NAMORO, NOIVADO E CASAMENTO
(Baseado no livro “Do namoro ao casamento do Pr. Erni Seibert)
1. Quem somos?
Assim como todas as coisas que existem neste mundo, nós somos criaturas de Deus. Fomos criados de forma maravilhosa por Deus (Sl 139.13-17).
Deus criou todas as coisas de forma perfeita. E o ser humano foi criado de uma forma toda especial. Ao homem caberia dominar toda a criação e ser aquele que refletiria a imagem de Deus.
Na criação do homem Deus providenciou uma companheira para que também neste aspecto fosse tudo “muito bom”. (Cf. Gn 2.18)
Infelizmente, por culpa do próprio ser humano, esse “muito bom” não perdurou. O ser humano, com sua desobediência à vontade de Deus, trouxe sobre si o juízo de Deus e, sobre sua existência, muitas dificuldades e sofrimentos.
Mas do tempo do “muito bom”, do período antes da queda em pecado, Deus preservou o matrimônio e a família, permitindo-nos que, mesmo em meio a muitos sofrimentos e dificuldades, tivéssemos oportunidade de amparo e convívio agradável.
Deus fez os seres humanos diferentes uns dos outros. Cada ser humano é diferente em relação ao seu semelhante. Entre as características próprias de cada ser humano está também o ser homem ou mulher. E com estas diferenças Deus criou um para o outro.
Este encontro entre um homem e uma mulher está dentro dos planos de Deus e é uma das experiências mais sublimes e enriquecedoras da vida humana. Sendo assim, devemos nos submeter ao conselho e orientação de Deus na busca e no convívio com o companheiro ou companheira.
2. O namoro
Com a chegada da juventude, abre-se um mundo novo na vida da pessoa. Surgem novos sentimentos, novas perspectivas e novos ideais. Transformações muito grandes precisam acontecer. O mundo adulto parece, por vezes, falso, hipócrita. O jovem defronta-se com conflitos e precisa tomar posicionamentos.
Para o jovem pode ser muito difícil encontrar-se em meio a toda esta mescla de sentimentos, despertamentos e acontecimentos. Para poder criar a sua própria identidade, o jovem seleciona os seus próprios heróis e vilões, exemplos a serem imitados e exemplos a serem evitados.
Para que não haja fracasso e desespero em meio a todo este turbilhão, o jovem necessita ter boa estrutura e bom amparo nas horas difíceis. Para isto é importante uma boa educação cristã e uma ocupação adequada do tempo, entre vida espiritual, estudos, esportes, lazer e trabalho.
O jovem cultiva as suas amizades. Alguns conservam os mesmos amigos da infância e outros conquistam seus amigos entre os colegas de aula, vizinhança, e assim por diante. Alguns são amigos especiais, nos quais se tem confiança e para quem se é capaz de abrir o coração. Viver sem amigos é extremamente difícil e penoso.
Nada melhor que cultivar boas amizades que procurá-las entre os irmãos na fé, que confiam no mesmo Deus e servem o mesmo Salvador. Reuniões de jovens cristãos são terreno fértil para amizades e convivência sadia.
Destes encontros entre jovens, de repente, uma pessoa passa a receber atenção especial. Nasce um sentimento especial. E o jovem se pergunta: “Será isto amor?”
Não há erro algum no fato de alguém gostar de uma pessoa do sexo oposto. Mas uma série de temores ocupa a mente daquele que desperta para o amor, do tipo: “serei correspondido?”, “e se a pessoa de quem eu gosto não gostar de mim?”
Os meios de comunicação modernos despejam uma série de informações e forçam de uma maneira descomunal as pessoas em relação e este assunto. Crianças pequenas são estimuladas a falarem em namoradinhos. O comportamento das pessoas em relação ao namoro é manipulado de tal forma que se torna muito difícil, especialmente para o jovem, saber qual o comportamento mais adequado diante desta situação.
Mas qual a idade para se começar a namorar? O namoro numa idade muito jovem é desaconselhável. No início da juventude deveríamos nos preocupar em cultivar boas amizades. No namoro estão envolvidos sentimentos muito profundos, sendo que um namoro desfeito sempre causa cicatrizes profundas na pessoa. Por isto, quando se trata dos sentimentos alheios, todo cuidado e respeito pelo outro são necessários.
Certa vez uma filha estava conversando com a mãe sobre a dúvida que tinha de namorar ou não um rapaz. A mãe lhe respondeu: “Minha filha, se tu gostas do rapaz, podes namorá-lo. Deves gostar do rapaz e não do namoro”. Devemos escolher pessoas de quem gostamos e ao lado de quem queremos passar a vida.
O jovem cristão deve pedir a Deus em oração que Ele lhe ajude a escolher um(a) namorado(a) que seja um companheiro para a juventude e por toda a vida. Deve também pedir a Deus que lhe conceda no namoro uma conduta digna de um cristão e lhe ajude a perceber se aquela é a pessoa ao lado de quem passará toda a sua vida.
Age bem o casal de namorados que fala conjuntamente com Deus em oração. Isto favorecerá o clima de sinceridade que deve haver entre o par. A fé cristã irá também dirigir o comportamento dos namorados.
O sentimento que um namorado tem pelo outro pode com o tempo modificar-se, intensificar-se ou desaparecer. Embora nem todos os namoros terminem em casamento, a verdade é que qualquer namoro pode terminar em casamento.
Um dos assuntos que os namorados não devem evitar ou deixar para resolver mais tarde é em relação à religião. Se os namorados forem da mesma igreja, ambos deverão participar juntos das atividades da sua congregação. Se forem de igrejas diferentes, devem falar com franqueza sobre o assunto. Devem procurar conhecer melhor as igrejas às quais pertencem e, orientados pela Bíblia, permanecer com a verdade. Embora as pessoas possam conviver com diferenças religiosas no namoro e até no casamento,elas são empecilhos para a felicidade no casamento.
3. O noivado
Quando um casal de namorados considera que se conhece o suficiente para poder desejar o casamento como união de amor para a vida inteira, ocorre o noivado. Noivado é um compromisso assumido por namorados que se dispõe, depois de algum tempo, a ingressar no casamento.
Geralmente o noivado é realizado através de uma cerimônia pública ou particular, em que os noivos passam a usar alianças e afirmam desejar sinceramente o casamento. É um período de amadurecimento para o casamento.
Pode ser solicitado que o noivado seja celebrado com uma cerimônia especial, na presença do pastor. Esta cerimônia pode ser realizado na casa de um dos noivos ou onde estes considerem mais conveniente.
Namorados cristãos também desejarão a aprovação dos pais para o seu noivado. Por isso deveriam compartilhar sua decisão com os pais e pedir seu consentimento para o mesmo. Os pais não devem, sem motivo justo, se opor à realização do noivado.
Um noivado nunca deveria ser muito prolongado. Em princípio, deveria acontecer tendo a data de casamento em vista.
O noivado é um período em que os namorados devem amadurecer o seu relacionamento, discutindo os assuntos mais importantes que irão acontecer no casamento.
Embora o noivado prepare para o casamento, ele é distinto do mesmo. O fato de duas pessoas quererem se unir por toda a vida no matrimônio, ainda não as torna casadas e elas não têm os direitos de casamento.
O noivado não deveria ser rompido levianamente. É importante que os noivos aprendam desde cedo a resolver os desentendimentos normais que existem num relacionamento de duas pessoas e a ter momentos conjuntos de oração em favor do seu relacionamento. Mas, quando os noivos estão seguros de que a continuação do noivado e o casamento irão resultar em fracasso ainda maior, o rompimento do noivado pode ser considerado.
4. O casamento
Um provérbio citado pelos antigos diz: “Devemos orar uma vez antes de ir à guerra, duas vezes antes de viajar: três vezes antes de casar.” Ele retrata a seriedade da decisão sobre o casamento e a necessidade absoluta da bênção de Deus.
O casamento faz parte da ordem da criação de Deus, quando Ele julgou que não era bom que o homem estivesse só e lhe providenciou uma companheira. A união de um homem e uma mulher estabelece a ordem do casamento.
Com o casamento, cria-se uma pequena célula da sociedade humana. O casamento é uma das dádivas mais preciosas que Deus concedeu a humanidade, à medida que através dele Deus concede segurança emocional, amparo e criação responsável de filhos.
Com a queda em pecado, o casamento também passou a ser atingido pela desarmonia. Mas, mesmo assim, Deus não abandonou os seres humanos neste estado que lhe é agradável.
Para ocorrer o casamento não pode haver nenhum empedimento, como grau de parentesco próximo ou um dos noivos estar casado. Por isso, antes do casamento são feitos proclamas para que, se alguém souber de algum empedimento, tenha a oportunidade de manifestar-se antes do mesmo.
O casamento tem sua duração até que ocorra a morte de uma das partes. A separação de um casal, não motivada pela morte de uma das partes, sempre é desagradável a Deus e implica em pecado contra a vontade de Deus. A Bíblia reconhece que pode ocorrer separação em casos especiais: quando uma das partes comete adultério, abandona maliciosamente a família ou não possui a verdadeira fé. Mesmo sendo desagradáveis a Deus, estas separações podem ocorrer (Mt 5.32; I Co 7.15; At 5.29), mas pelo menos uma das partes cometeu pecado.
O casamento cristão deve ser mantido em piedade e honra, sendo que os casais devem, antes de tudo, render culto a Deus e servi-lo, fazendo Cristo ser também a pedra angular da família. É na Bíblia que casais tementes a Deus buscam orientação e força para viverem a vida comum do lar.
5. Casamento Civil e Religioso
Martinho Lutero, falando sobre o casamento, disse que o mesmo pertencia à ordem deste mundo e não à ordem da igreja. Isto porque o mesmo não interessa apenas aos noivos, mas interessa à sociedade como um todo, pois o mesmo deve ser publicamente reconhecido. Por isso, quando um casal apenas comparece diante da autoridade civil para oficializar o seu casamento, ele está perfeitamente casado, inclusive diante de Deus.
O casamento religioso é a cerimônia em que os noivos, sendo um deles ou ambos cristãos, vão até a casa de Deus pedir que Ele abençoe sua união. No casamento religioso, a união do casal é abençoada com a palavra de Deus e a oração. A Constituição de 1988 estabeleceu o casamento religioso com efeito civil (art. 226).
O marcar a data e horário do casamento religioso devem ser feitos em comum acordo com o pastor. Assim que os noivos tiverem escolhido para si a data que mais lhes convém, devem falar com o pastor para saber se é possível o casamento na data escolhida.
A cerimônia do casamento na igreja pode ser realizada em ocasião especial ou mesmo durante a celebração de um culto normal da congregação.
Os noivos podem escolher um versículo que será o lema para o futuro lar. O pastor pode basear a sua mensagem neste texto.
6. A vida cristã no lar
Quando Cristo é a pedra angular de um lar, isto pode ser claramente notado. Neste lar há leitura da Palavra de Deus e oração e os seus membros estão engajados nas atividades e no trabalho da sua congregação. Deus está presente no dia-a-dia desta família.
A devoção diária é um dos hábitos mais salutares da família cristã. Por isso, é importante que haja um horário certo para as devoções, para que não sejam esquecidas e abandonadas.
Como o envolvimento nas atividades e no trabalho de uma Congregação faz parte da vida de uma família cristã é importante que esposo e esposa pertençam a mesma igreja. O ideal é que se consiga um consenso sobre a questão de igreja. Se não se consegue isto, deve-se continuar o diálogo. Se antes do casamento alguém traz grandes dificuldades religiosas para o seu par, dificilmente estas questões deixarão de existir depois do casamento. O casamento, em si, não converte ninguém.
Existem algumas tradições que não têm nada a ver com o ensino da palavra de Deus, como por exemplo a moça seguir a religião do seu esposo. Devemos seguir a igreja que a palavra de Deus indica que ensina corretamente e administra os sacramentos conforme a vontade de Deus.
Ocorrem muitos casamentos de pessoas de igrejas diferentes. Geralmente ou uma ou as duas partes esfriam na sua vida espiritual. A situação se torna mais difícil com a chegada dos filhos. Nestes casos, o estudo da palavra de Deus no lar e a oração pedindo orientação divina assumem importância bem especial. Deve-se pedir que Deus ajude a chegar àquele consenso que seja mais agradável a Ele.
A situação é bem mais difícil quando no casal um é cristão e o outro é membro de uma religião não-cristã ou é ateu. Neste caso, o cristão deve se esforçar muito para trazer seu par para Cristo. Caso não consiga, deve refletir muito bem se é aconselhável unir-se a alguém que não ama a Deus e não aceita o mesmo Salvador.
7. A estrutura da família
A palavra de Deus fala numa estrutura da família, que segue o modelo que Ele criou para a mesma.
Deus não estabeleceu entre homem e mulher que um seja superior ao outro, pois ambos são pecadores e precisam da graça de Deus em Cristo para sua salvação. No entanto, na organização da família, Deus estabeleceu um plano onde deu responsabilidades diferentes e papéis diferentes para o homem e a mulher (Ef 5.21-28,33).
É claro que o apóstolo Paulo, ao descrever este relacionamento de família, fala de um lar cristão. Neste lar, marido e mulher sujeitam-se um ao outro no temor de Cristo. A partir deste sujeitar-se um ao outro, o apóstolo explica que, no lar, há uma estrutura estabelecida por Deus que segue o mesmo modelo da estrutura existente entre Cristo e a igreja.
O que a Bíblia ensina é uma submissão não no sentido de subordinação, mas sim no sentido de coordenação. Na sociedade conjugal, o marido assume a liderança por ordem e direito divinos. Isto não significa que ele tem uma responsabilidade especial diante de Deus. A liderança que o marido exerce junto à família nunca será uma liderança tirana, mas uma liderança movida pelo amor, o mesmo amor que Cristo teve pela igreja e que fez com que ele se entregasse à morte pela igreja. Para desempenhar esta liderança, ele ouve os conselhos e ponderações da esposa e as orientações de Deus na sua Palavra.
Assim como para marido e mulher são estabelecidos por Deus responsabilidades diferentes, assim também acontece para pais e filhos. Aos pais Deus ensina que não devem provocar os seus filhos à ira, mas criá-los na disciplina e na admoestação do Senhor (Ef 6.4). Aos filhos cabe obedecer aos pais no Senhor, pois isto é justo (Ef 6.1-3).
Quando o relacionamento entre os pais é harmonioso, mais fácil será para eles educarem os filhos. Quando os pais dão o exemplo de submissão ao Senhor, os filhos aprenderão desde cedo a fazê-lo.
8. O dia-a-dia no lar
Ao longo da vida de um casal, o amor ou o sentimento de um para o outro vai se modificando. Existem, com o passar dos anos, novas ênfases, novas descobertas, novos interesses que precisam ser aprendidos e aceitos. Por isto, o dia-a-dia de um lar é muito variado e enriquecedor. Quase sempre, quando um casamento entra na rotina, é porque o casal não está mais tão preocupado um com o outro.A compreensão, o diálogo, a sinceridade e o perdão também devem estar presentes no matrimônio.
9. Uma só carne
Quando a Bíblia fala no matrimônio, ela sempre de novo repete a expressão “uma só carne”(Gn 2.24; Mt 19.5,6; Ef 5.31). Esta expressão revela a união mais perfeita que há entre marido e esposa no casamento. E, sem dúvida alguma, uma expressão desta união perfeita se dá no relacionamento sexual.
O sexo está dentro da criação de Deus. Ele estava incluído naquilo que Deus chamava de “muito bom”. Ele em si, não é pecaminoso ou mau. No entanto, por causa da queda do ser humano em pecado, o sexo também foi atingido pela corrupção humana. Com isto, o sexo foi e continua sendo utilizado fora dos propósitos para os quais Deus o criou, causando assim, corrupção e depravação.
O sexo é um dom de Deus. Deus o criou, não por acidente, mas com um propósito. Ao criar os seres humanos, de forma a serem homens e mulheres, Deus ressaltou ainda mais o “muito bom” da sua criação. Deus criou o sexo para que, dentro do casamento, houvesse o prazer e para que houvesse a procriação. Não apenas um, mas ambos.
10. Paternidade responsável
Filhos são bênção que Deus derrama sobre a vida do casal. Filhos não são condenação para a vida da família. No entanto, Deus não determina ao casal o número de filhos que o mesmo deva desejar. O que Deus ensina é que os filhos devem sempre ser aceitos com alegria, como sendo bênção que ele entrega ao casal.
A paternidade não implica apenas gerar filhos. Implica também alimentá-los, vesti-los, educá-los, dar-lhes segurança física, emocional e espiritual. É claro que nem sempre se conseguirá atender a todos os requisitos, mas pelo menos deve-se considerar todos. A partir disso o casal pode planejar o número de filhos que deseja ter, mas sem esquecer que a decisão suprema é de Deus.
Conclusão
Quando falamos sobre namoro, noivado e casamento devemos estar atentos ao que diz a palavra de Deus sobre isto. No Senhor, homem e mulher, namorado e namorada, noivo e noiva, pais e filhos, encontrarão a verdadeira felicidade e plena realização de suas vidas em particular e de suas vidas em família. Do Senhor depende toda a bênção e a felicidade. Que todos saibam procurar estes dons onde se pode achá-los, ou seja, em Deus.