Resumo ética - Gardner
Ética é o estudo crítico da moralidade. Ela se ocupa com as escolhas morais práticas e com os alvos e princípios ideais. O estudo da ética repousa sobre a pressuposição de que o homem é livre e responsável. Ela pressupõe que as escolhas morais não são simples questões de acaso; não são fortuitas e completamente imprevisíveis. Também significa que a liberdade moral declara o homem livre para escolher os fins, os alvos e os valores que ele quer buscar.
A discussão ética tradicional envolve os conceitos direito e bem. O conceito direito envolve as noções de dever, de lei moral e de imperativos; o conceito de bem envolve a idéia dos bens ou fins almejados. Conforme o direito, pergunta-se: Qual é meu dever? Conforme o bem, pergunta-se: Qual é o bem supremo?
Ética e Ciências Sociais
Ambas se interessam pela análise do comportamento humano e devem levar em conta o fato de que o homem é livre e sua ação imprevisível. O cientista social dedica-se a estabelecer o grau de probabilidade com que um fenômeno será encontrado. Precisa fazer concessões a muitas variáveis. Apesar das semelhanças, a ética se interessa por aspectos diferentes do comportamento humano.
Comparações:
Com a psicologia: ela procura fatos observáveis e tenta descobrir as relações de causa e efeito. Já a ética é disciplina normativa e preocupa-se com os alvos a serem buscados pelas pessoas e quais devem ser suas motivações. Mas há correlação: a psicologia lança luz sobre o problema ético no que concerne às questões de motivação; por outro lado, os psicólogos e seu modo de influenciar as personalidades envolvem questões éticas.
Com a sociologia: ela descreve os dados brutos da experiência humana, analisa e interpreta o sentido teórico desses dados. Mas não se interessa pela questão ética: Como devem ser mudados os padrões de conduta numa certa cultura? A ética deve à sociologia a compreensão da complexidade dos problemas sociais e a relação do indivíduo com a cultura; mas a sociologia não oferece substituto para a ética.
Isto prova que as ciências sociais não devem se divorciar da ética; o mesmo vale da ética para com as ciências sociais. Desse modo, a ética social pode ser definida como o estudo do que é, à luz do que deve ser.
Ética filosófica e ética teológica
O teólogo e o filósofo moralista são semelhantes neste ponto: ambos baseiam seus sistemas de ética em pressupostos que não são derivados da razão e que em última análise são indemonstráveis em termos de razão. Mas o fato de usarem diferentes conjuntos de pressupostos é da maior importância e explica boa parte das diferenças entre os conteúdos das moralidades que eles recomendam.
O moralista cristão precisa aprender muito da ética filosófica sobre os princípios de dever e a natureza e inter-relacionamento dos valores. Mas ele não pode apropriar-se simplesmente das conclusões que esses sistemas lhe oferecem, na forma em que se encontram na moralidade secular. O resultado é sintetizar elementos incompatíveis. O que a ética pode fazer é usar a moralidade natural reinterpretando-as à luz da fé cristã e usando-a no serviço do amor cristão. Agostinho percebeu que a ética secular e filosófica está pervertida pelo orgulho e idolatria. As virtudes seculares deveriam ser transformadas pelo amor e reorientadas para Deus. Por exemplo, a justiça é amor que quer servir só a Deus e, portanto, controla todas as demais coisas em termos de sua subordinação ao interesse do homem. Assim, verifica-se que a relação ética filosófica-ética teológica está na transformação daquela por esta.
Perspectiva da ética cristã
A ética cristã se baseia na teologia cristã. Nossa tarefa é examinar a vida moral a partir da fé cristã. Jesus trouxe mensagem de Deus e sua ética não tem sentido fora da sua religião. A ética cristã sofre modificações nos sistemas teológicos de cada igreja; mas há fatores em que a ética cristã está bem próxima de uma análise em comum: certas convicções de Deus como Juiz, Redentor e Criador e do homem como imagem de Deus e decaído, mas confrontado com a promessa de perdão são elementos que interpretam a ética cristã em torno de um denominador comum. Finalmente, a ética cristã não é um código ou conjunto de regras, antes está fundamentada na liberdade cristã onde as regras falham ou não existem.
Resumo: Gelson Neri Bourckhardt