Recensão sobre: O progresso na vida devocional
Introdução
Iremos tratar de alguns assuntos, entre eles: A vida devocional do pastor, como deve ser e quais as tendências. Hoje se fala em vida devocional particular do pastor, até onde esta pode ser boa para o trabalho com a comunidade, e quais os aspectos negativos. Como o pastor deve usar seu tempo, junto aos cristãos, fazendo de seu trabalho um momento de devoção e crescimento espiritual.
Vida devocional
Nosso mundo perdeu o contato com a história bíblica. Na antiguidade, o povo seguia a vida em temor a Deus e através de sua palavra, buscava consolo Nele. O povo usava estas histórias bíblicas para se organizar e reger suas vidas, mesmo quem não era muito religioso, procurava viver de acordo com os ensinamentos da Bíblia. Hoje já não funciona mais assim as pessoas em geral, usam outros parâmetros para regerem suas vidas. Devido ser este um problema atual, que atinge também pessoas de dentro da igreja. O autor, Robert Jenson, escreveu sobre o assunto, vou destacar algumas frases; “Deus se revelou ao povo de Israel e eles se tornaram seu povo, e tinham um lugar no qual Deus habitava. Mas com a vinda de Cristo ao mundo, como Nosso Salvador, a presença de Deus já não estava mais restrita a um lugar somente”. As pessoas passaram a adorar a Deus e a lhe prestar culto em lugares diferentes. O povo organizou uma liturgia, a qual passou a usar, em seus cultos a Deus, mas que com o tempo foi se perdendo. Hoje no mundo que vivemos, com tantas mudanças, precisamos recuperar essa liturgia, e a vida santificada na Palavra de Deus.
A vida devocional do cristão é um constante meditar na Palavra de Deus. E é importante, que cada cristão veja a história bíblica, como sendo a sua própria história. Porque ele agora faz parte do povo de Deus, através da fé em Cristo, o Filho de Deus. O pastor, muito mais que os outros cristãos(congregados), precisa viver uma vida devocional aplicada. Em oração com seu povo, reunidos, pelo seu povo e pelas pessoas em geral, também, meditar na Palavra de Deus e ensiná-la da maneira mais clara e pura possível. Procedendo deste modo, seu trabalho será uma constante exposição da história bíblica. Esta precisa ser lembrada freqüentemente, para que o povo, a sinta como sendo sua própria história. Como narrador da história bíblica, para o povo, o pastor, precisa sempre de novo, orar e meditar na Palavra, para não se desviar da verdade.
O pastor ora, enquanto prepara sermões, estudos bíblicos, textos para visitas e orações para o culto. Neste momento, quando está estudando e meditando na Palavra de Deus, na verdade está orando por seu povo e pelo mundo. No púlpito, ou em outro lugar, onde estudamos as Escrituras com o povo, a vida devocional do pastor, deixa de ser particular e se torna pública. Sendo um fiel ministro de Cristo, o pastor ajuda o povo a ter uma vida devocional mais voltada aos ensinos da Bíblia.
Bom seria se nós ao entrarmos em contato com as Escrituras, deixar que ela nos molde, para termos um trabalho pastoral, mais abençoado. A vida devocional particular do pastor é algo bom, mas não pode, ficar isolada da vida devocional da comunidade. No passado havia pouca separação entre a vida devocional do pastor e suas atividades diárias com a comunidade. Realmente a vida devocional do pastor, não pode ser separada da vida da igreja, pois é por causa desta que ele foi chamado, para ser servo de Cristo Jesus. Se o pastor, assim se sente chamado, sua vida devocional particular estará ligada a seu trabalho.
Os teólogos, recebem sua identidade pastoral, da compreensão que a igreja tem de continuidade, no caso, no AT os profetas, e no NT Cristo, os apóstolos e depois os pastores. Um pastor demonstra sua identidade, sabendo qual o lugar que ocupa, entre os que falam em nome de Deus. O sentido do trabalho pastoral, nós encontramos na Sagrada Escritura, onde o próprio Jesus falou: “Quem vos der ouvidos ouve me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; ...” (Lc10.16). No AT, Deus usava os profetas, mas tudo se cumpriu em Cristo, na sua vida de ministério. E a partir desse ponto, podemos compreender o papel do pastor na igreja de hoje, como sendo uma continuidade do ministério de Cristo. O tipo de vida devocional do pastor, se desenvolverá de acordo com o que ele pensa a respeito de seu trabalho. Como pastor, ele não só fala em nome de Cristo, como também o representa diante de seu povo.
Vemos o ofício pastoral, com uma visão voltada para as mudanças do presente século, e perdemos o foco do ofício do ministério e a base cristológica. Uma das mais evidentes manifestações dessa perspectiva é o desenvolvimento da vida devocional do pastor desvinculada do culto público. Os problemas pessoais, de certo modo acabam atrapalhando a percepção do pastor, de que suas orações são unidas à oração da igreja. A história do pastor, muitas vezes, se apresenta mais importante que a história bíblica, mas esquecemos que ela se encaixa na história da igreja e não existe fora dela. Assim, como podemos ver, a vida devocional do pastor está intimamente ligada às gerações passadas e futuras da igreja.
Na liturgia de nossos cultos, nos unimos a todos os cristãos da terra e aos santos no céu, porque Cristo está presente, tanto no céu quanto na terra entre nós, através da palavra e do sacramento. Cristo é o centro da história do mundo, e que nós luteranos, não separamos nossa salvação de sua carne. O sofrimento, a morte, a ressurreição e a ascensão de Cristo, se tornou o momento histórico mais conhecido do mundo e este fato foi a consumação do plano de Salvação de Deus, para com o ser humano. E da maneira como esta história é contada na liturgia, quando o povo se reúne em culto, é uma história escatológica. Por mais que reorganizemos o ritmo de vida devocional em relação ao passado, sempre continuaremos a ler as Escrituras, cantar e orar como era feito pelos antepassados, com quem aprendemos. Cristo foi, é e sempre será o centro da vida cristã, ele é a razão de nosso viver.
O estudo das liturgias, por exemplo, a liturgia das horas, poderia moldar a vida do pastor. Assim como os primeiros missionários ensinaram aos cristãos de Antioquia, que deveriam orar o pai-nosso três vezes ao dia. Aqui já vemos a oração como parte importante da vida devocional. Isto é simples, mas exige de nós, disciplina, pois precisamos marcar horários, durante o dia para orar, e aos poucos este fará parte de sua vida. Nossas liturgias matinas, vésperas e completas, tem sua origem no ofício da catedral, que é o nome que a liturgia das horas recebeu por volta do século lV. O ofício da catedral se tornou o alicerce da vida devocional de muitos pais eclesiásticos.
Por volta do século Vl, o ofício da catedral, foi implantado dentro do molde monástico. Mas esse modelo de oração era muito rigoroso e logo foi separado dos fiéis, se tornando exclusivo do clero. Mas Lutero, reverteu esta situação ao trazer a liturgia das horas ao devido lugar. Ou seja, aos cultos, para que tanto fiéis quanto clérigos participassem. E foram feitas mudanças importantes, como trazer a leitura da Escritura como parte principal da liturgia, e nesta, Salmos, hinos e as orações do Ofício Diário. Para o pastor ter uma vida devocional, que ocorra dentro do contexto de oração comunitária da igreja, seria bom voltar a usar os ofícios diários como alicerce. É preciso considerar, como extremamente importantes, a instrução na palavra, o louvor a Deus e a oração comunitária, quando pensamos em vida devocional do pastor. Foi muito importante a elaboração da Liturgia das Horas, na qual os cristãos lembram e compartilham a história do mundo. Nesta também, louvam a Deus pela salvação e invocam o Pai através da oração comunitária, mediante Seu Filho.
A Liturgia das Horas, tem se mostrado muito correta, e sempre de novo pode ser usada como fonte de devoção particular. A oração matinal, lembra a ressurreição de Cristo e mostra que Ele triunfou sobre a morte ao ressuscitar na páscoa. E a oração vespertina, por sua vez, também nos lembra que Cristo venceu a morte, e sua luz resplandeceu sobre as trevas. E assim, como na oração matinal, celebramos que Cristo é a luz do mundo.
Os cristãos são as únicas pessoas que sabem , que em Cristo são recriados a cada dia, pela lembrança do batismo. Assim, são as pessoas mais indicadas, para contarem a história do mundo na perspectiva da nova criação. Através destas orações diárias, da Liturgia das Horas e observando a seqüência do ano litúrgico/eclesiástico. Se o pastor assim o observar em sua vida devocional, estará todos os dias contando a história do mundo e sendo recriado em Cristo.
Conclusão
A vida devocional do pastor deve estar ligada à vida da comunidade. Por mais que se queira separar sua vida devocional particular da vida devocional da comunidade. Pois deve sim, fazer suas devoções particulares, ao escrever um sermão, preparar orações e ao meditar nas Escrituras. E estas por sua vez estão ligadas à comunidade.
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