O HOMEM
José Luiz Thomé de Oliveira
Narrador : Segundo Oparim, há mais ou menos dois bilhões de anos, quando a atmosfera encontrava-se carregada de Metano e Amônio, descargas elétricas fortíssimas se produziram, e desde conjunto de fatores materiais, surgiu a primeira manifestação de vida sobre a terra.
PAUSA
Narrador : Disse também Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam sobre a terral
Grupo :O HOMEM EXISTE
: HOMEM: Substantivo masculino, animal racional, bípede e mamífero, que ocupa o primeiro lugar na escala zoológica; ser humano.
: NITSZCHE: Somos o erro supremo de um Deus em decadência!
: PASCAL: O homem é um animal bípede implume.
: LEIBINITZ: O homem é uma mônada.
: DESCARTES: O homem é pensamento.
: MARX: O homem é trabalho.
Grupo : Mas entendemos nós ...
: O homem é um ser complexíssimo.
: O homem é bom.
: O homem é mau.
: É alegre.
: É triste.
: O homem é amor.
Grupo : Ódio!
: É frieza!
Grupo : Paixão!
Grupo : O homem é tudo!
: O homem é tese.
: Antítese.
: O homem é síntese.
: O homem é homem.
Narrador : O homem conheceu sua supremacia sobre a natureza e erigiu-se em rei da civilização. Dominando a natureza, também dominou os seu semelhantes.
: AVE CAESAR! MORITURI TE SALUTANT!
: E os homens eram jogados na arena onde somente a morte assegurava-lhes a VIDA.
: E milhares de homens morreram para a eternidade de um!
: QUEÓPS!
: NABUCODONOSOR!
: ANTÍOCO!
: CALÍGULA!
: NERO!
: ... que não hesitou em matar Agripina , sua própria mãe!
(Sai de cena entra Cristo atravessando o palco).
Narrador : Mas houve bondade também... E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai. Ele estava no mundo. O mundo foi feito por intermédio Dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu e os seu não o receberam.
Grupo : BARRABÁS! BARRABÁS! BARRABÁS!
Narrador : Depois de marchas e contra marchas, chega o homem aos alvores de uma nova era: - A Idade Média.
: O homem desta fase é um Teocêntrico. Transfere a Deus todos os seus problemas. Não tenta reformular nada. A cultura é restrita e dogmática. As relações sociais eram as de senhor e servo. O primeiro com direito total sobre o segundo.
: Filósofos, astrônomos, pintores, literatos e humanistas esforçam-se por compreender o mundo e explicá-lo em todas as suas manifestações.
: Mas o homem continuou o mesmo.
: Amou ...
: Sofreu ...
: Mentiu ...
: Perdoou ...
: Matou ...
: O homem era um respeitável pecador.
: Mas a igreja oferecia o perdão dos seus pecados ...
: Padre, eu preciso o perdão de Deus pelos meus pecados ...
Padre : Meu filho, basta para tanto que faças tilintar o teu dinheiro no prato de ofertas, e sentirás a tua alma desprendendo-se para os céus.
Grupo : Contra esta situação revoltou-se o Frei Martinho Lutero:
: Bata! Está é a razão porque, às vezes, uma igreja é preferida à outra. É mais rica! O telhado é construído - mais alto, as paredes são mais ricamente ornadas e os altares são mais preciosos. Enquanto isso - que situação deplorável! ... Disputam as riquezas temporais da igreja, enquanto descuidam os bens espirituais, corrompem o povo, em vez de o salvarem ...
: Deu-se a Reforma.
: E três grandes verdades se fizeram ouvir:
: SOLA SCRIPTURA, SOLA GRATIA, ET SOLA FIDE.
Narrador : Mas o homem continuou pecando, continuou errando, continuou matando, e perguntava-se a si mesmo:
: Deus, oh Deus! Onde estás que não respondes?
Em que mundo, em que estrela tu te escondes, embuçado nos céus???
Há dois mil anos te mandei meu grito,
que embalde, desde então corre o infinito ...
Onde estás, Senhor meu Deus ???
Narrador : Na Europa, o absolutismo promovia os seus desmandos. Somente a nobreza e o clero viviam, o resto vegetava.
(tambor inicia com toque macio)
: Luiz XIV, declarava, soberbo:
Luiz XIV: L'etat c’est moi!
Escravo: Majestade, o povo não tem pão!
Luiz XIV: Ora, que coma bolos!
(inicia a Marselhesa com uma voz , num crescendo)
Narrador : E os muitos homens cansados de sentir fome e sofres injustiças, tomaram o poder dos poucos que o mantinham.
: Paris sublevou-se!!!
: Por toda a França e por todo o mundo ecoou a Marselhesa, concitando os homens oprimidos à liberdade. O troar dos canhões e o martelar das botas sobre as ruas sanguinolentas marcou uma nova fase da existência humana! A procura de o homem pela LIBERDADE IGUALDADE E FRATERNIDADE.
(A Marselhesa termina alto)
: Mais tarde outros povos seguiram o exemplo francês.
: INDEPENDÊNCIA OU MORTE !!!
: A queda do feudalismo inicia a revolução industrial na Europa.
: O tear doméstico é substituído pela fábriaca.
: As ferramentas manuais por maquinárias.
: Utensílios simples do trabalhador, por complexos industriais da fábrica.
: O trabalho que era feito em família é substituído pelo trabalho na fábrica.
: E as fábricas necessitavam de mão-de-obra. A procura era maior que a oferta.
: Empregavam-se mulheres e meninos que desde os seis anos trabalhavam nas fábricas e nas minas por salários miseráveis.
: Os primeiros meninos que chegavam às fábricas eram órfãos enviados pelas autoridades inglesas.
: O horário de trabalho era de doze a dezesseis horas diárias.
Grupo : A FÁBRICA PRECISAVA VIVER!!!
: Por falta das horas suficientes de sono, os operários muitas vezes caíam sobre a máquina que os mutilava, ou lhes roubava a vida.
(apaga a luz, música “A tristeza não tem fim, felicidade sim”)
Grupo : GUERRA!!! GUERRA!!!
: Em 1914 a Europa explode em guerra.
: Quinze milhões de homens foram mortos.
: Vinte milhões de feridos e mutilados.
: O custo total, direto e indireto desta guerra, foi de seis trilhões, setecentos e setenta bilhões de cruzeiros, cotados ao dólar da época.
Narrador : Na Rússia, em 1917, explode a revolução comunista. É o povo cansado do feudalismo czarquista, que se lança em busca dos ideais semeados pela Revolução Francesa: - LIBERDADE, IGUALDADE E FRATERNIDADE . . . pobre homem.
: Grandes vultos surgem então:
: MARX,
: LENIN,
: STALIN,
: TROTSKI.
Narrador : Mas o tempo passou e o homem permaneceu o mesmo.
: Surge a era das máquinas. Da técnica que deve ajudar a humanidade, mas que também pode destruí-la.
: A mecânica não é apenas Newton: Einstein surgiu.
: Leonardo da Vinci não sonhou: o avião existe!
: Demócrito não sonhou: a física atômica começa a existir.
: Os cientistas dizem que durante as guerras a ciência evolui muito. E a ciência precisava evoluir ...
Grupo : GUERRA!!! GUERRA!!! GUERRA!!!
Hitler : Meine Kameraden! Es wäre mir nicht möglich alle Leuse und alle Juden von der Erde ausschdern, in der kurze Zeit - eines Jahres! Aber mit Zeit und mit euer Hilfe wird dieses Ziel erreicht!
Narrador : Na Alemanha nazista seis milhões de judeus são exterminados nos campos de concentração de Daschau, Auschwitz, Treblinka. Lá, homens, mulheres e crianças servem de cobaias para médicos nazistas.
: Provocavam gangrena em centenas de prisioneiras polonesas com gases, e chamavam essas prisioneiras docemente de “coelhinhas”.
: Os prisioneiros com tatuagens artísticas eram mortos por meios de injeções, tirando-se-lhes a pele tatuada que era empregada no fabrico de abajures e outros ornamentos domésticos.
: As mulheres grávidas no momento de darem à luz, tinham suas pernas amarradas, impossibilitando-se-lhes o parto.
: Até aí evoluíra o homem.
: E nessa guerra estúpida, milhões e milhões de homens pereceram.
: Outros milhões ficaram atrofiados, mutilados neuróticos.
: Milhares de cidades destruídas . . .
: Mas o homem nem assim aprendeu . . .
Narrador: Esta é uma rua qualquer de um bairro qualquer de uma cidade japonesa.
(Entra um casal)
ELE : O dia será lindo!
Nós passearemos,
Veremos as árvores,
Ouviremos os pássaros,
Eu te abraçarei,
Eu te amarei,
Nossos filhos nascerão
Nós os veremos crescer,
Farão algo de bom pelo mundo.
Narrador : São precisamente oito horas e quinze minutos do dia 06 de agosto de 1945.
B U M M M
ELA : De repente um clarão de mil sóis,
Ninguém mais enxerga,
As luzes nos cegam.
Depois o calor toma conta
Dos corpos,
Das praças,
Das ruas
E o vento que nos deixou nus, sem casas, sem bondes,
Fere nossos corpos com uma chuva de vidros,
Cobre nossos corpos com uma poeira maldita.
O fogo queima o que resta das gentes, da cidade.
Uma chuva seca começa a cair,
Esta chuva nos marcará para sempre:
De suas gotas não nascerão flores, frutos ...
Sua água não matará nossa sede.
Antes de morrer, quem bebê-la.
Narrador : Os norte-americanos haviam lançado a primeira bomba atômica sobre Hiroxima.
ELE : A luz apagou,
O calor terminou,
O vento passou,
O fogo parou,
A chuva sumiu ...
Eu fiquei - tu ficaste,
Nossos cabelos caíram,
Nossos olhos cegaram,
Nossos dedos estão sem unhas,
Nossa carne está cheia de cicatrizes,
Nossos filhos serão monstros como nós!
Grupo : Os que restam de Hiroxima vivem mortos!
: Mas pensam que o homem aprendeu? - NÃO! Depois veio Nagasaki, a guerra da Coréia, a revolução de Cuba, Vietnã, Láos, Cambodja, Biafra, Oriente Médio, Pquistão, Índia e as colônias portuguesas...
: É guerra, guerra e mais guerra ...
: É sangue.
: É morte.
: É destruição.
Narrador : Será que o homem de hoje aprendeu as lição do passado? O que temos nós a oferecer aos nossos filhos?
: FOME,
: MISÉRIA,
: MAIS GUERRAS,
: PROSTITUIÇÃO,
: RACISMO,
: POLUIÇÃO,
: DOENÇAS,
: DESCRENÇA,
: NEUROSES,
: MORTE.
: Basta, senão os pequeninos poderão ouvir ...
: O perigo do passado era o homem tornar-se escravo do homem.
: O perigo do presente é o homem tornar-se escravo da máquina.
: O perigo do futuro é o homem tornar-se nada!
Narrador : Em 1850: 15% da energia de trabalho era dispendida pelo homem,
79% pelos animais,
6% pela máquina.
Hoje: Apenas 3% de energia de trabalho é despendida pelo homem
1% pelos animais,
96% pela máquina.
PAUSA
: O homem semeava.
Grupo : A máquina faz.
: O homem arava.
Grupo : A máquina faz.
: O homem colhia.
Grupo : A máquina faz.
: O homem guerreava.
Grupo : A máquina faz.
: O homem matava.
Grupo : A máquina faz.
: O homem pensava.
Grupo : A máquina faz.
: O homem curava.
Grupo : A máquina faz.
: O homem procriava.
Grupo : A máquina faz.
: E tudo que o homem fazia?
Grupo : A máquina faz...
: Então oh, máquina, orai por nós!!!
: Homem ódio!
: Homem máquina!
: Homem bomba! Que fazes? Já não bastam tantas guerras estúpida? Tantas fomes! Tantas mortes! Tantos males! Te voltas agora com fúria para a natureza. Que pensas, oh, homem? Queres acabar com as aves do céu? Com os peixes do mar? Dos rios? Queres acabam com o verde das matas? Azul do céu?
: Homem! Tu queres acabar com o sorriso das crianças?
Grupo : BASTA, HOMEM, BASTA!
| | | SLIDES | | | Música 2001
Narrador : Disse-me ainda! Não seles a profecia deste livro, porque o tempo está próximo. Continue o injusto fazendo injustiça; o justo continue na prática da justiça. E o santo continua a santificar-se. E eis que venho sem demora e comigo está o galardão que tenho para retribuir a casa um segundo as suas obras. EU SOU O ALFA E O ÔMEGA, O PRIMEIRO E O ÚLTIMO, O PRINCÍPIO E O FIM.
Observação: Para que haja uma boa apresentação, é necessário que haja bons e interessado interpretes, um jogo de luz e som de qualidade razoável.
MARSELHESA
Alons anfan de la Patrrie
Le ju? Degloaré tarrivê
Contrre nu de la tirranie
Le tandar sanglan te levê
Le tandar sanglan te levê
Antande vu dan le campanhe
Migir ce feróce soldá
Il vianã jisque dan no brá
Egorgê no fil no campanhe
Os arme citoaian
Formê vo Bataion
Marchon, marchon
Can sang ampir
Abréve no sion.