Ética da Decisão
Resumo
Ética da Decisão: Obj.: Auxiliar o leitor a atingir uma compreensão mais clara do sentido da vida cristã em nossa época.
A fé cristã torna possível um modo de vida, mas não existe uma fé dominante e abrangente que daria sentido à vida de todos os seres humanos em toda parte. A vida inteira é decisão.
A confusão de nossa época têm sua origem na capacidade de descrever cientificamente quase todos os processos que ocorrem.
Os critérios de d3ecisão estão relacionados com valores éticos/ morais.
Estágios pre-éticos:
Estágio de Imediação: Onde nossas ações parecem não ser guiadas por nenhum tipo de premeditação, mas no qual seguimos uma inclinação natural. O estágio de imediação não é fruto da vontade, simplesmente existe. A pessoa vive sem ter consciência do nível de decisão. É impossível querer algo sem Ter vontade. É igualmente impossível decidir viver sem decisão.
Estágio do Costume: As pessoas tomam decisões conforme o costume predominante. Há a decisão de obedecer ou desobedecer aos costumes locais, pois não avaliamos os costumes, mas os aceitamos sem questioná-los seriamente. Muitas vezes confundimos obediência ao costume com vida cristã.(Ex.: Ir à Igreja semanalmente).
Ética Prudencial: A questão agora é o resultado da reflexão baseada em critérios conscientes de valor. É chamado Prudencial se seus cristérios básicos são selecionados com o olhar voltado para o futuro.
Tipos de Ética Prudencial: - Hedonismo: Hedonista é uma pessoa cujo critério ético supremo é o prazer. O bem é identificado com aquilo que dá prazer, e o mal com aquilo que causa dor. Há dois tipos de Hedonismo: Individualista e Universalista. O 1° afirma que cada indivíduo deve buscar o seu próprio prazer pessoal. Os universalistas falam: “O maior bem para o maior número”. Se meu próprio prazer entra em conflito com o prazer do grupo, tenho que estar disposto a sacrificar meu prazer pessoal pelo prazer maior da maioria.
A principal característica do hedonismo religioso é que ele destrona Deus e faz da felicidade eterna do indivíduo o verdadeiro bem de sua vida. Utilizamos Deus e a igreja para obter nossa própria felicidade. O amor por nosso semelhante é reduzido a um meio para acumular méritos que nos levarão ao céu.
Naturalismo: O homem é um produto da natureza.
Relativismo: O homem é a medida de todas as coisas.
Ética estética: O sentido da vida não está no futuro, mas no aqui e agora. Há dois tipos de ética estética: Ética de auto- realização e Ética Idealista.
Ética de auto- realização: O bem é aquilo que ajuda a produzir o desenvolvimento mais completo da personalidade. A meta/objetivo desta ética é o desenvolvimento da personalidade. “O certo e o errado não dependem da humanidade, mas do homem como indivíduo.
Ética Idealista: Procuram seus critérios ou padrões de certo/errado em um ideal fora do homem e da natureza. Quando esse ideal é encontrado é dever do homem agir de acordo com ele.
Ética da Intuição: todos os homens têm um conhecimento “intuitivo” de certo e errado, todos têm um senso moral que lhes possibilita distinguir o certo do errado.
Ética Racionalista: O critério ou padrão básico para o certo e o errado pode ser encontrado mediante o uso exato da razão. “Faça aos outros o que você gostaria que fizessem a você”. (Immanuel Kant).
A busca religiosa de valor: Deus é o padrão para todas as decisões.
Misticismo: Os místicos sempre vêem o problema da ética como um problema puramente pessoal da relação da alma com Deus. Eles estão preocupados apenas com o avanço da alma em direção a Deus.
Racionalismo: Deus ou o bem podem serem alcançados através do pensamento racional.
A busca religiosa de valor pode tomar o caminho da vontade no legalismo, o caminho das emoções no misticismo e o caminho do intelecto no racionalismo. A religião pode ser definida como a busca humana de critérios ou padrões de valor.
“Em toda busca religiosa de valor Deus é muito real, mas o caminho para Deus é um caminho humano. Depende do homem se ele vai ou não viver a vida plena de sentido. É o homem que tenta salvar-se. Mesmo na religião o homem permanece mestre de seu destino e comandante de sua alma. Apesar de a meta ser Deus, é o homem que por seus esforços torna possível atingir essa meta.”[1]
A vida do Homem e o Juízo de Deus: A característica especial do homem, comparado ao resto da criação, é que ele foi criado para estar em contato verbal com Deus. Deus fala ao homem e o homem pode falar a Deus, mas, para responder a Deus, ele tem que ouvir.
Pecado Original e Pecados: O pecado original é a revolta do homem contra Deus. A humanidade, sem exceção, está envolvida no pecado e na morte. A estória do pecado humano é a estória do esforço do homem de viver sem Deus.
O dilema do homem é que ele, que foi criado pelo amor divino para confiar em Deus, vive em descrença e desconfiança.
O pecado principal do qual se derivam todos os outros é a descrença. É pelo fato de não crer em Deus que o homem não pode viver uma vida com sentido.
A vida do homem e a lei de Deus: O poder da lei natural divina reside no fato de que ela descreve exatamente como as coisas são.
A lei divina têm 2 usos: um teológico e outro político. O uso Teológico é que ela mostra o homem no juízo divino. Ela acusa o homem ante a face de Deus. O uso político da lei ajuda a preservar a ordem e confinar um pouco o caráter anárquico do pecado. Portanto, o propósito teológico é sua função acusadora. E a função da lei é fornecer uma base para uma organização razoavelmente bem ordenada da sociedade, ou seja, proteger a espécie humana do caos e anarquia completos.
Tanto o uso teológico quanto o uso político da lei, apontam para a mesma direção: A lei nunca justifica o homem, sempre o acusa.
O Homem moderno e a Lei de Deus: Para as pessoas que temiam a Deus o universo parecia ordenado e cheio de sentido. Para o homem moderno o universo não tem sentido nenhum. O homem moderno é acossado não pelo temor de Deus ou do diabo mas pelo medo do nada.
Esta é a posição do homem: Conhecer a Deus e mesmo assim sempre tentar escapar Dele; conhecer sua Lei e, contudo ser sempre acusado por ela. O homem histórico vive em eterna contradição. Enfim, o homem busca outros meios para fugir da Lei de Deus.
A vida do Homem sob o Evangelho:
“Nós que dissemos “SIM” a Adão e ao pecado também podemos dizer “SIM” a Cristo e à Salvação. Assim como nossa aceitação de Adão estabeleceu um padrão de condenação e morte, da mesma maneira nosso “SIM” a Cristo estabelece um padrão de esperança e Salvação”.[2]
O “SIM” para Jo 3.16 é o início da vida cristã.
A vida do homem sob o Ev. é a confiança completa em Deus e em Seu amor por cada um de nós. É um “Saltar” diário nos braços estendidos do Deus que você não pode ver, mas sabe que sempre estará aí para segurá-lo.
A Natureza da Fé Cristã: Essa natureza encontramos resumida nos Dez mandamentos. A fé é um Dom da graça divina. É a bondade e o amor de Deus, a graça de Deus, que abrem a veneziana para que tenhamos fé. O 1° Mandamento trata da importância da fé para a vida cristã. O 2° mandamento trata do louvor a Deus que é o resultado principal da fé. É no sofrimento e na desonra que temos a maior oportunidade de louvar a Deus.
Toda adversidade e sofrimento podem se tornar o meio usado por Deus para nos empurrar por cima da borda, para dentro de seus braços. Pelo sofrimento somos freqüentemente forçados a uma decisão clara em nossa relação com Deus.
O 2° mandamento descreve as obrigações do cristão de protestar contra toda injustiça, praticada seja por quem for. Descreve nosso relacionamento com Deus: devemos louvá-lo e glorificá-lo e orar a ele em toda dificuldade e necessidade. Ele também mostra nosso relacionamento com o mundo. Os cristãos não podem viver na vida em isolamento, mas são responsáveis pelo mundo. A fé precisa estar sempre ativa no amor.
O 3° mandamento é aquele que descreve nossa atitude com Deus nas obras, através da fé. Somente pela fé o 3° mandamento e todas as suas implicações tornam-se uma descrição da vida cristã.
O 4° mandamento trata da autoridade: devemos ver uma oportunidade de serviço cristão em todas as posições de autoridade, bem como em todas as posições em que estamos subordinados a ela. O cristão não rejeita a autoridade, mas tenta ver toda autoridade em referência a Cristo, que é a fonte de toda a autoridade. A vida cristã é uma vida de discipulado dentro da estrutura natural da família, mas também descreve a atitude do cristão para com a realidade da autoridade política. O 4° mandamento descreve a responsabilidade dos homens e mulheres cristãos de serem discípulos como eleitores e candidatos, da mesma forma que devem viver seu discipulado como pais e filhos.
O 5° mandamento é meramente a proibição de tirar a vida humana, sob a perspectiva da lei. Sob o evangelho, se torna a descrição do modo pelo qual nossa fé cristã pode e deve ser vivida na comunidade local, nacional e internacional.
O 6° mandamento inclui a realidade do sexo à vida cristã e a subordina ao relacionamento de fé e confiança em Deus que deve dominar toda a vida. A vida cristã tem a oportunidade gloriosa de mostrar como, pela fé, o relacionamento conjugal pode tornar-se um símbolo de amor, confiança e fidelidade. O 7° mandamento como lei, diz a todos os homens que eles não têm direito de se apossarem de propriedade alheia. Do ponto de vista do evangelho, e sob o ângulo da fé, o 7° mandamento mostra como a vida cristã deve levar o poder redentor de Deus para todas as áreas envenenadas da vida econômica do homem. O cristão sempre se considerará um mordomo das dádivas de Deus.
“Não furtarás” cumprido através do evangelho, significa: trabalhar duro e bem, não por medo dos homens, mas para a glória de Deus e por amor ao nosso próximo.
O 8° mandamento quando é examinado do ponto de vista da fé descreve a vida cristã como uma vida na qual a linguagem, compreendida em seu sentido mais amplo, é usada para a glória de Deus e a serviço do próximo, isto é, na verdade.
Viver o 8° mandamento significa também defender a integridade dos homens e seu direito de buscar a verdade, mesmo que sua busca os conduza para muito longe do que sabemos ser a verdade.
O 9° e o 10° mandamento falam sobre a cobiça, que sempre separa o homem de Deus. O amor cristão na obediência ao nono e décimo mandamentos transformará toda a nossa vida e lhe dará um rumo inteiramente novo. Ao invés de usarmos tudo e todos em proveito próprio, deixaremos que Deus nos use em proveito de nossos semelhantes e da proclamação de sue reino.
A fé cristã, quando vivida, não é uma teoria acerca do amor divino, mas é o amor de Deus em ação através de homens e mulheres que se tornaram discípulos de Cristo, é a vida como discípulos de Cristo, o Filho de Deus, Salvador.
Resumo
O egoísmo e a presunção estão presentes em todas as decisões que tomamos. A vida cristã não é vivida a partir de nossos recursos próprios, mas do poder e da graça de Deus.
O início, o centro e o fim da vida cristã na terra é o perdão de Deus em Jesus Cristo, conforme nos foi revelado na cruz.
A vida cristã não é uma retirada do mundo, não é refúgio em ilha deserta. É conflito e tensão. Nesse combate prevalecemos por causa do poder de Cristo.
Uma vida com sentido só pode ser construída sobre o fundamento firme de uma análise correta da situação humana. A palavra de Deus nos dá essa análise correta, mostrando-nos o que o homem pode fazer e o que não pode. Ela mostra a completa dependência do homem do Deus que o criou, o preserva e quer salvá-lo. A vida cristã é existência na presença desse Deus.
[1] Ética da Decisão, pg 50.
[2] Ética da Decisão, pg. 71.