CÉLIO ROBERTO SOUZA
ULBRA
GREGÓRIO MAGNO
HISTÓRIA DA IGREJA
ANTIGA E MEDIEVAL
CANOAS, MAIO DE 2004
SUMÁRIO
RESUMO............................................ 1
INTRODUÇÃO..................................................................... 2
1. GREGÓRIO MAGNO E SUA VIDA......................................... 3
2. GREGÓRIO MAGNO NO SEU PAPADO...............……............... 6
3. GREGÓRIO E SUAS OBRAS................................................ 10
CONCLUSÃO....................................................................... 13
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................…................... 14
INTRODUÇÃO
Em um período agitado e de grande confusão que prevalecera na Europa Ocidental, devido à invasão dos lombardos na Itália e a decadência da igreja de Roma no começo da idade medieval marcam o inicio do papado de Gregório Magno (590-604) devido à morte de Pelágio II (579-590), por uma epidemia.
Gregório Magno era um homem de caráter irrepreensível, muito honrado por sua bondade e modo de vida, um homem muito habilidoso para administrar, tanto que foi o primeiro papa a exercer o poder temporal. Ao final de sua vida eclesiástica havia cessado com a revoltas feito pelos lombardos, organizou a cidade de Roma dando clima agradável de viver e morar.
Além disso, neste trabalho podemos encontrar melhor sua vida, como foi seu papado, e também suas obras literárias.
1 GREGORIO MAGNO E SUA VIDA
Gregório Magno nasceu em Roma em 540 a.D, de uma família cristã senatorial, que pertencia à aristocracia do lugar. Na qual alguns membros haviam ocupado cargos eclesiásticos e seculares na igreja como o Papa Felix III seu trisavô que foi eleito papa em 12 de julho de 526 e morreu em 27 de setembro de 530 e talvez Agapeto I, sua mãe Silvia foi santificada assim como duas irmãs de seu pai Gordiano, santas Tarcila e Emiliana.
Quando Gregório Magno nasceu, era a época em que Justiniano reinava em Constantinopla e com seus generais estavam lutando contra os Godos na Itália na década de 540. Depois de ganhar algumas batalhas Justiniano tirou seu general Belisário do campo de batalha, com isso Totila reergueu as tropas Godas e atacou o império romano e o tomou em dezembro de 546. No momento que os visigodos entraram na cidade de Roma para tomá-la o arcebispo na época Pelágio (o mesmo que seria papa) implorou ao rei vencedor que respeitasse os derrotados, impedindo que a queda de Roma fosse mais vergonhosa.
Tudo isso nos mostra que Roma em que Gregório Magno cresceu estava longe daquela cidade nobre dos tempos de César Augusto. (GONZALEZ. 1995 p. 70.).
No ano 573 torna-se prefeito ou governador de Roma aos 33 anos de idade, nomeado pelo imperador Justino II. Dois anos mais tarde atraído pela vida religiosa torna-se monge, abandonando a carreira administrativa. Destina toda fortuna de sua família para a fundação de um mosteiro dedicado a Santo André no palácio familiar, no monte Célio, e aos pobres. Fundou mais seis mosteiros nas suas propriedades que se estendia até Sicília.
Porém Gregório Magno tinha um temperamento muito ativo par ficar enclausurado num mosteiro, era um homem de ação. Em 579 o Papa Pelágio II (579-590) enviou como embaixador do Papa a corte de Constantinopla onde ficou durante seis anos representando papa, função essa que desempenhou muito bem, embora jamais tenha aprendido a língua grega. Mas em 586 retornou de Roma ao mosteiro de Santo André onde se tornou abade.
Neste tempo Roma estava passando por uma crise muito grande, uma inundação destruiu os principais armazéns da igreja onde era depositado trigo que dependia boa parte da população, e irrompeu uma grande epidemia que estava exterminando com a população.
“com a peste produzia alucinações, começaram a circular rumor de todo tipo de coisas estranhas. Um grande dragão apareceu no rio tibre, do céu chovia flechas de fogo, e a morte aparecia aos que iam morrer”.(GONZALEZ. 1995 p. 7)
Com a peste houve muita fome, para complicar mais ainda o Papa Pelágio II que tanto combateu para que a cidade estivesse sempre limpa acabou adoecendo da praga e acabou morrendo.
Com isso, Gregório Magno assumiu em 3 de Setembro de 590, cedendo à demanda popular, e acima de tudo, ao que interpretou como a vontade de Deus, o papado sendo o primeiro membro de ordem religiosa a ocupar a cátedra de Pedro, e o primeiro monge a ocupar esse cargo.
Elegido papa por aclamación, primero se opuso a dejar la vida monástica e hizo cuando pude para impedir que el imperador otorgose su confirmación, cuando la noticia llegó a Roma, Gregorio sintió miedo friente a las responsabilidades que le esperaban... (CASTELLA. 1970, p 71).
2 GREGORIO MAGNO NO SEU PAPADO
Ao tornar-se papa Gregório Magno enviou ao imperador uma carta pedindo que outorgasse sua nomeação.
Pois naquela época havia o costume de o imperador de Constantinopla darem sua aprovação ao papa eleito antes que ele pudesse ser consagrado. (GONZALEZ. 1995 p.71).
E convocou o povo para uma grande procissão, com o objetivo de que Deus perdoasse todos os pecados e parasse com a peste. Gregório Magno se preocupou muito com os pobres, tanto que em Roma organizou a distribuição de alimentos para todos habitantes da cidade até aqueles que morassem nos cantos mais distantes de Roma. Supervisionava o trigo que vinha da Sicília para que não fosse roubado. No passar do tempo reconstruiu os aquedutos que foram destruídos pela enchente do rio tibre e levantou a moral da guarnição, pois ela quase terminou por falta de pagamento.
Após atingir a grande estatura com Inocêncio I (402-417) e leão I (440-461). O papado havia decrescido em poder após a conquista dos ostrogodos e a restauração da autoridade imperial na Itália por parte de Justiniano. Desde 568 o domínio dos imperadores na Itália desvanecera-se cada vez mais diante dos lombardos os quais ameaçavam Roma. (WALKER. 1967. p 249-250).
No seu papado lutou ardentemente contra os lombardos para que não tomasse a cidade de Roma, para isso pediu ajuda a Constantinopla.
(...) Gregório foi o verdadeiro líder de luta contra a agressão lombarda, levantou exércitos, defendeu Roma pela força e por meio de tributos, chegou mesmo a celebrar um tratado de paz com os lombardos estribado em sua própria autoridade e conseguiu, após muito esforço e lutas intensas, tanto contra os lombardos como contra os representantes do imperador, manter Roma intacta no correr de todo o seu pontificado. (WALKER. 1967.p 250).
Gregório estava convencido de que ”a todos os que conhecem o Evangelho é evidente que pela voz do Senhor, o cuidado da igreja toda foi confiado ao santo apóstolo e príncipe de todos os apóstolos, Pedro”. Cabia-lhe então exercer a jurisdição sobre a igreja, na qualidade de sucessor de Pedro. Por isso lutou contra certos atos de disciplinas eclesiásticas impostas por João, o jejuador, patriarca de Constantinopla, afirmou autoridade papal na Espanha cujo soberano visigodo, renegou o arianismo em 587.
Não havia na Europa acidental um governo civil que ministrassem a ordem e a paz. Em Roma, por exemplo, muitas vezes era assumida pelos papas.
Na época em que Gregório era papa havia muita calamidade publica, como pestilência e fome, perigo de invasão e desordem gerais em Roma, por isso, Gregório foi considerado a o fundador do poder temporal por sua mão forte e por ele ser um homem justo e sábio em todas suas decisões, ou seja, Gregório empreendeu uma profunda reorganização não só na vida domestica papal como também da administração da igreja romana e do império romano.
Gregório teve grande influência na teologia agostiniana, bem como teve alguns pontos em que não concordava com Agustinho. Por exemplo:
· Doutrina da graça - ensinou que o amor e a graça de Deus procedem à ação do homem. O mérito não procede à graça, uma vez que a vontade humana é incapaz de fazer o bem. (HANGGLUND. 1989 p 124) O homem é presa do pecado original, do que prova o fato de nascer através da concupiscência. É resgatado dessa condição pela obra de cristo, recebida no batismo, mas os pecados cometidos depois do batismo têm de ser satisfeitos. A satisfação é efetivamente pelas obras meritórias feitas com a ajuda da graça de DEUS.
· Doutrina da expiação - doutrina que serviu de modelo a Anselmo e Abelardo. Gregório diz nesta doutrina que Cristo morreu para aplacar a ira de Deus pelos nossos pecados, ou seja um sacrifício expiatório a Deus.
O aspecto sacrifical da expiação associava-se a idéia que a ceia do Senhor é um sacrifício em que a morte de Cristo é repetida misteriosamente a favor de nós. (HANGGLUND. 1989 p 125).
· Doutrina da Penitência - Gregório desenvolveu um conceito de satisfação para aliviar a punição dada por Deus por nossos pecados. Essas satisfações oferecem através da penitencia, ou seja, devem arrepender-se e confessar os pecados ao representante oficial da igreja ministrava esse sacramento, e assim receber um castigo pelos pecados cometidos para aplacar a ira de Deus e receber o perdão de Deus. Porém aqueles que morrem na fé, mas não cumpriram sua penitência vão para o purgatório, onde ficam algum tempo até irem para o céu.
Agostinho dizia a esse respeito que talvez haja um lugar onde os que morrem em pecado tenham de passar por um processo de purificação, antes de entrar na glória. (GONZALEZ. 1995. p 75)
Uma das maneiras de os vivos ajudarem os que estão no purgatório sair de lá é oferecer uma missa em nome deles e também ajuda dos santos.
O pontificado de Gregório é, sem duvida um marco fundamental na transição da história da igreja antiga para a medieval. Ao criarem o sistema hierárquico sacramental da igreja institucionalizada da igreja Média, seus sucessores edificaram sobre os seus fundamentos que ele deixou. Ele sistematizou a doutrina e faz a igreja uma potência na área política.
3 GREGÓRIO E SUAS OBRA
Seu pontificado caracterizou-se pelo esforço e reorganização do império romano. Depois de organizar alguma paz e segurança a península Itálica, e com a preocupação com o cristianismo na Europa Ocidental, Gregório Magno empreendeu uma obra missionária de grande importância para historia religiosa da Inglaterra e para o papado, onde enviou uma missão chefiada pelo monge Agostinho, beneditino do convento de Santo André acompanhado de 40 monge também de sua ordem monástica para tentar a conversão dos anglo-saxões em 596, os missionários foram recebidos com cautela, mas logo seriam brindados com apoio, alojamentos, uma igreja e permissão para pregar, estabelecendo-se em Cantuária.
Tal campanha não somente propiciou grande avanço na causa do cristianismo,mas também marcou o inicio de uma relação mais intima da Inglaterra com o papado do que a existente em qualquer outro caso. (WALKER.1967 p.259)
Por meio dessa missão o rei Etelberto da Inglaterra aceitou ser batizado, e converteram os anglo-saxões arianos a fé católica, especialmente com a ajuda de Teodolinda, que foi sucessivamente esposa dos reis Austaris (584-591) e Agilulfo (592-615)
Agostinho recebeu sagração episcopal por intermédio de Virgilio de Arles em novembro de 597, sendo por volta de 601, nomeado metropolita por Gregório com autoridade para estabelecer doze bispado sob sua jurisdição.(WALKER.1967 p 259)
Ou seja, Gregório nomeou Agostinho arcebispo de cantuaria.
A iniciativa de Gregório de enviar uma missão para além das fronteiras do império, em virtude com sua preocupação com o bem das almas inglesas pagãs, serviu como modelo para os missionários das gerações seguintes, dentro e fora das fronteiras do reino franco.
Nas questões eclesiásticas sua influência e autoridade se exerciam no Ocidente e no Oriente. Reformou a liturgia dando ao cânone da missa a forma que ia ser mantida até as alterações introduzidas pelo concilio vaticano II. Foi-lhe também atribuída autoria do canto gregoriano embora apenas o aperfeiçoasse.
Escreveu o “líber regulae Pastoris” (livro de normas para os pastores) tratado apostólico que serviria de base para a formação do clero da idade Média e ainda hoje um clássico da vida espiritual.
“Moralia in job” (a moral de jó) concluindo em 595 é comentário para formação de monges, constituindo ao mesmo tempo uma exegese histórica, alegoria, moral e mística.
Escreveu 22 homilia sobre Ezequiel e diálogos sobre os milagres operados pelos santos que influenciou profundamente o cristianismo medieval.
Por tudo isso, faz jus ao cognome de “o grande” a igreja venera-o como santo e festeja a sua memória, em 3 de setembro, dia de sua ordenação episcopal, em Roma , Gregório morreu em 12 de março de 604, em Roma. (WOLLPERT. 1998, p.3).CONCLUSÃO
CONCLUSÃO
Conforme os estudos realizados para fazer este trabalho constatou-se que o papa Gregório Magno foi o mais importante papa de todos os tempos, tanto que ganhou o apelido de Gregório “o grande”, por sua magnífica atuação em Roma e fora dela.
Foi o primeiro papa a se preocupar em converter novas regiões, conquistou grande respeito em todo Ocidente e oriente por ter administrado muito bem o império Romano, se preocupando com os pobres, e conseguido um acordo de paz com os povos que queriam invadir Roma.
Escreveu vários escritos teológicos, com os quais discorda-se, como a doutrina da penitência e a doutrina da graça e doutrina da expiação, e aperfeiçoou o canto gregoriano .
Incentiva-se para que mais pessoas se interessem em pesquisar sobre este extraordinário papa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTELLA, Gaston. Historia de los Papas. Madrid, Espasa-calpe.S.A, 1970, V 1.
GONZALEZ, Justo. Era das Trevas. São Paulo, Ed Vida Nova, 1995, V 3.
HAGGLUND, Bengt. Historia da Teologia. São Paulo, Concórdia Editora Ltda, 1989, 4a edição.
WALKER, Williston. Historia da Igreja Cristã. São Paulo, Aste, 1967.
WOLLPERT, Rodolf Ficher. Os Papas de Pedro a João Paulo II. Petrópolis, Ed Vozes, 1998.