CRISTOLOGIA NO MOVIMENTO ADVENTISTA
Monografia apresentada à Faculdade de Teologia do Seminário Concórdia, São Leopoldo, Departamento de Teologia Prática, em cumprimento dos requisitos ao grau de Bacharel em Teologia
Conselheiro:_________________________ Prof.: Orlando Nestor Ott
Deão Acadêmico:_____________________ Prof.: Acir Raymann
Aluno:______________________________ Gérson Zschornack
Novembro 1997
Aos meus pais, Geraldo e Emília, por me levar à pia batismal; À Valquíria e Mônica, pela força e incentivo em todos os momentos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................................
1 - SUMÁRIO HISTÓRICO...............................................................................................................................................
2 - O MESSIAS: Humano e Divino..........................................................................................................................
2.1 - A COMUNHÃO DAS NATUREZAS HUMANA E DIVINA........................................................................
3 - SOTERIOLOGIA.........................................................................................................................................................
3.1 GRAÇA: AMPLITUDE E CONCEITO..................................................................................................................
3.2 JUSTIFICAÇÃO......................................................................................................................................................
3.3 SANTIFICAÇÃO....................................................................................................................................................
4 - A PESSOA DE CRISTO HOJE.................................................................................................................................
CONCLUSÃO....................................................................................................................................................................
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................................
“Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema.” Com estas palavras o apóstolo Paulo, em sua carta aos Gálatas[1], demonstra claramente a situação de todo aquele que perverte o Evangelho de Jesus Cristo.
Ao longo da história humana muitas interpretações e doutrinas sobre a pessoa e obra de Cristo tem sido formuladas; as primeiras heresias, tais como eutiqueanismo e nestorianismo foram diretamente relacionadas com a pessoa de Cristo. Em decorrência disto, doutrinas heréticas sobre a obra de Cristo surgiram de forma que foi necessário surgir concílios em favor da sobrevivência da correta doutrina.
Mesmo assim permanecem atualmente doutrinas que, mesmo aparentando uma cristologia sadia, deturpam o cerne do evangelho: A justificação mediante a fé unicamente nos méritos de Cristo! Temos como objetivo neste trabalho acadêmico mostrar, com amparo bíblico, histórico e confessional luterano, a correta cristologia em contraste com a cristologia pregada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Também faremos uma breve regressão histórica dentro da denominação acima mostrando como desenvolveu-se a doutrina cristológica ao longo da sua história. Não temos a presunção de abranger plenamente o assunto; pretendemos apenas atiçar o espírito crítico do leitor para que seja levado a meditar sobre o tema com os dados colhidos neste trabalho de pesquisa. Igualmente, que o leitor tenha espírito de discernimento a fim de que possa assumir uma postura correta e isenta de interpretações errôneas, não esquecendo as considerações finais de Paulo em sua carta aos Gálatas: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade: porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor.[2]”
Faremos no decorrer do trabalho um breve resumo histórico que tem por finalidade situar e contextualizar o leitor dentro dos primórdios do movimento adventista. Mesmo dentro do resumo histórico procuraremos sempre enfatizar a teologia adventista no que diz respeito à pessoa de Jesus Cristo.
Também faremos considerações sobre a união pessoal das naturezas humana e divina e como esta comunhão é caracterizada. Ao mesmo tempo mostraremos a importância de um correto entendimento sobre a união pessoal para que tenhamos uma correta teologia sobre a comunicação dos atributos.
Com o tema “pessoa de Cristo” não podemos fugir de tratar do tema “santuário celeste” e sua correspondência com a pessoa de Jesus Cristo, conforme pregado na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Também faremos uma abordagem mostrando como este é entendido pelo movimento Adventista. Trata-se do ponto nevrálgico entre as teologias analisadas.
“Cristologia no movimento adventista” vem, portanto, questionar e analisar conceitos e definições cristológicos para que seja exposto, ao final, um quadro claro onde as diferenças e semelhanças conceituais possam ser postas lado a lado para uma futura análise ecumênica.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia[3] possui suas raízes históricas na pessoa de William Müller (1782 - 1849). Foi convertido em 1816 e desde esta época torna-se um biblicista autodidata, com especialização em livros proféticos, especialmente Daniel e Apocalipse. Segundo Mayer, Müller conclui, em seus estudos bíblicos, que a parousia aconteceria entre março de 1843 e março de 1844[4].
Após o desapontamento acontecido ao final do mês de março de 1844, um grupo de mileritas refez os cálculos chegando à data de outubro de 1844. Novo desapontamento que é de certa forma suplantado com o ensino de Hiram Edson:
according to Heb. 8: 1,2 the sanctuary spoken of in Dan. 8:13,14 is in heaven and not on the earth, as Miller had assumed. This new interpretation temporarily rallied the Adventist group. But gradually basically divergent opinions concerning the Sabbath and the immortality of the soul caused several divisions. Of these the most significant is the one which led to the organization of the Seventh-day Adventist.[5]
Os principais seguidores de Müller foram Joseph Bates, James White e Ellen White. Destes seguidores, Ellen White torna-se profetisa, sendo que seus principais oráculos recaem sobre dois pontos específicos: a guarda do sábado e a iminente volta de Jesus Cristo. Sobre o valor das profecias de Ellen White é dito:
O dom de profecia manifestou-se ativamente no ministério de Ellen G. White, co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Foi-lhe concedida instrução inspirada da parte de Deus, em favor de Seu povo dos últimos dias. O mundo no início do século dezenove, quando Ellen White começou a apresentar mensagens de Deus, era um mundo do homem. Seu chamado profético colocou-a sobre escrutínio crítico. Tendo satisfeito os testes bíblicos, ela prosseguiu em seu ministério profético durante 70 anos. Desde 1844, quando contava com apenas 17 anos de idade, até 1915 - ano de sua morte - ela recebeu mais de duas mil visões. Durante este período, ela viveu e trabalhou na América do Norte, Europa e Austrália, aconselhando, estabelecendo novas frentes de trabalho, pregando e escrevendo.[6]
Sobre a pessoa de Cristo, a IASD chegou à um consenso de forma gradativa e com mudanças ao longo da história. Nota-se que um dos mentores da futura denominação, William Müller, em 1842 ensinava que a Divindade era constituída de três pessoas distintas[7]. Na mesma década, especificamente em 1846, outro patriarca da futura IASD, James Whitte, pronuncia-se de uma forma severa contra a doutrina da Trindade e contra também a eternidade de Jesus Cristo[8]. Observa-se que na base da futura IASD muitos líderes eram antitrinitários; é fundamental, contudo, na aceitação e elaboração da doutrina da Trindade como dogma oficial dentro da IASD, o ano de 1895; neste ano Ellen Whitte declara que em Cristo há “três pessoas no trio Celestial” [9]. Finalmente em 1898 é publicado a primeira edição do livro Desejado de Todas as Nações onde Whitte declara que em Cristo há vida original, não derivada. Sobre este tema afirma Nunes:
As declarações de fé dos adventistas ao longo de sua história demonstram uma clara mudança sobre o assunto. Foi, contudo, em 1931, que os adventistas afirmaram a Divindade como três pessoas co-eternas, onipotentes, onipresentes e oniscientes. Depois, o relatório da Conferência Bíblica de setembro de 1952 deixou confirmada a plenitude da divindade de Cristo como aparece no livro Our Firm Foundantion.[10]
Vê-se nesta parte inicial como desenvolveu e como chegou-se à aceitação da doutrina trinitária, especialmente sobre a Pessoa de Jesus Cristo, dentro da IASD. Coloquemos que esta decisão da IASD não é senão afirmação da decisão de outros Concílios Ecumênicos convocados pela Igreja cristã primitiva. Sobre este assunto Dr. Martinho Lutero muito apropriadamente coloca:
Um concílio não tem poder de estabelecer novos artigos de fé, ainda que nele esteja presente o Espírito Santo. Pois também o Concílio dos Apóstolos em Jerusalém, Atos 15, não estabelece nada de novo em questões de fé, mas que, como conclui S. Pedro, também todos os seus antepassados creram este artigo: que se alcança a salvação sem leis, exclusivamente pela graça de Cristo. Segundo: Um concílio tem o poder e também o dever de reprimir novos artigos de fé e condená-los de acordo com a Sagrada Escritura e a fé antiga, como o Concílio de Nicéia condenou o novo artigo de Ário, o de Constantinopla o novo artigo de Macedônio, o de Éfeso o novo artigo de Nestório, o de Calcedônia o novo artigo de Eutiques[11].
Assim que os Concílios acima não criaram um novo artigo de fé, ou seja, a doutrina da Trindade, nem deram existência à Pessoa de Cristo nem tampouco sobre as naturezas da pessoa de Cristo; os Concílios citados por Lutero, também reconhecidos como Concílios Ecumênicos, apenas reprimiram as heresias pregadas na época reafirmando a crença da Igreja primitiva. Lutero muito acertadamente mostra que a função de um Concílio verdadeiro não é criar nova doutrina; apenas visa ser o agente apologeta da correta e verdadeira doutrina cristã.
Vê-se neste início os princípios que regem a cristologia dentro da IASD; nota-se claramente a importância dada à obra de Ellen Whitte, onde a IASD define as suas visões e escritos como sendo inspirados por Deus Espírito Santo, ou seja, colocando os escritos da profetisa no mesmo grau de importância dada à Sagrada Escritura. Também pode-se constatar como foi a evolução histórica sobre a aceitação da doutrina Trinitária; salienta-se que no princípio a IASD era antitrinitária evoluindo gradativamente até chegar à atual confissão trinitária[12]. Teólogos Adventistas Contemporâneos tem reconhecido que há uma tendência, mesmo que parcial, em assu mir uma posição teológica semelhante com a posição assumida por Martinho Lutero
fundidade com que o movimento reformatório e principalmente os seus pressupostos hermenêuticos estão sendo estudado por teólogos dentro da IASD nos dias de hoje. Esta posição poderá fazer com que no futuro próximo exista muitas possibilidades concretas de diálogo entre as denominações para que o senso de unidade teológica possa existir entre as denominações citadas.[13] Este é o desejo de Teólogos Adventistas que percebem a importância do ecumenismo sadio.
O Luteranismo confessional sempre enfatizou que a centralidade de sua fé e teologia é o evangelho de Jesus Cristo. As Confissões Luteranas[14], bem como os principais teólogos luteranos de todas as épocas sempre ensinaram que a justificação do pecador, pela graça de Deus, por causa de Cristo, mediante a fé é o principal artigo da fé cristã - articulus stantis et cadentis ecclesiae.. Logo é indispensável que tenhamos uma correta compreensão sobre o objeto da fé deste importantíssimo artigo, ou seja, a pessoa do Filho de Deus, Jesus Cristo.
A IASD tem como pressuposto hermenêutico que o nível de conhecimento sobre a Palavra e, em última análise, sobre o próprio Deus é gradativa.
Os Adventistas do Sétimo-dia crêem que a compreensão que o homem tem da verdade de Deus é progressiva, segundo Prov. 4:18. Além disso, declaram os membros do Comitê Eleitoral: “Conquanto aceitemos a Bíblia e somente a Bíblia como nossa regra de fé e prática, nós claramente reconhecemos que não compreendemos perfeitamente toda a verdade que Deus gostaria que Seus filhos soubessem hoje.[15]
Esta posição pode tranqüilamente ser usada de uma forma tendenciosa quando na apologia de uma mudança doutrinária bem como para defender a inclusão de um novo dogma na denominação; é no mínimo um assumir uma posição muito inteligente. Há de se convir que torna-se extremamente delicado traçar um perfil teológico de qualquer denominação onde dogmas e convicções podem ser mudados, de acordo com a revelação progressiva sobre a Palavra de Deus.
Assim que o conhecimento sobre Jesus Cristo, segundo a IASD, pode ser gradativo. Portanto, podemos afirmar que a atual confissão sobre o Messias reza que:
A Bíblia revela que Deus enviou Seu Filho ao mundo na “plenitude dos tempos”. Ao começar Seu ministério, Cristo proclamou: “O tempo está cumprido e o reino de Deus está próximo”. Estas referências ao tempo indicam que a missão do Salvador transcorreu em harmonia com um cuidadoso planejamento profético.[16]
Também crêem que na pessoa de Jesus Cristo estejam presentes as duas naturezas, ou seja, as naturezas humana e divina. Afirmam que Jesus Cristo possui as duas naturezas com seus respectivos atributos. São reconhecidos como atributos divinos: Onipotência, onisciência, onipresência, imutabilidade, existência própria, santidade, eternidade. Também reconhecem que Jesus Cristo recebeu nomes divinos, reconhecimento divino, testemunho pessoal, igualdade com Deus e adoração como Deus. A humanidade de Jesus Cristo é verificada com o seu nascimento de mulher, o desenvolvimento humano, identificação como homem e também a extensa relação de Cristo com a carne pecaminosa. Com relação à este ponto, ou seja, a humanidade de Jesus Cristo não há uma teologia conceitual oposta entre as duas escolas analisadas.
Contudo sobre a existência de Jesus Cristo, no período antes da encarnação, assim ensina a IASD:
Antes da encarnação Jesus existia na forma de Deus, o que eqüivale a dizer que a natureza divina Lhe pertencia desde o princípio (S. João 1:1; Filip. 2:6 e 7). Ao assumir a “forma de servo”, deixou de lado Suas prerrogativas divinas. Tornou-Se o servo de Seu Pai (Isa. 42.1), disposto a cumprir a vontade do Pai (S. João 6:38; S. Mat. 26:39 e 42). Revestiu Sua divindade com a humanidade; foi feito em “semelhança de carne pecaminosa” ou “natureza humana pecaminosa” ou “natureza humana decaída” (cf. Rom. 8:3). Isso de nenhuma forma indica que Jesus fosse pecador ou participasse de atos e pensamentos pecaminosos. Embora fosse feito em semelhança de carne pecaminosa, Ele não pecou, e Sua completa ausência de pecado acha-se além de qualquer questionamento.[17]
Mesmo admitindo que o Filho de Deus não pecou e que o pecado achava-se fora da sua pessoa, sobre a possibilidade de Jesus Cristo pecar, a IASD crê e ensina que:
Se Ele não houvesse tido a possibilidade de pecar, não teria sido humano e nem poderia constituir nosso exemplo. Cristo assumiu a natureza humana com todas as suas obrigações, inclusive a possibilidade de ser subjugado pela tentação.[18]
A possibilidade de Cristo ter podido pecar, conforme ensinado pela IASD, tem como objetivo sustentar a afirmação de que:
A vitória obtida por Cristo sobre a tentação habilitou-O a simpatizar com a fraqueza humana. Nossa vitória sobre a tentação advém-nos quando nos mantemos dependentes dEle.[19]
Em última análise a IASD tem como objetivo mostrar ao ser humano caído em pecado que para ele é possível vencer o pecado, a carne e o próprio satanás assim como Cristo o fez: Se Cristo venceu o pecado tendo possibilidade de pecar, nós também podemos. Assim que, de acordo com o ensinamento pregado na IASD, podemos fazer o que Cristo fez; em outras palavras, podemos chegar à perfeição. Assim afirma Nunes:
É impossível ter a fé neo-testamentária em Cristo e continuar pecando. Não podemos nos desculpar alegando que somos apenas humanos... Ele [Cristo] não pode ministrar para sempre o Seu sangue, em substituição, para cobrir o pecado perpétuo de Seu povo. Ele deve ter um povo que vença como Ele venceu, um povo que condene o pecado na carne.[20]
É na verdade um sutil ensino que poderá levar às pessoas a crer na justificação pelas suas próprias obras. Esta definição acima pregada na IASD é divergente ao ensino dos teólogos luteranos. A bem da verdade é importante salientar que, elaborando uma doutrina errônea sobre o fundamento da fé cristã, tende-se muito facilmente a cair num círculo viciosos de heresias, culminando com a maior delas que é a negação da justificação pela fé. É fundamental, pois, que na base da Teologia sejam colocados pressuostos hermenêuticos sadios. A possibilidade da pessoa de
Cristo ter pecado é assim ensinada pelo luteranismo, expresso nas palavras de Mueller:
Não obstante, muito embora a natureza humana de Cristo estivesse isenta de pecado, era natureza humana verdadeira, porquanto o pecado não pertence à essência do homem. Cristo, por conseguinte, era na realidade verdadeiro homem, todavia um homem que, pelo que concernia à sua pessoa, não estava sujeito à lei, mas acima da lei. Visto que a natureza humana de Cristo foi recebida dentro do logos, vemo-nos forçados a negar que nele houvesse mesmo a possibilidade de pecar; o Santo Salvador não podia pecar. A despeito deste fato, não devemos considerar a tentação de Cristo um mero simulacro, mas uma tentação e um sofrimento reais, que suportou para nossa salvação.[21]
Nestas notas sobre as naturezas humanas e divinas de Jesus Cristo vê-se claramente a diferença clássica entre as teologias Adventista e Luterana. Uma crê que o ser humano pode deixar de pecar visto existir, em sua concepção, o ensino que Cristo não pecou, mesmo podendo pecar; outra crê que o ser humano não poderá jamais deixar de pecar visto ser pecador e ser escravo eterno do pecado.
Um dos princípios teológicos do Luteranismo confessional, simul justus et peccator, não pode ser perdido de vista quando falamos sobre os temas “justiça” e “pecado”. Negá-lo é restringir as verdades escriturísticas. Assim que quando formulamos uma doutrina cristológica em que os méritos de Cristo são restritos ou então onde os méritos e a capacidade salvífica humana ressaltadas, mesmo que este ensino seja sutilmente incluso na doutrina sobre a pessoa de Cristo, devemos ter claramente
em mente que estamos retirando parte da glória da obra salvífica do Salvador Jesus. Além deste aspecto, pode-se tranqüilamente cair numa religião legalista onde facilmente são encontrados pessoas hipócritas ou pessoas com consciência aterrorizada. Não é uma questão de apenas negar a divindade ou humanidade de Cristo; nega-se, em última análise, os méritos alcançados por Jesus Cristo, verdadeiro homem e Deus, na Cruz em favor da humanidade caída e eternamente perdida.
Neste ponto pode-se notar que a grande diferença entre a Teologia Luterana Confessional e a Teologia da IASD está na diferença conceitual entre Lei e Evangelho. Este é o ponto crucial no diálogo entre as duas teologias. Estaremos sendo equivocados se afirmamos crer em Jesus Cristo, verdadeiro homem, verdadeiro Deus, que nasceu da virgem Maria e, se ao mesmo tempo, ensinarmos que somos capazes de vencer o pecado. Uma afirmação categórica faz com que a outra seja tachada de falsa; não há como coadunar as duas afirmativas. É o óbvio afirmar que em Cristo somos novas criaturas, livres para servir em amor, santos e justos; mas ao mesmo tempo possuímos a velha tendência pecaminosa que quer nos levar a transgredir diária e constantemente as leis de Deus. Estas verdades, aparentemente paradoxais, não podem ser deixadas de lado por aqueles que querem ter uma teologia cristã isenta de erros.
A comunhão das naturezas é doutrina fundamental para uma correta cristologia. Negar, limitar ou restringir a comunhão é negar a união pessoal efetuada na encarnação. Nesta união pessoal o logos assume a natureza humana em sua pessoa divina. Desta forma Deus e homem são para todo o sempre uma pessoa indivisa e indivisível. Esta verdade escriturística é verificada em I Tm 3.16, também conhecida por teólogos renomados como “o milagre de todos os tempos.[22]”
Teólogos luteranos foram confrontados com a discussão do tema, sendo necessário surgir uma explanação sobre a pessoa de Cristo. Assim posiciona-se a Fórmula de Concórdia sobre o assunto em questão:
Por esta nossa doutrina, fé e confissão a pessoa de Cristo não é dividida, como fez Nestório, o qual negou a communicatio idiomatum, isto é, a verdadeira comunhão das propriedades das duas naturezas em Cristo, dividindo assim, a pessoa, conforme Lutero explica no livro De conciliis. Também não se misturam uma com a outra as duas naturezas juntamente com suas propriedades em uma essência, como erroneamente ensinou Êutiques. Nem se nega ou elimina a natureza humana na pessoa de Cristo. Também não se muda nenhuma natureza na outra, mas Cristo é e permanece, por toda a eternidade, Deus e homem em uma pessoa indivisa, o que é, depois da Santíssima Trindade, conforme testifica o Apóstolo, o mais alto mistério, sobre que se fundamenta nosso único consolo, vida e salvação.[23]
Dogmaticamente a IASD ensina que Cristo possuía[24] duas naturezas: a humana e divina. Salientam que o movimento ocorre no sentido de Deus para o homem e não do homem para Deus. Em outras palavras é o eterno Filho de Deus assumindo a natureza humana e não o homem Jesus adquirindo divindade.
Há uma clara opinião da IASD que em Cristo há combinação das naturezas:
Por vezes a Bíblia descreve o Filho de Deus em termos de Sua natureza humana. Deus comprou Sua igreja com Seu próprio sangue (Atos 20:28; cf. Col. 1:13 e 14). Em outros momentos ela caracteriza o Filho do homem em termos de Sua natureza divina (cf. S. João 3:13; 6:62; Rom. 9:5). Quando Cristo entrou no mundo, um “corpo” Lhe havia sido preparado (Heb. 10:5). Quando assumiu a humanidade, Sua divindade foi revestida dessa humanidade. Isto não foi conseguido mediante transformação da humanidade em divindade ou da divindade em humanidade. Ele não “saiu de si próprio” para assumir outra natureza, mas assumiu em Si próprio a humanidade. Portanto, divindade e humanidade se combinaram. Ao experimentar a encarnação, Cristo não deixou de ser Deus, tampouco foi sua divindade reduzida ao nível da humanidade. Ambas as naturezas continuaram a existir ... . Durante a crucifixão a Sua natureza humana morreu, e não a Sua divindade, pois isto seria algo impossível.[25]
Esta teoria onde há uso do verbo ‘combinar’ em relação à união pessoal das naturezas humana e divina é o começo de uma heresia que irá atingir o ápice na doutrina da Santa Ceia, especificamente na negação da presença real e também na doutrina da justificação pela fé, como veremos posteriormente. As confissões luteranas, ao contrário, não deixam margem para uma falsa interpretação sobre este artigo de fé quando afirmam:
Por isso cremos, ensinamos e confessamos que Deus é homem e o homem é Deus, o que não poderia ser se a natureza divina e a humana não tivessem comunhão uma com a outra de fato e de verdade. Pois como poderia o homem, o filho de Maria, verdadeiramente ser chamado ou ser Deus, ou o Filho do Deus Altíssimo, se sua humanidade não estivesse pessoalmente unida com o Filho de Deus, e assim, realiter, isto é, de fato e de verdade, nada tivesse em comum com ele, excetuado apenas o nome de Deus?[26]
Desta forma os confessores deixam clara o posicionamento doutrinário referente à comunhão das naturezas de forma que não poderá ser ensinado posteriormente uma doutrina errônea sobre o Sacramento do Altar[27] ou sobre a Justificação por Fé decorrente de um ensino distorcido sobre a doutrina básica da comunhão das naturezas na pessoa de Cristo.
Mas qual será a razão pela qual a IASD em seus dogmas deixa margem para que o leitor seja teologicamente ludibriado? A resposta parece ser óbvia: Para que os méritos humanos possam ressaltados no tocante à justificação! Crêem que a necessidade de união entre as duas naturezas seja vital no vislumbre em relação à Jesus e à nossa própria salvação. Em decorrência desta necessidade ensinam que há três razões para que tenha existido uma união entre as naturezas:
1 - Para que houvesse o reconciliamento da humanidade com Deus; 2 - Para esconder a divindade atrás da humanidade; e 3 - Para (a humanidade) viver vitoriosamente. Na explicação do terceiro ponto acima é afirmado que:
A humanidade de Cristo, sozinha, jamais poderia haver suportado as poderosas tentações de Satanás. Ele Se tornou apto a vencer todo o pecado porque “nEle habita corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Col. 2:9). Repousando inteiramente no Pai (S. João 5:19 e 30; 8:28), Seu “divino poder combinado com a humanidade obteve infinita vitória em favor do homem. A experiência de Cristo viver vida vitoriosa não constitui Seu privilégio exclusivo. Ele não exerceu qualquer poder que a humanidade não possa exercer. Nós também podemos ser ‘tomados de toda a plenitude de Deus’ (Efés. 3:19). Através do divino poder de Cristo, podemos ter acesso a “todas as coisas pertencentes à vida e à divindade”. A chave para alcançarmos essa experiência é a fé em “Suas preciosas e mui grandes promessas”, através das quais nos podemos tornar “co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo” (II S. Ped.1:3 e 4). Ele oferece o mesmo poder pelo qual Se tornou vencedor, de modo que todos possam obedecer fielmente e obter vida vitoriosa.[28]
Eis presentes as heresias decorrentes de uma conceituação equivocada sobre a pessoa de Jesus Cristo e sobre a comunicação das naturezas: Fazer com que o homem, a criatura possa assumir o lugar do criador. Pode-se notar um acentuado zelo pela prática de obras isentas de pecado e isto segundo porque Jesus Cristo nos capacita para tal atitude de não mais viver submisso ao pecado. Esta posição é característica de uma escola teológica perfeccionista, onde há restrições sobre o estado pecaminoso do ser humano.
Eis que logo entra em jogo o cerne da doutrina cristã: Clareza quanto à justificação pela fé! C. F. W. Walther sobre a importância de uma clareza quanto à esta doutrina afirma desta forma:
Onde esta doutrina for pervertida, outro caminho de salvação é ensinado, e isto quer dizer, outra religião. Lutar pela doutrina da justificação, pelas Sagradas Escrituras e pela religião cristã, tudo chega a ser uma só batalha, uma só causa. Sem a doutrina da justificação, a religião cristã é como um relógio sem mola. Todas as outras doutrinas perdem seu valor, se a doutrina da justificação estiver corrompida. Quando o fundamento ceder, todo edifício cairá. Se a doutrina da justificação cair, então toda a doutrina cairá por terra. Neste caso a igreja se transformará numa escola reformatória ... Se alguém não conhece nem crê esta verdadeira doutrina, não lhe traria proveito se conhecesse todas as outras doutrinas, como por exemplo, a doutrina da Santíssima Trindade, a da pessoa de Cristo e outras semelhantes.[29]
Escolher entre uma “escola reformatória” ou uma igreja onde estejam presentes pecadores, culpados e que sentem o peso da condenação dos seus atos. Esta escolha é parte de uma proclamação pública do ofício do ministério que deve estar baseada em pressupostos sadios sobre justificação pela fé. O fato do ministro proclamar esta mensagem é mola propulsora da sua imensa alegria; assim também a sua esperança de realizar algo de valor o guardará do espírito legalista. Convém portanto que tenhamos uma correta compreensão cristológica e, especificamente, sobre a união pessoal bem como a comunhão das naturezas para que sejamos encontrados fiéis à doutrina ensinada por nosso Mestre Jesus Cristo. A bem da verdade pregar TODAS as coisas que Jesus ordenou é uma ordem, não um pedido, do próprio Senhor[30]. Observemos o quê a Profetiza da IASD - Ellen Whitte - diz sobre a salvação da alma humana em relação com a obra de Jesus Cristo:
Por sua vida e morte, provou Cristo que a justiça divina não destrói a misericórdia, mas que o pecado pode ser perdoado, e que a lei é justa, sendo possível obedecer-lhe perfeitamente. As acusações de Satanás foram refutadas. Deus dera ao homem inequívoca prova de amor. Outro engano devia ser então apresentado. Satanás declarou que a misericórdia destruía a justiça, que a morte de Cristo ab-rogava a lei do Pai. Fosse possível ser a lei mudada ou ab-rogada, então não foi necessário Cristo ter morrido. Ab-rogar a lei, porém, seria imortalizar a transgressão e colocar o mundo sob o domínio de Satanás. Foi porque a lei é imutável, porque o homem só pode se salvar mediante a obediência a seus preceitos, que Jesus foi erguido na cruz. Todavia, os próprios meios por que Cristo estabeleceu a lei, foram apresentados por Satanás como destruindo-a. A esse respeito sobrevirá o derradeiro conflito da grande luta entre Cristo e Satanás.[31]
Apesar de existir muitas aparentes semelhanças entre as teologias Adventista e Luterana, sobre o artigo da justificação por fé não há absoluta semelhança. Assumir uma posição necessariamente implica em negar outra. Sendo que as confissões luteranas, de acordo com a Palavra de Deus, claramente expõem a correta doutrina da justificação por fé, cremos que o dogma pregado pela IASD e, especificamente, pela profetisa Ellen G. Whitte, deve ser negado e refutado por todo teólogo que quer possuir uma linha de fidelidade para com a Revelação de Jesus Cristo.
A salvação por Graça, mediante a fé, unicamente nos méritos da pessoa de Jesus Cristo; este princípio bíblico encontrado nas palavras do Apóstolo[32], o qual torna a humanidade caída em santa e justa perante Deus, pela fé em Jesus, por vezes pode ser obscurecido atrás de conceitos e explanações pouco precisas.
Portanto faz-se obrigatória, neste capítulo, uma abordagem sistemática sobre termos dogmáticos relacionados diretamente com a pessoa de Cristo e bastante usados na teologia Adventista que podem muitas vezes estar equivocados com definições que podem afetar toda uma correta teologia. Trata-se especificamente dos termos “graça”, “justificação “santificação” bem como o seu possível vínculo de relacionamento.
Crê a IASD que o conhecimento humano sobre Deus e seu amor é insuficiente. Afirmam categoricamente que somente através de Jesus Cristo alguém pode experimentar a salvação. A “experiência da salvação”, segundo ensino Adventista, engloba os seguintes pontos: arrependimento, confissão, perdão, justificação e santificação. [33]
Nota-se que estes pontos acima, ou seja, arrependimento, confissão, perdão, justificação e santificação fazem parte do todo da “experiência da salvação”. A amplitude da experiência da salvação está diretamente relacionada com o cumprimento destes pontos sendo que a falta do cumprimento de um deles mostra que a experiência da salvação não está realizada ou completa. Em outras palavras, se um dos pontos acima não for encontrado em um cristão é válido afirmar que tal pessoa não possui a experiência da salvação, portanto não é salva.
Sendo que somente através de Jesus Cristo pode-se chegar à salvação, pode-se concluir que a graça universal ou objetiva de Jesus Cristo está sendo restrita ou delimitada; E isto porque nega-se que determinada pessoa seja salva ou tenha passado pela experiência da salvação. É óbvio que todo aquele que vive em pecado grosseiro está prestes a perder a habitação de Deus Espírito Santo[34]; contudo não nos cabe julgar todos os casos e, principalmente, pelas aparências, pelo modo de viver ou porque pratica determinada atitude ou não.
As Confissões Luteranas claramente expõem que a salvação é dada a toda a humanidade por graça, mediante a fé em Jesus Cristo. Assim diz a CA:
E novamente toda vez que falamos em fé, queremos que se entenda o objeto, a saber, a misericórdia prometida. Pois a fé justifica ou salva não por isso que seja obra de si mesma digna, mas tão somente porque aceita a misericórdia prometida.[35]
Também ensinam as Confissões Luteranas que não há como alguém preparar-se para receber graça. Assim afirma a Fórmula de Concórdia:
Em quarto lugar [negamos] a doutrina dos sinergistas, que alegam não estar o homem inteiramente morto para o bem no que diz respeito às coisas espirituais, mas gravemente ferido e meio morto. Por isso, ainda que o livre arbítrio é demasiadamente frágil para fazer o início, e converter-se, com as próprias forças, a Deus, e obedecer de coração à lei de Deus, contudo, depois de o Espírito Santo haver feito o início, e nos chama pelo evangelho, e oferece sua graça, o perdão dos pecados e a vida eterna, que então o livre arbítrio, de suas próprias forças naturais, pode encontrar-se com Deus, e, em certa medida, embora pouco e com fraqueza, fazer algo neste sentido, ajudar e cooperar, preparar-se para a graça, aplicar-se a ela, apreender e aceitá-la, crer no evangelho, também cooperar de suas próprias forças, com o Espírito Santo na continuação e conservação dessa obra.[36]
Assim que, de acordo com as Confissões Luteranas não há doutrina bíblica que reconheça o preparar-se para a graça nem tampouco etapas ou estágios na assim chamada, experiência da salvação. O plano salvífico baseado na obra de Jesus Cristo é universal, para todas as épocas e possui vínculo apenas com a fé do que crê. Ir além destes pontos é ir além do ensino divino revelado na Sua Santa Palavra.
A definição do termo “justificação” de acordo com a Teologia Adventista é assim expressa:
O termo justificação representa a tradução do grego dikaiona, que significa “exigência de justiça”, “regulação”, “sentença judicial”, “ato de justiça”, e do termo ‘dikaiosis`, cujo significado é “justificação”, “vindicação”, “absolvição”. O verbo correlato, dikaioo , que significa “ser pronunciado justo ou tratado como justo”, “ser absolvido”, “ser colocado em liberdade”, “feito puro”, “justificar”, “vindicar”, “fazer justiça”, provê vislumbres adicionais quanto ao significado do termo.[37]
Evidentemente fica claro que o sentido do termo Justificação possui conotação com colocar em liberdade, ser liberto e ser absolvido entre outros.
Fica bastante claro que o termo justificação está relacionado com uma nova vida; vida esta de liberdade e de alegria de alguém que foi absolvido do Juiz. Um aspecto favorável no ensino Adventista sobre justificação está relacionado com o fato de colocar o homem totalmente fora da obra da justificação: admitem que apenas Deus é que trata o homem como sendo justo; assim ensinam:
Em geral a palavra justificação, conforme utilizada teologicamente, é “o ato divino pelo qual Deus declara justo um pecador penitente, ou o trata como justo. Justificação é o oposto de condenação (Rm. 5:16)”. A base para semelhante justificação é, não a nossa obediência, e sim a de Cristo, pois “por um ato só de justiça veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida... Por meio da obediência de um só homem muitos se tronarão justos” (Rom. 5:18 e 19). Ele concede a Sua obediência àqueles crente que são justificados livremente.[38]
Ensinam também que a posição humana diante de Deus não depende das obras, sejam boas ou más:
Muitos acreditam erradamente que a sua posição diante de Deus depende de suas boas ou más obras. Abordando a questão de como as pessoas são justificadas diante de Deus, Paulo declara inequivocadamente que ele perdera “todas as coisas ... para ganhar a Cristo e ser achado nEle, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé (Filip. 3: 8 e 9). Ele apontou o exemplo de Abraão, que “creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”(Rom. 4:3; cf. Gên. 15:6). Ele foi justificado antes de submeter-se à circuncisão, e não em virtude da mesma (Rom. 4:9 e 10).[39]
Assim que é digno ressaltar que no ensino Adventista as obras não possuem lugar na justificação, sendo que esta justiça depende apenas de Deus e de sua Graça.
Por outro lado ensina-se na IASD que a obediência é significativa no justificado. Coloca-se a obediência em primeiro plano e após isso a justificação. Em outras palavras ensina-se que alguém justificado é todo aquele que obedece. Portanto a obediência à Deus é marca característica do ser justificado. Óbvio afirmar que há um evidente paradoxo desta última afirmação com o sentido exposto acima. Também declaram:
Que espécie de fé possuía Abraão? As escrituras revelam que “pela fé Abraão obedeceu” quando Deus o chamou, deixando sua terra natal e viajando “sem saber para onde ia”( Heb. 11: 8-10; cf. Gên. 12:4; 13:18). O fato de que ele possuía uma fé genuína e viva em Deus, foi demonstrado através de sua obediência. Foi com base nesta fé dinâmica que ele recebeu a justificação.[40]
Esta posição teológica é uma clara afronta ao ensino bíblico[41] que primeiro o ser humano é justificado e depois disso surgem naturalmente ou espontâneamente boas obras ou frutos do Espírito. Desta forma podemos afirmar que quando o homem tenta justificar-se perante Deus ele está sob uma doutrina inventada por homens. Este é o pensamento de Mueller:
Segundo as Escrituras, a tentativa da parte do homem de obter a justificação por seus próprios esforços é “zelo não com entendimento” e “doutrina da carne” o insistir nas boas obras como necessárias à salvação. Por outro lado, é ensinamento característico da religião cristã, a qual é de Deus, que os pecadores são justificados perante Deus unicamente pela fé, sem as obras.[42]
Ressaltam os teólogos adventistas que as obras constituem evidência de um genuíno relacionamento com Deus. Ensinam que a fé, que conduz à justificação, é pois, viva e que opera.[43]
Fica evidentemente claro que a posição do adventismo no tocante a justificação é uma posição não clara e por vezes paradoxal mas, acima de tudo, certamente com tendência sinergista uma vez que coloca a cooperação humana junto no todo da justificação. A justificação deixa de ser algo essencialmente da pessoa de Deus e passa a ser responsabilidade também do ser humano.[44]
As Confissões Luteranas são bastante claras e não deixam margem para interpretações errôneas ao tratar do tema “justificação”. Assim afirma a Apologia:
Obter a remissão dos pecados é ser justificado, segundo o texto: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada.” Conseguimos a remissão dos pecados somente pela fé em Cristo, não através do amor, não em virtude de amor ou obras, ainda que o amor segue a fé. Somos, portanto, justificados pela fé somente, entendendo-se a justificação no sentido de ser do injusto feito um justo, ou ser regenerado.[45]
Assim que a diferença entre as teologias Adventista e Luterana no tocante à justificação pela pessoa de Cristo, mediante a fé, é muito grande. A bem da verdade um grande abismo habita entre as duas escolas de forma que aceitar uma é negar outra e vice-versa. Portanto concluímos que não há como obter harmonia ou harmonização sem que uma parte ceda em relação aos seus princípios.
Cremos que uma vida santificada deve ser alvo de todo cristão para honra de Deus e bem estar do próximo. Este duplo propósito da vida santificada deve levar o homem diariamente a afogar o seu velho homem e, no dizer de Lutero[46], sair e ressurgir novo homem, que viva em justiça e pureza diante de Deus. Ao mesmo tempo cabe ao teólogo honesto e bíblico observar o simull justus et peccator, ou seja, ainda que justificado por Cristo, mediante a fé, o homem é pecador e vive neste estado de tensão toda a sua vida aqui na terra. Nem mesmo Jesus Cristo prometeu aos seus discípulos que estes seriam livres de tentações.[47]
O Adventismo prega que a santificação é resultado de verdadeiro arrependimento e de justificação. Afirmam ainda que justificação e santificação são intimamente interligadas, distintas mas jamais separadas. Ensinam que a justificação é aquilo que Deus faz por nós, enquanto santificação é aquilo que Deus faz em nós.[48]
Deve-se, contudo, ressaltar que no ensino adventista não está implícito a idéia de obras meritórias; crêem que a justificação e santificação são devidas unicamente à graça e à justiça de Cristo.
O movimento Adventista ensina que na santificação do ser humano há 3 (três) fases distintas:
As três fases da santificação apresentadas na Bíblia são: 1) Um ato realizado no passado da experiência do crente; 2) um processo na experiência presente do crente; 3) O resultado final da experiência do crente por ocasião do retorno de Cristo.[49]
Lastimavelmente na obra intitulada como “Volume a fim de prover informações seguras no tocante às crenças de nossa igreja”[50] é dita que as três fases são apresentadas na Bíblia, contudo, nem analisando o contexto de todo o capítulo, encontra-se as ditas passagens[51]. Ainda sobre o processo da santificação a IASD prega:
A santificação é progressiva. Através da oração e estudo da Palavra, podemos crescer constantemente no companheirismo com Deus. O mero entendimento intelectual do plano da salvação não é suficiente.[52]
Desta forma ensinam que através de oração nossa santificação será progressivamente melhorada; este é um erro teológico crasso e difundido de maneira dissimulada entre muitas denominações religiosas e, entre destas, a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Oração não é meio da graça; oração não fornece perdão de pecados, portanto justificação e, em conseqüência, a santificação. Afirmar que vivemos de forma santificada pelo uso da oração é ir muito além do permitido em termos de uma Teologia sadia.
O perdão dos pecados, vida e salvação através de Cristo, mediante a fé, são concedidos ricamente aos cristãos através de Palavra e Sacramentos, ou seja, pelos Meios da Graça administrados pelo pastor que possui chamado regular.
No âmbito da santificação o Luteranismo crê que a santificação do cristão está em constante crescimento[53] e que esta é incompleta. Em relação à justificação afirma a Fórmula de Concórdia que esta é seguida pela santifição[54] e nunca pertencente à experiência da salvação, pois esta é de caráter exclusivo de Jesus Cristo por meio da fé.
Faz-se necessário, após vislumbrarmos conceitos teológicos básicos, uma avaliação sobre a pessoa de Cristo na atualidade, isto é, como Cristo Jesus, verdadeiro homem e Deus manifesta-se à sua Igreja hoje. Esta visão é indispensável para avaliarmos qual a necessidade de dependermos de uma cristologia sadia para o nosso dia-a-dia.
A IASD crê que a pessoa de Jesus Cristo esteja ministrando no Santuário Celestial[55] . Este santuário seria, de acordo com a concepção adventista, o santuário que sucederia ao santuário construído por Moisés[56]. Esse primeiro santuário era o lugar onde ensinava-se ao povo o caminho da salvação. Também ensinam que:
Cerca de 400 anos mais tarde, o templo permanente em Jerusalém, construído pelo rei Salomão, ocupou o lugar do tabernáculo transportável de Moisés. Depois que Nabucodonosor destruiu o templo, os exilados que retornaram de Babilônia construíram o segundo templo, que foi mais tarde embelezado grandemente por Herodes, o Grande; este último templo foi destruído pelos romanos no ano 70 D.C..[57]
Assim que na opinião da IASD o tabernáculo citado em Êxodo teve sua importância dentro do povo de Israel e mais que isso, prefigurava o lugar onde a própria pessoa de Jesus Cristo deveria ministrar após sua ascensão. Crêem que este santuário esteja situado diante do trono de Deus:
O altar de incenso do santuário celestial acha-se situado diante do trono de Deus (Apoc. 8:3; 9;13), que se localiza no templo celestial de Deus (Apoc. 4:2; 7:15; 16:17). Portanto, a cena do trono celestial (Dan. 7:9 e 10) ocorre no templo ou santuário celestial. É por essa razão que os juízos finais de Deus partem de Seu templo (Apoc. 15:5-8). Torna-se claro, portanto, que as Escrituras apresentam o santuário celestial como um lugar efetivamente existente (Heb.8:2), não como uma metáfora ou abstração. O santuário celestial é o lugar primário de habitação de Deus.[58]
Ensinam que a primeira fase do ministéiro sacerdotal estava vinculada ao santuário mosaico; neste havia um ministério de perdão, reconciliação e restauração. Sendo contínuo, provia contínuo acesso a Deus, através do sacerdote. Segundo a teologia Adventista, simboliza a verdade de que o pecador arrependido dispões de imediato e contínuo acesso a Deus através do ministério sacerdotal de Cristo como nosso intercessor e mediador. Assim reza o ensino adventista:
Tanto no tipo quanto no antítipo, o ministério do lugar santo centraliza-se primariamente no indivíduo. O ministério sacerdotal de Cristo providencia o perdão do pecador e sua reconciliação com Deus (Heb. 7:25). “Em consideração a Cristo, Deus perdoa o pecador arrependido, imputa-lhe o reto caráter e a obediência de Seu Filho, perdoa seus pecados, e registra seu nome no livro da vida, como um de Seus filhos (Efés.4:32; I S. João 1:9; II Cor. 5:21; Rom. 3:24; S. Luc.10:20). E à medida que o crente permanece em Cristo, a graça espiritual lhe é mediada através de nosso Senhor, por meio do Espírito Santo, de modo que ele alcança maturidade espiritual e desenvolve as virtudes e graças que refletem o divino caráter. (II Ped. 3:18; Gál. 5:22 e 23)”.[59]
Pregam publicamente, portanto, que Cristo ainda está ministrando. Não na face da terra, mas no santuário celestial onde intercede ao Pai pelos seus filhos, os quais ainda sofrem as agruras do pecado. Segundo a teologia adventista Cristo está no santuário intercedendo, perdoando, reconciliando e restaurando. [60]
Sobre o julgamento final, realizado pela pessoa de Cristo, professam os adventistas que de acordo com o Dia da Expiação[61] há três fases no julgamente final:
Os eventos do Dia da Expiação ilustram as três fases do divino julgamento final. São elas: 1) O julgamento pré-milenal, (ou juízo investigativo), que também é conhecido como “julgamento pré-Advento”; 2) o “julgamento milenal”; e 3) o “julgamento executivo”, que ocorre ao final do milênio.[62]
Afirma a teologia adventista que há três etapas no juízo realizado por Jesus Cristo[63]. Assim que a pessoa de Jesus Cristo, verdadeiro homem-Deus, está atualmente intercedendo, perdoando, reconciliando e restaurando no santuário celeste em favor da humanidade caída.
Esta doutrina do “Ministério no Santuário Celeste” é o principal dogma da IASD, segundo Vargas.[64] Crê a IASD que o movimento reformatório foi útil no redescobrimento do papel de Cristo como nosso mediador:
Deus não permitiria que o eclipsamento da verdade relativa ao ministério sumo-sacerdotal de Cristo prosseguisse indefinidamente. Através de homens e mulheres fiéis e tementes a Deus, Ele reavivaria Sua causa. A Reforma redescobriu parcialmente o papel de Cristo como nosso Mediador, o que ocasionou grande ravivamento no seio do mundo cristão. Contudo, havia ainda outras verdades a serem reveladas acerca do ministério celestial de Cristo.[65]
Contudo o movimento reformatório não foi completo; pregam que a Reforma não prosseguiu na redescoberta dos mistérios divinos, especificamente, sobre aqueles que, segundo a IASD, profetiza sobre o ministério de Cristo no Santuário Celeste.
Desta forma chegamos ao problema inicial deste trabalho investigativo: O cálculo matemático para a perícope de Daniel 8:
Os 2300 anos haviam findado em 1844. Seu erro [William Muller] - e o de todos os intérpretes daquela oportunidade - foi quanto a sua compreensão de qual evento haveria de ocorrer ao final daquele período profético. Nova luz no tocante ao ministério de Cristo no santuário converteu o desapontamento daquelas pessoas em esperança e alegria. Essa nova visão do ministério celestial de Cristo “não representa um afastamento da fé cristã histórica. Ela é, na verdade, o complemento lógico e a consumação invevitável dessa fé. É simplesmente o aparecimento e o cumprimento, nos últimos dias, da ênfase profetizada que caracterizaria o evangelho eterno... no segmento final de seu testemunho ao mundo.[66]
Baseados portanto nos dois princípios de que (1) o conhecimento sobre a Palavra de Deus é progressivo e que (2) o ministério profético é um dos dons do Espírito manifestado em Ellen Whitte[67], a IASD ensina que Cristo ainda está ministrando no santuário celeste em favor dos homens. É desta forma que Cristo capacita o homem caído a vencer o mundo. Esta afirmação é típica de uma teologia perfeccionista, onde há o erro simplório de se admitir que o homem caído possa ser perfeito em meio à este mundo. Sobre este ponto assim posiciona-se Mueller:
Todavia, em última análise, o perfeccionismo é em si mesmo negligência e rejeição da santificação cristã, uma vez que o perfeccionismo auto-suficiente, negando a sua excessiva pecaminosidade recusa seguir o curso que Deus na sua Palavra prescreveu para a santificação cristã. A verdadeira santificação só ocorre, quando o crente, mediante diário e sério arrependimento suplica humildemente a Deus, lhe perdoe os seus múltiplos pecados por amor de Cristo e em seguida, no poder da fé e confiado na graça de Deus, renova o seu combate ao pecado e sua consagração à santidade.[68]
Já o luteranismo desconhece a doutrina do “santuário celeste”. Afirmam que, de acordo com o Credo Apostólico[69] , Cristo está assentado à destra de Deus, o Pai onipotente, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos. A obra redentora de Cristo é completa e não necessita de outro ministério, seja terreno, seja celestial. Crê que o perdão é dado aos homens mediante palavra e sacramentos (Batismo e Santa Ceia), onde também é fortalecida a fé. No aspecto que envolve a Ceia do Senhor, a IASD não menciona a presença real do corpo de Cristo até porque a Sua pessoa está restrita ao santuário celestial, portanto não podendo estar presente na Ceia ministrada aos homens. Também crêem que o sentido da ceia não pode ser interpretado conforme o texto bíblico:
Jesus utilizou muitas metáforas para ensinar diferentes verdades a Seu próprio respeito. Não podemos tomar qualquer dessas expressões em sentido literal, pois Ele não Se encontra presente em nenhuma porta, caminho ou vinha.[70]
Vê-se a grande diferença entre as duas teologias. Em suma, há uma discordância radical neste âmbito; não há como harmonizar as duas doutrinas nem amenizar as diferenças para um possível ecumenismo interdenominacional em que ambas partes envolvidas permaneçam sem modificar seus pressupostos hermenêuticos de interpretação bíblica.
“Cristologia no movimento Adventista” mostra que é de reiterada urgência uma séria reflexão sobre o conceito sobre a pessoa de Cristo, conforme entendida e confessada pela Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Urge, portanto, que a igreja cristã esteja alerta contra ensinos que deturpam a obra salvífica da pessoa do salvador Jesus, e principalmente, sobre os ensinos que tendem a justificar o homem pelas suas atitudes ou pelo seu cumprimento aos mandamentos. Admitir uma teologia legalista ou que prega ideais perfeccionista, além de não possuir fundamentação bíblica, pode transformar os fiéis facilmente em hipócritas ou então em pessoas sem consolo.
Portanto cremos que deve-se, no seio dos teólogos Adventistas, ser realizado um estudo sério sobre o tema “Lei e Evangelho”, bem como sobre o pretenso ofício profético de Ellen G. Whitte. Como verificou-se, é nesta concepção temática que estão as bases teológicas que impedem um diálogo ecumênico.
É sempre importante ressaltar que resta à igreja cristã restringir-se ao anúncio central do cristianismo: A ressureição. Nela não cabem pensamentos idealistas ou perfeccionistas a respeito do ser humano. É por causa da vitória da pessoa de Cristo sobre a morte que somos consolados e fortalecidos em nosso viver.
Quando afirma-se sobre a necessidade de um diálogo ecumênico, é preciso conhecer os pressupostos hermenêuticos de interpretação bíblica das denominações em questão. Não podemos enclausurar-nos em apologia de uma “teologia ortodoxa”; convém que dialoguemos, mostrando aquilo que cremos, ensinamos e confessamos em contraposição ao ensino de qualquer denominação cristã.
Contudo jamais poderemos, obedecendo à ordem de Jesus Cristo, afastar-nos de todas as verdades ensinadas pelo salvador e manter-nos cativos à Palavra de Deus. Dentro destas verdades, reveladas na Palavra, não podemos admitir um ensino perfeccionista sobre o homem nem tampouco um ensino representativo sobre o Sacramento do Altar.
Interessante, na busca de um diálogo ecumênico, partir dos pressupostos comuns, tais como a divindade e humanidade de Jesus Cristo, para em seguida remover os conceitos teológicos que não possuem base similar.
“Cristologia no Movimento Adventista” não pretende esgotar o tema abordado; faz-se necessário que sempre exista na Igreja Cristã pessoas motivadas e capacitadas para pesquisar, observar e apontar eventuais erros doutrinários que afetam a mensagem central da Revelação divina: A Justificação pela fé em Cristo Jesus.
SOLI DEO GLÓRIA
ASSOCIAÇÃO GERAL DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA; NISTO CREMOS : Ensinos Bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia. Hélio Grellmann, trad. Tatuí, Casa Publicadora Brasileira, 1995.
BÍBLIA SAGRADA. João F. de Almeida, trad. Rio de Janeiro, SSB. 1969.
CASALI, Victor. História de Las Doutrinas Adventistas. Brasília, Ediciones Salt. 1991.
CHEMNITZ, Martin. The two Natures in Christ. Saint Louis, Concordia Publishing House. 1965.
LIVRO DE CONCÓRDIA. Arnaldo Schüler, trad. Porto Alegre e São Leopoldo, Concórdia e Sinodal. 1993.
MAYER, F. E. The Religious Bodies of America. Saint Louis, Concordia Publishing House. 1961.
MUELLER, Jonh Th. Dogmática Cristã. Porto Alegre, Concórdia. 1964.
NUNES, Luiz. Desenvolvimento do pensamento Cristológico na IASD. In: Re vista Teológica do SALT-IANE. 1997. p. 26 - 30
OBRAS SELECIONADAS. VOL 1, 2 e 5. Porto Alegre e São Leopoldo, Concórdia e Sinodal. 1987.
PIEPER, J. T. Dr. C. F. W. Walther, o teólogo. In Revista Igreja Luterana. 1956. p.145-147.
WHITTE, Ellen. O Desejado de todas as nações. Isolina Waldvogel, trad. São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, sd.
[1] Gálatas 1.8
[2] Gálatas 5.13
[3] Doravante, IASD.
[4] MAYER, F. E. The Religious Bodies of America, p. 439
[5] Id. Ibid., p. 440
[6] ASSOCIAÇÃO GERAL DOS ADVENTISTAS DO SÉTIMO DIA: Nisto Cremos. p. 301
[7] CASALI, Victor. História de Las Doutrinas Adventistas. p.132
[8] Para maiores informações históricas sobre a formação cristológica na IASD remetemos o leitor para: NUNES, LUIZ. Desenvolvimento do pensamento Cristológico na IASD. Revista Teológica do SALT-IAENE, 97:26-30, Jan. 1997.
[9] WHITTE. Ellen, apud NUNES, Luiz. Id. Ibid., 29
[10] Id. Ibid., 29
[11] In: LUTERO, Martinho. Dos Concílios e da Igreja; Debates e controvérsias. São Leopoldo, Sinodal; Porto Alegre, Concórdia, 1992. p. 389 ( Obras Selecionadas, 2)
[12] A atual doutrina trinitária deve ser entendida como um fruto de diálogos e entendimentos entre os 3 grupos principais que fundiram-se para que fosse dada existência à atual IASD: O grupo de Hiram Edson que possuía a doutrina peculiar do santuário; o grupo de Joseph Bates com a doutrina peculiar do sábado e o grupo liderado por Whitte com sua doutrina peculiar de uma única e infalível interprete da Bíblia - a profetiza da Igreja.
[13] VARGAS, ELIEZER. Eliezer Vargas é pastor da IASD em Novo Hamburgo; também possui vínculo com a Rádio Novo Tempo. Afirmação registrada em entrevista realizada em 18 de Setembro de 1997
[14] LIVRO DE CONCÓRDIA CA IV, 1-2
[15] NUNES, LUIZ. Op. Cit., p.18
[16] NISTO CREMOS. Op. cit., p. 62
[17] Id. Ibid, 71.
[18] Id. Ibid, 72.
[19] Id. Ibid, 73
[20] NUNES, LUIZ. Op. Cit., 18.
[21] MUELLER, J. T. Dogmática Cristã. Vol. 1, p. 269.
[22] Veja KOEHLER, E. Sumário da Doutrina Cristã. Arnaldo Schüler trad. Porto Alegre, Concórdia. p. 87 ss
[23] FC,VIII p. 526 17-18
[24] Literalmente a conjugação verbal pode deixar indicado que Jesus não mais possui as duas naturezas. Esta afirmação, mesmo podendo ser interpretada, não faz parte do sentido original do capítulo de onde a pesquisa foi realizada. Para informações adicionais remetemos o leitor para: NISTO CREMOS... Op. cit. p.76
[25] Ibid. p. 77
[26] DS VIII, 10 e 11
[27] Não nos deteremos sobre este ponto visto nosso espaço ser reduzido e, tendo em mente que este não é objetivo primeiro deste trabalho.
[28] NISTO CREMOS. Op. Cit., 78
[29] PIEPER, J. T. Dr. C. F. Walther, o teólogo. Revista Igreja Luterana, Porto Alegre, 18 (34): 145-147, 1956. \
[30] Ver Mateus 28.10
[31] WHITE, Ellen. O desejado de todas as nações. p. 567 - 569
[32] Ver Romanos 3. 21-26
[33] NISTO CREMOS, Op. Cit., p. 170
[34] Ver Efésios 4.30 e também 2º Timóteo 1.14
[35] CA IV, 110.70
[36] FC II, 576.77
[37]NISTO CREMOS, Op. cit., p. 172
[38] Id. Ibid, p. 169
[39] NISTO CREMOS, Op. Cit. p. 172
[40] Id. Ibid. p. 173
[41] Ver Romanos 3.28
[42] MUELLER, Op. Cit. p. 50
[43] NISTO CREMOS. Op. Cit. p. 173
[44] VARGAS, Eliezer. Entrevista concedida em 18 de Setembro de 1997.
[45] AP IV, 120.76
[46] Cm 376.12
[47] Confira-se Marcos 14.38
[48] NISTO CREMOS, Op. Cit. p. 174
[49] NISTO CREMOS, Op. Cit. p. 175
[50] Ibid. p 10
[51] Assim que, onde lemos: “... apresentadas na Bíblia”, devíamos ler: “...apresentadas pelo Adventismo”.
[52] Ibid. p. 178
[53] CM 455.55
[54] FC 582.21
[55] WHITE, Ellen. O Desejado de todas as nações. Op. Cit. 508
[56] Êxodo 25.8 ss
[57] NISTO CREMOS. Op. Cit., p.409
[58] Id. Ibid. 410
[59] NISTO CREMOS, Op. Cit. p. 413
[60] Id. Ibid. p. 414
[61] Para maiores informações leia-se Êxodo 34
[62] Nisto Cremos. Op. Cit. 414
[63]Não nos deteremos detalhadamente sobre este ponto escatológico, visto que foge ao objetivo primeiro deste trabalho de pesquisa. Para maiores informações sobre o posicionamento milenista remetemos o leitor para: Os tempos do fim: Um estudo sobre escatologia e milenismo. Relatório da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da Lutheran Church - Missouri Synod, GERSON LINDEN Trad. Setembro 1989.
[64] VARGAS, Eliezer. Entrevista concedida em 18 Setembro de 1997
[65] NISTO CREMOS, Op. Cit., p. 420
[66] NISTO CREMOS, Op. Cit. 423
[67] TIMM, Alberto. Tese não publicada.
[68] MULLER. Op. Cit. p. 81
[69] OS TRÊS SÍMBOLOS ECUMÊNICOS. Livro de Concórdia, p. 19
[70] NISTO CREMOS. Op. Cit., p. 272