaram de forma não cristã. A não ser que sejam penitentes e que seu primeiro cônjuge tenha falecida, cassou ou recusa permanecer com ele.

1 Timóteo 5.22; Ezequiel 3;17-20; Efésios 5.11.

17. A melhor maneira de se evitar a tragédia do divórcio é quando cônjuges cristãos tomarem a sério a admoestação bíblica de que marido e mulher devem amar um ao outro e reconhecer sua responsabilidade sexual própria dada por Deus na vida e no matrimônio..

Efésios 5.22-31; Tt 2,3-5; 1 Pedro 3.1-7; Colossenses 3.12-19.


[1] Compendio Trindentino, sessão 24, cânon 7;

[2] Pastoral de Walther, p.246.

[3] Pastoral de Walther, p.250.

Marcadores

1 CO 1.18-25 1 CO 12.2 1 CO 15.20-28 1 CO 15.50-58 1 CO 2.1-5 1 CO 6.12-20 1 CO2.6-13 1 CORÍNTIOS 1 CR 28.20 1 JO 1 JO 1.1-10 1 JO 4.7-10 1 PE 1.13-21 1 PE 1.17-25 1 PE 1.3-9 1 PE 2.1-10 1 PE 2.18-25 1 PE 2.19-25 1 PE 2.4-10 1 PE 3.13-22 1 PE 3.15-22 1 PE 3.18-20 1 PE 4.12-17 1 PE 5.6-11 1 PEDRO 1 RS 19.4-8 1 RS 8.22-23 1 SM 1 1 SM 2 1 SM 28.1-25 1 SM 3 1 SM 3.1-10 1 TIMÓTEO 1 TM 1.12-17 1 Tm 2.1-15 1 TM 3.1-7 1 TS 1.5B-10 10 PENTECOSTES 13-25 13° APÓS PENTECOSTES 14° DOMINGO APÓS PENTECOSTES 15 ANOS 16-18 17 17º 17º PENTECOSTES 1CO 11.23 1CO 16 1º ARTIGO 1º MANDAMENTO 1PE 1PE 3 1RS 17.17-24 1RS 19.9B-21 2 CO 12.7-10 2 CO 5.1-10 2 CO 5.14-20 2 CORINTIOS 2 PE 1.16-21 2 PE 3.8-14 2 PENTECOSTES 2 TM 1.1-14 2 TM 1.3-14 2 TM 2.8-13 2 TM 3.1-5 2 TM 3.14-4.5 2 TM 4.6-8 2 TS 3.6-13 2° EPIFANIA 2° QUARESMA 20º PENTECOSTES 24º DOMINGO APÓS PENTECOSTES 25º DOMINGO PENTECOSTES 27-30 2CO 8 2º ADVENTO 2º ARTIGO 2º DOMINGO DE PÁSCOA 2TM 1 2TM 3 3 3 PENTECOSTES 3º ARTIGO 3º DOMINGO APÓS PENTECOSTES 3º DOMINGO DE PÁSCOA 3º DOMINGO NO ADVENTO 4 PENTECOSTES 41-43 4º DOMINGO APÓS PENTECOSTES 4º DOMINGO DE PENTECOSTES 4º FEIRA DE CINZAS 5 MINUTOS COM JESUS 5° APÓS EPIFANIA 500 ANOS 5MINUTOS 5º DOMINGO DE PENTECOSTES 5º EPIFANIA 5º PENTECOSTES 6º MANDAMENTO 7 ESTRELAS Abiel ABORTO ABSOLVIÇÃO ACAMPAMENTO AÇÃO DE GRAÇA ACIDENTE ACIR RAYMANN ACONSELHAMENTO ACONSELHAMENTO PASTORAL ACRÓSTICO ADALMIR WACHHOLz ADELAR BORTH ADELAR MUNIEWEG ADEMAR VORPAGEL ADMINISTRAÇÃO ADORAÇÃO ADULTÉRIO ADULTOS ADVENTISTA ADVENTO ADVERSIDADES AGENDA AIDS AILTON J. MULLER AIRTON SCHUNKE AJUDAR ALBERTO DE MATTOS ALCEU PENNING ALCOOLISMO ALEGRIA ALEMÃO ÁLISTER PIEPER ALTAR ALTO ALEGRE AM 8.4-14 AMASIADO AMBIÇÃO AMIGO AMIZADE AMOR André ANDRÉ DOS S. DREHER ANDRÉ L. KLEIN ANIVERSARIANTES ANIVERSÁRIO ANJOS ANO NOVO ANSELMO E. GRAFF ANTHONY HOEKEMA ANTIGO TESTAMENTO ANTINOMISTAS AP 1 AP 2 AP 22 AP 22.12-17 AP 3 APOCALIPSE APOLOGIA APONTAMENTOS APOSTILA ARNILDO MÜNCHOW ARNILDO SCHNEIDER ARNO ELICKER ARNO SCHNEUMANN ARREBATAMENTO ARREPENDIMENTO ARTHUR D. BENEVENUTI ARTIGO ASAS ASCENSÃO ASCLÉPIO ASSEMBLEIA ASTOMIRO ROMAIS AT AT 1 AT 1-10 AT 1.12-26 AT 10.34-43 AT 17.16-34 AT 2.1-21 AT 2.14a 36-47 AT 2.22-32 AT 2.36-41 AT 2.42-47 AT 4.32-37 AT 6.1-9 AT 7.51-60 ATANASIANO ATOS AUDIO AUGSBURGO AUGUSTO KIRCHHEIN AULA AUTO ESTIMA AUTO EXCLUSÃO AUTORIDADE SECULAR AVANÇANDO COM GRATIDÃO AVISOS AZUL E BRANCO BAIXO BATISMO BATISMO INFANTIL BELÉM BEM AVENTURADOS BENÇÃO BENJAMIM JANDT BIBLIA ILUSTRADA BÍBLIA SAGRADA BÍBLICO BINGOS BOAS NOVAS BOAS OBRAS BODAS BONIFÁCIO BOSCO BRASIL BRINCADEIRAS BRUNO A. K. SERVES BRUNO R. VOSS C.A. C.A. AUGSBURGO C.F.W. WALTHER CADASTRO CAIPIRA CALENDÁRIO CAMINHADA CAMPONESES CANÇÃO INFANTIL CANCIONEIRO CANTARES CANTICOS CÂNTICOS CANTICOS DOS CANTICOS CAPELÃO CARGAS CÁRIN FESTER CARLOS CHAPIEWSKI CARLOS W. WINTERLE CARRO CASA PASTORAL CASAL CASAMENTO CASTELO FORTE CATECISMO CATECISMO MENOR CATÓLICO CEIA PASCAL CÉLIO R. DE SOUZA CELSO WOTRICH CÉLULAS TRONCO CENSO CERIMONIAIS CÉU CHÁ CHAMADO CHARADAS CHARLES S. MULLER CHAVE BÍBLICA CHRISTIAN HOFFMANN CHURRASCO CHUVA CIDADANIA CIDADE CIFRA CIFRAS CINZAS CIRCUNCISÃO CL 1.13-20 CL 3.1-11 CLAIRTON DOS SANTOS CLARA CRISTINA J. MAFRA CLARIVIDÊNCIA CLAÚDIO BÜNDCHEN CLAUDIO R. SCHREIBER CLÉCIO L. SCHADECH CLEUDIMAR R. WULFF CLICK CLÍNICA DA ALMA CLOMÉRIO C. JUNIOR CLÓVIS J. PRUNZEL CODIGO DA VINCI COLÉGIO COLETA COLHEITA COLOSSENSES COMEMORAÇÃO COMENTÁRIO COMUNHÃO COMUNICAÇÃO CONCÓRDIA CONFIANÇA CONFIRMACAO CONFIRMAÇÃO CONFIRMANDO CONFISSÃO CONFISSÃO DE FÉ CONFISSÕES CONFLITOS CONGREGAÇÃO CONGRESSO CONHECIMENTO BÍBLICO CONSELHO CONSTRUÇÃO CONTATO CONTRALTO CONTRATO DE CASAMENTO CONVENÇÃO NACIONAL CONVERSÃO CONVITE CONVIVÊNCIA CORAL COREOGRAFIA CORÍNTIOS COROA CORPUS CHRISTI CPT CPTN CREDO CRESCENDO EM CRISTO CRIAÇÃO CRIANÇA CRIANÇAS CRIOULO CRISTÃ CRISTÃOS CRISTIANISMO CRISTIANO J. STEYER CRISTOLOGIA CRONICA CRONOLOGIA CRUCIFIXO CRUZ CRUZADAS CTRE CUIDADO CUJUBIM CULPA CULTO CULTO CRIOULO CULTO CRISTÃO CULTO DOMESTICO CULTO E MÚSICA CULTURA CURSO CURT ALBRECHT CURTAS DALTRO B. KOUTZMANN DALTRO G. TOMM DANIEL DANILO NEUENFELD DARI KNEVITZ DAVI E JÔNATAS DAVI KARNOPP DEBATE DEFICIÊNCIA FÍSICA DELMAR A. KOPSELL DEPARTAMENTO DEPRESSÃO DESENHO DESINSTALAÇÃO DEUS DEUS PAI DEVERES Devoção DEVOCIONÁRIO DIACONIA DIÁLOGO INTERLUTERANO DIARIO DE BORDO DICOTOMIA DIETER J. JAGNOW DILÚVIO DINÂMICAS DIRCEU STRELOW DIRETORIA DISCIPLINA DÍSCIPULOS DISTRITO DIVAGO DIVAGUA DIVÓRCIO DOGMÁTICA DOMINGO DE RAMOS DONS DOUTRINA DR Dr. RODOLFO H. BLANK DROGAS DT 26 DT 6.4-9 EBI EC 9 ECLESIASTES ECLESIÁSTICA ECUMENISMO EDER C. WEHRHOLDT Ederson EDGAR ZÜGE EDISON SELING EDMUND SCHLINK EDSON ELMAR MÜLLER EDSON R. TRESMANN EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO CRISTÃ EF 1.16-23 EF 2.4-10 EF 4.1-6 EF 4.16-23 EF 4.29-32 EF 4.30-5.2 EF 5.22-33 EF 5.8-14 EF 6.10-20 ÉFESO ELBERTO MANSKE Eleandro ELEMAR ELIAS R. EIDAM ELIEU RADINS ELIEZE GUDE ELIMINATÓRIAS ELISEU TEICHMANN ELMER FLOR ELMER T. JAGNOW EMÉRITO EMERSON C. IENKE EMOÇÃO EN ENCARNAÇÃO ENCENAÇÃO ENCONTRO ENCONTRO DE CRIANÇA 2014 ENCONTRO DE CRIANÇAS 2015 ENCONTRO DE CRIANÇAS 2016 ENCONTRO PAROQUIAL DE FAMILIA ENCONTROCORAL ENFERMO ENGANO ENSAIO ENSINO ENTRADA TRIUNFAL ENVELHECER EPIFANIA ERA INCONCLUSA ERNI KREBS ERNÍ W. SEIBERT ERVINO M. SPITZER ESBOÇO ESCATOLOGIA ESCO ESCOLAS CRISTÃS ESCOLÁSTICA ESCOLINHA ESCOLINHA DOMINICAL ESDRAS ESMIRNA ESPADA DE DOIS GUMES ESPIRITISMO ESPÍRITO SANTO ESPIRITUALIDADE ESPÍSTOLA ESPORTE ESTAÇÃODAFÉ ESTAGIÁRIO ESTAGIÁRIOS ESTATUTOS ESTER ESTER 6-10 ESTRADA estudo ESTUDO BÍBLICO ESTUDO DIRIGIDO ESTUDO HOMILÉTICO ÉTICA EVANDRO BÜNCHEN EVANGELHO EVANGÉLICO EVANGELISMO EVERSON G. HAAS EVERSON GASS EVERVAL LUCAS EVOLUÇÃO ÊX EX 14 EX 17.1-17 EX 20.1-17 EX 24.3-11 EX 24.8-18 EXALTAREI EXAME EXCLUSÃO EXEGÉTICO EXORTAÇÃO EZ 37.1-14 EZEQUIEL BLUM Fabiano FÁBIO A. NEUMANN FÁBIO REINKE FALECIMENTO FALSIDADE FAMÍLIA FARISEU FELIPE AQUINO FELIPENSES FESTA FESTA DA COLHEITA FICHA FILADÉLFIA FILHO DO HOMEM FILHO PRÓDIGO FILHOS FILIPE FILOSOFIA FINADOS FLÁVIO L. HORLLE FLÁVIO SONNTAG FLOR DA SERRA FLORES Formatura FÓRMULA DE CONCÓRDIA Fotos FOTOS ALTO ALEGRE FOTOS CONGRESSO DE SERVAS 2010 FOTOS CONGRESSO DE SERVAS 2012 FOTOS ENCONTRO DE CRIANÇA 2012 FOTOS ENCONTRO DE CRIANÇAS 2013 FOTOS ENCONTRO ESPORTIVO 2012 FOTOS FLOR DA SERRA FOTOS P172 FOTOS P34 FOTOS PARECIS FOTOS PROGRAMA DE NATAL P34 FP 2.5-11 FP 3 FP 4.4-7 FP 4.4-9 FRANCIS HOFIMANN FRASES FREDERICK KEMPER FREUD FRUTOS DO ES GÁLATAS GALILEU GALILEI GATO PRETO GAÚCHA GELSON NERI BOURCKHARDT GENESIS GÊNESIS 32.22-30 GENTIO GEOMAR MARTINS GEORGE KRAUS GERHARD GRASEL GERSON D. BLOCH GERSON L. LINDEN GERSON ZSCHORNACK GILBERTO C. WEBER GILBERTO V. DA SILVA GINCANAS GL 1.1-10 GL 1.11-24 GL 2.15-21 GL 3.10-14 GL 3.23-4.1-7 GL 5.1 GL 5.22-23 GL 6.6-10 GLAYDSON SOUZA FREIRE GLEISSON R. SCHMIDT GN 01 GN 1-50 GN 1.1-2.3 GN 12.1-9 GN 15.1-6 GN 2.18-25 GN 21.1-20 GN 3.14-16 GN 32 GN 45-50 GN 50.15-21 GRAÇA DIVINA GRATIDÃO GREGÓRIO MAGNO GRUPO GUSTAF WINGREN GUSTAVO D. SCHROCK HB 11.1-3; 8-16 HB 12 HB 12.1-8 HB 2.1-13 HB 4.14-16 5.7-9 HC 1.1-3 HC 2.1-4 HÉLIO ALABARSE HERIVELTON REGIANI HERMENÊUTICA HINÁRIO HINO HISTÓRIA HISTÓRIA DA IGREJA ANTIGA E MEDIEVAL HISTÓRIA DO NATAL HISTORINHAS BÍBLICAS HL 10 HL 164 HOMILÉTICA HOMOSSEXUALISMO HORA LUTERANA HORST KUCHENBECKER HORST S MUSSKOPF HUMOR IDOSO IECLB IELB IGREJA IGREJA CRISTÃ IGREJAS ILUSTRAÇÃO IMAGEM IN MEMORIAN INAUGURAÇÃO ÍNDIO INFANTIL INFERNO INFORMATIVO INSTALAÇÃO INSTRUÇÃO INTRODUÇÃO A BÍBLIA INVESTIMENTO INVOCAÇÕES IRINEU DE LYON IRMÃO FALTOSO IROMAR SCHREIBER IS 12.2-6 IS 40.1-11 IS 42.14-21 IS 44.6-8 IS 5.1-7 IS 50.4-9 IS 52.13-53-12 IS 53.10-12 IS 58.5-9a IS 61.1-9 IS 61.10-11 IS 63.16 IS 64.1-8 ISACK KISTER BINOW ISAGOGE ISAÍAS ISAQUE IURD IVONELDE S. TEIXEIRA JACK CASCIONE JACSON J. OLLMANN JARBAS HOFFIMANN JEAN P. DE OLIVEIRA JECA JELB JELB DIVAGUA JEOVÁ JESUS JN JO JO 1 JO 10.1-21 JO 11.1-53 JO 14 JO 14.1-14 JO 14.15-21 JO 14.19 JO 15.5 JO 18.1-42 JO 2 JO 20.19-31 JO 20.8 JO 3.1-17 JO 4 JO 4.5-30 JO 5.19-47 JO 6 JO 6.1-15 JO 6.51-58 JO 7.37-39 JO 9.1-41 JOÃO JOÃO 20.19-31 JOÃO C. SCHMIDT JOÃO C. TOMM JOÃO N. FAZIONI JOEL RENATO SCHACHT JOÊNIO JOSÉ HUWER JOGOS DE AZAR JOGRAL JOHN WILCH JONAS JONAS N. GLIENKE JONAS VERGARA JOSE A. DALCERO JOSÉ ACÁCIO SANTANA JOSE CARLOS P. DOS SANTOS JOSÉ ERALDO SCHULZ JOSÉ H. DE A. MIRANDA JOSÉ I.F. DA SILVA JOSUÉ ROHLOFF JOVENS JR JR 28.5-9 JR 3 JR 31.1-6 JUAREZ BORCARTE JUDAS JUDAS ISCARIOTES JUDAS TADEU JUMENTINHO JUSTIFICAÇÃO JUVENTUDE KARL BARTH KEN SCHURB KRETZMANN LAERTE KOHLS LAODICÉIA LAR LC 12.32-40 LC 15.1-10 LC 15.11-32 LC 16.1-15 LC 17.1-10 LC 17.11-19 LC 19 LC 19.28-40 LC 2.1-14 LC 23.26-43 LC 24 LC 24.13-35 LC 3.1-14 LC 5 LC 6.32-36 LC 7 LC 7.1-10 LC 7.11-16 LC 7.11-17 LC 9.51-62 LEANDRO D. HÜBNER LEANDRO HUBNER LEI LEIGO LEIGOS LEITORES LEITURA LEITURAS LEMA LENSKI LEOCIR D. DALMANN LEONARDO RAASCH LEOPOLDO HEIMANN LEPROSOS LETRA LEUPOLD LIBERDADE CRISTÃ LIDER LIDERANÇA LILIAN LINDOLFO PIEPER LINK LITANIA LITURGIA LITURGIA DE ADVENTO LITURGIA DE ASCENSÃO LITURGIA DE CONFIRMAÇÃO LITURGIA EPIFANIA LITURGIA PPS LIVRO LLLB LÓIDE LOUVAI AO SENHOR LOUVOR LUCAS ALBRECHT LUCIFER LUCIMAR VELMER LUCINÉIA MANSKE LUGAR LUÍS CLAUDIO V. DA SILVA LUIS SCHELP LUISIVAN STRELOW LUIZ A. DOS SANTOS LUTERANISMO LUTERO LUTO MAÇONARIA MÃE MAMÃE MANDAMENTOS MANUAL MARCÃO MARCELO WITT MARCIO C. PATZER MARCIO LOOSE MARCIO SCHUMACKER MARCO A. CLEMENTE MARCOS J. FESTER MARCOS WEIDE MARIA J. RESENDE MÁRIO SONNTAG MÁRLON ANTUNES MARLUS SELING MARTIM BREHM MARTIN C. WARTH MARTIN H. FRANZMANN MARTINHO LUTERO MARTINHO SONTAG MÁRTIR MATERNIDADE MATEUS MATEUS KLEIN MATEUS L. LANGE MATRIMÔNIO MAURO S. HOFFMANN MC 1.1-8 MC 1.21-28 MC 1.4-11 MC 10.-16 MC 10.32-45 MC 11.1-11 MC 13.33-37 MC 4 MC 4.1-9 MC 6.14-29 MC 7.31-37 MC 9.2-9 MEDICAMENTOS MÉDICO MELODIA MEMBROS MEME MENSAGEIRO MENSAGEM MESSIAS MÍDIA MILAGRE MINISTÉRIO MINISTÉRIO FEMENINO MIQUÉIAS MIQUÉIAS ELLER MIRIAM SANTOS MIRIM MISSÃO MISTICISMO ML 3.14-18 ML 3.3 ML NEWS MODELO MÔNICA BÜRKE VAZ MORDOMIA MÓRMOM MORTE MOVIMENTOS MT 10.34-42 MT 11.25-30 MT 17.1-9 MT 18.21-45 MT 21.1-11 MT 28.1-10 MT 3 MT 4.1-11 MT 5 MT 5.1-12 MT 5.13-20 MT 5.20-37 MT 5.21-43 MT 5.27-32 MT 9.35-10.8 MULHER MULTIRÃO MUSESCORE MÚSICA MÚSICAS NAAÇÃO L. DA SILVA NAMORADO NAMORO NÃO ESQUECER NASCEU JESUS NATAL NATALINO PIEPER NATANAEL NAZARENO DEGEN NEEMIAS NEIDE F. HÜBNER NELSON LAUTERT NÉRISON VORPAGEL NILO FIGUR NIVALDO SCHNEIDER NM 21.4-9 NOITE FELIZ NOIVADO NORBERTO HEINE NOTÍCIAS NOVA ERA NOVO HORIZONTE NOVO TESTAMENTO O HOMEM OFERTA OFÍCIOS DAS CHAVES ONIPOTENCIA DIVINA ORAÇÃO ORAÇAODASEMANA ORATÓRIA ORDENAÇAO ORIENTAÇÕES ORLANDO N. OTT OSÉIAS EBERHARD OSMAR SCHNEIDER OTÁVIO SCHLENDER P172 P26 P30 P34 P36 P40 P42.1 P42.2 P70 P95 PADRINHOS PAI PAI NOSSO PAIS PAIXÃO DE CRISTO PALAVRA PALAVRA DE DEUS PALESTRA PAPAI NOEL PARA PARA BOLETIM PARÁBOLAS PARAMENTOS PARAPSICOLOGIA PARECIS PAROQUIAL PAROUSIA PARTICIPAÇÃO PARTITURA PARTITURAS PÁSCOA PASTOR PASTORAL PATERNIDADE PATMOS PAUL TORNIER PAULO PAULO F. BRUM PAULO FLOR PAULO M. NERBAS PAULO PIETZSCH PAZ Pe. ANTONIO VIEIRA PEÇA DE NATAL PECADO PEDAL PEDRA FUNDAMENTAL PEDRO PEM PENA DE MORTE PENEIRAS PENTECOSTAIS PENTECOSTES PERDÃO PÉRGAMO PIADA PIB PINTURA POEMA POESIA PÓS MODERNIDADE Pr BRUNO SERVES Pr. BRUNO AK SERVES PRÁTICA DA IGREJA PREEXISTÊNCIA PREGAÇÃO PRESÉPIO PRIMITIVA PROCURA PROFECIAS PROFESSORES PROFETA PROFISSÃO DE FÉ PROGRAMAÇÃO PROJETO PROMESSA PROVA PROVAÇÃO PROVÉRBIOS PRÓXIMO PSICOLOGIA PV 22.6 PV 23.22 PV 25 PV 31.28-30 PV 9.1-6 QUARESMA QUESTIONAMENTOS QUESTIONÁRIO QUESTIONÁRIO PLANILHA QUESTIONÁRIO TEXTO QUINTA-FEIRA SANTA QUIZ RÁDIO RADIOCPT RAFAEL E. ZIMMERMANN RAUL BLUM RAYMOND F. SURBURG RECEITA RECENSÃO RECEPÇÃO REDENÇÃO REENCARNAÇÃO REFLEXÃO REFORMA REGIMENTO REGINALDO VELOSO JACOB REI REINALDO LÜDKE RELACIONAMENTO RELIGIÃO RENATO L. REGAUER RESSURREIÇÃO RESTAURAR RETIRO RETÓRICA REUNIÃO RICARDO RIETH RIOS RITO DE CONFIRMAÇÃO RITUAIS LITURGICOS RM 12.1-18 RM 12.1-2 RM 12.12 RM 14.1-12 RM 3.19-28 RM 4 RM 4.1-8 RM 4.13-17 RM 5 RM 5.1-8 RM 5.12-21 RM 5.8 RM 6.1-11 RM 7.1-13 RM 7.14-25a RM 8.1-11 RM 8.14-17 ROBERTO SCHULTZ RODRIGO BENDER ROGÉRIO T. BEHLING ROMANOS ROMEU MULLER ROMEU WRASSE ROMUALDO H. WRASSE Rômulo ROMULO SANTOS SOUZA RONDÔNIA ROSEMARIE K. LANGE ROY STEMMAN RT 1.1-19a RUDI ZIMMER SABATISMO SABEDORIA SACERDÓCIO UNIVERSAL SACERDOTE SACOLINHAS SACRAMENTOS SADUCEUS SALMO SALMO 72 SALMO 80 SALMO 85 SALOMÃO SALVAÇÃO SAMARIA Samuel F SAMUEL VERDIN SANTA CEIA SANTIFICAÇÃO SANTÍSSIMA TRINDADE SÃO LUIS SARDES SATANÁS SAUDADE SAYMON GONÇALVES SEITAS SEMANA SANTA SEMINÁRIO SENHOR SEPULTAMENTO SERMÃO SERPENTE SERVAS SEXTA FEIRA SANTA SIDNEY SAIBEL SILVAIR LITZKOW SILVIO F. S. FILHO SIMBOLISMO SÍMBOLOS SINGULARES SISTEMÁTICA SL 101 SL 103.1-12 SL 107.1-9 SL 116.12-19 SL 118 SL 118.19-29 SL 119.153-160 SL 121 SL 128 SL 142 SL 145.1-14 SL 146 SL 15 SL 16 SL 19 SL 2.6-12 SL 22.1-24 SL 23 SL 30 SL 30.1-12 SL 34.1-8 SL 50 SL 80 SL 85 SL 90.9-12 SL 91 SL 95.1-9 SL11.1-9 SONHOS SOPRANO Sorriso STAATAS STILLE NACHT SUMO SACERDOTE SUPERTIÇÕES T6 TEATRO TEMA TEMPLO TEMPLO TEATRO E MERCADO TEMPO TENOR TENTAÇÃO TEOLOGIA TERCEIRA IDADE TESES TESSALÔNICA TESTE BÍBLICO TESTE DE EFICIÊNCIA TESTEMUNHAS DE JEOVÁ Texto Bíblico TG 1.12 TG 2.1-17 TG 3.1-12 TG 3.16-4.6 TIAGO TIATIRA TIMÓTEO TODAS POSTAGENS TRABALHO TRABALHO RURAL TRANSFERENCIA TRANSFIGURAÇÃO TRICOTOMIA TRIENAL TRINDADE TRÍPLICE TRISTEZA TRIUNFAL Truco Turma ÚLTIMO DOMINGO DA IGREJA UNIÃO UNIÃO ESTÁVEL UNIDADE UNIDOS PELO AMOR DE DEUS VALDIR L. JUNIOR VALFREDO REINHOLZ VANDER C. MENDOÇA VANDERLEI DISCHER VELA VELHICE VERSÍCULO VERSÍCULOS VIA DOLOROSA VICEDOM VÍCIO VIDA VIDA CRISTÃ VIDENTE VIDEO VIDEOS VÍDEOS VILS VILSON REGINA VILSON SCHOLZ VILSON WELMER VIRADA VISITA VOCAÇÃO VOLMIR FORSTER VOLNEI SCHWARTZHAUPT VOLTA DE CRISTO WALDEMAR REIMAN WALDUINO P.L. JUNIOR WALDYR HOFFMANN WALTER L. CALLISON WALTER O. STEYER WALTER T. R. JUNIOR WENDELL N. SERING WERNER ELERT WYLMAR KLIPPEL ZC ZC 11.10-14 ZC 9.9-12