CREIO...
A opinião popular de que fé e razão necessariamente são incompatíveis ou excludentes não condiz com a realidade humana. Somos pessoas de fé ou de razão? Esta não a pergunta apropriada. Pois, todas as pessoas são racionais e tem fé em alguma coisa ou em alguém. A questão, então, não está em se alguém tem fé, mas em quem ou em que tem fé.
Sabemos o que fé significa na vida cotidiana. Vamos exemplificar: Consultamos um médico e recebemos dele uma receita que prescreve um remédio que deve ser preparado por uma farmácia de manipulação. Vamos até à farmácia porque cremos que o farmacêutico vai preparar o remédio apropriadamente. Outro exemplo: Quando participamos de um curso, anotamos o que o professor está ensinando porque cremos na integridade dele e no que ele está ensinando.
Fé não é uma função da inteligência da pessoa. É antes uma resposta normal de confiança em pessoas ou coisas que merecem esta confiança. Quanto mais conhecermos as boas qualidades das pessoas ou coisas, maior é nossa confiança nelas. È assim também em relação a Deus. Conhecer Deus, através da Palavra, é fundamental para que creiamos e confiemos Nele.
A diferença entre cristãos e não-cristãos não está no fato de um ter fé e o outro não. Ambos têm fé. A diferença está no conteúdo ou no objeto da fé. A fé do cristão é fundamental e essencialmente diferente da fé do não-cristão. O cristão não crê somente que existe um Deus, o que o não-cristão também aceita e até crê, mas que este Deus interveio na história humana; que este Deus assumiu a vida humana aqui na terra na pessoa de Jesus Cristo; que esta encarnação aconteceu com o fim pacífico de resolver o problema que o homem por si mesmo não podia mais resolver. A singularidade da fé cristã repousa sobre o que o cristão crê a respeito de Jesus Cristo. Isto não significa que ele é menos lógico ou menos científico do que o seu amigo não-cristão. Apenas mostra que o objeto de sua fé e confiança é diferente do objeto da fé e confiança do não-cristão. O cristão foi levado a conhecer, a amar, a crer e confiar em Jesus Cristo como seu único Salvador, que resolveu o problema do pecado e culpa e que Ele é seu amigo fiel até a consumação dos séculos. O cristão deposita toda a sua confiança em Jesus Cristo. É isto que faz dele um cristão.
O cristão não chega a esta fé mediante a sua própria capacidade racional ou através do poder do seu pensamento positivo, mas através da ação do Espírito Santo, que atua na vida da pessoa pelos meios da graça: A Palavra de Deus e os Sacramentos. O Ap. Paulo escreve em 1 Co 12.3: “Ninguém pode dizer: Senhor Jesus! Senão pelo Espírito Santo”. (Consulte também: 2 Tm 1.9;1 Pe 2.9; 2 Co 4.6 Jr 31.18; Jo 3.5-6; Ef 2.8-9). O Catecismo Menor, ao explicar o Terceiro Artigo do Credo Apostólico, artigo que trata do Espírito Santo, assim se expressa: “Creio que, por minha própria razão ou força, não posso crer em Jesus Cristo, meu Senhor, nem vir a ele; mas o Espírito Santo me chamou pelo Evangelho, me iluminou com seus dons, me santificou e me conservou na fé verdadeira...”.
O crer é fundamental para a salvação. Na grande ordem de evangelizar o mundo, Jesus acrescenta: “Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Mc 16.16). Quando o carcereiro de Filipos perguntou ao
apóstolo Paulo: “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?”, recebeu a resposta: “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e a tua casa” Atos 16.30-31).
A Palavra de Deus afirma a importância da fé (do crer): “O justo viverá pela sua fé” (Habacuque 2.4b). “A sua fé lhe será atribuída como justiça” (Romanos 4.5b). Estes textos falam da fé em Deus e na salvação trazida por Ele aos homens através de Jesus Cristo. Não fala de uma fé vaga ou fé no potencial do próprio ser humano.
Alimentemo-nos diariamente da Palavra de Deus e participemos sempre da Santa Ceia. Assim seremos fortalecidos na fé e subsistiremos nela até o fim. Jesus diz: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida eterna” (Ap 2.10b). Crer em Jesus Cristo é questão vital para nossa vida espiritual e para alcançarmos a vida eterna junto de Deus.
Oremos também sempre para que nossa fé seja fortalecida. Jesus diz ao pai do jovem possesso: “Se podes! Tudo é possível ao que crê”. O pai do jovem, reconhecendo sua fraqueza, responde: “Eu creio, ajuda-me na falta de fé” (Mc 9.24). Ele queria uma fé mais forte. Nós todos também necessitamos de convicção e fé robusta.
Questões para debate
a) O Apóstolo Paulo diz: “Portanto, a promessa de Deus depende da fé, a fim de que a promessa seja garantida como presente de Deus a todos os descendentes de Abraão. Ela não é somente para os que obedecem à lei, mas também para os que crêem em Deus como Abraão creu...” (Rm 4.16 – BLH). Deus fez muitas promessas para os seus filhos. Qual é a condição para que alguém receba o que Deus lhe prometeu?
b) Tiago complementa esta verdade, dizendo: “Porém peçam com fé e não duvidem de modo nenhum, pois quem duvida é como as ondas do mar, que o vento leva de um lado para o outro. Quem é assim não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, pois não tem firmeza e nunca sabe o que deve fazer” (Tg 1.6-8 – BLH). Relacione este texto com o anterior. A que conclusão você chegou?
Oração
Senhor Deus Todo-poderoso, obrigado porque nos agraciaste com a oportunidade de conhecermos e crermos em Jesus Cristo. Dá-nos, por tua misericórdia, a capacidade de confiarmos com todo o nosso coração em Jesus Cristo, nosso Salvador, e que O confessemos e glorifiquemos com firmeza e muita coragem diante de todas as pessoas. Ouve e atende-nos, por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
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