OBS: Copiado da Revista Igreja Luterana de 1989-2
QUINTA-FEIRA SANTA/ENDOENÇAS
S1 116.12-19
Assunto das perícopes
As leituras destacam um fato da vida e obra do Deus-Salvador: a páscoa! Falam sobre a origem, o significado, a importância, a necessidade da páscoa - sua instituição no AT, sua perspectiva simbólica para o NT, especialmente um dos grandes acontecimentos da Semana Santa.
Êx fala da instituicão da páscoa e seu significado para o povo de Israel; o Sl parece ressaltar mais a gratidão como conseqüência do "perdão, vida, libertação e salvação" da páscoa;
1 Co faz diretamente a ponte, ligando e interpretando a história de Êx com a instituicão, significado e proveito do sacramento da Santa Ceia;
Jo relata um fato ocorrido pouco antes da Páscoa do Senhor, levando os pés dos discípulos (Papa ainda o faz hoje na 5º F. Santa), mostrando que estava "na hora de passar deste mundo para o outro", que é preciso "ser lavado e purificado" para ter parte com Cristo, que o Filho de Deus deixou o exemplo de amor, humildade e serviço.
Gostaríamos, pois, resumir a riqueza das ideias das quatro perícope, nesta afirmativa: a páscoa do Senhor traz libertação, vida e comunhão. E como tema para a mensagem, o que está versículo 11: "É a Páscoa do Senhor!"
Contexto
Êxodo é um dos cinco primeirois livros da Biblia, que formam o Pentateuco (Gn Ex, Lv, Nm, Dt). Os cinco livros têm Moisés por autor. Também são registrados como "lei de Moisés", "os livros de Moisés", a "lei". Êxodo quer dizer saída, libertacão.
O livro de Êxodo, pois, conta a difícil e milagrosa libertacão, saída e salvação do povo de Israel. Por 430 anos massacrantes, o povo de Deus vivia sob a escravidão do Egito, um povo de falsos deuses. Dor, sofrimento, saudade, algemas e trabalho forçado e animalesco - é o que Israel vivia. E a libertacãu efetiva, por Moisés, começa com a instituicão da pascoa. O povo sairia das "trevas da escravatura" para viver na "terra que mana leite e mel". A luta pela libertacão e travada entre dois poderosos: Moisés, o homem que tem o Deus vivo por Senhor; e Faraó, o homem que tinha deuses mortos por senhores. Então, o Senhor Deus, antes de enviar a última das terríveis pragas - a morte dos primogênitos - chama Moisés e Arão e fornece todas as informações sobre os passos da libertacão da escravatura.
Aqui também é oportuno lembrar o contexlo eclesiástico de hoje: 6º na semana da paixão, 5" feira, um dia antes da morte do "Filho Unigênito de Deus", dia da instituição da Santa Ceia.
Texto
A perícope de Ex não pode ser examinada, compreendida e aplicada corretamente se não houver clareza sobre o relacionamento entre a "páscoa do Senhor" do AT e a "pascoa do Senhor" do NT. O fato histórico de Êx tem um profundio significado profético, que aponta para a vida e obra do Senhor Jesus - seu nascimento, sua morte, sua ressurreição, bem como a instituição da Santa Ceia. Deus avisa aos dois lideres que o dia da libertação de seu povo está muito próximo. Para a consumação do projeto, Deus dá muitas orientações, planeja cerimônias, envolvendo Moisés e Arão e todo o povo no processo de saída da escravatura para a liberdade. O mês Ahib deve, doravante, ser aceito e celebrado como "o primeiro mês do ano" (v. 2) na história de Israel. É uma nova era. Cada familia (v. 3,5,6) deveria escolher "um cordeiro macho, sem defeito" (Lv 22.17-25) para ser sacrificado e comido. O sangue deste "cordeiro sadio, gordo, puro e santo" deveria ser colocado "nas ombreiras, e na verga da porta das casas em que o comerem" (v. i) com um propósito muito especial: Quando, naquela noite, o Senhor. passasse, de casa em casa, para matar os primogênitos dos egípcios, "vendo o sinal do sangue" (v. 12 e 13) saberia que nesta casa vive uma Familia do povo de Deus, cujo primogênito não deveria ser morto. Muitos são os textos que falam de Jesus como o "Cordeiro de Deus", cujo sangue purifica de todo pecado. É Jesus, o Cordeiro Pascal. Com facilidade o colega encontrará estes textos. Outro
detalhe importante como o Senhor prepara e pede para celebrar a páscoa da libertação: todos devem estar de prontidão, tomar a refeição com rapidez, para iniciar o seu "êxodo tão logo, o Senhor da páscoa desse o sinal: "lombos cingidos, sandálias nos pés, e cajado na mão" (r. 11). O dia da pascoa, da libertação, do sacrifício do Cordeiro sem defeito e do sangue nas casas que defende da morte é um "dia que fala do meniorial, da aliança, do pacto, da promessa que o Senhor Deus efetuou com o seu povo, dia solene, valido até a consumação dos séculos" (v. 14). Aqui também está a visão profética que fala da Santa Ceia, da Ceia do Senhor (1 Co 11.20), da Mesa do Senhor (1 Co 10.21), da Eucarestia (Mt 26.2'7, Mc 14,23; Lc 22.19; 1 Co 11.24) - o sacramento do corpo e sangue de Cristo dados como penhor da salvação ou reconciliação do pecador com o Criador. Por isso, assim como o sermão é reconhecido como o ponto central do culto, assim a Santa Ceia é o momento mais alto, importante e solene do culto publico do povo de Deus.
Disposição
Nas partes, procuramos relacionar as referências existentes entre os quatro textos. Acrescentamos (cf.) mais alguns textos como matéria de apoio. Como introdução, damos quatro sugestões:
a) a escravatura do povo de Deus no cativeiro;
b) explicar as grandes festas anuais do povo de Israel;
c) a diferença da História com o Senhor e sem o Senhor;
d) explicar a Semana Santa em Jerusalém. O tema encontra-se no v. 11.
É A PASCOA DO SENHOR
I - Uma festa de libertação da escravatura
II - Um sacrifício do Cordeiro pela Vida
III - Um memorial de Comunhão com o Senhor
Leopoldo Heimann