Os "poucos" de Sardes
Muitos irmãos "bons" me dizem que sabem que as congregações das quais são membros estão empenhadas em práticas para as quais não há autorização divina. Elas deploram a situação – a ouvir o que dizem – mas ficam horrorizadas com qualquer sugestão de que podem adorar em algum outro lugar. Não havia "uns poucos em Sardes" aceitáveis por Deus? Deus lhes mandou sair daquela igreja?
O rompimento de laços congregacionais não é uma coisa a ser aceita levianamente. Muito dano tem sido causado por pessoas voluntariosas que correm daqui para acolá, demasiado imaturas para estabelecer uma relação feliz de trabalho com outros. Se aqueles que brincam de esconde-esconde com a mítica igreja local "perfeita" puderem encontrar um grupo assim, sua admissão mudaria o seu status. "Perfeição" para santos, individual e coletivamente, consiste em luta para esquecer o passado e "esforço" em direção à meta divina. (Filipenses 3:13-15).
Mas quando se torna evidente que tal atitude para com a palavra de Deus foi abandonada — quando os irmãos não fazem nenhum esforço para "provar todas as coisas" pelas Escrituras, e resistem aos esforços honestos para estudar questões à luz da palavra de Deus — a situação em Sardes (Apocalipse 3:4) justifica que eu tolere, apóie e seja parte desta igreja em erro?
Apocalipse 3:4 descreve as condições em uma igreja "pronta para morrer", uma igreja sendo advertida que Deus não tolerará por muito tempo tais condições. É ridículo pensar que Deus pedisse aos "poucos" que aceitem, tolerem e apóiem de modo permanente o que ele logo negará. O reconhecer os "poucos" que não tinham "contaminado suas vestimentas" mostra que somos julgados como indivíduos; e certamente não isenta estes "poucos" da responsabilidade individual de combater o erro. Ao contrário, indica que eles deveriam ter estado "combatendo o bom combate", opondo-se ao erro e buscando restaurar os caídos.
Na carta anterior (Apocalipse 2:18 e segs.), Cristo censurou os irmãos de Tiatira por tolerarem "essa mulher, Jezabel..." "Tolerar" quer dizer "permitir", recusar-se a se opor. O Senhor deu a ela tempo para se arrepender, mas disse que, se não se arrependessem, mataria seus filhos. Isto ensinaria que podemos "permitir" ao pecado continuar sem oposição na igreja de hoje, sem colhermos nenhum mau resultado? Certamente que não!
Apocalipse 2:1-7 registra o estado da igreja de Éfeso, ao tempo em que o texto foi escrito. Pois naquele tempo o Senhor continuava a reconhecer aquela congregação, mas disse: "arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas".
O fato de haver "uns poucos fiéis" em Sardes, ao tempo em que esta carta foi enviada, não oferece consolo àqueles que comprometem convicções e se recusam a aceitar suas responsabilidades individuais por servir ao Senhor. Uma Jezabel ou um Diótrefes (3 João 9) pode controlar uma igreja somente porque estes assim chamados "bons" irmãos permitem e apóiam os atos deles. Estas vestimentas não estão brancas. Estão manchadas com o sangue dos mártires cujo rogo de pureza foi afogado no brado hipócrita: "Conservem o partido!!"
–por Robert Turner