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29 setembro 2010

LUCAS 17.1-10

LUCAS 171.1-10 (KRETZMANN)
Uma Lição Sobre Ofensas E Sobre Perdão, Lc. 17. 1-10.
As ofensas, V. 1) Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham escândalos mas ai do homem pelo qual eles vêm! 2) Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos. Temos, neste capítulo, um número de lições que foram dadas, e de incidentes que ocorreram durante a última viagem do Senhor para Jerusalém. Ele não tomou o caminho mais direto, mas peregrinou, segundo as ocasiões se ofereciam, de um lado ao outro no sul da Galiléia e da Samaria. Mas uma vez os fariseus haviam sido reprovados e silenciados, e Jesus teve a liberdade de ensinar seus discípulos sem ser interrompido. Cf. Mt. 18. 6,7. É impossível, diz Jesus, não ocorrerem ofensas. A
imaginação do coração do homem é má desde sua meninice, e todos os maus pensamentos, que se originam no coração humano, brotam e se mostram em maus atos, a não ser que se esteja alerta em todos os tempos para subjugar todas as ações pecaminosas. Mas a maioria das pessoas do mundo não se interessa em fazê-lo. Enquanto não entram em conflito com a lei do estado, vivem e agem de modo racional e do modo como desejam. E o resultado é que são colocadas as ocasiões para o tropeço. No mundo são feitas continuamente coisas em que os discípulos sinceros de Cristo tomam ofensa justa, visto que desonram ao Senhor e prejudicam à igreja. Todas as blasfêmias deliberadas e não propositais contra o Senhor e sua palavra pertencem a estas ofensas, como também as transgressões do sexto mandamento, por meio de palavras, do modo de vestir, de quadros, e por atos e outros pecados. Todavia, o fato que ofensas são inevitáveis não desculpa ao ofensor nem lhe fecha os olhos diante do pecado, mas o Senhor pronuncia um ai sobre ele. O fim de tal pessoa seria mais feliz, seria-lhe mais vantajoso, se lhe fosse colocado ao pescoço uma pedra de moinho, um das duas pequenas pedras de moinho que eram usadas nas casas para triturar o grão, e que fosse atirado ao mar. Este fado seria preferível ao outro, pelo qual o pecador, que causara ofensa, seria condenado ao abismo mais profundo do inferno. Pois a ofensa contra um destes pequeninos do Senhor, contra as crianças e os cristãos que de modo simples crêem na Escritura e em suas verdade, pertence às transgressões de primeira grandeza. Se os filhos do mundo sempre estivessem cônscios da culpa e da condenação que carregam sobre si mesmos, por meio dos muitos métodos que arquitetaram para fazer tropeçar os pés dos incautos, provavelmente seriam mais cuidadosos diante das ocasiões de pecar, seja na forma grosseira ou na refinada, que apresentam de todos os lados, em teatros, danceterias, salas de jogos, bares, por meio de figuras e histórias estimulantes, e em outras milhares de formas.
Sobre o perdão, V. 3) Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti; repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. 4) Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. 5) Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé. 6) Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá. Os filhos do mundo literalmente fazem questão de escandalizar, de ofender com deliberada intenção e para ferir e induzir a pecar. Mas entre os cristãos também acontece – e com freqüência – que um irmão ofende ao outro, magoa-o por meio de algum pecado não premeditado ou num momento de fraqueza. Deviam, por causa disso, prestar atenção, deviam sempre estar de vigia sobre si mesmos, para que não se tornem culpados e escandalizem a um irmão. E quando um irmão ofende, de qualquer maneira, então o cristão que sabe do pecado devia sinceramente admoestá-lo, Mt. 19. 21,22. Logo que o irmão, em virtude disso, se arrepende de seu pecado, o cristão devia perdoá-lo plena e graciosamente, mesmo que o mesmo processo deva ser repetido sete vezes num só dia. O coração dos cristãos devia participar na natureza do coração de Cristo, ou do de Deus em Cristo, que não conhece fim nem limite. Sempre que vem a confissão: Estou arrependido, então devia ser dada, em retorno, a certeza que o assunto está perdoado. É verdade, que uma tal medida de amor ao irmão que erra requer um amor incomum, e, por isso, um volume igualmente grande de fé. Os apóstolos estiveram cônscios deste fato. Segundo as circunstâncias daquela hora, não se consideram à altura da tarefa que Cristo apresentou. Por isso, depois de meditar um instante sobre a admoestação, pediram-lhe que lhes acrescentasse mais fé. Esta oração é diariamente necessária a cada cristão, quando deseja que seu amor acompanhe o passo das muitas demandas que ele exige. A fé precisa crescer na mesma medida do amor. Um cristão buscará sempre com maior diligência, e mergulhará sempre mais nas profundezas do amor de Deus em Jesus seu Salvador. Tão só desse modo será ele capaz de praticar o perdão que é exigido pelo seu discipulado de Cristo com relação a seu irmão. O Senhor aproveitou a ocasião para ampliar um de seus tópicos favoritos, a saber, o da força na fé. Caso tivessem fé, tão só do tamanho dum grão de mostarda, teriam o poder de dizer à amoreira ou sicômoro à sua frente, que se arrancasse como suas raízes e se plantasse no mar, e ela lhes obedeceria sem questionar. Notemos: Crescer na fé e no poder da fé, precisa ser a ambição sincera de cada cristão. Os métodos pelos quais pode ser alcançado crescimento na fé são a oração sincera ao Senhor, a confiança resoluta em suas promessas e uma contemplação constante de sua palavra. 
Em obras nenhum mérito, V. 7) Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: Vem já e põe-te à mesa? 8) E que antes não lhe diga: Prepara-me a ceia, cinge-te, e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois comerás tu e beberás. 9) Porventura terá de agradecer ao servo por ter este feito o que lhe havia ordenado? 10) Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer. Visto que a fé, conforme a explanação do próprio Senhor, se mostra em boas obras, em ações de misericórdia e de perdão e em outros atos maravilhosos, que sem fé são impossíveis, pode ter surgido nos corações dos discípulos a idéia de que, em virtude disso, obras eram meritórias, e que, à vista de Deus, mereciam algo. O Senhor, porém, exclui este pensamento por meio duma narrativa parabólica, isto é, com uma comparação como uma aplicação muito forte. “O objetivo de Cristo não é ensinar em que espírito Deus lida com seus servos, mas antes ensinar em que espírito nós devemos servir a Deus.” Se um dono tem um escravo que esteve no campo a lavrar ou a fazer a tarefa de pastor do rebanho, e quando este escravo volta para casa ao anoitecer, não lhe dirá: Vai logo e janta. O dono continuará a exigir os préstimos do escravo, pedindo-lhe, primeiro, a lhe preparar o jantar, e então cingir suas vestes e servir à mesa. Depois que o senhor da casa comeu e bebeu, o escravo também poderá jantar. O dono não pensaria em agradecer ao escravo pelo trabalho que, desta forma, realizou, pois o servir foi considerado como algo evidente. Tudo fazia parte do trabalho do dia. A figura não é dura ou carregada demais, mas foi tirada de condições que, no tempo de Cristo, eram comuns em todo o império romano. A seguir o Senhor faz a aplicação, dizendo que também todos os fiéis, quando realizaram tudo quanto lhes foi ordenado, o que inclui todas as exigências que emanam de todas as situações que sempre confrontam as pessoas, quando fizeram toda sua tarefa (caso isso for possível), ainda assim não terão nada de que se envaidecer, nada de que possam exigir de Deus algo em retorno. Ainda são servos que não dão lucro. Só fizeram aquilo que, segundo se esperava deles, era sua tarefa. Mesmo então não há neles qualquer mérito ou dignidade perante Deus. Quando Deus, com semblante terno, olha as boas obras dos cristãos e as luva e recompensa, então isto não é por questão de mérito, mas por graça pura. Tanto maior é nossa obrigação de amor.
(KRETZMANN)

27 setembro 2010

2 TIMÓTEO 1.3-14

2 Tm 1.3-14
Contexto
As "Cartas Pastorais" refletem o profundo apreço que Paulo tinha por seu discípulo e íntimo amigo e cooperador Timóteo. Chama-o mesmo de filho, por ter sido instrumento nas mãos de Deus a gerar nele a fé. Nesta carta, escrita da prisão de Roma, Paulo até mesmo o prepara para sucedê-lo na liderança das congregações por ele assistidas. É o canto do cisne ou o testemunho do grande Apóstolo da gratidão.
Texto
Vs. 3-5 — A hora da despedida é hora de lembranças e de promessas. A gratidão de Paulo se dirige a Deus, acima de tudo,  pelo privilégio de servi-lo cora consciência pura. Sua gratidão leva também em conta a educação recebida dos antepassados próximos, em sua família, e do valor que a mesma representou na vida de Timóteo. A memória dos benefícios de uma eficiente educação na fé, a reverência a pais e avós crentes, e a gratidão a Deus por essas providências — são uma postura adequada para quem aconselha e ensina.
A fé não hipócrita de Timóteo está em contraposição a tantas máscaras de piedade que, cedo ou tarde, revelam sua falsidade. Paulo, por certo, lembra tantos fariseus que viviam hipócritas e dos quais ele, apesar de fariseu, se distinguia. A "educação na justiça" de Deus produzira o efeito, tanto em Paulo como em Timóteo, de prepará-los para o ministério, que se completa com o que segue, a saber, o desenvolvimento do poder de Deus em sua vida a seu serviço.
Vs. 6-8 — Baseado nas considerações iniciais sobre a educação e o conseqüente serviço de Timóteo, Paulo faz seu apelo maior: Reavivar o dom de Deus que, pela ausência prolongada do Apóstolo, parece ler arrefecido. A menção do "espirito de covardia" e de um certo "envergonhar-se" do testemunho de Jesus e do encarcerado Paulo" confirma a necessidade constante de reavivamento do chárisma toú Theoú. Essas falhas não se verificam com Timóteo, pois o aoristo subjuntivo negativo não permite essa interpretação. Se Timóteo estivesse incorrendo nelas, deveria usar-se o presente do imperativo. Apenas o poder de Deus faz vencer a inibição e os sofrimentos a favor do evangelho.
Esse poder é o antônimo de covardia, de vergonha, do medo. O poder de Deus desenvolve amor e moderação para desempenharmos nosso serviço a Deus e oferece as condições necessárias a esse serviço. Moderação é mais que uma qualidade, é ação, é exercício de uma mente sadia e equilibrada.
Vs. 9-10 — O teste de nosso poder se dá quando temos que sofrer pelo evangelho. Esta é a essência da "teologia da cruz" de Lutero. Vivemos e sofremos segundo o poder de Deus, salvador e santificador. De acordo com o mesmo poder ele chamou Paulo e Timóteo com santa vocação. Essa vocação inclui as habilidades de pregar, ensinar, admoestar e supervisionar nas igrejas, e inclusive de sofrer por sua palavra e testemunho, recebendo, por sua vez, as forças para resistir. Klêsei (vocação), aqui, é idêntica a 1 Co 7.20 e Ef 3.20: uma tarefa de vida especifica, o ministério pastoral. 
É distinto das profissões seculares porque e quando feita "conforme a sua própria determinação e graça". Esta graça é o imerecido "favor Dei", sempre universal e ilimitado, que cancela e remove o pecado e a culpa. Paulo e Timóteo foram predestinados e eleitos na eternidade. Temos aqui a fundamentação da doutrina da predestinação e do chamado divinos, da eleição da graça e do ministério da pregação. Estabelecido na eternidade, manifesta-se através da vida e obra de Cristo, nessa redenção objetiva toma forma e aplica-se, pela justificação subjetiva, aos que chegam a crer no evangelho.
Vs. 11-12 — Em conexão com os atos de salvação de Deus, antes referidos, o Apóstolo recebeu medida especial de sua graça, e a incumbência de ministrar aos homens a vontade de Deus como pregador da palavra, apóstolo e enviado, mestre e ensinador, um terceto de encargos específicos que expressam a importância do ministério pastoral para quantos são chamados para exercê-lo. Oida é um elemento básico da fé: fé e certeza se complementam. O "depósito" certo e seguro, o crer no evangelho, está guardado em Cristo, que é poderoso para guarda-lo a salvo de perseguições e adversidades terrenas até o dia do juízo.
É como se dissesse: Ainda que eu morra, Cristo não falhará na guarda do evangelho em mim e nos que crêem.
Vs. 13-14 — O padrão (hipotíposis) ou modelo (1 Tm 1.16) das palavras de Paulo, e que ele espera que Timóteo siga, é tanto a atitude como a habilidade a ser desenvolvida, de ensinar segundo o grande modelo de Cristo (Urbild / Vorbild) e do amor que revelou ao nos salvar. A orientação pelo padrão divinamente estabelecido deve ser seguida "em fé e amor" que estão em Cristo Jesus. O Espírito Santo é o dinamo que move o crente a guardar e seguir esse tesouro de fé e confissão do evangelho de Cristo.
Disposição
O trecho é amplo e compreende pelo menos dois aspectos gerais, o da gratidão e as recomendações do Apóstolo, suas razões pessoais, tanto em relação a pessoas (antepassados) como a fatos (eleição e chamado). 
Seguem três propostas distintas.
SEMPRE DOU GRAÇAS!
I. A quem agradecer
1 . A Deus, a quem ele serve
2. Aos pais e antepassados
3. A cooperadores
II. Por que agradecer
1. Pela salvação e fé recebidas e em nós implantadas
2. Pela alegria e convivência cristãs
3. Por lágrimas enxugadas
III. Como agradecer
1. Lembrando-os em oração a Deus
2. Por uma fé sem fingimento
3. Seguindo os exemplos recebidos ou
GUARDA O BOM DEPÓSITO!
I. A natureza e importância do depósito
1. Poder do evangelho: a predestinação e o chamado
2. O dom de Deus na vocação para o ministério
3. Uma fé sem fingimento
II. Ameaças à segurança do depósito
1. Vergonha de testemunhar
2. Esquecer-se de agradecer
3. Sofrimentos causados pelos inimigos
III. A manutenção do padrão das sãs palavras
1. Certeza e fé no poder do divino guardador
2. Viver em fé e amor pela habitação do Espírito ou
SOU GUARDA DE UM BOM DEPÓSITO
I. Porque ele é muito rico e importante
II. Porque ele sofre constantes ameaças
III. Porque tem as sãs palavras da fé em Cristo.
Elmer Flor

LUCAS 17.1-10

VIGÉSIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
25 de Outubro de 1992
Lucas 17.1-10
a) Leituras do dia: O Salmo do Intróito, Salmo 62, estimula à confiança em Deus: "Somente em Deus, ó minha alma, espera" (vv. 1, 5); "de Deus depende a minha salvação" (v. 7); "confiai nele, ó povo, em todo tempo" (v. 8). A leitura do Antigo Testamento, Habacuque 1.1-3; 2.1-4, confirma isto ao dizer: "o justo viverá pela sua fé" (2.4). No Evangelho, Lucas 17.1-10, os apóstolos pediram ao Senhor: "Aumenta-nos a fé" (v. 5). Na Epístola, II Timóteo 1.3-14, Paulo confessa a sua fé, sua confiança em Deus, em Jesus: "sei em quem tenho crido, e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia" (v. 12). Assim, o assunto central das leituras deste domingo é a FÉ, a confiança em Deus, realçado pelo pedido específico dos apóstolos: AUMENTA-NOS A FÉ.
b) Contexto: Jesus estava em plena atividade de sua pregação pela Galiléia e Samaria antes de dirigir-se para Jerusalém (Lc 17.11). Acentuou a necessidade de os discípulos serem fiéis a Deus: "Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Lc 16.13). A fidelidade a Deus manifesta-se pela fidelidade que se tem à sua
palavra (Lc 16.29-31). A fidelidade a Deus salva-nos; ou como lemos em Hc 2.4: "o justo viverá pela sua fé". Esta fé é pedida pelos discípulos e é ressaltada por Jesus (Lc 17.5,6). Esta fé salva (Lc 17.19).
c) Texto: Vers. 1-4: Jesus admite: "é inevitável que venham escândalos" (v. 1). O que é um escândalo? Escândalo é uma ofensa, algo que leva alguém a pecar, ofendendo a Deus. A palavra de Jesus é especialmente drástica e severa contra quem, faz tropeçar “a um destes pequeninos (tôn mikrôn toúlôn héna)”.
Quantos não afastam crianças de Jesus, ensinando-lhes bobagens e violências ou deixando de levá-las a Jesus, pelo batismo e pela palavra.
É inevitável virem escândalos, porque o pecado está no mundo; "o mundo inteiro jaz no maligno" (1 Jo 5.19). Pessoas malvadas sempre colocarão tropeços especialmente para crentes inexperientes. Por isso Jesus fala com veemência contra esses escandalizadores.
Por outro lado, aconselha Jesus cautela, quando se trata de irmãos na fé: 
"Se teu irmão pecar, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe" (v. 3). Sempre que ele peca, mas se arrepende, perdoa-lhe (v. 4). 
Vers. 5, 6: Isto explicado, — de como se deve viver ou conviver com os irmãos na fé no dia-a-dia
— os apóstolos só têm uma coisa a pedir ao Senhor Jesus: 
AUMENTA-NOS A FÉ (v. 5). Só com muita e grande fé, fidelidade a Jesus eles conseguiriam conviver com os outros crentes. Foi uma boa oração. Cfe. Lc 11.1.
Jesus então responde com palavras que são difíceis de entender e de explicar, pois a construção da frase é incomum, porque tem três tipos de condições: 1) ei échete pístin = se tendes fé (prótase de realidade; próíase é a primeira parte dum período gramatical); 2) elégeíe àn (apódose de irrealidade presente, imperfeito com àn; apódose é a última parte dum período gramatical); 3) hipékousen àn (uma segunda apódose, agora de irrealidade passada, aoristo com àn). É uma frase gramatical e exegeticamente difícil. O que Jesus realmente quis dizer com ela? Que eles tivessem, uma fé carismática, de fazer milagres, ou que eles não usavam o grande poder da fé normal a serviço do reino de Deus? Uma amorcira pode ser plantada no mar? Há, pois, sentido metafórico nestas palavras de Jesus.
Lenski entende, que, pela palavra dos apóstolos, o reino de Deus seria transplantado, raiz e galhos, de Israel para dentro do mundo gentílico, de congregação cm congregação, para dentro dum território no qual nenhum homem poderia ter pensado que ele pudesse crescer e florir. Nenhuma fé carismática seria necessária para isso, pois o evangelho não foi espalhado pelo mundo por algo que não fosse à fé normal dos crentes (Lenski, volume de Lucas, p. 867-869).
Vv. 7-10: Como sempre, também aqui Jesus vê todos os lados duma questão. Os apóstolos estão humildes e sentem quão pequena é a fé deles em vista do que Jesus falou nos versículos 1-4. Ela deve continuar humilde, quando, agora, ela vai para dentro do mundo e ali realiza milagres. Este é o ponto-chave da parábola.
Nenhum discípulo de Jesus deve querer engrandecer-se e achar-se maior que o seu Senhor. Nem entre os homens tal acontece, mas servo é servo e patrão é patrão. No reino de Deus esta regra é imutável: "o servo não é maior do que seu senhor" (Jo 13.16). Deus é o Senhor que deu e dá ordens. Fazer tudo o que
nos foi ordenado é apenas cumprir o dever. Logo, a fé precisa ser grande e forte, para manter-nos humildes diante de Deus e para tornar-nos muito ativos, incansáveis, no reino de Deus.
Temos, portanto, todos os motivos para dizer à nossa alma: "Somente em, Deus, ó minha alma, espera silenciosa", porque "de Deus depende a minha salvação" e, por isso, pedir sempre como e com os apóstolos: Aumenta-nos a fé".
d) Tema e partes: AUMENTA-NOS A FÉ
I — Para manter-nos humildes diante de Deus e salvos e
II — Para tornar-nos muito ativos no reino de Deus.
Curt Albrecht