7º Domingo Após Pentecostes.
Textos Biblicos: Sl 136.1-9(23-26); Is 55.1-5; Rm 9.1-5(6-13); Mt 14.13-21.
Texto base: Mt. 14. 13 – 21.
Tema: Daí vocês mesmo de comer a eles.
Dia 28 de julho, quinta feira que passou, lembramos com muito orgulho o dia do agricultor. Uma homenagem mais do que justa, a esta categoria de trabalhadores que protagonizou e ainda vem colaborando para o desenvolvimento do nosso país. É o agricultor que com a providencia Divina, produz o alimento, que orgulhosamente vai para a mesa de suas próprias famílias e ainda para a mesa de milhões de pessoas tanto no Brasil quanto no mundo.
Os Agricultores de uma forma geral estão vivenciando uma era de transformação técnica e acréscimo de tecnologia na agricultura que visa aumentar a produção dos alimentos tanto em quantidade quanto em qualidade.
De fato, a mão de Deus se mostrou também na ciência e grandes avanços são visíveis na maneira como produzimos alimento. Hoje a somatória de produção de alimentos no mundo ultrapassa 7 vezes a necessidade de consumo mundial. Isso quer dizer que o mundo produz 7 vezes mais do que é preciso para alimentar todas as pessoas do planeta.
No entanto, apesar dos progressos científicos do Homem e dos avanços no domínio da técnica, a fome no mundo está a aumentando. Segundo dados do fundo das nações unidades para a agricultura, hoje no mundo, 925 milhões de pessoas passam fome, o que causa uma media de uma morte a cada 3 segundos por falta de alimentação.
Caro irmão e amigo, o que está impedindo o alimento que esta sendo produzido na sua propriedade a chegar à mesa das pessoas? Se Deus permite ao mundo produzir sete vezes mais do que produz, porque tantas pessoas passam fome? Será que a fome no mundo é culpa de Deus?
Ora amados, na verdade algumas de nossas próprias atitudes tem colaborado para que estes dados alarmantes de fome e miséria cresçam diariamente. Dados mostram que o Brasil é um dos principais produtores de alimento do Planeta, mas também o brasileiro é um dos principais desperdiçadores de alimento do planeta.
O país desperdiça anualmente R$12 bilhões em alimentos que poderiam alimentar 30 milhões de pessoas carentes. Perto de 44% do que se produz é perdido entre o campo e mesa das pessoas. São 20% de perca na hora colheita, 8% no transporte e armazenamento, 15% na indústria de processamento e 1% no varejo. Que soma 44% de perda antes do consumidor final. A isso somamos nossos mal hábitos caseiros, processamento culinário e hábitos alimentares, que aumentam as perdas em mais 20%. Assim chegamos a conclusão de que 64% do que produzido em nosso pais deixa de ir para a mesa das pessoas e vai para o lixo.
Fora este fator, existe ainda a especulação monetária em cima do alimento, fazendo o alimento sair do campo a preços muitas vezes injustos para quem o produz, e a chegar na mesa do consumidor com preços quase que inacessíveis.
Com esta forma de administrar os recursos disponibilizados por Deus para nós, fica difícil jogar a culpa da fome em Deus, pois comida ele esta provendo de maneira suficiente, nós é que não estamos sabendo usar e distribuir a comida.
A questão da má alimentação mundial é só uma das pontas desequilibradas em nossa sociedade. Falta também o acesso a moradia, educação, segurança e saúde. Não falta recurso para nós, falto sim aprendermos a utilizar de maneira justa os recursos que Deus nos dá.
A multidão com a qual Jesus se deparou quando saiu para descansar é na verdade o retrato fiel da má organização social em que estamos inseridos. Somos uma sociedade edificada sobre critérios egoístas onde cresce de modo assustador a indiferença e a solidão entre as pessoas.
Muitas vezes acabamos nos preocupando apenas com o nosso próprio umbigo e esquecemos- de ter o mesmo olhar de compaixão e misericórdia que Jesus teve ao avistar aquela multidão. Os discípulos avistaram a multidão, entenderam a necessidade de alimentá-los, mas não queriam assumir compromisso com isso e por isso sugeriram a Jesus que os dispensassem para as aldeias a fim de cada um comprasse comida para si.
Quantas vezes nos colocamos alheios aos problemas sociais que nos rodeiam? Quantas vezes vemos os problema do nosso próximo, mas deixamos que ele se vire para resolver por si próprio o seu problema. Qual vai ser por exemplo, a nossa atitude para melhorar a distribuição de alimentos e fazer com que ele chegue a mesa de mais pessoas? Vamos entregar os pobres e necessitados a sua própria sorte e esperar que Cristo venha novamente a terra para fazer a multiplicação de pães e peixes.
Nos fomos chamados pelo Evangelho, e iluminados pela Ação do Espírito Santo que cria em nós Dons verdadeiramente puros, porque são dons que nascem do amor demonstrado por Cristo ao nos salvar na cruz.
Nós os Crentes em Cristo, somos chamados por Deus a vivermos não mais como pecadores egoístas, mas sim, como filhos amados de Deus. Cristo mostrou aos discípulos que a conversão a ele implica vivermos a partilha fraterna. Implica estarmos alertas para a boa organização social. Implica sermos compromissados com aqueles que passam por dificuldades.
Quando os discípulos queriam dispensar a multidão para cada um se virar e arranjar para si o que comer, Jesus fez a eles um chamado que serve também para nós. Jesus disse: Daí vocês mesmo de comer a eles.
A fé em Jesus Cristo, e o reino da salvação que agora nós vivemos, nós faz repensar nossas atitudes com relação a distribuição de alimentos, educação de nossos filhos, segurança de nossa sociedade e saúde de nosso povo.
Quando Jesus diz: daí vocês mesmos de comer a eles, Jesus esta nos chamando ao compromisso com a organização social, começando pela conscientização política e pela mudança e abandono dos hábitos que causam o desperdício, pela ajuda e partilha com aqueles que estão em necessidade.
Quando aprendermos a administrar corretamente os recursos que Deus deixou para manutenção da vida na terra, estaremos sendo também as mãos de Jesus que continuam fazendo ainda hoje a multiplicação dos Paes e peixes para alimentar multidões. Quantos menos alimentos desperdiçarmos, mais alimento estarão disponíveis para o acesso dos necessitados. Quantos mais estivermos comprometidos com a educação moral e espiritual, menos problema teremos com segurança e saúde.
Ou seja, a salvação conquistada por Cristo não apenas benefícios para a vida depois da morte. Mas a salvação dada por Cristo nos ajuda a transformarmos a maneira errada que temos de viver em uma vida nova de filhos de Deus. Melhorando em todos os aspectos a nossa qualidade de vida e a do nosso próximo.
Cabe a nós sermos uma parábola viva do amor de Deus através dos ensinamentos que Cristo nos deixou. Cristo nunca nos ensinou que o dinheiro é a raiz de todo o mal, mas a raiz de todo mal esta no coração humano que faz mal uso do dinheiro e de todos os recurso disponíveis.
Mas quando Cristo esta no nosso coração, ele nos ensina a usarmos com propriedade a luz do amor cristão tudo aquilo que nos é disponível. Cristo colocou-se a nosso serviço unicamente porque nos amou. Assim ele também nos ensinou a amar o próximo, colocando tudo o que temos e somos para servir a Deus em amor ao próximo.
Que Cristo Jesus, o verdadeiro pão que Desceu do céu, nos capacite sempre a sermos agentes transformadores para a promoção do bem estar social, além de proclamadores da vida eterna pela obra de Cristo. Amém
Autor: Lucimar Velmer