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08 dezembro 2011

CIDADANIA ROMANA

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem por finalidade mostrar a importância do direito de “cidadania romana” para o início do Cristianismo, enfatizando o trabalho missionário do apóstolo Paulo, o qual era cidadão romano, e fazia uso dos seus direitos garantidos pela lei romana.

Ao estabelecer a “paz romana”, César Augusto criou o direito de “cidadania romana”, que garantia um julgamento justo antes de qualquer punição por algum crime. Por isso, Paulo apelava ao seu direito de cidadão quando estava preste a ser punido devido alguma acusação. Dessa forma, o apóstolo podia continuar sua missão no mundo gentio, e por fim, chegar em Roma.

No primeiro capítulo deste trabalho, constará de maneira simples um breve resumo sobre a situação histórica da época, mostrando que Deus havia preparado o caminho para o início do cristianismo. Nos capítulos seguintes, serão mostrados os privilégios que o apóstolo Paulo tinha por ser um cidadão, e a importância do direito de “cidadania romana”.

1 Deus havia preparado o caminho

O estudo dos acontecimentos histórico da época faz-nos reconhecer a verdade das afirmações de Paulo em Gálatas 4.4, “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu filho, nascido de mulher, nascido sobre a lei”. A palavra usada no texto original grego para palavra “tempo” é “cro,nou” (de tempo), que significa o tempo cronológico, diferente do “kairo.j, que encontramos em Marcos 1.15, “Ele dizia: -Está cumprido o tempo, e o reino de Deus está perto. Arrependam-se dos seus pecados e creiam no evangelho”. Marcos nos mostra que tudo já estava preparado na terra. Deus em seu devido tempo havia preparado o caminho para a vinda de Jesus e o início do cristianismo.

1.1 Paz Romana

Roma vivia um período de muitos conflitos internos, o que enfraquecia o império, e fortalecia as estratégias inimigas.

Devido a esses conflitos, o Imperador César Augusto (Otaviano Augusto) criou a “Paz Romana”, que protegia a civilização do Império Romano.

Tosos os direitos estabelecidos com a “Paz Romana”, eram garantidos pela lei e pela mão forte do imperador. Com isso, a população do império gozava de inúmeros benefícios e privilégios, os quais, é importante destacar alguns:

Redes de estradas que ligava Roma com todo o império;

Vias marítimas através do mediterrâneo;

A língua Grega se tornou comum entre todos do império, facilitando os contatos entre as civilizações submetidas ao domínio dos romanos.

Nesse período houve um grande florescimento do império romano conforme Crouzet (1994, p.25)

Os resultados desse fato não foram efêmeros nem superficiais pela sua simples existência e pelos meios utilizados para assegurá-la, a paz marcou de maneira poderosa uma civilização cujo florescimento ela possibilitou durante dois séculos. É conhecido pelo nome de “paz Romana”.

Com isso, podemos observar a relevância desses fatos para a população do império, onde teve início o cristianismo.

1.2 Cidadania romana e o Cristianismo

Entre as diversas estratégias criadas por César para estabelecer a “paz romana”, gostaria de estudar neste trabalho, a concessão ampla do direito de “cidadania romana”.

A palavra cidadão, encontramos nos textos originais como “Politeia”, porém, também podemos encontrar como “avnqrw,pouj ~Rwmai,ouj” que significa literalmente, “homens romanos”, mas também é traduzido por, “cidadãos romanos”, conforme encontramos em At 16. 37.

Quando César Augusto criou o direito de cidadania para estabelecer a paz , era na verdade, uma maneira de contentar a população do Império, e assim diminuir os conflitos internos. Não foi criado para melhorar as condições de vida do povo. Porém, mesmo assim, a população foi beneficiada, e a proclamação do Evangelho foi facilitada.

O direito de cidadania trazia certa unidade entre os diversos povos do império, conforme Cairns (1988, p. 30)

A lei romana, com sua ênfase sobre a dignidade do individuo, e no direito deste à justiça e à cidadania romana, além de sua tendência a agrupar homens de raças diferentes numa só organização política, antecipou um Evangelho que proclamava a unidade da raça ao anunciar a pena do pecado e o Salvador do pecado.

Com essas palavras, vemos o contexto em que o evangelho foi anunciado ao entrar no mundo gentílico. Conclui-se assim, que a “paz romana” foi muito importante para o início da igreja cristã. Pois, esta paz trazia consigo o direito de “cidadania romana”.

2 O cidadão Romano

Um cidadão romano podia fazer uso de todos os direitos e privilégios garantidos pela lei romana, os quais incluíam:

Um julgamento público justo para o cidadão acusado de algum crime;

A isenção de certas maneiras de punição detestáveis;

E proteção contra uma execução sumaria.

Entre os personagens bíblicos que gozavam desses privilégios, encontramos o apóstolo Paulo. Um servo de Deus chamado a trabalhar pela causa de Cristo.

Paulo muitas vezes apelou ao seu direito de cidadão romano para dar continuação em seu trabalho missionário, pois assim, podia continuar suas viagens pelas províncias do império.

A primeira destas ocasiões foi quando o apóstolo protestou por ter sido açoitado com varas pelos lictores em Filipos, sem ter passado pelo julgamento adequado, conforme At 16.37.

Vemos também na seqüência do texto que: “[...] e estes ficaram possuídos de temor, quando souberam que se tratava de cidadãos romanos”. (vrs. 38 e 39). Com essas palavras podemos observar a importância do cumprimento das leis romanas, principalmente no que diz respeito a um cidadão romano.

2.1 Tarso

Paulo, além de ter o direito de cidadania romana “por nascimento” (conforme veremos posteriormente), nasceu em Tarso, conforme (At 21.39), “Eu sou Judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cicília [...]”.

Tarso localizava-se na província da Cicília, em uma planície fértil, o que fazia com que a cidade prosperasse.

Tarso foi uma cidade muito importante para as transações comerciais por volta de 2000 a.C. Já no governo de Augusto, a cidade gozou de muitos privilégios, conforme Bruce (2003, p.29), “[...] quando augusto governava o mundo romano, Tarso gozou de outros privilégios, como a isenção de impostos imperiais”.

Além disso, a população de Tarso era rica em atividades culturais e em estudos da filosofia e das artes. Dedicavam-se em geral a todo circulo de aprendizagem. Tarso era o que poderíamos chamar de cidade universitária. Contudo, pode-se concluir que, a cidade em que Paulo nasceu era de grande importância para o mundo romano. Além de ter sido uma grande metrópole, em Tarso havia muitos cidadãos romanos. Por isso, era muito respeitada.

2.2 Como Paulo Adquiriu o direito de cidadão romano?

Paulo estava perante o tribuno militar em Jerusalém quando afirmou: “sou cidadão romano por nascimento”. Ele nasceu cidadão romano, porém, israelita da tribo de Benjamim, “Hebreu de Hebreus” (cf. Fl 3.5), Judeu de Nascimento.

Paulo nasceu em uma família que tinha a cidadania romana, conforme Bruce (2003, p.30)

Quando Paulo afirmou ser de “cidade não insignificante”, tinha claramente bons motivos para descrever Tarso assim. Se suas palavras significam (como parece ser o caso) que seu nome estava na lista dos cidadãos de Tarso, isto indicaria que ele nasceu em uma família que possuía a cidadania.

Sendo assim, de que maneira uma família judaica de Tarso veio a adquirir esse direito?

Não sabemos como foi adquirido esse direito. Porém, segundo Calder apud Bruce (2003, p.33), o pai, o avô ou até o bisavô de Paulo prestou algum serviço à causa de Roma. Uma tenda pode ter sido muito útil para o exército em guerra, visto que a concessão de cidadania estava incluída na autoridade dos generais que estavam no comando da Cicília no primeiro século a.C. Pompeu e Antônio, por exemplo.

3 A importância do direito de cidadania romana

Paulo enfrentou um confuso cenário religioso com o simples Evangelho de
Jesus Cristo.

Os romanos eram tolerantes em relação às religiões do império, desde que não fosse contra os seus princípios de adoração aos imperadores, conforme Cairns (1988, p.51).

Os romanos eram de certo modo ecléticos em sua vida religiosa e se dispunham a tolerar toda religião desde que esta não proibisse seus seguidores de participar no culto do estado, que misturava o culto ao imperador com o velho culto do estado republicano e exigia a obediência de todos os povos do império, exceto o Judeus, que por lei eram isentos destes rituais.

Contudo, embora tolerantes em relação às práticas religiosas, os romanos não aceitavam qualquer tipo de movimento que causasse problemas à ordem.

Por isso, Paulo e Silas foram açoitados sobre acusação de terem causado desordem na cidade de Filipos. Conforme (At 16.20), Paulo havia expulsado um demônio de uma jovem adivinhadora, o que causou revolta aos donos dela, pois ganhavam dinheiro através de suas adivinhações.

Da mesma forma, os próprios judeus atentaram contra Paulo. Eles o acusaram de causar desordem no templo (At 21.27-29). Porém, quando Paulo estava preste a ser chicoteado, ele apelou ao seu direito de cidadão romano conforme (At 22.25), Será que vocês têm o direito de chicotear um cidadão romano, especialmente um que não foi condenado por nenhum crime?”.

Em outra ocasião, quando Paulo foi interrogado pelo governador, ele apelou ao imperador. Conforme (At 25.11): “Mas, se o que dizem contra mim não é verdade, ninguém pode me entregar a eles. Portanto, apelo ao imperador.”

3.1 Paulo em Roma

Após o episódio comentado anteriormente (At 25.11), Paulo foi enviado a Roma.

Podemos ainda observar na mesma história, que o Senhor Jesus apareceu a Paulo e disse: “Tenha coragem, Paulo! Você falou a meu respeito aqui em Jerusalém e vai falar também em Roma”. (At 23.11).

Com essas palavras proferidas por Jesus, conclui-se que, a importância do direito de cidadania romana era para a proclamação do Evangelho, pois, nas situações em que Paulo sofria punições infames sem um julgamento justo, ele apelava ao seu direito de cidadão, e quando lhe davam a palavra, testemunhava a respeito de Jesus Cristo, como por exemplo os discursos de Paulo no capítulo 26 de Atos.

Por todo império, onde quer que fosse um cidadão romano podia fazer uso de todos os direitos e privilégios garantidos pela lei romana. Paulo o fez.

O apóstolo Paulo anunciou a mensagem de salvação às nações gentílicas do império Romano, deixando assim, a cultura cristã na sua caminhada ocidental pela Europa

No final do livro de Atos, vemos que Paulo morou dois anos em Roma, conforme (At 28.31), “Ele anunciava o Reino de Deus e ensinava a respeito do Senhor Jesus Cristo, falando com toda a coragem e liberdade”.

Esta liberdade para pregar o evangelho, somente um cidadão romano poderia ter, e Paulo soube aproveitá-la muito bem.

CONCLUSÃO

Constatou-se no decorrer da pesquisa, a grande importância do direito de cidadania romana para o início do cristianismo.

Entre os personagens bíblicos que foram importantes para expansão do evangelho, recebeu maior atenção o apostolo Paulo, o qual era cidadão romano, e não deixava de usar seus privilégios de cidadão quando estes lhe ajudavam a continuar sua missão de anunciar o evangelho de Cristo.

Constatou-se que o direito de cidadania romana possibilitou o apostolo Paulo em testemunhar sua fé, tanto para judeus, como para os gentios, e também para ele ir até Roma, onde pode usar seus privilégios de cidadão, e pregar o Evangelho com “coragem e liberdade”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 BRUCE, F. F. Paulo o Apóstolo da Graça – Sua Vida Cartas E Teologia. São Paulo: Shedd, 2003.

2 CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1988.

3 CROUZET, Murice. História Geral das civilizações – Roma e seu Império. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil S. A., 1994, Vol.4

4 GONZALEZ, Justo L. Uma História Ilustrada - A Era dos Mártires. São Paulo: Vida Nova, 1980. Vol. I

5 JUNG, Paulo K. Vida e ensino de Paulo. Porto Alegre: Concórdia Editora LTDA, 1989.

6 BÍBLIA, Grego-português. Novo Testamento Interlinear Grego-Português. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004

7 TAYLOR, William Carey. Dicionário do Novo Testamento Grego. 4. ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1965. p.179.

8 THUMS, Jorge. Acesso à Realidade – Técnicas de Pesquisa e Construção do Conhecimento. 2. ed. Canoas: Ulbra, 2002.

9 WALKER, Williston. História da Igreja Cristã. São Paulo: ASTE, 1967. Vol. I

ESCATOLOGIA EM II TESSALONICENSES

INTRODUÇÂO

O fim do mundo é um tema muito discutido em nossos dias, pois já foram feitas várias previsões, as quais tinham como objetivo descobrir o dia do fim da humanidade, mas claro, todas essas tentativas foram frustradas.

Neste estudo tentaremos identificar quais os motivos que levaram os Tessalonicenses a pensar que o fim do mundo já era próximo. Serão descritos alguns eventos que poderão ser observados antes da Segunda Vinda de Cristo, dentre eles o principal que será a manifestação do anticristo. Teremos ainda algumas descrições do lugar aonde os ímpios irão após o dia do juízo final, quando forem condenados, e também o lugar dos fiéis, que serão salvos.

1 A Comunidade dos Tessalonicenses

A comunidade dos tessalonicenses foi fundada durante a segunda viagem missionária de Paulo. Não se sabe ao certo quanto tempo Paulo ficou junto dos cristãos da comunidade de Tessalônica, provavelmente apenas alguns meses. Depois foi obrigado a se retirar, pois estava em risco a sua vida, devido a algumas perseguições que os cristãos da comunidade de Tessalônica estavam sofrendo. As duas cartas de Paulo aos cristãos de Tessalônica foram escritas provavelmente da cidade de Corinto, com um pequeno intervalo de tempo entre as duas, sendo escritas por volta dos anos 51 ou 52.

Paulo sempre chama os seus congregados de irmãos, dando um clima de afetuosidade e familiaridade entre os crentes e seu pastor, pois Paulo não usa seu poder de apóstolo para com eles, mas antes os trata com amor, se igualando a todos os demais.

O principal motivo que levou Paulo a escrever a segunda carta aos tessalonicenses foi o fato de os cristãos estarem exaltados com uma falsa expectativa de que o dia da vinda do Senhor estava próximo, conforme encontramos descrito em Egenolf (1969, p. 46):

O rumor corria insinuante: É chegado o dia do Senhor! Tal noticia alarmou a muitos. Grande erra o alvoroço, e já não havia quem atendesse a ponderações sensatas e serenas.

Não sabemos ao certo o que levou os cristãos a pensarem que já era próxima a segunda vinda de Cristo, têm-se apenas algumas hipóteses. As principais seriam: que algum falso profeta tenha se infiltrado na comunidade, e estava a pregar o fim dos tempos, ou talvez ainda um membro que tenha feito apenas uma falsa interpretação de algum texto, a assim tenha causado todo esse rebuliço, ou ainda, um simples boato sem fundamento, o qual levou a comunidade a se exaltar de tal maneira.

Em 2Ts. 1.4 lemos: “a tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em todas as vossas perseguições e nas tribulações que suportais”, como vemos, a comunidade dos tessalonicenses estava sofrendo sérias perseguições, mas sua fé erra forte e eles não queriam abandonar a Cristo. Claro que, em meio a tanto sofrimento, quando surgiu qualquer palavra de que a segunda vinda de Cristo erra próxima, eles logo abraçaram a idéia, pois isso significava que então seus sofrimentos passariam, pois seriam reunidos para junto de Deus. E juntos de Deus eles sabiam que não sofreriam mais nenhum tipo de perseguição, não teriam mais problemas, e estariam a salvo de qualquer perigo.

Porém, eles não levavam em conta que antes do fim dos tempos, seriam ainda observados vários sinais, como mudanças na esfera da natureza, guerras, e o principal sinal descrito por Paulo, o aparecimento do anticristo, que viria para tentar desviar do caminho certo os que crêem, e levá-los para o caminho da perdição.

Talvez mais um motivo que favoreceu o fato de a comunidade se deixar levar tão facilmente por esses falsos ensinamentos seria que Paulo, como vimos, não pôde ficar muito tempo junto dos cristãos de Tessalônica, e não pôde lhes dar um ensino muito detalhado sobre a palavra, e assim, a comunidade não conseguiu lançar um alicerce firme o suficiente para não mais cair nessas armadilhas. Esse seria outro motivo para Paulo escrever suas cartas, instruir a comunidade um pouco mais na palavra de Deus.

2 A Escatologia na Segunda Carta aos Tessalonicenses

2.1 O anticristo.

Os cristãos de Tessalônica estavam exaltados pelo fato de pensarem que a vinda de Cristo estava próxima, alguns até pensavam que segunda vinda já havia acontecido, porém, Paulo lhes advete dizendo que antes da segunda vinda de Cristo, ainda haveriam de observar alguns sinais, os quais serviriam de alerta para os cristãos de todo o mundo. O principal desses sinais será o anticristo, que virá tentando de qualquer jeito levar os cristãos a “άποστασίας” “apostasia”, ou seja, o afastamento de Deus, a rebeldia contra Deus. Em 2Ts. 2. 3 temos o apóstolo Paulo nomeando o anticristo como “ό άνθπωπος τής άνομίας” “o homem da iniqüidade”, “filho da perdição”.

No final dos tempos, o anticristo virá com toda a força, pois será afastado aquele que o detém, conforme vemos em 2Ts. 2. 6. A hipótese mais aceitável a respeito da questão de quem seria esse que o detém é dada por Marshall (1988, p.234):

É possível que Paulo tivesse em mente alguma figura angelical que estava conservando o mal sob restrição durante o período da pregação até sua manifestação final e aberta; se for assim não é muito difícil pensar nesta figura “afastando-se” mediante a ordem de Deus, no tempo determinado.

Entretanto, nada pode ser afirmado com toda certeza a respeito da identidade desse ser que detém o mal, pois a bíblia não diz claramente quem pode ser esse que mantém preso o mal durante o tempo determinado.

Entretanto, quando o anticristo for solto, ele virá com muito poder, e será capaz de realizar muitos “sinais e prodígios da mentira, e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não acolheram o amor da verdade para serem salvos” 2Ts. 2. 9-10. Sabemos que todos que creram no anticristo serão condenados, pois não persistiram na fé em Cristo, mas creram nas palavras do iníquo, e portanto, são responsáveis por sua própria perdição.

Porém, mesmo com todo esse poder, o iníquo será insignificante, comparado ao poder de Deus. Podemos ter certeza de que não haverá nenhuma luta ou disputa entre o bem e o mal para vencer no dia do juízo, pois não há dúvida, Deus será o vencedor, porque ele é o Senhor de tudo. Em 2Ts. 2. 8 vemos que no dia em que o Senhor chegar, esse anticristo será destruído somente com o sopro da boca de Jesus, tamanho será o poder de Deus comparado ao poder de satanás. Nessa passagem onde Paulo diz que o iníquo será destruído com o sopro da boca de Jesus, ele provavelmente se refere à Palavra de Deus.

Diz Koehler (2002, p.196):

Sobre tudo isso o anticristo se exalta, sobre tudo isso reivindica autoridade e domínio, como vice-gerente de Deus na terra, vice-gerente ao qual estão subordinadas as ordens estabelecidas por Deus. E no santuário ou igreja de Deus, usurpa a autoridade de Deus, afirmando ser o mestre infalível em matéria de fé e moral, e ao qual toda a cristandade deve obedecer como se ele fosse o próprio Deus.

Como vemos, o anticristo não se mostrará abertamente contra Deus, pelo contrário, tentará se passar por Deus, e assim desviar os cristãos do caminho verdadeiro sem que eles mesmos percebam.

Observando todas essas descrições do anticristo, vemos que a pessoa que melhor se encaixa nesses moldes hoje seria o Papado Romano. Diz Koehler (2002, p. 197):

O papa não está fora mas dentro da igreja visível, e se levantou “contra tudo que se chama Deus, ou é objeto de culto” ( 2Ts. 2. 4.). Afirma que é o vigário de Cristo na terra e que tem supremacia sobre todo poder temporal, e certamente exerce autoridade suprema dentro de sua denominação.

Porém, mesmo que o papa pareça ser o anticristo, nada podemos afirmar com toda a certeza, visto que em outras épocas já se pensava que outras pessoas eram o anticristo, e a cada pouco tempo surgem novas hipóteses sobre quem realmente pode ser o iníquo. Ninguém pode ter certeza de quem realmente é o anticristo, já que a bíblia não nos diz com clareza quem ele realmente é, somente nos dá suas características, para que possamos estar vigilantes (Mt. 24. 42).

2.2 A segunda vinda de Cristo, a ressurreição dos mortos e o juízo final

O dia da vinda de nosso Deus é desconhecido a todos, ninguém senão o pai tem conhecimento dessa data, e não cabe a ninguém especular quanto a isso, a única coisa que nos cabe fazer é vigiar para que na hora em que ele chegar estejamos preparados. A única coisa de que realmente podemos ter certeza é que Cristo virá, sem sombra de dúvida, para julgar tanto vivos como mortos, e os que nele não creram serão lançados no inferno, e os que creram serão levados com ele para os céus (Mt. 25. 46). Temos um resumo dos sinais do fim dos tempos em Mueller (2004, p.575):

Entre os sinais dos tempos, as Sagradas Escrituras mencionam as condições anormais: a) na esfera da atividade e vida humanas (guerras, ódio à Igreja, pestilências, fomes, aflição geral, grande iniqüidade, esfriamento do amor, violência) (Mt. 24. 5-14, 37-39); b) no reino da natureza (terremotos, enchentes, distúrbios nos movimentos dos corpos celestes) (Lc. 21.25,26) c) na esfera da igreja (o surgimento de falsos mestres, a apostasia de Cristo, o Anticristo) (Lc. 21.8, 16,17; 2Ts. 2.3,4); etc. assim como a enfermidade é sinal da iminente dissolução da pessoa individual (microcosmo) também os distúrbios no mundo (macrocosmo) prenunciam sua destruição final.

Não sabemos nada certo de como será o fim do mundo, a única coisa da qual podemos ter certeza é que os céus e a terra hão de passar (Lc. 21. 33). Quanto ao modo, à maneira de como vão passar céus e terra, existe uma grande discussão entre vários dogmáticos, os quais não conseguem chegar a um comum acordo, concordam apenas que o mundo irá passar em sua forma atual.

No dia da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, todos os mortos serão ressuscitados, tanto os que morreram crendo em Cristo como os que morreram renegando o seu nome. A ressurreição significa ter novamente restituído o seu verdadeiro corpo, assim, corpo e alma se reunificarão, tanto para justos como para ímpios.

Logo após a segunda vinda de Cristo e a ressurreição dos mortos, será o juízo final, nessa hora todas as pessoas serão julgadas, tanto cristãos como não-cristãos, vivos como mortos.

Os que creram na palavra de Cristo e nele tiveram fé, serão separados dos que não creram, os crentes irão para o lado direito de Deus, receberão agora a vida eterna, felicidade e paz, gozarão de eterna glória junto de Deus, terão a eterna bem-aventurança, e seus corpos serão perfeitos e santos. Os ímpios irão para o lado esquerdo de Deus, e serão condenados a viver eternamente em tormento e tristeza, sofrerão eternamente no inferno, afastados de Deus, e não terão mais nenhuma chance de se arrependerem e obter o perdão de Deus.

3 O Destino dos Ímpios e dos Justos

3.1 A condenação eterna

Os ímpios irão para o lado esquerdo de Deus, serão condenados e lançados no inferno junto do diabo. No inferno sofrerão os mais terríveis tormentos, viverão eternamente apartados de Deus, e não terão mais nenhuma chance de se salvarem, pois já tiveram sua chance na terra e não a souberam aproveitaram. Pois Cristo veio ao mundo para morrer pelos pecados de todos os seres humanos, o perdão já estava conquistado também para esses que agora são condenados, porém, eles não quiseram aceitar a Jesus pela fé. Lastimavelmente, queriam viver no pecado, e não deram ouvidos a Jesus, mas sim a satanás, agora viverão para sempre junto dele, de corpo e alma, na mais horrível aflição e dor. “E serão atormentados de dia e de noite, pelos séculos dos séculos.”Ap. 20. 10.

3.2 A vida eterna.

“Porque Deus vos escolheu desde o princípio para salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade.” 2Ts.2. 13.

A recompensa dos que resistiram firmes em Cristo, até o fim, será a vida eterna junto de Deus. A eterna visão bem aventurada de Deus, face a face, sem nenhum obstáculo, nos dará a felicidade suprema.

Conforme o que lemos em John Theodore Mueller (2004, p. 593) vemos que no céu teremos todos os tipos de bênçãos, nada nos irá faltar. O diabo não poderá mais nos tentar, a morte não mais existirá; não teremos mais fome, sede, não sofreremos mais com doenças, essas serão as bênçãos privativas, ou seja, essas coisas nós não vamos sentir. Teremos também bênçãos positivas, as quais vamos sentir, elas se classificam em: bênçãos internas da alma : a iluminação do intelecto,a retidão completa da vontade e dos desejos, a mais alta segurança com respeito à duração perpétua dessa bem-aventurança; e as bênçãos positivas internas do corpo: invisibilidade, espiritualidade, impalpabilidade, ilocalidade, subtilidade, agilidade, impassibilidade, imortalidade e incorruptibilidade, força e sanidade, esplendor e beleza.

Quanto às bênçãos positivas externas lemos em Mueller (2004, p. 593):

Teremos ainda as bênçãos positivas externas, que são as que os bem-aventurados experimentam fora deles. Dessas, são duas as principais: a) a mais deleitante comunhão com Deus, com os anjos e com todos os bem-aventurados, a qual consiste em presença mútua, nas mais agradáveis conversações e na expressão de honra mútua juntamente com amor mútuo; e b) a mais bela e magnificente habitação.

Essas qualidades do corpo dos salvos citadas acima são opiniões de estudiosos, mas claro, ninguém pode dizer se realmente vai ser exatamente assim, o que podemos ter certeza é que será inexplicavelmente prazeroso viver na bem-aventurança eterna, junto de Deus, pois o simples fato de estarmos juntos de Deus já vai nos proporcionar alegria e bem-estar tamanhos, os quais nunca imaginamos sentir aqui na terra.

Conclusão

Assim, concluímos esse trabalho que teve em vista o estudo relacionado à escatologia na segunda carta aos Tessalonicenses. Podemos assim observar que o anticristo virá, não sabemos onde, nem como e nem quando, não sabemos quem ele é, por isso, devemos estar alertas para não cair em suas presas, pois todos os que não resistirem aos falsos ensinamentos que ele trará, serão condenados. No decorer do estudo, vimos quão cruel será o destino dos que não quiseram dar ouvidos a Deus, e de quão bem-aventurado será o destino daqueles que creram em sua palavra, por isso, cuidemos sempre para nunca cair na fé, pois assim, teremos tudo que precisamos, herdaremos a mais bela habitação celestial, estaremos juntos de Deus para sempre, e seremos felizes por toda a eternidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bíblia de Estudo Almeida. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

CARSON, Donald; MOO, Douglas J. ; MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. Traduzido por Márcio Loureiro Redondo. São Paulo: Vida Nova, 1997.

EGENOLF, Hans Andréas. Novo Testamento: Comentário e Mensagem de 2ª Tessalonicenses. Traduzido por José e Irene Klöh. Rio de Janeiro: Vozes Ltda. e Petrópolis, 1969.

KOEHLER, Edward W. A. Sumário da Doutrina Cristã. Traduzido por Arnaldo Schüler. 3ªedição revista e atualizada, Porto Alegre, Concórdia, 2002.

MARSHALL, I. Howard. I e II Tessalonicenses: Introdução e Comentário. Traduzido por Gordon Chown. São Paulo: Mundo Cristão, 1988.

MUELLER, John T. Dogmática Cristã. Traduzido por Martinho L. Hasse. 4ª edição revista e ampliada. Porto Alegre, Concórdia, 2004.

SCHOLZ, Vilson. Novo Testamento Interlinear Grego-Português. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004.

SILVA. Valmor da. Segunda Epístola aos Tessalonicenses, Não é Fim do Mundo. Petrópolis, RJ: Vozes e Sinodal, 1992.

THUMS. Jorge. Acesso à realidade: técnicas de pesquisas e construção do conhecimento. Porto Alegre, RS: Ulbra, 2000.

SANTA CEIA – PARTES

As partes da liturgia eucaristia e as devidas explicações?

O que acontece com o pão e o vinho na Eucaristia? Antes da distribuição dos elementos, pão e vinho, ambos são consagrados. Mas muitos não sabem qual é o significado da consagração o verdadeiro significado é tornar sagrado ambos os elementos, o antigo testamento nos ajuda a entender melhor, para o povo daquela época e também para nós hoje é tirar fora do uso comum, e dedicar exclusivamente a Deus para que Deus use como veículo da sua graça. Os Luteranos acreditam que Cristo está no pão e no vinho, que o pão é o verdadeiro corpo de Cristo e o vinho o verdadeiro sangue de Cristo derramado na cruz em favor de nossos pecados.

Por que o nome Eucaristia? Desde o início do século II é usado este termo. Eucaristia tem sua origem grega que significa ações de graças, expressão usada devido a formula de oração dirigida à mesa pelos judeus, na qual serviu de fonte nas celebrações Eucarísticas nas igrejas cristãs.

Desvios na prática da ceia do Senhor - lamentavelmente muitas igrejas e tradições se desviaram da prática da Ceia do Senhor, como se fosse algo individual, um acontecimento para beneficio próprio de cada pessoa. Outro desvio é que a Ceia do Senhor é celebrada como se fosse à morte de Jesus na cruz e sua vida, sua ressurreição, seus ensinamentos se quer é mencionados. A celebração em favor de um morto muda totalmente seu significado.

O verdadeiro sentido da Ceia do Senhor não é individual, mas sim uma refeição conjunta, é o comer e beber na presença de Deus. A celebração da Ceia não é em favor de um morto, mas um grande momento de louvor e gratidão por toda a obra de Deus em Cristo (nascimento, proclamação, atuação, paixão, morte, ressurreição e ascensão).

A Eucaristia não deixa de ser o pão e o vinho, continua sendo, mas com a presença de Cristo que se dá a nós através dos elementos.

Como lidar com o pão e o vinho? Ante da distribuição, os elementos devem ser consagrados, e se por ventura faltar um dos elementos, deve-se consagra-lo para que a pessoa que está recebendo-o tenha certeza de que realmente é o corpo e o sangue de Cristo, através do pão e do vinho. Para que o imprevisto não aconteça sempre adiciona a quantidade máxima, mais 30%. Após a realização da Ceia, ambos os elementos deixam de ser consagrados, voltando a ser elemento comum, mas mesmo assim devemos tratá-los com dignidade, pois anteriormente foi colocado nas mãos de Deus que o usou.

Confissão de pecados tem lugar na Liturgia da Eucaristia? Sim, logo no início da Liturgia da Eucaristia Luterana, é uma espécie de penitência, ou seja, Confissão de Pecados seguida de Absolvição, essa prática deve ser restabelecida, deve ser superada, para que tenhamos o verdadeiro sentido, o sentido original da Eucaristia.