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14 setembro 2010

DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO APÓS PENTECOSTES

DÉCIMO OITAVO DOMINGO APÓS PENTECOSTES
11 de Outubro de 1992
Lucas 16.1-13
1. Leituras do dia: SI 119.33-40; Am 8.4-7; 1 Tm 2.1-8; Lc 16.1-13, A ênfase das leituras deste domingo gira ao redor da obediência ou desobediência da Lei de Deus, aplicados à administração dos bens terrenos: a obediência é sinal de sabedoria e resulta numa boa administração dos bens; por outro lado, a desobediência é atitude tola e iníqua, que será condenada ao Juízo Final.
2. Contexto:
2.1. Contexto literário: A parábola do administrador infiel é precedida pela parábola do filho pródigo (15.11-32). Ambas possuem elementos semelhantes: o contraste entre o Pai e o filho e entre o Senhor e o administrador, o desperdício da herança e dos bens, a misericórdia do Pai e do Senhor, o retorno do filho e a solução sábia do administrador. Tais semelhanças demonstram uma continuidade no ensino de Cristo sobre a situação do homem que está fora do âmbito da vivência com Deus e a necessidade do arrependimento e da fé na misericórdia divina. Além disso, o advérbio "também" (16.1: kaí) indica uma conexão com a parábola anterior.
Do mesmo modo, a história (ou parábola) que segue, ou seja a história do rico e do Lázaro (Lc 16.19-31), é uma ótima ilustração para os ensinamentos de Jesus acerca do uso dos bens materiais (vv. 9-13). O rico não soube "fazer amigos das riquezas iníquas", isto é, não usou seus bens para o auxílio e bem-
estar do seu próximo, o que demonstrou que ele amava mais o “deus Mamom" do que o Deus verdadeiro (v. 13) e lhe custou a condenação eterna (pois o amor a Deus se concretiza no amor ao próximo).
2.2. Contexto histórico-cultural: Conhecer o fundo cultural no qual está baseada esta parábola é indispensável para a sua interpretação teológica. Devido ao fato de que esta parábola é uma das mais difíceis de se interpretar, os exegetas dão diversas explicações. 0 contexto cultural mais provável para esta parábola é o de uma propriedade rural com um administrador (oikonomos) que tinha autoridade para executar os negócios da propriedade. Os devedores eram provavelmente arrendatários que haviam concordado em pagar uma quantidade fixa de produtos pelo seu aluguel anual. O administrador sem dúvida estava recebendo dinheiro extra "por baixo do pano", mas essas quantias não apareciam nas contas assinadas. Ele era um oficial assalariado. O Senhor era um homem de nobre caráter, respeitado na comunidade, que se interessava suficientemente pela sua riqueza, a ponto de despedir um administrador infiel (para maiores detalhes, conferir BAILEY, Kenneth, As parábolas de Lucas.
3. O texto:
Vv. 1.2. Esta parábola é dirigida aos discípulos, mas provavelmente os fariseus também a ouviram, pois zombaram daquilo que Jesus disse (vers. 14). Além disso, o suborno praticado pelo administrador da parábola era prática comum entre os fariseus, que haviam interpretado a Lei de Moisés conforme os seus interesses (a Lei proibia a cobrança de juros sobre empréstimos feitos entre judeus, cf. Ex 22.25, Lv 25.36, Dt 23.19-20). O termo “administrador" (oikonomos), quando usado nas parábolas, possui sempre o sentido metafórico que está relacionado ao uso ou administração de tudo o que Deus concede ao homem (vida, corpo, tempo, bens, etc). A raiz desse termo é oikos (casa). O povo de Deus é sua casa, cuja administração foi confiada aos cristãos, que são meros mordomos dos dons que lhes foram dados por Deus e que devem prestar contas da sua mordomia (Lc 16.2, 19.11; Mt 25.14 e segs.)
Vv. 3-7. O administrador esbanjador, avisado já da sua demissão e devendo prestar contas ao seu Senhor, tem um plano e o coloca rapidamente em ação: ele chama os arrendatários e retira a parte de juros a mais que seria o seu beneficio. Dessa forma, sabiamente ele faz com que os arrendatários, que ele explorava, o vejam como um homem bom e generoso. V. 8. Não podendo mais voltar atrás e desfazer o que o administrador havia feito, o Senhor apenas pode elogiá-lo. É aqui. Que está a "crux interpretorum", que causa más interpretações da parábola de Jesus, Mas entendida corretamente, vemos que o Senhor elogia a forma sábia do procedimento do administrador, que soube reverter a situação para o seu favor, mas não elogia a sua desonestidade. O advérbio "sabiamente" (phronimos) tem, suas raízes no Antigo Testamento, de forma especial, na Literatura Sapiencial, onde o significado que prevalece é o de. "Discernimento". Nos evangelhos, o termo se confina a parábolas ou à linguagem figurada e se refere ao comportamento sábio e judicioso que deve caracterizar aqueles que estão no Reino de Deus (cf. Mt 7.21, 25. ss, 24.45ss). A sabedoria que se propõe aos discípulos, como aquela que se harmoniza com o Reino de Deus, não é mero bom senso humano, mas está ligada com o conceito veterotestamentário de sabedoria: o sábio é aquele que faz a vontade do Senhor (Mt 7.24). Por isso, a sabedoria do crente se acha na sua obediência.
Vv. 9-13: Esta seção que segue à parábola é uma exortação quanto ao uso correto das posses e riquezas deste mundo, o que faz parte da boa administração do mordomo de Deus. Especificamente, o mordomo deve usar suas posses para o bem do próximo (vers. 9) e de forma piedosa, ao contrário do que fazem, os "filhos do mundo". Esses "amigos" do vers. 9 talvez se refiram, àquelas pessoas que receberam benefício do emprego piedoso das riquezas. O jogo de palavras do vers. 11 contrasta o valor relativamente mínimo das coisas materiais com as riquezas verdadeiras que existem num plano superior e pessoal. 0 discípulo deve provar sua mordomia fiel das posses que são de "outro" (o que temos neste mundo não é nosso, cf. as parábolas das minas, Lc 19, e dos talentos, Mt 25), para então receber as que são dele próprio. O discípulo não pode ser servo de "mamom", que personifica o domínio que as riquezas podem exercer sobre o homem pecador ao ponto de ele amar mais o dinheiro do que a Deus (Mt 6.24).
4. Sugestão homilética:
Idéia Central: A parábola do administrador infiel é mais uma que Jesus usa para alertar os seus discípulos sobre a administração sábia dos dons concedidos e confiados por Deus. Ela possui um caráter escatológico, pois se refere à "cobrança de contas". Em conexão com, as demais leituras e levando em conta o domingo do ano eclesiástico, a idéia central para a mensagem é esta: o cristão deve administrar sabiamente os bens que lhe foram confiados neste mundo, em obediência à vontade de Deus (e não do "deus mamom") e para o engrandecimento e propagação do Reino de Deus, enquanto o Juízo Final não chega. 
Assim interpretada e aplicada, a parábola pode oferecer subsídios para o lema da IELB: "Cristo para todos, Respondendo ao amor de Deus".
5. Objetivo, moléstia e meio: o objetivo pode ser o de alertar e motivar para uma sábia e cristã administração (mordomia) dos bens; a moléstia é o perigo sempre constante do amor ao “deus Mamom"; e o meio para se atingir o objetivo é o evangelho salvífico que transforma o coração humano e o faz viver
de acordo com a vontade de Deus.
Disposição:
Tema: Sejamos bons administradores dos dons de Deus
I. Agindo com; sabedoria neste mundo (tratar os aspectos básicos sobre mordomia: o que é, porquê, como, etc).
II. Não nos apegando aos bens deste mundo mostrar que para que haja verdadeira mordomia é necessário que Deus seja o Senhor em nossos corações pela fé em Cristo, ou seja, a motivação e o alvo final: propagação do Reino de Deus, "Cristo para todos".
João Carlos Schmidt
São Leopoldo, RS.

10 setembro 2010

REFORMA

REFORMA
A Reforma, para Lutero, não é um programa de mudança das instituições, mas de renovação a partir das pessoas.  A árvore e os frutos: o coração (homo interior) e o corpo (homo exterior).  A palavra de Deus muda o coração (justificação) e faz do ser humano um cooperador de Deus no mundo (vocação).  
A reforma proposta por Ltuero é uma “secularização” diferente da secularização moderna, porque, na visão de Lutero, o ser humano, quando reconciliado com Deus (coração - justificação), passa a colabor com Deus no mundo (corpo – vocações).
A reforma de Lutero é, primeiro da pessoa cristã, e então da sociedade cristã. O que pode reformar a pessoa cristão é o evangelho, e quem pode reformar a sociedade cristã (igreja, economia e política) é a pessoa cristã, nos ofícios e vocações
-  o pai e a mãe cristãos, os filhos cristãos, os senhores e servos cristãos, os artesãos, comerciantes cristãos, etc. (que é servo do próximo, que se faz útil ao póximo [Onésimo!])
- o ministro cristão (que é servo dos cristãos e não senhor da igreja , servos da Escrituras e não senhor delas)
- o príncipe cristão (bem diferente do príncipe de Maquaivel)
 que Lutero quis promover com seus escritos foi a reforma da pessoa cristã: fé, esperança e amor.
A igreja, pela administração de palavra e sacramentos, renova os cristãos na fé, na esperança e no amor (vida contemplativa, ação do sacramento).
Os cristãos, renovados na fé, na esperança e no amor, renovam o mundo: chuva que rega a terra (Gálatas 1535) (vida ativa, frutos do sacramento)
Os escritos de Lutero não traziam um programa pronto de reforma, mas refletiam a compreensão que Lutero tinha da “reforma” como ação de Deus (não humana), os homens foram criados para serem cooperadores de Deus, os cristãos são reconciliados com Deus para colaborar com o Criador no mundo.
Lutero, como escritor, não foi autor da reforma, mas instrumento da reforma  (1538, Artigos de Esmalcalde; 1539, Dos Concílios e da Igreja – o verdadeiro concílio já estava em curso no cotidiado, pois a pregação do evangelho e os sacramentos havia sido restaurados na igreja, e a comprensão de todas as ordens e vocações como cooperação com Deus também havia sido, conseqüentemente, reastaurada na sociedade cristã).
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Luisivan Strelow 

09 setembro 2010

OS VERBOS DO VERBO - LUCAS 15.1-10

Mensagem – 26.09.2004, domingo.
Capela da ULBRA – Canoas, RS
Texto: Lucas 15.1-10
Tema: “Os verbos do Verbo”
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IntrVERBO é uma palavra usada em João 1.1 para falar de Jesus. Jesus é o logos, que traduzimos como verbo, palavra.
Verbo, na Língua Portuguesa, é uma palavra ligada à ação. Claro, existem alguns de ligação, como ser, estar, ficar, permanecer... Mas a maioria deles falam de ação. Isso quer dizer que, normalmente quando pensamos em verbo, pensamos em ação. Correr, pular, falar, cantar, louvar...
1 – OS VERBOS DOS FARISEUS
Por isso, podemos dizer que verbos também identificam positivamente a Igreja Cristã – nós – pois é da natureza da Igreja agir, não?
Bem, na introdução do texto do Evangelho, não é bem essa realidade que encontramos. Não há verbos de ação, pelo menos não de ação positiva, para identificar as pessoas a quem Jesus principalmente se dirige: A elite eclesiástica de então, os líderes do Povo de Deus: os FARISEUS.
Com honrosas exceções, FARISEU é sinônimo de orgulho, ostentação, hipocrisia – viver de aparências. Eles não aparecem no texto, mas Quatro verbos descrevem bem a vida das pessoas a quem Jesus se dirige. E nenhum deles é de ação.
PERMANECER – nas tradições que levam para longe de Deus “misericórdia quero...”;
SE ACHAR – Soberba, julgar-se separado, especial, melhor do que os outros ;
CONDENAR – ação que não pertence a eles, mas da qual se apropriavam;
IGNORAR – os pecadores, considerá-los indignos.
Nenhum deles é de ação (nem mesmo condenar, pois não pertence a eles). É esta passividade que condena e é condenada por Jesus. Este ausentar-se do mundo, desligar-se daqueles que realmente necessitam.
Até que ponto a nossa vida hoje, também, possui somente verbos não de ação. Vale a pena pensar sobre até que ponto a falta de ação cristã, de vida cristã em nós, nossa família, nossa Igreja, tem nos deixado apenas de lado, observando o que os outros fazem, pensar sobre se estes, por acaso, são os quatro verbos mais utilizados em relação à vida de fé do povo de Deus... Nada mais perdido do que alguém que se acha salvo, especial, merecedor de honra e de alguma coisa da parte de Deus.

2 – OS VERBOS DO VERBO
Que bom que Jesus entrou em ação. Ele veio ao mundo justamente pra isso. Ele primeiro age, para então permanecer. Ele sabe que temos dificuldades, quer dizer, não conseguimos agir sozinhos. Nos falta motivação, força, vontade... Por isso, Ele se entrega para ser o nosso Salvador. Ele age para então permanecer, ficar, estar conosco. Ele se mistura com os pecadores. E quatro verbos da parábola enfatizam isto:
PROCURAR
ACHAR
SALVAR
ALEGRAR-SE

Estes 4 verbos resumem Jesus. Podemos afirmar sem dúvida. Nestas quatro ações de Cristo, temos a essência de seu ministério: Ir ao encontro dos perdidos. Procurar incansavelmente. E, quando a porta não é fechada pelo coração soberbo ou incrédulo, ele acha, ele salva, ele fortalece, e mais, ele e os anjos dos céus se alegram grandemente!
3 – OS VERBOS DA IGREJA
Estes também são os 4 verbos da Igreja. Sem eles, ela perde sua razão de existir. Nós, como cristãos, achados pelo Bom Pastor, temos nestes 4 verbos o resumo de nosso propósito. Cristo para todos é isso: PROCURAR, ACHAR, SALVAR, ALEGRAR-SE. Sempre com a ação de Deus através de nós, a força, a sabedoria, a orientação para isto. Sua Palavra e Sacramentos estão sempre à nossa disposição, para nos alimentar nesta nobre e alegre tarefa!
Por fim, podemos dizer ainda que o resumo destes quatro verbos pode ser feito em um: AMAR. Muitos filmes de Hollywood, muitas novelas, muitas pessoas hoje em dia, podem nos levar a acreditar que amor é apenas um sentimento, e que estamos a mercê dele. Se sente ou não. Acaba ou não. Para mutos, o amor vem e vai, ou como diz aquela música, “eu sou de ninguém eu sou de todo mundo todo mundo me quer bem”. Passageiro, evanescente.
Amor para Deus não se resume a isso. Amar também é sentir. Mas amar, principalmente, é AGIR. Deus fez isso. O seu amor fica claro em toda a sua ação em nosso favor. Nosso amor também, não é apenas de língua, mas de fato e de verdade. Ele sente, sim, amor por nós. Mas Ele sempre faz o principal: age. AMA! Demonstrações concretas disso não nos faltam, na Bíblia, na História, na nossa vida pessoal.

Cc – Escreve Stephen Covey: “Quando eu falava em um seminário, certa vez, um homem ergueu-se e falou: “Stephen, estou preocupado com meu casamento. Minha esposa e eu não sentimos mais as mesmas coisas de antigamente um pelo outro. Creio que não a amo mais, e que ela também não me ama. O que posso fazer?
-O sentimento desapareceu?
-Isso mesmo – ele confirmou. O que sugere?
-Ame sua esposa
-Acabei de dizer, o sentimento desapareceu.
-Ame-a
-Você não compreende. Esse sentimento, o amor, não existe mais.
-Então, ame-a. Se o sentimento desapareceu, você tem um bom motivo para amá-la.
-Mas como amar alguém que a gente não ama?
-Meu caro, amar é um verbo. O amor, o sentimento, é um fruto do verbo amar. Sendo assim, ame-a. Seja bom pra ela. Sacrifique-se, ouça seus problemas, faça um esforço de compreensão. Goste. Vá além. Você está disposto a isso?”
Amar é verbo. É ação. O que Jesus faz, e o que Ele nos pede. PROCURAR, ACHAR, SALVAR, ALEGRAR-SE, também, em muitos momentos, vai nos parecer muito difícil. Mas que bom que estes são Os verbos do Verbo, Jesus. Os verbos que ele nos propõe, e nos ajuda a praticar. Os verbos que fazem parte da vida de cada um de nós, procurados, achados e salvos e alegres - AMADOS de Palavra e de AÇÂO pelo bom pastor!