PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO
Biografia: O nome original de Pedro era o nome hebraico Simeão ( Atos 15.14; 2 Pedro 1.1 ), talvez, à semelhança de muitos judeus ele também tivesse adotado o nome Simão , como um nome grego de som semelhante. O nome de seu pai era Jonas ( Mateus 16.17 ); Pedro era casado ( Marcos 1.30 ) e, ao que nos indicam as palavras de 1 Coríntios 9.5, a sua esposa o acompanhava em seu ministério. Pedro tinha a sua residência em Cafarnaum , na Galiléia, perto do Mar da Galiléia ( Marcos 1.21 ), onde trabalhava como pescador. O irmão de Pedro, André, tinha um nome de origem grega. Pedro falava aramaico, com um sotaque inconfundível dos judeus da parte Norte da palestina ( Marcos 14.70 ). André, seu irmão, foi discípulo de João Batista ( João 1.39 ) , e muitos estudiosos querem dizer que Pedro também o tivesse sido. Foi como discípulo de Jesus que Simão recebeu o seu novo título: Cefas. Cefas é uma palavra aramaica que significa Pedra. No Novo Testamento, esse nome aramaico aparece traduzido muitas vezes pelo seu equivalente grego Petros, de onde vem o nome Pedro. Pedro foi um dos primeiros discípulos a serem chamados por Jesus, e aparece sempre em primeiro lugar na lista dos doze. Também foi um dos três que formaram o círculo de discípulos mais íntimos de Jesus, juntamente com Tiago e João. Sua gênio impulsivo é sempre retratado na Bíblia, e ele agia, algumas vezes, como porta-voz dos demais discípulos ( Mateus 15.15; 18.21; Marcos 1.36; 8.29; e outros ). Talvez, os momentos mais marcantes da sua vida, relacionados ao ministério de Jesus, sejam nos episódios onde Jesus anda sobre o mar ( Mateus 14.22-33 ); a confissão de Pedro ( Mateus 16.13-20), a Transfiguração de Jesus ( Mateus 17.1-8 ); a negação de Pedro ( Mateus 26.69-75 ); Pedro e João vão ao sepulcro de Cristo ( João 20.1-10 ); a restauração de Pedro ( João 21.15-23 ).
Pedro teve uma participação marcante na expansão da Igreja Cristã. O livro de Atos dos Apóstolos registra a sua importante atuação na evangelização dos judeus e gentios. Ele começa agindo no dia de Pentecostes, quando profere um bonito sermão e três mil pessoas são batizadas ( Atos 2 ). No capítulo 3 de Atos, Pedro vai ao templo e, ali ocorre a cura de um homem coxo, o que serviu para que ele pudesse novamente pregar à multidão que concorria acerca daquele milagre. Por causa da repercussão desse sinal, Pedro e João são presos e discursam perante o sinédrio ( Atos 4 ). Pedro é o protagonista numa das mais duras cenas de toda a Bíblia: a morte de Ananias e Safira, quando o apóstolo foi o portador da palavra de sentença aquele casal incrédulo ( Atos 5 ). Eles são presos mais uma vez, sendo libertados por um anjo do Senhor. Daí em diante, o vemos pregando em Samaria, onde se defrontam com Elimas, o mágico. No capítulo 10 de Atos, vemos Pedro anunciando o evangelho na casa do centurião Cornélio e, capítulo 11, defendendo a sua atitude de pôr-se entre os gentios para pregar a mensagem da salvação. Depois disso vemos a sua prisão ( Atos 12 ) e a sua maravilhosa libertação, novamente gerenciada por um anjo do Senhor. Há referências que ele tenha estado em Corinto ( 1 Coríntios 1.12 ). Por fim, há indícios que ele esteve em Roma, onde possivelmente morreu, segundo a tradição, crucificado de cabeça para baixo. Esses indícios são, porém, baseados no fato de ele mencionar o lugar onde estava, em 1 Pedro 5.13, como sendo Babilônia, numa linguagem figurara para referir-se à Roma.
1 - Os Destinatários: A primeira carta de Pedro é endereçada a cinco províncias da Ásia menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia ( 1.1 ). Pedro denomina os destinatários desta carta de : forasteiros da dispersão. Isto significa dizer que se tratavam de cristãos gentios que eram peregrinos em um mundo descrente ( 2.11 ). Os destinatários estavam sendo perseguidos ( 3.16,17 ) e eram ridicularizados, difamados, acusados de deslealdade com o Estado ( 4.14,16 ). Mas nada indica que houvesse uma perseguição oficial e geral. Devia ter sido uma perseguição do ponto de vista social, da parte dos gentios que não admitiam que aqueles cristãos vivessem de uma forma diferente deles.
2 - O Propósito de 1 Pedro: O objetivo do apóstolo parece ser duplo: consolar os cristãos perseguidos e admoestar a que permaneçam na fé e na vida cristã santificada. Pedro escreve, compartilhando com eles as mais preciosas palavras da graça de Deus, graça esta que ele mesmo experimentara, e a plenitude da esperança cristã. Ele admoesta aqueles cristãos a viver uma vida compatível com a graça de Deus e com a suprema esperança da vida eterna, que proclame a salvação que eles têm a um mundo perdido e hostil ao evangelho. Ele parece querer lançar os olhares dos seus leitores na graça de Deus de forma tal a que permaneçam firmes nela ( 5.12 ).
3 - Tema e Conteúdo: Tema: A grande esperança do Cristão. Conteúdo:
3.1 - Introdução: 1.1,2: Pedro saúda os leitores da dispersão em nome do Deus Triúno ( presciência de Deus, santificação do Espírito e aspersão do sangue de Cristo ).
3.2 - A esperança eleva o cristão acima de todos os sofrimentos do tempo presente 1.3-12;
3.3 - A esperança requer que os cristãos, como novo povo de Deus, vivam uma vida santa e irrepreensível 1.13 - 5.11
1 - Devem viver a sua vida ,especialmente num ambiente pagão, submetendo-se às autoridades ( 2.11-17 ); os servos submetendo-se aos patrões ( 2.18-25 ); as mulheres e os maridos relacionando-se corretamente ( 3.1-7 ); os cristãos, em geral, demonstrando as suas virtudes cristãs ( 3.8-12 ).
2 - Também nas tentações e aflições devem levar uma vida paciente e mansa, ficar firmes na fé cristã e buscar conforto na lembrança do sofrimento e exaltação de Cristo ( 3.13-4.6 ).
3 - Essa vida deve ser vivida em amor fraternal, tendo em vista a vinda de Cristo ( 4.7-11 ). Devem estar dispostos a sofrer pacientemente as provações ( 4.12-19 ), e cumprir fielmente os seus deveres na congregação ( 5.1-5 ), ser sóbrios e vigilantes em face ao diabo e às tentações, sendo que Deus mesmo os há de aperfeiçoar, firmar , fortalecer e fundamentar ( 5.6-11 ).
4 - Conclusão: Inclui notícias pessoais e saudações, com uma bênção final.
4 - Tempo e Lugar : Pedro envia saudações a seus leitores, dizendo que está na Babilônia ( 5.13 ). Isso, sem dúvida, é uma referência a congregação que estava em Roma, porque ele a chama de eleita , e a palavra grega Igreja é feminina. Babilônia, desde o Antigo Testamento tornou-se símbolo da corporação do poder mundial inimigo de Deus. É assim considerada no Apocalipse. E, assim, Pedro emprega esse nome para referir-se a Roma, sendo Roma um lugar onde imperavam poderes anticristãos e práticas idólatras. Ao que tudo indica, ele deve ter escrito essa sua primeira carta por volta do ano 64 Depois de Cristo.
5 - Características: A primeira epístola de Pedro é muitas vezes chamada de A Carta da Esperança. E ela expressa a esperança do cristão que, firme na sua fé, confia em Cristo e supera todas as dificuldades. Erasmo de Roterdã, o maior humanista da Idade Média, disse que esta carta era fraca em palavras mas rica em conteúdo.
6 - A Graça de Deus em 1 Pedro: Pedro fala da graça de Deus especificamente em 5.12 : " ... testificando que esta é a genuína graça de Deus; nela estai firmes". Pedro leva o evangelho da graça a cristãos que estavam sendo perseguidos. Pedro mostra a Jesus como exemplo nas adversidades, ele que sofreu, para presenteá-los com a esperança, num mundo hostil: " Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada para vós outros " ( 1.3,4 ) " a quem não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória, obtendo o fim da vossa fé, a salvação da vossa alma." ( 1.8,9 ). É o evangelho da graça de Deus que conforta e dá esperança ao cristão em tempos de tribulação e perseguição.
7 - Lutero sobre 1 Pedro: " Esta epístola, o apóstolo Pedro escreveu para gentios convertidos; ele exorta-os a permanecer firmes na fé e a desenvolver a fé em meio a todo tipo de sofrimentos. Exorta-os a prática de boas obras. Ele procura fortalecer a sua fé através das promessas divinas e do poder da salvação futura. Ele os ensina a conhecer a Cristo como Cabeça e Pedra Angular, e como verdadeiro sacerdote que sacrificou-se por eles a Deus. E ele dá instrução de como eles deveriam viver nos mais diferentes estados. Ele os exorta a viver sobriamente, de forma vigilante, temperada, uma vida de oração e encontrar conforto e força nos sofrimentos de Cristo. Ele exorta os pastores a como eles deveriam viver e cuidar do povo.