Quinto Domingo de Páscoa
9 de maio de 1993
I Pedro 2.4-10
1. Leituras do dia
O Sl 146 convida a louvar o Senhor (1-2), porque Ele age em favor dos necessita- dos e dos que Nele confiam (5-9), como nenhum homem pode fazer (3-4). Em At 17.1-15 vemos Paulo e seus companheiros em dificuldades na proclamação evangéli- ca entre os gentios. Aqui, pela objeção dos judeus. Jo 14.1-12: Diante da incerteza e incompreensão dos discípulos sobre o futuro, Jesus lhes fala para que creiam (v.1), porque Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (v.6). Esta permanência de fé em Cristo e a observância de seus mandamentos confere poder (vv.12,13).
2. Contexto
A grande temática de I Pedro é a salvação e a conduta dos crentes. I Pe 2.4-10 está inserido no contexto do novo "status" dos cristãos e suas conse- qüências. Em particular, I Pe 2.4-10 é uma exortação ao avanço ou cresci- mento do cristão na sua salvação, sobre o fundamento que é Cristo.
3. Texto
V.4 - "Chegando..." (proserchomenoi). O particípio indica continuidade. O crente deve continuar a achegar-se a Ele. A idéia de aproximar-se, neste sentido, é freqüente no NT: Hb 4.16: "Acheguemo-nos... ao trono da graça", Hb 7.25: "Os que por Ele chegam a Deus, Ef 2.18: "... por ele temos acesso ao Pai". O caminho está livre, pois houve reconciliação (Rm 5.1-2), pelo sacrifício de Cristo (Is 53). A "pedra que vive" (li- thos zonta) é o Cristo Ressurreto. Deus escolheu, elegeu (eklekton) esta pedra, que é Cristo, para a obra redentora, mas homens o rejeitaram (apodedokimasmenon). Homens não acreditaram e admitiram que Jesus fosse tão importante. Esta situação é prenunciada em Is 53.
V.5 - "Edificados" (oikodomeisthe). O passivo indica que não são os cristãos propriamente que edificam, mas o Senhor. A edificação dá-se pela aproximação à “pedra viva", Ef 2.20-22: somos edificados sobre Cristo, Ef 4.12: busca-se o aperfeiçoamento dos santos para a edificação do corpo de Cristo. Assim resulta a "casa espiritual" (oikos pneumaticos), que é uma metáfora para Igreja. Em coordenação a "casa espiritual" está "sacerdócio santo". A concepção de "sacrifícios espirituais (pneumaticas thisias) é comum na LXX, especialmente ao referir os holocaustos. Em Rm 12.1, a menção do sacrifício sugere não entrar no esquema do mundo, mas deixar a mente ser renovada e transformada por Deus. Em Hb 13.15 fala-se de sacrifício de louvor. Em 2 Tm 4.6 é o próprio apóstolo (sua vida) um oferecimento de sacrifício. Fp 2.17 e 4.18 fala da dedicação em amor como sacrifício. Todos estes sacrifícios têm sua validade em Cristo - o Grande Sacerdote (Hb 4.14-16, 5.1-10 e 7.20-28).
Vv 6-8 - Nestes versículos se reitera as afirmações acima com passagens da Escritura, que mostram os dois posicionamentos diante de Cristo. No v.6 cita-se Is 28.16, retratando o significado salvífico de Cristo para os crentes. No v. 7 cita-se Sl 118.22 e Is 8.14 onde Cristo é apontado como motivo de tropeço para os "descrentes" (apistu sin). O "tropeço" (skandalou) se efetiva na desobediência à pregação do Evangelho.
Vv 9-10 - Aqui aplica-se uma série de títulos de honra e compromisso da comunidade de crentes, tirados de Ex 19.6 e Is 43.20-21. Indica também uma designação es- catológica da comunidade cristã. "Geração eleita" (genos eklekton) - os cristãos são uma nova raça, diferente dos judeus e dos gentios. É o novo povo que assume os privilégios que pertenciam ao povo judeu. Todo povo de Deus (Igreja) é uma geração escolhida. E o resultado da eleição de Deus é uma "nação santa" (ethnos hagion) e um “povo de propriedade exclusiva" (laos eis peripoiesin).
O "sacerdócio real" (basileion ierateuma). É real porque serve ao Rei da Terra, em prol da basileia - reino de Deus. O sacerdócio e a honra do serviço a Deus que significa, no AT, poder aproximar-se ao altar para oferecer sacrifícios e ser mediador entre Deus e o povo. No NT o sacerdócio há de proclamar as virtudes de Deus. O "proclamar" (exangello) indica mais do que simplesmente anunciar, assume um caráter de demonstrar com a vivência. As "virtudes" (aretas) é a manifestação do poder divino, acima de tudo os maravilhosos feitos de Deus em Cristo
O v.10 finaliza, apresentando a grandeza da dádiva de Deus que nos fez povo e nos concedeu misericórdia, tirando-nos das "trevas (skotos) que denota ignorância espiritual ou mesmo perdição, trazendo-nos para a "luz" (fôs), isto é, para a esfera da salvação e da presença de Deus.
4. Dados homiléticos
4.1 - Pensamento central: A justificação pela graça em Cristo faz de todos os crentes sacerdotes reais que oferecem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus. 4.2. Tema e partes:
OS CRISTÃOS SÃO SACERDOTES REAIS (v.10)
I - Porque foram edificados casa espiritual em Cristo
lI - Para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis e Deus
Ill- Para proclamar as virtudes de Deus
4.3 Objetivo - Motivar a congregação para um cristianismo dinâmico em resposta ao amor de Deus.
Eliseu Teichmann