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05 junho 2012

LITURGIA PARA BATISMO INFANTIL

LITUIRGIA PARA BATISMO INFANTIL

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!

Rm 3.23 diz: “Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus.”

Sl 51.5 diz: “De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido.”

Rm 6.23 diz: “Pois o salário do pecado é a morte...”

At 22.16 diz: “E agora, não espere mais. Levante-se, peça a ajuda do Senhor e seja batizado, e os seus pecados serão perdoados.”

At 2.38,39 diz: “...cada um de vocês seja batizado... para que os seus pecados sejam perdoados... Pois essa promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe...”

Tt 3.5,6 diz: “...Ele nos salvou por meio do Espírito Santo, que nos lavou, fazendo com que nascêssemos de novo e dando-nos uma nova vida...”

Jo 3.3,5 diz: “...ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo,...se não nascer da água e do Espírito.”

Após ouvirmos essas palavras bíblicas, só podemos concluir que: o pecado condena ao inferno; todos são pecadores; para alguém ser salvo precisa do perdão dos seus pecados; o batismo que Jesus instituiu e ordenou é para lavar e perdoar os pecados e dar a nova vida, portanto, a salvação.

E diante destas grandes e maravilhosas verdades, só podemos querer o batismo para nós e para nossos filhos, e nunca o deveríamos deixar de lado.

______________ Recebe o sinal da santa cruz tanto na fronte como no peito como testemunho da salvação que Cristo conseguiu para você na cruz e na ressurreição.

ORAÇÃO: Maravilhoso e bondoso Deus. Por intermédio de Jesus nós agora te pedimos que dês a tua salvação eterna a esta criança por meio do perdão dos pecados e da fé em Cristo que dás ao batizá-la. Recebe-a, Senhor, conforme prometeste: Peçam e será dado a vocês; busquem e vocês vão encontrar; batam e a porta se abrirá para vocês. Ouve-nos por tua bondade e amor. Amém!

CONFISSÃO DA FÉ CRISTÃ

Creio em Deus Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra.

E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao inferno, no terceiro dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, donde há de vir e julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo, na Santa Igreja Cristã – a comunhão dos santos – na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna. Amém!

AOS PADRINHOS

Estimados padrinhos: quando vocês foram convidados para serem padrinhos desta(s) criança(s), assumiram um compromisso de alta responsabilidade e, também, honroso e maravilhoso – o de testemunharem sempre e quando for preciso – de que esta(s) criança(s) foi(foram) batizada(s) com água e em nome do Deus bíblico e triúno.

Portanto, pergunto agora a vocês: querem dar este testemunho sempre e quando for preciso de que esta(s) criança(s) foi(foram) batizada(s) com água e em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo? Se é, então respondam com o seu sincero SIM. Padrinhos: Sim!

À PIA BATISMAL

________________Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém!

O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que te deu o perdão dos pecados e a nova vida para a salvação eterna por meio deste batismo, te fortaleça com a sua graça para a vida eterna. Amém!

ORAÇÃO

Maravilhoso Deus. Nós te agradecemos porque recebeste__________________________________________________________na tua salvação por meio do Batismo. Pedimos que continues a proteger a criança, os pais e os padrinhos para todos permanecerem firmes na fé em Cristo e na sua salvação até o fim. Faze-os sempre felizes à medida que esta criança for crescendo no teu santo caminho. Em nome e por amor de Jesus. Amém!

Compilada por

Rev. Osmar Schneider

MANTENDO A HARMONIA NO LAR

PALESTRA

3º Encontro dos Namorados

Paróquia Concórdia de Laranja da Terra - ES

11 de Junho de 2005

Tema: "Mantendo a harmonia no lar"

INTRODUÇÃO

Qual é a atual situação dos casais no mundo em que vivemos? Qual o grau de harmonia que podemos ver nos casais, sejam cristãos ou não? O nosso lar é realmente um lar ou apenas o nosso endereço? Será que é a família que reflete o momento que vive a sociedade ou é a sociedade que reflete o momento que vive a família?

Nos nossos dias uma das instituições que mais se preocupa com a família é a igreja. Até mesmo a forma de controlarmos a estatística mostra isso. Não podemos imaginar a nossa sociedade sem a sua base, que é a família.

Mas para que uma família se forme e esteja bem estruturada certamente grandes desafios foram enfrentados. Infelizmente, nem sempre vemos famílias felizes e bem estruturadas. A cada dia que passa, vão surgindo novas situações que vão tirando o foco daquilo que é o propósito para o lar. Brigas são freqüentes e, as vezes, até atração de programas de televisão.

Os nossos lares estão conturbados. Existe muita dificuldade de se lidar com situações cruciais dentro do relacionamento familiar. Pais matam filhos, que por sua vez, matam os pais. Vivemos em um momento de crise de autoridade dentro de nossas famílias.

Temos também grandes exemplos de casais e famílias extremamente abençoados por Deus em seu relacionamento. Deus quer sempre nos mostrar, que ele deseja um convívio harmonioso para os casais e famílias, que é paz, entendimento e amor. Para os lares em desarmonia, como buscar harmonia? Para os lares harmoniosos, como manter?

Essa reflexão é muito importante para nós como povo de Deus, pois ele deseja que o nosso lar seja uma fonte de bênçãos para nós e para aqueles que convivem ao nosso redor.

A palavra Lar aparece várias vezes. Selecionei três versículos que falam sobre a finalidade do lar. Rt 3.1: Disse-lhe Noemi, sua sogra: Minha filha, não hei de eu buscar-te um lar, para que sejas feliz? O lar é para a felicidade. 1 Pe 3.7a: Maridos, vós igualmente, vivei a vida comum do lar. Lar não ''e só a casa, é tudo o que acontece na casa. Pv 27.8: Qual ave que vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe do seu lar. Lar é rumo certo.

A palavra harmonia aparece apenas uma vez na Bíblia em 2Co 6.15:"Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Para haver harmonia é necessário coisas em comum. A harmonia no lar depende de vários fatores, ou, existem vários fatores que influenciam na busca de harmonia. Mas o que é harmonia? "Acordo perfeito entre as partes de um todo". Esse termo sempre nos lembra plural; mais de um. A harmonia é muito importante onde existe o "nós". E sem ela, muito provavelmente, teremos de volta o singular, o "eu".

ASPECTOS QUE INFLUENCIAM NA HARMONIA ENTRE O CASAL

Iremos abordar apenas alguns aspectos ou situações que podem afetar muito a harmonia entre o casal bem como em todo o lar. Poderíamos talvez, enumerar muitas outras, mas vamos analisar apenas algumas.

1º - Convivência entre o próprio casal - algumas situações entre o casal podem levar a desarmonia ou harmonia, depende de como são enfrentadas.

É muito importante que o casal tenha consciência de que ele é o fundamento do lar. Eles se escolheram, namoraram, noivaram e tudo começou nessa união. Dessa forma, podemos ver que antes de qualquer coisa, é importantíssimo que o casal esteja em harmonia. É como a base de uma casa ou de um edifício, para que tudo seja construído com segurança e para que dure, é necessário que o fundamento seja forte e bem ajustado. Assim, um lar harmonioso depende primeiro, da harmonia entre o casal.

Nesse processo, o início da vida do casal se torna fundamental. Quando duas pessoas, homem e mulher, resolvem se unir em matrimônio, ali temos a decisão de formar uma nova unidade familiar. Dessa união nascerá uma nova família. Esse é um princípio básico, ter essa consciência.

Por incrível que pareça, a geografia exerce um papel importante nesse momento. Nem sempre esse novo casal poderá residir perto das suas famílias de origem. Existia no meio rural um modelo de organização familiar onde os filhos iam se casando e construíam suas casas todas perto dos seus pais. Se formavam verdadeiras vilas de membros da mesma família. Em alguns lugares isso ainda persiste, mas é cada vez mais raro. Muitos não estão preparados para realmente "deixar" os pais. E deixar os pais é, na verdade, o início de uma relação harmoniosa entre o casal. Gn 2.24 diz: "Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne". Portanto, "deixar" é o primeiro passo no momento do casamento.

Deixar é muito mais do que simplesmente ir para longe ou sair da casa dos pais. Deixar é assumir as responsabilidades de um lar, de um casal e de uma família. Ao assumir essas responsabilidades as experiências adquiridas na sua família de origem certamente serão muito importantes, mas eles não estarão mais nas casas dos seus pais. A esposa traz um tipo de vivência familiar e o marido vem com outra. Isso pode gerar conflitos entre o casal. Talvez os dois queiram aplicar ao novo lar, o modelo que viram em casa. Como harmonizar isso? É um desafio que passa, acima de tudo, pelo amor e pelo diálogo entre o "casal".

Deixar pai e mãe também é "cortar o cordão umbilical". É pelo cordão umbilical que a criança é alimentada e se desenvolve. No momento do casamento o casal precisa se virar sozinho. Os pais não deveriam mais alimentá-los através das suas decisões. Diálogos e orientação sempre foram, são e serão importantes e produtivos, mas a decisão é sempre do novo casal. Alimentar o casal financeiramente falando, também pode trazer sérios problemas para o relacionamento. É importante que eles aprendam a administrar os seus próprios recursos para o seu próprio bem, sejam eles grandes ou pequenos.

Em algumas situações mesmo que o casal vá morar em um lugar distante isso não significa que eles "deixaram" o pai e a mãe. Mesmo a distância, pode haver uma grande dependência com relação aos pais. Da mesma forma, em certas situações, mesmo morando perto dos pais, pode haver uma real e total independência para com eles.

Sabemos que, na maioria das vezes, os pais tem as melhores das intenções quando dão os seus "palpites", mas, sem dúvida, a melhor coisa a fazer é deixar que as decisões sejam tomadas por eles próprios, mesmo que sejam decisões erradas. É caindo que aprendemos a levantar, é errando que aprendemos a acertar, e a experiência vem através de vivência própria. O casal precisa errar junto e acertar junto e precisam assumir as conseqüências dos seus atos e decisões. Não podemos decidir e nem viver por eles.

2º - Convivência com a família - aqui gostaríamos de levantar algumas questões sobre o relacionamento com o restante da família.

Apesar do casal estar formando uma nova unidade familiar, não podemos esquecer que eles ainda fazem parte de uma "família" em sentido mais amplo. Também tem pai e mãe, irmãos e irmãs, avós. Isso não pode jamais ser ignorado e isso também é uma bênção de Deus.

Mesmo tendo deixado o pai e a mãe, eles continuam ligados por laços afetivos e por grau de parentesco. Isso nunca vai mudar. Que bom que é assim. O relacionamento com o restante da família continua ativo. Almoço no domingo, férias, passar os feriados e assim por diante. Quando um filho ou uma filha casa, costuma-se dizer que não se perdeu um filho ou uma filha mas, que se ganhou um genro ou uma nora. Isso é muito bonito. É muito importante que a parte que se une seja muito bem acolhida na outra família, para que ela realmente se sinta parte integrante desse novo grupo. No entanto, nunca podemos esquecer, que são um casal, uma nova família.

Dentro dessa situação podem surgir, não problemas, mas impasses em algumas situações. Como satisfazer as vontades dos dois lados? Diante disso, situações simples podem gerar conflitos. Onde passar o natal? Onde passar o ano novo? Em algumas situações, onde passar as férias? Preferências por parte dos filhos. O filho prefere esse ou aquele.

Diante de questões assim é importante, novamente o amor, o diálogo e o bom senso para tentar satisfazer os dois lados. Por parte das famílias é importante que o casal tenha liberdade de decidir. E que possam ter a certeza de que ninguém ficará magoado quando a decisão for favorável ao outro lado. A pressão que muitas vezes as famílias colocam sobre o casal não faz bem. Eles irão se sentir obrigados a atender as duas partes quando, nem sempre, isso é possível. Eles então, poderão se sentir culpados, podem vir as acusações e coisas simples, que deveriam ser agradáveis, podem se tornar um problema.

Por outro lado o casal se isolar também não é o melhor remédio. Pensar: "se não podemos atender os dois não vamos atender ninguém", talvez não seja a melhor solução. O convívio familiar perde com isso. A integração entre os membros de uma família também é importante. Uma convivência harmoniosa entre as famílias de uma grande família, contribui muito, para um bom relacionamento entre o casal.

3º - Convivência com os filhos - com a chegada dos filhos grandes transformações acontecem, e continuarão acontecendo sempre. Desde pequenos, o casal tem novos papéis e novas responsabilidades.

Antes de qualquer coisa, os filhos são bênçãos visíveis de Deus na vida do casal. Essa é umas das finalidades para a qual o casal se uniu: ter filhos. Esse também é um propósito de Deus para o casal: crescei e multiplicai-vos. É muito ruim quando a chegada de uma criança não é vista dessa forma pelos pais. É claro que as coisas podem mudar quando o filho está nos braços. Mas os filhos precisam ser amados, bem-vindos e desejados.

Os filhos não alteram a condição do casal. Quando os filhos chegam o casal continua tendo um ao outro. Apenas, agora, tem também o papel de pai e mãe. É claro que isso irá influenciar em todos os sentidos na vida do casal. Mas, é importante lembrar que o casal continua sendo a base do lar, e continua sendo necessário harmonia entre eles. Não se deixa de ser marido e nem esposa, mas, se acumulam as funções. Qual é o papel mais importante? Ambos são importantes. Não podemos estipular "esse é mais e esse é menos". Viver essa realidade é uma arte difícil, mas extremamente abençoada na nossa vida.

Outro grande desafio é a educação. Deus coloca sobre o pai e a mãe uma responsabilidade enorme quando dá à eles um filho. A responsabilidade de serem seus representantes diante daquele ser humano. Quantos pais estão fugindo dessa responsabilidade! Aqui podemos falar de dois tipos de educação: educação secular e educação cristã.

Na educação secular, que é aquela de responsabilidade do estado, os pais participam, mas não necessariamente é papel deles, a menos que eles assumam isso. É muito importante um acompanhamento muito próximo de como os filhos estão indo na escola. Falar com eles, auxiliá-los.

A educação cristã, tem como primeiros responsáveis os pais. A igreja é uma grande parceira nessa educação. Mas, não se divide ou não se atribui à igreja o papel da educação cristã. Esse é um trabalho de parceria. A educação cristã é tão ou mais importante que a educação secular. Talvez o nosso filho não vá ser um doutor. E Deus não irá perguntar: por que o seu filho não é um doutor? Mas vai perguntar: Onde está teu filho, que eu lhe dei, ele não crê em Cristo?

No Catecismo Menor nós podemos ver que Lutero tinha muito claro em mente esse papel dos pais. Ele escreve antes dos 10 Mandamentos, Credo Apostólico, Pai Nosso, Sacramento do Santo Batismo, Sacramento do Altar, Como ensinar a orar... : "Como o chefe de família deve ensiná-los com toda a simplicidade em sua casa". Tudo acontece nessa esfera lar-igreja. Quando ensinamos os nossos filhos não só eles aprendem, mas os pais também crescem na fé e no conhecimento da Palavra de Deus. Esse crescimento é muito importante para nós na nossa vida cristã.

Todos nós e também os nossos filhos sofrem muitas influências de fora. Podemos observar isso no modo de vestir, de falar e até de se alimentar. Muito disso acontece por causa da mídia que lança moda. No entanto, muitas dessas influências são negativas. Não é de se surpreender que uma criança chegue em casa falando palavrões, sem que eles nunca tenham sido pronunciados dentro de casa. Eles ouvem dos outros. A medida que vão crescendo o circulo de amizades vai aumentando. Dificilmente podemos controlar para ver com quem o nosso filho está conversando. Isso mostra que eles sofrem influência de vários tipos de pessoas ou, pelo menos, tem contato com vários tipos de pessoas.

Poderemos ter um conflito no lar, quando a forma do pai e mãe pensar é muito diferente da dos filhos. Isso sempre vai acontecer, diferenças sempre vão haver. Mas diferenças não necessariamente precisam ser desavenças. Não é fácil lidar com situações assim. Principalmente porque ambos os lados "estarão" com a razão. Cada qual irá defender a sua forma de pensar. Assim é importante manter um diálogo sobre os conceitos dos filhos desde muito novos. É importante deixar claro que existem limites. Deixar claro que existe a vontade de Deus para a nossa vida. Lidar com essas influências negativas nem sempre é fácil mas é necessário.

É importante o casal saber que os filhos são passageiros em casa. Muito provavelmente eles não estarão ali para sempre. Um dia vai chegar a vez deles deixarem pai e mãe e se unir a outra pessoa. O casal não pode deixar de viver o casamento para viver a vida dos filhos. Quando os filhos passam a ser a base do lar, quando tudo é feito para eles e por eles, quando eles não estiverem mais em casa, as coisas podem se tornar muito difíceis para o casal. Eles podem se ver sem objetivos na vida e até sem motivação para continuar. O casal permanece mesmo sem os filhos. O casamento permanece mesmo sem os filhos. O marido e mulher continuam ali. Eles ainda tem um ao outro.

4º - Convivência com a sociedade - a sociedade na qual nós estamos inseridas dita regras a respeito do casamento. E com as coisas tem mudado a esse respeito! Não queremos determinar se para melhor ou para pior, mas não podemos ignorar as mudanças que vem acontecendo. Isso também afeta a igreja, os casais cristãos. Não podemos nos afastar da verdade. Mas precisamos aprender a lidar com muitas situações.

As leis do nosso país já reconhecem como legítima a "união estável". Duas pessoas passam a viver juntas e isso já representa, diante das leis, um casamento. Apesar de que as autoridades apenas poderão reconhecer essa união numa eventual situação de separação.

Os números divulgados pelo último censo tem preocupado. É cada vez maior o número de pessoas que vivem sozinhas. O casamento se tornou um segundo plano. Não que todos tenham que casar, mas essas pessoas acabam se relacionando de forma "informal" e acaba crescendo o número de relacionamentos do tipo "se não der certo a gente separa". É triste quando uma união começa com esse pensamento. Muitos não se unem para sempre, mas para ficar mais fácil de separar.

Mas se enganam aqueles que pensam o casamento no civil é um empecilho na hora da separação. Em Vila Pavão, um município com aproximadamente 9.000 habitantes, do ano 2000 até agora aconteceram entre 60 e 70 divórcios, fora aqueles que estão à espera das partes para serem oficializados. A cada mês iniciam-se, em média 3 novos processos. O número é alarmante, isso se reflete na igreja, nos membros.

Qual é a razão de um número tão grande assim? É difícil precisarmos as causas. Mas podemos destacar algumas:

q Incompatibilidade - Muitos depois que se casam percebem que não tem muito em comum com a pessoa que está ao seu lado. A forma de pensar e de agir são muito diferentes. O gosto pelas diversas coisas são muito diferentes. Os objetivos de cada um estão longe de serem comuns.Fica a pergunta: E o namoro? E o noivado?

q Pensamento da sociedade: Ser feliz é muito importante e é a vontade de Deus para a vida de todos nós. Quando duas pessoas se casam elas pretendem ser felizes e tem toda a certeza de que isso realmente vai acontecer. Mas, como por encanto tudo isso termina. Então muitos são tomados pela forma da sociedade pensar: separa. quem dera todos os problemas fossem resolvidos com a separação. Será que toda aquela felicidade do namoro, noivado e até do início do casamento não pode ser vivido novamente. Será que separar é a melhor solução. Casamentos relâmpagos, como temos visto nos últimos tempos, também encorajam muitos a, no primeiro conflito, buscarem a separação. Preocupa muito a falta de disposição em lutar para se reconstruir um casamento.

q Vícios: em algumas situações se torna impossível suportar o alcoolismo e outros vícios. Uma das partes se vê obrigada, depois de fazer todo o possível, a separar-se para poder viver. Em muitos casos os vícios trazem junto consigo violência doméstica.

q Adultério: Muitos não conseguem vencer os apelos da carne e acabam adulterando. Em alguns casos existe a disponibilidade da parte traída em perdoar. No entanto, o que se observa é que normalmente o casamento acaba.

5º - Convivência com a igreja: a igreja tem um papel fundamental na vida do casal. Foi na igreja que muitos se conheceram. Foi na igreja que buscaram a bênção de Deus para a sua união. É na igreja que vão buscar o fortalecimentos da fé.

A união também na vida da igreja é muito importante. O casal vai como um casal para a igreja. Não basta mandar ir é preciso ir. O que observamos é que em alguns casos somente uma parte se preocupa com a fé. Somente uma parte tenta levar os filhos, ou fazer com que os filhos também gostem de ouvir a Palavra de Deus.

Contato constante e diário com a Palavra de Deus também irá fortalecer os laços entre o casal. Jesus disse: O que Deus ajuntou não o separe o homem (Mt 19.6b) Com toda certeza Deus sempre será fiel, e a sua vontade, para todos os casais, sempre será a mesma. Quando Deus deseja isso, não é só uma ordem e uma tarefa que ele coloca na mão do casal. Se não deseja a separação, ele mesmo estará orientando a vida do casal, para que isso não aconteça. Ele irá sempre procurar orientar o casal através da sua Palavra irá fortalecer a sua fé através do sacramento.

É muito bonito quando o casal está junto no culto. Quando vai junto à Santa Ceia, quando se dedica no estudo e nas devoções diárias na Palavra de Deus. Certamente o casal crescerá quando eles próprios observarem na Palavra do nosso Deus as bênçãos que ele derrama sobre a vida matrimonial.

A comunhão com os irmãos na fé, o convívio com outros casais é muito agradável. É sempre importante a amizade, o convívio com os outros casais cristãos. Isso muitas vezes é plenamente possível no Encontro de Casais. Essas oportunidades não deveriam ser desperdiçadas. Deus está ali, os irmãos estão ali.

Um casal cristão tem o privilégio de poder falar com o seu Deus sobre as suas questões. Podemos agradecer juntos pelas bênçãos bem como podemos colocar as nossas ansiedades diante dele. Ele nos convida a despejarmos as nossas dificuldades também como casal. Esse convite é permanente e se renova a cada manhã. Vamos buscar ao nosso bondoso Deus nos nossos momentos aflições. Deus nos ouvirá e nos orientará.

Conclusão

Esse é assunto que nuca se esgota. Poderíamos falar muito mais sobre esse tema. Ao mesmo tempo vemos que as ansiedades e as angústias são grandes em relação à vida do casal. Não existe uma receita para a felicidade. O que existe são algumas certezas: Deus quer a felicidade e a união vitalícia dos casais. Problemas sempre existirão e podem fazer parte do crescimento do casal. Temos uma pessoa ao nosso lado que deseja nos fazer felizes e deseja ser feliz. Essas certezas fazem parte da vida de todos os casais.

Quando Deus enviou Jesus Cristo ao mundo foi para que os pecados cometidos na vida matrimonial também tivessem perdão. O perdão é algo fundamental. PEcar contra o nosso cônjuge, isso irá acontecer. Que maravilhoso se o arrependimento também acontecer o pedido de perdão também se tornar uma realidade.

Que Deus no ajude a amarmos o nosso cônjuge da forma que ele merece e deseja e que perdoe as nossas falhas na vida a dois.

O DIVÓRCIO

INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO

Escola Superior de Teologia

Disciplina: Ética Teológica

O DIVÓRCIO

Professor: Erní Walter Seibert

Aluno: Herivelton Regiani

2o Trimestre de 1998

ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO.........................................................................................................3

II. O CASAMENTO COMO INSTITUIÇÃO DIVINA...............................................4

III. O DIVÓRCIO NA CONSTITUIÇÃO....................................................................6

IV. O DIVÓRCIO NA ÉTICA CRISTÃ......................................................................7

V. SEGUNDAS NÚPCIAS.........................................................................................10

VI. CONCLUSÃO.......................................................................................................13

BIBLIOGRAFIA....................................................................................................14

I. INTRODUÇÃO

No presente estudo queremos apresentar, com base nas várias fontes que consultamos, a vontade de Deus expressa nas Escrituras a respeito do divórcio. Para tanto, incluímos no início um breve resumo da doutrina da instituição divina do matrimônio como estado indissolúvel. O fazemos tão brevemente por não ser esse o nosso tema, apesar de se fazer necessária a exposição como introdução e base para as demais afirmações.

Igualmente, a partir da constatação de que o matrimônio é também uma instituição civil, procuramos trazer informações a respeito da legislação de nosso país, que retiramos de algumas obras teológicas e também da Constituição Nacional de 1988.

Como definido no curso, nosso intuito não é o de abranger também a questão do divórcio no aconselhamento pastoral. Nisto encontramos certa dificuldade, pois, sempre que pensamos no que é dito na Escritura sobre o assunto, já o relacionamos com a prática pastoral e os diversos problemas que podem exigir orientações e decisões que não se enquadram perfeitamente no modelo escriturístico. Além disso, grande parte do que é escrito sobre o assunto não faz claramente a mesma distinção entre o campo da ética e o do aconselhamento que tivemos nos cursos. Essa dificuldade de apresentação transparece nas citações que fazemos e, certamente, na nossa própria análise e interpretação.

Finalmente, ressaltamos aqui que, sendo a posição escriturística claramente definida e bastante conhecida, nosso caminho foi apresentar a exposição da verdade bíblica nas confissões, em Lutero, em obras diversas e no parecer da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais, como forma de aprofundar a discussão em torno das claras passagens bíblicas.

II. CASAMENTO COMO UNIÃO VITALÍCIA

Jesus, deixou bem claro, quando questionado pelos fariseus sobre o repúdio à esposa: “... o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19.6). O matrimônio é uma união indissolúvel e inviolável entre um homem e uma mulher para constituírem família e “viverem a vida comum do lar” (1Pe 3.7) por toda a sua vida.

Lutero, seguindo o contraste estabelecido por Cristo com a lei de Moisés, já que aquela lidava com a dureza de coração do ser humano sob a lei, diz que pessoas que querem ser cristãs não procuram o divórcio[1]. As pessoas se divorciam porque seus casamentos falharam, e casamentos falham porque as pessoas não reconhecem a instituição divina do casamento e não observam o propósito de Deus ao instituir o matrimônio. Como resultado dessa falta de compreensão, muitos se tornam impacientes e incapazes para o mútuo perdão. Paciência e perdão são tidas por Lutero como as melhores armas contra o divórcio.

Nas Confissões, o matrimônio é descrito na maioria das vezes em oposição à doutrina dos adversários da reforma em relação ao casamento dos sacerdotes. Nos trechos que lemos, a partir do índice onomástico que aponta para o termo, sempre fica evidente o valor que Deus dá a essa instituição como direito natural estabelecido na criação, com a finalidade de unir um casal para um relacionamento puro e feliz também sexualmente, de garantir a procriação e de evitar a impureza diante da inclinação do ser humano corrompido para o pecado. Deve ser considerado como estado divino, de supremo valor e bendito, como o é por Deus na Escritura. Também se diz que o divórcio, embora permitido no Antigo Testamento, é proibido no Novo Testamento, reservando-se o valor do matrimônio como instituição vitalícia e digna de respeito acima de tudo, como pode-se ler no Catecismo Maior, p.442.305-6.

Mesmo diante das mudanças e pressões da sociedade moderna e da crise ética em que vivemos, o casamento não pode ser visto como uma experiência, cujo final será determinado segundo a vontade dos participantes, ou segundo a duração do que eles entendem por amor, ou por causa da descoberta de uma “incompatibilidade de gênios” que supostamente não pode ser vencida.

Algumas passagens bíblicas de grande clareza e importância:

Gn 2.18-24 – “Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea ... E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada. Por isso deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.”

Mt 19.6 – “De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.

1Co 7.10-15 – “Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se separe do marido...”

III. O DIVÓRCIO NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA

Foi no dia 28 de junho de 1977 que o Congresso Nacional introduziu o divórcio pela primeira vez na Constituição Brasileira, seguido da sanção presidencial, no dia 26 de dezembro do mesmo ano, à lei 6.515, que regulamentava sua aplicação.

O artigo 226 da Constituição de 1988 diz, no parágrafo 6:

“O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada a separação de fato por mais de dois anos”[2].

IV. O DIVÓRCIO NA ÉTICA CRISTÃ

Segundo Norman L. Geisler, apesar das divergências, há pelo menos três pontos em que todos os cristãos da terra concordam a respeito do divórcio:

a) O divórcio não está dentro do ideal divino – Ml 2.16: “Eu odeio o divórcio”.

b) O divórcio não é permitido por qualquer causa – ainda que os cristãos tenham diferenças quanto a quais são as exceções válidas.

c) O divórcio cria diversos problemas – mesmo quem acredita que o divórcio é justificável em algumas situações reconhece que ele sempre tem um alto preço para os pais e filhos, bem como toda a família e relações sociais. “Divorce leaves scars that are not easly healed”[3].

O parecer da CTRE diz:

“Há um divórcio previsto na Palavra de Deus mas somente em uma situação de pecado... Somente quando o pecado se abate sobre o matrimônio de um casal cristão, a tal ponto que tenha como conseqüência o fracasso, a derrota, destruição e a separação, então o cristão sofre o divórcio.”[4]

A Escritura admite o divórcio em dois casos: a) adultério de uma das partes, de acordo com Mt 19.9; b) abandono pecaminoso, de acordo com 1Co 7.15. Nesse texto, não é o crente quem manda embora o descrente, mas o descrente que quer apartar-se. Segundo a CTRE, as causas do abandono são todos os pecados descritos por Cristo como “dureza do vosso coração” (Mt 19.8). Corações endurecidos podem levar um matrimônio ao abandono do amor e ao fracasso.

Ressalta também a Comissão que cabe à igreja ajudar os que fracassaram em seu casamento no arrependimento e busca do perdão de Deus.

“A Igreja deve analisar cada caso isoladamente, tentando, em primeiro lugar, a reconciliação do casal. Se, porém, as tentativas não salvarem o matrimônio e, sendo já a separação um fato consumado, a igreja deverá reconhecer a separação por amor à paz e à salvação das almas (1Co 7.15). A separação é pecado, mas não é um pecado imperdoável, e como qualquer outro pecado também é alvo do perdão trazido por Cristo, pois ‘o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo o pecado’ (1Jo 1.7).”[5]

Lutero, baseando-se na afirmação de Jesus em Mt 5.32 e 19.9, coloca o adultério como a grande base para a dissolução do matrimônio. O adúltero na verdade já dissolveu o casamento. Por isso, a parte traída não fica ordenada ao casamento a menos que se disponha a aceitar o cônjuge apesar de tudo. Ainda traz o argumento de que, já que na lei de Moisés um adúltero tem como pena a morte, ele já está morto diante de Deus. E morte dissolve o casamento.

Além disso, ele orienta as autoridades políticas a que dêem o divórcio com tranqüila consciência quando o casamento já está destruído pelo adultério. Por outro lado, Lutero lembra que o cristão deve ser sempre incentivado a aceitar de volta o cônjuge e restabelecer a paz no lar. Porém não deixa de advertir contra aqueles que vivem continuamente em adultério desprezando o perdão e fazendo pouco daquele que os aceitou de volta, que por isso seria melhor não fossem aceitos.

“‘For one oversight is still pardonable, but a sin that takes mercy and forgiveness for granted is intolerable’. Similary, no one can be forced ‘to take back a public prostitute os an adulterer if he does not want to do do or is so disgusted that he cannot do so.’”[6]

Em “O Cativeiro Babilônico da Igreja” e “Assuntos matrimoniais”, Lutero ainda fala de outras razões para o divórcio: impotência, recusa de relações sexuais e incompatibilidade. Exceto nos casos de impotência, vale a regra de 1Co 7.10-11: que pessoas divorciadas nessas circunstâncias não se casem novamente ou se reconciliem. Além disso, ninguém deve divorciar-se simplesmente por sua vontade. O divórcio, assim como o casamento, é algo público que se dá no julgamento da autoridade secular com o conhecimento da sociedade.

Mas foi no texto “Da vida matrimonial”, publicado no volume 5 das obras selecionadas pelas editoras Concórdia e Sinodal, que encontramos arrolados com grande clareza por Lutero as três razões pelas quais, segundo ele, uma pessoa pode divorciar-se:

“A primeira já foi referida acima: se homem ou mulher for incapaz para o matrimônio por problemas físicos[7] ou por natureza. Sobre os detalhes já foi dito o suficiente. A segunda razão é o adultétio. Sobre essa os papas silenciaram. Por isso devemos ouvir o que Cristo diz em Mt 19.3ss... O terceiro caso está dado quando um priva o outro ou se retira, não lhe presta o dever conjugal, nem quer viver em sua companhia. Existem essas mulheres obstinadas, que impõem sua teimosia. A essa altura deve-se dizer: ‘Se não queres tu, uma outra quer; se não quer a mulher, que venha a empregada’. No entanto, não antes de o marido adverti-la duas ou três vezes e o comunique a outras pessoas, para que a teimosia dela se torne de conhecimento público e seja castigada perante a comunidade. Se ela ainda não consentir, despede-a. Toma uma Ester e deixa a Vasti ir, como fez o rei Assuero.”[8]

Novamente, no fim da citação, podemos ver o quanto o casamento é enfatizado por Lutero como um instituição pública que é regulamentada pela sociedade civil e de pleno conhecimento da comunidade, fato que se aplica na mesma medida ao divórcio.

Althaus ainda lembra que Lutero distingue entre o que é instituído para a ordem pública pela autoridade, que se destina também aos não cristãos, e o que é esperado especialmente dos cristãos. A autoridade secular pode permitir o divórcio, por exemplo, para prevenir males maiores na sociedade. No entanto, espera-se que os cristãos tenham amor e paciência suficientes para manter o matrimônio. Para os cristãos, a regra de Jesus está acima da ordem legal estabelecida pela autoridade civil.

V. SEGUNDAS NÚPCIAS

Não há dúvidas sobre o segundo casamento de viúvos, já que o casamento é indissolúvel enquanto ambos viverem (Rm 7.2; 1Co 7.39). As dúvidas surgem no caso de pessoas separadas de um matrimônio anterior pretendem casar-se novamente.

Com base nas passagens bíblicas de Mt 5.32 e Mt 19.9, Koehler define que, se o divórcio acontece por razões que não são as previstas acima, aquele que repudia seu cônjuge é adúltero diante de Deus, assim como aquele que casa com a parte repudiada, já que o matrimônio não foi rompido. Também ressalta que, nos casos de adultério e deserção maliciosa (abandono), a parte inocente pode casar-se.

Baseando-se nas Escrituras, como dito acima, Lutero faz restrições ao segundo casamento, proibindo-o à parte culpada, nos casos de adultério, ou a ambos, nos casos em que a separação se deu sem real destruição do matrimônio pelos motivos válidos. Acima mostramos que, fora do três casos que ele define como válidos, estabelece-se a regra de 1Co 7.10-11: que pessoas separadas nessas circunstâncias não se casem novamente ou se reconciliem.

Em “Da Vida Matrimonial” o reformador reforça o caráter público e civil da legislação do divórcio e novo casamento, dizendo:

“O divórcio público, porém, que permite que o divorciado case novamente, está sujeito à investigação e à autoridade secular, para que o adúltero seja proclamado publicamente. Caso as autoridades não queiram ocupar-se com o assunto, que se divorcie com o conhecimento da comunidade, para não acontecer que cada qual busque para si um motivo qualquer para o divórcio.[9]

Sobre a parte culpada pelo divórcio, o reformador é enfático e, como sempre, duríssimo:

“Onde, porém ficará o outro, caso não consiga viver castamente? perguntas tu. Resposta: Foi por isso que Deus ordenou na lei que a adúltera fosse apedrejada, de sorte que não havia preocupação com essa pergunta. É assim que ainda hoje deveria proceder a espada e a autoridade secular – que mate os adúlteros, pois quem comete adultério já divorciou a si mesmo e deve ser considerado pessoa morta. Por essa razão a outra pessoa pode casar novamente, como se o companheiro tivesse morrido, desde que queira valer-se do direito de não perdoar. Se, porém, as autoridades se omitem e não matam, o adúltero pode refugiar-se num território distante e ali casar, se não souber dominar-se. O melhor, porém, seria que fosse morto mesmo, para evitar o mau exemplo.”[10]

Embora Lutero não considere correto, no fim da citação acima ainda admite, seguindo a lei secular e a valorização da pessoa, o fato de casar-se o adúltero novamente num outro lugar, em outra jurisdição. Continuando a leitura do texto após a citação acima, ele repete que melhor seria se a pena de morte fosse aplicada para evitar isso, mas o casar-se de novo, já que as autoridades abrem esta brecha, é ainda um meio de evitar a maldade.

A Comissão de Teologia e Relações Eclesiais da IELB, preocupada com os problemas de nossa época, é mais branda, e junta em suas considerações a regra bíblica com sua aplicação no aconselhamento pastoral, o que não contradiz Lutero, na medida em que ele também agia de maneira diversa de acordo com a situação apresentada em sua prática pastoral, como fica evidente em outros escritos e no caso da bigamia de Felipe de Hesse[11].

Três pontos são ressaltados pela CTRE nas páginas 18 e 19:

a) o pecador arrependido verdadeiramente recebe o perdão de Cristo e seu amor e graça o possibilitam viver uma nova vida, mesmo onde o pecado já violou a ordem e mandamento do Senhor (Jo 8.11; Cl 3.10; Gl 5.22-25; 2Co 2.5-11). Considerando-se também que o matrimônio é algo desejável e de grande importância e santidade, e que “quem se despede do velho homem e se reveste do novo homem, que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.8-10) é “nova criatura em Cristo Jesus” (2Co 5.17), é correto concluir que o cristão que sofreu o divórcio possa iniciar uma nova vida familiar. Isso vai ao encontro também do conselho de Paulo, de que é melhor casar que viver abrasado (1Co 7.9).

b) a igreja precisa estar atenta ao problema de pessoas que, mesmo não estando divorciadas segundo a lei do país, se unem a outras. Não se deve ir contra a lei do país, nem aceitar uniões levianas e irresponsáveis em relação à sociedade. Mas não se pode ignorar as dificuldades diversas, tanto de cunho financeiro como processual. Há pessoas que, mesmo não estando legalmente aptas para uma nova união matrimonial, a assumem responsavelmente e dignamente. Num caso desses, recomenda-se que seja notificada a congregação a respeito do compromisso assumido pelas pessoas de realizar o divórcio e casamento legais (a CTRE sugere ainda a elaboração de um documento escrito que comprove essa sincera intenção).

c) em casos de dificuldades financeiras, cabe à congregação assistir e orientar os envolvidos na regularização de sua situação perante a lei.

VI. CONCLUSÃO

Em nossa pesquisa pudemos reafirmar o que já havíamos aprendido sobre o problema do divórcio e, de certa forma, aprofundar nossos conhecimentos, especialmente no que diz respeito à leitura do tema em Lutero e nos diversos autores e na verificação das diferenças na maneira de discutir e escrever dobre o assunto.

Nossa conclusão sobre o assunto é de concordância com o que foi exposto pela CTRE, divergindo apenas quanto à forma de apresentação do parecer da mesma, que nos parece muito sucinto, trazendo apenas as conclusões. Melhor e mais edificante seria se fosse publicada também a pesquisa e a detalhada argumentação em torno de cada conclusão. O parecer dá ao leitor a impressão de regra imposta, e não de fruto do profundo debate que certamente aconteceu em torno do tema. Cremos que, quando se procura apresentar ao leitor ou ouvinte o caminho percorrido até chegar às conclusões, estas últimas lhe parecem mais vivas e significativas.

Cremos ser essa a principal vantagem da pesquisa: o retorno ao debate a respeito das bases do que já temos por estabelecido argumentação faz com que nos sintamos ainda mais seguros no final.

BIBLIOGRAFIA

ALTHAUS, Paul. The Ethics of Martin Luther. Trans. Robert C. Schultz.

Philadelphia, Fortress Press, 1972. p. 97-99.

Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, Centro Gráfico do

Senado Federal, 1988. p.147-8.

GEISLER, Norman L. Christian Ethics; options and issues. Michigan, Baker Book House, 1990. p. 281-92.

KOEHLER, Edward W. A. Sumário da Doutrina Cristã. Trad. Arnaldo Schüler. 2 ed. Porto Alegre, Concórdia, 1981. p. 268-74.

Livro de Concórdia; as Confissões da Igreja Evangélica Luterana. Trad. Arnaldo

Schüler. 4 ed. São Leopoldo, Sinodal & Porto Alegre, Concórdia, 1993.

LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas. São Leopoldo, Sinodal & Porto Alegre,

Concórdia, 1995. v.5, p. 160-83, 238-82.

SILVA, Plinio Moreira da. O Divórcio e a Bíblia; uma interpretação cristã da lei do

divórcio. Mogi das cruzes, ABECAR, 1983. p.9-12.

Teologia; pareceres da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais. Porto Alegre,

IELB, 1995. v. 1.

WENDLAND, Heinz-Dietrich. Ética do Novo Testamento; uma introdução. Trad.

Werner Fuchs. 2 ed. São Leopoldo, Sinodal, 1981.


[1] Aqui, como em grande parte das considerações a respeito de Lutero, nos referimos ao que diz Paul Aulthaus em The Ethics of Martin Luther, p. 97-99.

[2] Constituição da República Federativa do Brasil, p.147.

[3] Geisler, Norman L. Cristian Ethcis, p.282.

[4] Pareceres da Comissão de Teologia e Relações Eclesiais, v.1, p.17.

[5] Idem, p. 17-8.

[6] Althaus, Paul. The Ethics of Martin Luther, p. 98.

[7] Aqui Lutero não defende o divórcio no caso em que o cônjuge adoece e não pode manter relacionamento sexual. O que é dito acima aplica-se a casos em que não houve relações sexuais no casamento. Quando o relacionamento é interrompido por doença, vê-se a situação como oportunidade de servir à pessoa doente e a Deus em amor. “... bem aventurado és se reconheceres essa dádiva e graça”, cf. Obras Selecionadas, p.173.

[8] Lutero, Martiho. Obras selecionadas, V. 5, p. 170, 172.

[9] v.5, p.171

[10] v.5, p. 171-2.

[11] v.5, p. 291-6.