15 fevereiro 2024

A TRANSFORMAÇÃO DE JESUS

A Transformação de Jesus  - Marcos 9.2-9

Depois de seis dias, Jesus toma com ele Pedro, Tiago e João e os conduz a um monte alto em particular. Jesus foi transformado diante deles. As vestes dele tornaram um branco brilhante como nenhuma lavanderia as podia tornar. Apareceram-lhes Elias junto com Moisés e estavam falando com Jesus. Então Pedro afirmou: "Mestre, é uma boa coisa nós estarmos aqui. Vamos fazer três tendas, uma para o senhor, outra Moisés e Elias." Pois ele não sabia o que falar, porque tinha ficado apavorado. Veio uma nuvem que fazia sombra sobre eles. Dela saia uma voz, que dizia: "Este é meu Filho querido. Escutem o que ele diz." De repente ao olharem em redor não viram mais ninguém a não ser somente Jesus. Descendo do monte ordenou que eles não contassem isto a ninguém antes que o Filho do homem ressuscitasse dentro os mortos.[1]

"Depois de seis dias", isto é, após a confissão de Pedro de que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, aconteceu à transfiguração. A transfiguração está vinculada a confissão de Pedro de que ele é o Messias e também ao anuncio imediato da necessidade de sua morte e ressurreição.

Moisés e Elias

Moisés e Elias são os representantes da lei e dos profetas que dão testemunho de que Jesus é "o Cristo, o filho do Deus vivo". São precursores e também testemunhas da aliança que Deus fez com o seu povo. Moisés e Elias são as duas figuras mais importante do Antigo Testamento. A presença dos dois para confirmar a confissão de Pedro (Mc 8.29) e também que o anuncio do sofrimento e morte estava em harmonia com as revelações do Antigo Testamento (Mc 8.31).

Reação de Pedro

Pedro reage: "Mestre, é uma boa coisa nós estarmos aqui". A fala de Pedro indica a reação dele a esta grande experiência que estava tendo. Esta experiência serve para revelar o futuro glorioso daqueles que creem em Jesus como Messias. Porém antes de desfrutar esta experiência maravilhosa, Pedro, e todos nós, precisamos passar pela experiência dolorosa da cruz. A teologia da glória quer ignora a cruz. Ela quer antecipar o céu aqui na terra (Mc 8.34-35).

A Voz do Pai

"A transfiguração aponta para a ressurreição de Jesus e sua futura segunda vinda e é um antegozo delas."[2] O objetivo de Marcos é revelar o evangelho de Jesus, o filho de Deus. Na revelação na voz do Pai no batismo que ele é o Filho amado (Mc 1.11). Temos aqui novamente a revelação do Pai que é o Filho amado (Mc 9.7) e temos a confissão do centurião na cruz (Mc 15.39). Pode-se dizer é uma cena central no Evangelho de Marcos e quase localizado no meio do evangelho.

Versículo 7: A expressão "Filho amado" tem o sentido que Jesus é alguém especial.[3] Pedro, Tiago e João vislumbram "a glória do Filho de Deus", que Jesus possuía, mas não a manifestava durante a maior parte de seu ministério público. Marcos nos está dizendo tanto aqui como no batismo de Jesus "que Deus nos mostra como devemos ver a Jesus".[4] Ele o evangelista também aos seus leitores. Marcos apresenta esta visão de Jesus pelo lado dos demônios também. Quando Jesus estava cercado pela multidão no lago da Galileia, as pessoas possessas ao verem Jesus se prostraram aos seus pés e gritavam: "Você é o Filho de Deus" (Mc 3.11). Também o geraseno possuído por uma legião de demônios também chama a Jesus como "Filho do Deus Altíssimo" (Mc 5.7). O objetivo do Evangelho é apresentar Jesus como sendo o Filho de Deus (Mc 1.1). Estas são as formas de Marcos também levar os seus leitores a se juntar ao centurião na cruz e confessar: "Verdadeiramente, este homem é o Filho de Deus" (Mc 15.39).

A ordem para não divulgar isto

Vers 9: "Ordenou que eles não contassem isto a ninguém antes que o Filho do homem ressuscitasse  dentro os mortos." Temos várias vezes Jesus pedindo segredo. Em Mc 1.34 ele impediu que os demônios revelassem quem ele era. Quando ressuscitou a filha de Jairo, Jesus pede o segredo sobre o fato (Mc 5.43). A mesma coisa acontece quando em Sidom cura um surde e gago, ele pede para não ser divulgado (Mc 7.36). O que é mais estranho é quando Pedro confessa que ele é o Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus pede para que ele não divulgassem (Mc 8.30). Aqui fica clara a finalidade do segredo. Antes de sua ressurreição não compreenderiam a obra do Messias. Havia muitas expectativas messiânicas que não tinham nada haver com o plano de expiação do pecado que Jesus veio realizar. Esta é a razão do "segredo messiânico". Este episódio também só poderia ser compreendido a revelação da glória de Jesus através de sua ressurreição.

Filho do Homem

"Filho do homem" – Esta era designação que Jesus usa para falar dele mesmo. Ela aparece oitenta vezes no NT, em setenta e oito vezes é usada pelo próprio Jesus. Uma vez ela foi repetida pela multidão ao Jesus se referir a ele como Filho do homem e eles perguntam "quem era o Filho do Homem" (Jo 12.34). Ela aparece em Atos dos apóstolos usada por Estevão na hora de seu apedrejamento (At 7.5). Ela foi usada para traduzir o termo "bar-nasha" usada por Jesus no aramaico.[5]

Não se sabe a origem do termo. Muito o atribuem a Dn 7.13-14, onde o Filho do Homem tem um relacionamento estrito com Deus, e tem sua soberania sobre a raça humana. Eles identificam este personagem como sendo o Messias, mas não existem muitas indicações que esteja se referindo a ele.[6]

Jesus usa o termo para evitar as associações nacionalistas e políticas que termo Cristo tinha. Quando o evangelista Marcos usa o termo, Jesus usa o termo para falar de sua autoridade em seu ministério público. Ele fala de sua autoridade em áreas que os seus ouvintes não esperavam. Quando ele perdoou os pecados do paralítico (Mc 2.5). Também ao exercer funções divinas quando afirma que ele é "o senhor do sábado" (Mc 2.28). O sábado foi instituído por Deus (Gn 23; Ex 20.8).

Jesus fala também de sua autoridade no fim dos tempos. Quem se envergonhar dele, o Filho do Homem também se envergonhará quando vir na glória do Pai (Mc 838). Ele aparecerá nas nuvens com grande poder e glória (Mc 13.26). O Filho do Homem vai estar assentado a direita do Todo-Poderoso (Mc 14.63-64). Jesus deixa claro, no devido tempo, seria reconhecido nu mundo celestial pelo que ele é, apesar de ter sido rejeitado pelos lideres aqui na terra.

[1] Tradução próprio do texto original grego

[2] RIENECKER, Fritz, ROGERS, Cleon. Chave Linguística do NT Grego. Trad.Gordon Chown e Júlio Zabatiero. São Paulo, SP, Vida Nova, 1985, p. 84

[3] MORRIS, Leon. Teologia do NT. Tradçução Hans Udo Fuchs. São Paulo, Vida Nova, 2003, p. 120

[4] MORRIS, Leon. Id. Idem., p.120

[5] MORRIS, Leon. Id. Idem., p.121.

[6] MORRIS, Leon. Id. Idem., p.122

Elmer Teodoro Jagnow