Guia de Estudos Bíblicos
O QUE HÁ DE ACONTECER
O Apocalipse de João
Autor: Robert Hoyer
Traduzido por: Rev. Irving Ivo Hoppe
A Importância do Apocalipse de João
Constantemente se renova nos estudos bíblicos o interesse pelos temas do livro de Apocalipse, e se nota uma especial paixão entre os cristãos pelo seu estudo. O que provoca este interesse é, principalmente, seu mistério e sua linguagem. Mas, muitas vezes, este interesse está mal dirigido: quando buscamos encontrar no Apocalipse respostas claras que identifiquem os acontecimentos do presente e quanto ainda falta para o fim do mundo.
Um dos propósitos destes estudos é o de mostrar que o interesse de estudar o livro é correto, só que por uma outra razão. Esta carta de João às igrejas é um dos mais importantes e significativos livros da Bíblia. Ele nos leva a uma íntima comunhão com os discípulos do primeiro século. Nos leva a avaliar nossa própria fé e nossa própria vida cristã. É certo que precisamos entrar na linguagem apocalíptica para aprender algo neste livro. Existirão ocasiões nas quais não compreenderemos algum detalhe desta linguagem. Mas o significado do seu conteúdo é clara. A maior parte dos símbolos são fáceis de compreender.
João escreveu seu livro num tempo de dura perseguição. Aqueles aos que ele escrevia eram pessoas que estavam sendo desafiadas a renunciar à fé ou enfrentar diretamente a morte. Esta não era como nunca será uma decisão fácil. A Igreja estava tentada a recorrer a subterfúgios e a abrir mão de seus mais sérios compromissos. Os cristãos que tinham uma fé sincera se esforçavam para encontrar um caminho que lhes permitisse viver naquela sociedade e, ao mesmo tempo, manter sua fé. Nesta situação, João escreve um claro chamado para que os cristãos apresentem um testemunho claro e definido de sua fé. Requeria que os discípulos aceitassem a mesma morte pela causa de Cristo. E prometia aos que morriam as maiores bênçãos na glória eterna.
A importância deste estudo está na verificação para saber se João alcançou este objetivo. Se os cristãos tivessem aceitado a adoração ao imperador como uma detalhe sem importância e lhe tivessem convencido que não havia nada de ruim com sua fé, a Igreja simplesmente se teria tornado um componente a mais da sociedade. Sua importância na vida do mundo não seria maior que a de muitas das religiões gregas. E, com o passar do tempo, a sua prática teria desaparecido, como desapareceram a maioria daquelas.
O Apocalipse é um livro verdadeiramente inspirado por Deus para acompanhar a edificação da sua Igreja. É uma carta dirigida aos cristãos para que se preserve a Igreja na terra. Ele nos leva à mais importante questão que enfrenta a Igreja em qualquer tempo: Nossa confissão de fé é séria? Por isso, é de especial importância que continuemos dando atenção às palavras de João e às orientações que ele deixou para nossa própria vida cristã.
Devido ao fato de que a linguagem que João usou para escrever o Apocalipse é um pouco estranha para nós, é importante ter um pouco de cautela nas nossas conclusões. É importante não concentrar-se demais no significado de certos detalhes de determinado texto ao ponto de perder o significado de todo o livro. Não deve-se deter em interpretar cada símbolo e encontrar sua relação com os acontecimentos de presente e do passado (não se deve procurar o símbolo de Hitler no Apocalipse). Todos os símbolos devem ser interpretados nos termos da linguagem que foi usada por João e de acordo com os propósitos com os quais ele escreveu o livro. Sempre que tivermos esta compreensão podemos transferi-la ao contexto em que vivemos.
Símbolos do Livro de Apocalipse
Cores
- Branco – é o símbolo da vitória;
- Vermelho – é a cor da agressão;
- Preto – indica fome e miséria;
- Amarelo – é a cor da morte.
Números
- 3 – é o número de Deus. A repetição tríplice de uma invocação sempre indica a Santíssima Trindade;
- 4 – é o número simbólico da criação ou de todas as criaturas (terra, ar, água e fogo) de Deus: 4 anjos nos 4 cantos da terra segurando nas suas mãos os 4 ventos; as nações dos 4 cantos da terra, etc.;
- 7 – a combinação do número de Deus com o número da criação. Portanto, indica a ligação de Deus com a humanidade perdida;
- 6 – falta de ligação entre Deus e o homem. Sua forma tríplice é a expressão máxima da falta de Deus no mundo;
- 10 – número redondo, perfeição na qualidade e totalidade na quantidade;
- 12 – número dos eleitos do povo de Deus;
- 144.000 – combinação dos números da totalidade com o dos eleitos de Deus.
Símbolos Visuais
- Candeeiros – são o símbolo da Igreja congregada (reunida);
- Livro ou Rolo – indica o registro celestial. O conceito tem a ver com a idéia de que todos os acontecimentos da terra são registrados nas esferas celestiais;
- Selo – indica que algo é separado como propriedade particular;
- Trombeta – indica um evento ou acontecimento;
- Olhos – indicam conhecimento;
- Chifres – representam o poder;
- Cabeças – significam dominadores;
- Incenso – é o símbolo da oração;
- Mar – representa o perverso governo humano;
- Terra – representa a religião organizada (deve-se distinguir a fé cristã);
- Prostituição ou Fornicação – significa idolatria e falsificação da verdade de Deus;
- Jóias – representam glória;
- Água transparente – indica vida e/ou verdade.
Primeira Parte – APOCALIPSE
Introdução
Esta parte é um esboço de todo o livro, que vai servir de ajuda para saber como compreendê-lo. Ela deve te ajudar a encontrar tua localização ou teu lugar enquanto lês o livro.
Tempo, Lugar e Autor
Este estudo vai seguir as interpretações e fundamentos comumente aceitos entre os estudiosos mais representativos do assunto.
O Imperador Domiciano, enquanto se aproximava o fim do seu reinado, por volta de 95 DC, exigiu que o povo de todo o Império o adorasse, a ele e às outras divindades romanas, como a personificação do Império. Muitos cristãos se recusaram a isso, e por essa razão foram perseguidos de uma maneira bem especial. Possivelmente muitos fugiram enquanto outros sofreram o martírio. O Livro do Apocalipse foi escrito para inspirar fidelidade e constância, em contraste com a grande maldade daqueles que atacavam a Igreja, com a glória prometida aos seguidores de Cristo.
Por tradição, o autor é João, o apóstolo amado de Jesus. Mas o livro mesmo não traz nenhuma indicação segura nesse sentido. O autor não dá a entender o fato de ter conhecido Jesus, pois somente faz umas pequenas referências à vida de Jesus. O único que o livro indica é que um homem, cujo nome era João, está exilado na rochosa ilha de Patmos, na costa da Ásia Menor, por recusar-se a adorar ao Imperador. Este escreveu uma carta rica em imagens para estimular seus amigos cristãos nas igrejas.
Mas o livro é mais do que isto. João, inspirado por Deus, escreveu sobre toda a história da humanidade. Não fez uma simples predição dos acontecimentos, mas escreveu sobre todo o tipo de coisas que ocorreriam entre os homens. E escreveu como alguém que tinha uma profunda fé em Jesus Cristo. O livro é a Palavra de Deus sobre os caminhos do homem na terra. Domiciano e sua perseguição foram a ocasião propícia para seu lançamento. Mas João fala das tribulações que a Igreja deve enfrentar em qualquer tempo e da glória que encontrará pela confissão da fé em qualquer ocasião.
Estilo da Linguagem
Enquanto a Igreja era confrontada com uma extrema crise de fé, João mostra o paradoxo dos filhos de Deus que confiam na sua ajuda frente ao poder humano. Ele escolheu escrever no estilo “apocalíptico”, que tem características definidas, assim como tem suas próprias características o estilo poético e o estilo profético. Seu ponto característico é a dualidade – as forças do mal em conflito com as forças de Deus. O mundo e o seu tempo são retratados como cheios de uma maldade sem esperanças de mudança. São controlados por Satanás, que atua diretamente e através de poderosos agentes humanos. O justo povo de Deus é oprimido, perseguido e martirizado.
Deus luta contra Satanás e o seu controle sobre o mundo por meio das forças da natureza e por meio de suas testemunhas na terra. Sua vitória final está assegurada. E no final ele intervirá para destruir as forças do mal e introduzir um novo tempo e um novo mundo. Este mundo será perfeito e eterno, controlado por ele. As forças envolvidas nesta dualidade são de tal magnitude que os justos não podem aliviar suas conseqüências senão por meio de uma vida de esperança.
O dualismo apocalíptico requer que qualquer coisa seja preto ou branco, ou totalmente bom ou totalmente mau. Por essa razão o autor teve que recorrer a símbolos. O quadro da maldade final não pode ser aplicado a um homem ou a um governo em particular – ainda que no seu tempo o imperador Domiciano reunia todas as razões lógicas e psicológicas para ser identificado com o mesmo. Apesar disso, o governo humano deve ser identificado no livro, do contrário este perderia seu sentido. Para isso, João usa os símbolos dos monstros e dos chifres. Por outro lado, o quadro da santidade final não pode ser o de uma igreja visível, ainda que esta igreja visível deve ser identificada no texto. João usa os símbolos dos candeeiros de outro e das vestes brancas.
Por isso é que João precisa ser compreendido claramente. A linguagem do estilo apocalíptico era familiar à sua audiência, e eles a compreendiam. Eles liam o livro como uma clara descrição da sua própria situação sob ataque e da sua própria esperança. Isso possivelmente fortaleceu a Igreja durante as perseguições. Mas aqueles primeiros cristãos compreenderam a mensagem de João. O livro é uma Palavra inspirada sobre a Igreja e o mundo até o final dos tempos.
Esboço do Livro
O Apocalipse não é cronológico, tampouco uma série de eventos que devem acontecer, uns depois dos outros. É uma série de visões, que cobre toda a história. Na verdade, tem um esboço completo e cuidadosamente preparado, tendo por tema o número sete (símbolo da obra completa de Deus). O primeiro são as sete cartas às Igrejas. Depois vem uma série de sete visões, cada uma composta de sete partes. Estas visões são uma descrição do horror e da desgraça da história humana. No meio de tudo encontramos uma série de interlúdios que mostram a esperança da Igreja de superar este quadro de espanto. O livro termina com uma visão da glória da Igreja.
I) Introdução – A visão de Cristo (Cap. 1)
II) Cartas às sete igrejas (Cap. 2 e 3)
III) A história do medo do mundo (Cap. 4 – 20)
a) Introdução – A visão do trono (Cap. 4)
b) O Cordeiro e o livro selado da história (Cap. 5)
1) Os sete selos; terríveis aspectos da história humana (Cap. 6)
Interlúdio – a Igreja triunfante (Cap. 7)
Interlúdio – a Igreja triunfante (Cap. 7)
2) O sétimo selo e as sete trombetas: catástrofes que atingem a Igreja (Cap. 8 – 11)
Interlúdio – o livro escrito e as testemunhas de Deus (Cap. 10.1 – 11.14)
Interlúdio – o livro escrito e as testemunhas de Deus (Cap. 10.1 – 11.14)
3) O reinado do dragão: ataques à Igreja (Cap. 12 – 13)
4) A caída do monstro (Cap. 14)
5) As sete taças da ira de Deus: Chamado ao arrependimento (Cap. 15 e 16)
6) A caída da Babilônia (Roma) (Cap. 17 e 18)
7) A derrota final do dragão: a entrada num novo tempo (Cap. 19 e 20)
c) A promessa da nova Jerusalém – Epílogo (Cap. 21 e 22)
Estudo Bíblico
Ler 1.1-20
A palavra “testemunha” no versículo 5 também pode ser traduzida como mártir. A palavra grega geralmente tem o sentido de “testemunha”. João a usa para fazer de Jesus um exemplo e um guia para aqueles que foram chamados a confessar sua fé nele debaixo de perseguição.
Sete é o número da totalidade. As sete igrejas formam um círculo na Ásia Menor. Possivelmente João quis indicar que suas cartas (o livro inteiro) eram destinadas a toda a Igreja.
A espada afiada de dois gumes é o símbolo do ataque ou ofensiva. A Palavra de Cristo é dirigida contra o mundo, mas a Igreja é mantida na proteção da sua mão.
- Como você compara a visão que João teve de Cristo com os quadros de Jesus que são familiares e costumeiros?
- Como seria sua reação se um quadro de Jesus assim como foi descrito por João fosse colocado sobre o altar da sua igreja?
- Que comparação faz João entre a Igreja e o mundo nos versículos 5b-7? Você nota este contraste entre as pessoas que conhece?
- Como João descreve sua própria situação e a ocasião da visão nos versículos 9 e 10?
- Que resultado você espera deste estudo do Livro de Apocalipse?
Para o Próximo Estudo
Leia a próxima parte, particularmente a explicação dos símbolos. Depois leia os capítulos 2 e 3. O que estas cartas dizem com referência à sua igreja?
Segunda Parte – SETE CARTAS À IGREJA
Esta parte trata das sete cartas que João escreve às Igrejas na Ásia. Elas nos mostram a situação da Igreja no seu tempo e indicam a atitude de Deus para com a Igreja para com a Igreja de todos os tempos.
Símbolos
Alguns símbolos já foram explicados, como as sete estrelas e os sete candeeiros, assim não repetiremos este tema.
A linguagem apocalíptica inclui o conceito do “milênio”, que não significava o que o mundo realmente interpreta como significado desta palavra. Este conceito em João mostra que os mártires ingressam imediatamente no Reino de Cristo.Com isto eles escapam da tribulação, dos conflitos, do julgamento e da terrível perspectiva da morte eterna. O resto da humanidade espera o juízo no “Hades”, o reino dos mortos. As palavras “os que conseguirem a vitória” se referem a estes mártires. Eles não são os únicos que se salvam, mas são os destinatários de uma promessa especial.
Tão terrível é o conflito entre as forças do mal e Deus que João vê para a Igreja, que o testemunho pelo martírio é a única vitória. A exigência de Domiciano para que os cristãos o adorem é somente o começo da batalha. João, por suas promessas, trata de animar os cristãos a terem fidelidade na crise.
Estudo Bíblico
Ler 2.1-7
A Igreja guardou a sua lealdade durante a perseguição (versículos 2 e 3). Mas no stress a que foi submetida seu amor e devoção a Cristo feneceu um pouco (versículo 4). Por isso é chamada ao arrependimento, sob pena de perder seu status de Igreja (versículo 5).
“Os que dizem que são apóstolos, mas não são”, possivelmente se refere a pregadores itinerantes. Não se sabe com segurança quem foram os “nicolaítas”, nem tampouco as características de sua falsa fé; possivelmente podem ser identificados como idólatras.
A árvore da vida é a promessa de que a nova vida que virá vai restaurar as bênçãos originais do paraíso no jardim do Éden.
Ler 2.8-11
A Igreja era fortemente pressionada e sofria dura perseguição por um período determinado (dez dias, versículo 10). Seus membros eram chamados à lealdade mesmo correndo o risco de sofrer o martírio. Os que se mantiverem firmes não precisam temer a morte eterna.
O “grupo que pertence a Satanás” possivelmente se refere a judeus que residiam em Esmirna e que levavam os cristãos a vacilar e, no final, a afastar-se de Deus por causa de conversas mal-intencionadas.
Ler 2.12-17
Pérgamo era o centro da religião imperial na região, um “trono de Satanás”. A Igreja permaneceu fiel durante uma perseguição prévia, quando Antipas foi levado ao martírio. Não se conhecem outros detalhes desta perseguição.
Mas muitos seguiam os ensinos de Balaão. Tradicionalmente, ele levou os israelitas à idolatria com prostituição sagrada. A imoralidade sexual é o símbolo da idolatria. Aparentemente, muitos na Igreja recomendavam que os cristãos cedessem antes as exigências do imperador, ainda que pretendessem ser contados entre os cristãos.
Aos que permanecerem fiéis se promete o maná, um direito que será restaurado no “milênio”. A pedra branca é a promessa de uma relação pessoal com Deus, para o que Deus outorga um nome de identificação para esta relação individual.
Ler 2.18-29
Jezabel era para os hebreus o modelo da maldade. Alguém da Igreja, possivelmente uma mulher, estava levando os cristãos a tomar parte em práticas pagãs, pensando que assim poderiam iludir o crucial teste de sua fé. Cometer adultério ou “imoralidades (sexuais)” significa que eram levados à idolatria. João é duro contra ela.
Nem todos na Igreja tentavam este subterfúgio. João os estimula a que continuem fiéis. Ele lhes promete o domínio sobre as nações no Reino com Cristo. A “estrela da manhã” é, possivelmente, um símbolo da imortalidade.
Ler 3.1-6
A Igreja em Sardes, aparentemente, não sofreu muito com a perseguição. Ainda assim tinha uma reputação de continuar fiel. João lhes chama a atenção para que se despertem, do contrário a crise os encontrará desprevenidos. Entre eles haviam pessoas que “têm conservado limpas as suas roupas”, quer dizer, que continuaram fiéis unicamente a Deus.
João se refere ao fato de que haverá dois livros de registro no juízo final (ver Ap 20.12-15). Um é o livro das dívidas, que inclui a todos os homens e pelo qual os homens serão condenados. O outro contém os nomes daqueles que aceitaram a salvação por Cristo – os salvos. Este é o “livro da vida” do versículo 5.
Ler 3.7-13
A “chave que pertencia ao rei Davi” é a chave da Nova Jerusalém, o Paraíso. Somente Cristo é quem pode conceder o acesso a esta cidade. A “porta aberta é a porta de ingresso neste Paraíso.
Nesta carta não encontramos nenhuma palavra de condenação para a Igreja. A promessa de Cristo de que “vem logo” é o chamado à lealdade. A recomendação é que a justificação não deve ser retardada.
Os vencedores serão colunas no templo – é a promessa de um lugar permanente na glória. Levarão de tal forma o nome de Deus que este não poderá ser apagado.
Ler 3.14-22
Para João não podia existir um meio termo entre a lealdade a Cristo e a adoração ao imperador romano. O cristão deve fazer uma opção clara e definida. Aqueles que pensam estar no compromisso, mas assim mesmo seguem as coisas do mundo são comparados com a água morna – nem frios nem quentes. Ao dizer “somos ricos e estamos muito bem”, estariam se referindo a pensamentos de poder. João os aconselha a comprar o ouro da confissão cristã, refinado no fogo da perseguição, a roupa branca da verdade divina, e o colírio para pôr nos olhos e assim ver a realidade da sua situação.
A promessa aos mártires inclui o grande banquete, símbolo da confraternização no céu e o sentar-se no trono para reinar com Cristo no “milênio”.
Questões para Debate
Sobre o texto
- Todas as cartas tem o mesmo esboço. Observe-as atentamente e escreva seu esboço. Isto ajudará a ver todos os perigos para a Igreja daquela época, e todas as promessas aos que saíam vencedores.
- Indique tronos, poder sobre as nações e nomes que tenham para nós algum significado como símbolo. Como é que as promessas têm um significado direto para nós na nossa cultura?
- Qual das condenações de João se dirige mais diretamente à Igreja contemporânea?
Para nossas vidas
- Que tipo de divisões havia na Igreja dos dias de João? Como podemos comparar estas divisões com as coisas que nos dividem atualmente?
- Será que João foi exigente demais ao exigir a lealdade dos cristãos no meio da perseguição? Você faria a mesma exigência a seus filhos, no caso do nosso governo exigir e insistir na adoração de si mesmo?
- Quais são as diferenças, se existem, entre o mandamento no Apocalipse de que os cristãos deviam permanecer fiéis e nossa atual tendência de insistir em que os cristãos sejam moralmente puros?
Para o Próximo Estudo
Os capítulos 4 e 5 introduzem o exame da história humana. Leia primeiro as explicações da próxima parte e depois os capítulos da Bíblia. Esta leitura altera sua opinião sobre a história do mundo no qual vivemos?
Terceira Parte – O HOMEM RESPONSÁVEL
A cena da adoração ante o trono de Deus é uma introdução a um exame da história da humanidade, com uma indicação de lástima na esfera dos céus.
Símbolos
“Jóias” e “metais preciosos” (4.3-6) representam riquezas e grandiosidade. Sempre que Deus se descreve a si mesmo, somente o faz como um símbolo, de acordo com o mandamento que proíbe imagens.
O “arco-íris” (4.3) possivelmente é o símbolo do pacto de Gn 9.8-17. Todo o capítulo é um louvor a Deus como o Criador gracioso, enfatizando o pacto com Noé.
Os “vinte e quatro líderes” (4.4) possivelmente representam o povo do pacto de Deus. Doze é o número simbólico do povo de Deus, e somado duas vezes indica a união do povo de Israel e da Igreja. É importante notar que todo o povo está vestido de branco, a vestidura da graça triunfante, e reina com Deus.
“Relâmpagos”, “vozes”, “trovões” e “fogo” (4.5) simbolizam o poder. O numero sete indica que o poder é total e perfeito.
Os “quatro seres vivos” (4.6-8) representam toda a criação. O símbolo básico é a Babilônia; a visão da glória de João tem muitos aspectos em comum com a visão do trono de Deus em Ezequiel, e da ocasião do chamado de Isaías. O número quatro representa a totalidade da criação. Olhos geralmente representam o conhecimento dos eventos.
O “rolo escrito” (5.1) é o equivalente a um livro. Estava fechado de tal forma que cada novo selo abria uma nova seção. Dado que o curso da história foi decidido no céu, de acordo com a linguagem apocalíptica, o livro é o registro de cada acontecimento que irá ocorrer na terra.
O “Cordeiro” (5.6) é o nome Cristo sacrificado pelo ser humano. Os “sete chifres” significam todo o poder e os “sete olhos” todo o conhecimento. Os “sete espíritos” querem indicar que a totalidade do Espírito de Deus na Igreja é Cristo.
As “harpas” são um símbolo de louvor e o “incenso” é o símbolo da intersecção (5.8). Ambos são apresentados a Cristo, enquanto ele se prepara para abrir nossa história. Os milhões e milhões de anjos que cantavam com voz forte indicam uma quantidade impossível de ser contada.
Estudo Bíblico
Ler 4.1-6a
João é levado desde a ilha de Patmos até o salão do trono de Deus, para que visse a história predeterminada do homem. Esta visão e as que seguem são parte das cartas que João recebeu ordem de escrever (1.19). O propósito continua sendo o mesmo: estimular a fidelidade na Igreja em vista da perseguição.
Aquele que está sentado no trono é Deus e é descrito com símbolos de grandeza. A Igreja reina com ele: toda a história é para a Igreja e culmina nela. Não é um trono transcendental que foi removido da terra ao céu.
Ler 4.6b-11
Toda a criação canta louvores a Deus. A Igreja, como parte da criação, se alegra em adoração. A graça é uma parte essencial do quadro, porque a gratidão e a alegria são expressadas nos hinos de louvor. O canto não é uma escravidão do medo ou da vergonha, porque simplesmente indica a glória da criação. O louvor é eterno. A criação não consegue cumprir sua obrigação de louvor com um hino semanal. A alegria da vida em si é louvor ao Senhor e deve ser todo um hino ou cantar.
Ler 5.1-5
A nota de temor é introduzida pelo livro da história humana na mão de Deus. A história foi escrita e está completa. Mas não foi aberta no céu e seu lugar não é diante do trono de Deus. Um anjo clama por um Mediador, um Redentor – alguém que possa responder por esta terrível história ante o trono de Deus. Como não se encontrava ninguém, João chorava porque nossa história estaria sem redenção, sem aceitação diante de Deus.
Mas Cristo foi encontrado digno. Tanto na sua identificação com a tribo de Judá como na sua forma de Cordeiro, ele se identifica com Israel – com a humanidade. Sua dignidade reside no fato de que ele “conseguiu a vitória”: foi o maior mártir voluntário para confessar e demonstrar sua confiança em Deus.
Ler 5.6-10
O Cordeiro, que parecia ter sido morto, que tinha todo o poder e todo o conhecimento sobre o homem, aceita o livro. Com o livro ele aceitou a responsabilidade de levar a história da humanidade perante o Trono da Graça. Ao dar-se isto, toda a Igreja e toda a criação cantaram em seu louvor. Não existe uma distinção entre o Cordeiro e Deus, mesmo que sejam representados com diferentes símbolos. As orações do povo de Deus são apresentadas ao Cordeiro e o canto de louvor é uma parte do canto que encontramos no primeiro capítulo. Aquele capítulo louva a Deus como o Criador, e este louva a Deus como o Redentor. A história humana tem um lugar no céu porque Cristo com o seu sacrifício redimiu ao homem e estabeleceu o Reino de Deus na terra.
Ler 5.11-14
As hostes celestiais se somam ao canto de louvor das criaturas da terra. Todo o céu se alegra pela redenção do homem. Não devemos esquecer esta glória quando passarmos a analisar o terror que vai ser apresentado nos próximos capítulos. Por cima de toda a maldade que se revela, o Cristo crucificado se apresentou como o símbolo da redenção. Ele é o Cordeiro de Deus que leva a história da humanidade perante o trono.
Questões para Debate
Sobre o texto
- João foi levado à presença de Deus para ver “o que vai acontecer depois disto”. Que tem a ver as cenas diante do trono de Deus com o futuro da terra?
- João não só nos transmite a linguagem dos seus dias, como também o seu culto. Que elementos de culto encontramos no texto? Como aparece o credo?
- A partir dos cantos de louvor, qual é a nossa razão para “ir à Igreja”?
Para nossas vidas
- Os 24 líderes com o símbolo de toda a Igreja (do AT e do NT) diante do trono não são o símbolo somente de alguns líderes terrenais. De acordo com esta descrição, o que é a Igreja? Compare estes símbolos da Igreja com a impressão que você ficou das sete cartas da parte anterior.
- A passagem central do texto está em 5.1-5. Que dizem estes versículos ao homem frente aos distintos estilos de vida que o mundo prega?
- Você concorda com o quadro que João nos apresenta da história humana? Concorda também que o ponto central da história da humanidade é a redenção de Cristo?
Para o Próximo Estudo
Nos capítulos 6 e 7 somos introduzidos na agonia da vida e depois elevados à magnitude da glória. Leia primeiro a explicação dos símbolos e depois os dois capítulos da Bíblia. Compare diferentes traduções. Leia também as questões para debate propostas e procure formar uma opinião sobre elas.
Quarta parte – A IGREJA NÃO PASSA PELO TEMOR
O que acontece quando se quebram os selos ilustra o horror do instante diante do trono quando não se encontra ninguém digno ou com poder suficiente para abrir o livro. Estes são os terríveis aspectos da história da humanidade. Mas a Igreja vive em outro reino, inviolável.
Símbolos
As cores são significativas: branco é a cor do triunfo – tanto seja do mal ou do bem; vermelho é a cor da luta, especialmente da guerra; o preto simboliza a fome; o amarelo é a cor dos cadáveres, simbolizando a morte. Esta é a significação das cores na linguagem apocalíptica.
Quatro é o número da terra e do mundo material, enquanto que três é o número do mundo espiritual. Os quatro seres vivos e os quatro homens a cavalo ressaltam que estes acontecimentos são parte da história da terra.
Os preços (6.6) são exorbitantes por causa da carestia. A referência ao azeite e ao vinho é um pouco difícil, mas possivelmente tenha a ver com o decreto de Domiciano em 92 DC, no sentido de que fossem destruídos a metade dos vinhedos da Ásia Menor. O decreto buscava favorecer aos vinicultores italianos, mas provocou tal oposição e revolta que nunca chegou a ser executado completamente.
Hades (6.8) é o sepulcro ou habitação dos mortos ou também o companheiro da morte. Na forma como se emprega o termo no Apocalipse, não inclui necessariamente a conotação de inferno, mas indica o lugar de espera do juízo final.
O altar (6.9) é o símbolo dos mártires que foram sacrificados. O ponto de vista da linguagem apocalíptica é que todas as coisas estão predeterminadas; até mesmo o número dos mártires deve ser completado antes que venha o fim (6.11).
Todos os símbolos de 6.12-14 se referem a desastres naturais: terremotos, eclipses (que provocava terror nos dias de João), furacões e erupções vulcânicas.
Os quatro ventos indicados em 7.1 são outro símbolo para as calamidades que afetarão a terra. Elas serão retidas até que todo o povo de Deus seja selado ou carimbado – um símbolo de que os terrores terrestres não podem afetar a Igreja (sua fé), feita por Deus de forma inviolável. Não se indica uma época em particular, pois as calamidades mencionadas se estendem por toda a história. A história está cheia de horror, mas a Igreja continua existindo.
O número dos carimbados não é uma figura exata, mas um símbolo de todos aqueles que se acercam a Deus (12 x 12 x 1000). A relação das doze tribos de Israel possivelmente indica que os salvos vêm de todas as partes, com Israel como símbolo da humanidade.
A “grande multidão” no versículo 9 é a mesma assembléia, não uma nova. As folhas de palmeira são um símbolo de vitória e ação de graças. Seu triunfo, simbolizado pelas roupas brancas, se encontra no sacrifício de Cristo (versículo 14).
A descrição negativa das alegrias dos salvos nos versículos 16 e 17 é um reflexo dos problemas da vida nos dias de João.
Significados
Ler 6.1-8
Quando se expõe o registro da história humana no céu, fica claro o temor por que o mundo deve passar. O primeiro dos quatro aspectos de temor está relacionado com a guerra. Os quatro cavalos representam a agressividade, a guerra, a fome e a morte. O significado é que a história da humanidade sempre está manchada com estes males.
O quarto homem a cavalo é a morte com as conseqüências da guerra: fome, enfermidades e feras. Este é o significado da limitação do versículo 8: “Todos os homens devem morrer, mas a quarta parte da população morre por causa da guerra ou de suas conseqüências diretamente relacionadas.”
Ler 6.9-11
O quinto selo revela o tormento do martírio, outro espantoso aspecto da história humana. O quadro pode nos perturbar porque mostra os mártires descontentes e exigindo vingança, e não recebem um consolo definitivo. Dois aspectos da linguagem apocalíptica podem nos ajudar a compreender isto. Primeiro, parece que os mártires passavam diretamente à alegria plena do paraíso, sem passar pelo Hades – o reino dos mortos. Segundo, a história não pode terminar sem que um determinado número de mártires morra.
João não põe ênfase em nenhum destes dois aspectos. Ele estava fazendo uma descrição do terror da terra, não da alegria no céu. É um quadro de continuado temor, no qual não se encontra o predestinado final. O quinto selo indica que o martírio dos discípulos vai continuar sendo um dos aspectos de terror da nossa história até o final, assim como a guerra e a fome. Deus não vai interferir antes do tempo estabelecido, mas aqueles que sofreram o martírio são apresentados como um símbolo do triunfo que lhes acompanha.
Ler 6.12-17
Outro terrível aspecto da história são as catástrofes naturais, apresentadas aqui como um símbolo apocalíptico. O que faz com que sejam ainda mais terríveis é o medo que se instala nos corações dos homens (versículos 15-17). Se faz aqui uma distinção do medo que provocam as catástrofes em si e o medo da ira de Deus em vista do dia do juízo. O medo do julgamento é uma das piores condenações da humanidade; diante do trono do Redentor, este medo é particularmente terrível, justificado por nossos pecados.
O sétimo selo se abre no capítulo 8, depois do interlúdio da visão dos que foram salvos. O sétimo selo também traz um dos terríveis aspectos da história da humanidade, que se descrevem corretamente como o símbolo das sete trombetas.
Ler 7.1-8
Os terrores da terra afetam a todos os homens, sem distinção. Mas agora o quadro passa a ressaltar outra realidade. Para proteger os seguidores de Deus contra todos os males que estão para ser revelados, eles recebem um sinal. O sinal não remove a Igreja da terra, mas concede que seja inviolável no meio da maldade.
Ler 7.9-17
A Igreja responde com louvores. Depois de escutar o número dos que foram selados ou carimbados, João volta a ver a Igreja do ponto de vista do fim dos tempos. Todos estavam vestidos de branco. Os extremos da linguagem apocalíptica não deixam lugar para uma posição intermediária. A Igreja chega perante o trono e no céu por meio de grande tribulação na terra. A situação dos redimidos no versículo 14 mostra que o selo impresso nos versículos 2 e 3 foi efetivo; a Igreja superou as calamidades na terra e triunfou. O quadro da paz e da alegria nos versículos 15-17 é um chamado aos cristãos para perseverarem firmes na fé, conhecendo a glória que lhes é destinada.
A linguagem apocalíptica nos apresenta o conflito cósmico do bem contra o mal, de Deus contra Satanás. E o Apocalipse de João acrescenta a ênfase cristã do meio que Deus usou para a vitória: o sangue do Cordeiro. É pelo sacrifício de Cristo, a quem os cristãos seguem no martírio, que a Igreja consegue derrotar a maldade no mundo. Não existe uma promessa de que serão poupados do mal – isto é a obra de Deus no conflito final. Nós seremos vitoriosos por causa da perseverança nos tempos do mal.
Questões para Debate
Sobre o texto
- Como o capítulo 6 explica o dilema 5.2,3? As calamidades que se descrevem no capítulo 6 se apresentam como castigos de Deus ou ataques de Satanás?
- Por que se descreve o martírio, no qual muitos cristãos morreram, como um dos mais terríveis aspectos da história humana? Em que sentido pode ter o mesmo fundamento que o temor à guerra?
- Você também se sente incluído na lista dos “que passaram pela grande perseguição” e podem estar diante do trono (7.14)? Será que João está errado ou nós não estamos incluídos neste grupo?
Para nossas vidas
- Estamos conscientes de que fomos selados ou carimbados e que assim estamos protegidos das calamidades da história? Se estamos seguros de que podemos nos manter firmes em circunstâncias de dominação tirânica ou martírio, estamos dispostos a atuar de forma diferente em nossas vidas diárias e no nosso relacionamento com o mundo?
- Nos dias de João a Igreja estava inquieta por causa das perseguições, fome e epidemias. Quais são as preocupações que hoje nos fazem temer o futuro? O selo de 7.2,3 é eficaz contra estas preocupações?
- Que semelhanças existem entre o selo ou carimbo descrito por João e o nosso Batismo? Nosso Batismo nos protege? Como? Na prática também?
Para o Próximo Estudo
O sétimo selo nos introduz numa outra série de dramáticos acontecimentos. Queremos identificar estes acontecimentos na história. Comece lendo a explicação dos símbolos e, em seguida, leia os capítulos 8 e 9 do Apocalipse. Ao terminar, medite sobre o seu significado.
Quinta Parte – O DOMÍNIO DAS CALAMIDADES
O sétimo anjo traz as sete trombetas – o anúncio de sete acontecimentos cujo impacto se apresenta como espantoso para nossa história. Falar sobre estes temas é o que leva a maioria das pessoas a preocupar-se sobre o assunto de como interpretar o livro de Apocalipse.
Estudo Bíblico
Preparação (8.1-5)
O conteúdo sétimo selo é de tal magnitude que mesmo o céu deve preparar-se para recebê-lo. Um terrível silêncio e um tempo formal destinado à oração da Igreja marca esta preparação. Os trovões e o terremoto do versículo 5 possivelmente simbolizam a segurança de que as orações foram escutadas.
As primeiras quatro Trombetas (8.6-13)
Notamos uma progressiva destruição do ambiente necessário à vida. Primeiro são afetadas as árvores e os vegetais, depois o mar com seus recursos e seu comércio, em seguida as fontes de água potável e finalmente as fontes de luz natural. A expressão “terça parte” quer dizer o mesmo que “uma proporção séria” ou “uma parte significativa”.
O intervalo no versículo 13 serve para dividir as sete trombetas da mesma forma que foram divididos os selos, ou seja, em quatro calamidade gerais e três mais específicas.
A quinta Trombeta (9.1-11)
Com a familiar imagem da praga dos gafanhotos e das picadas de escorpiões, esta calamidade é francamente demoníaca. Ela vem do “abismo” do inferno. Seu rei é o “Destruidor”. As imagens descritas nos versículos 7-10 nos dão uma impressão de maldade sobre-humana.
Mas o poder dos gafanhotos demoníacos é limitado. Eles não podem destruir ou afetar o povo de Deus. Eles têm a permissão de torturar a humanidade por um tempo estritamente limitado, “cinco meses”, ou seja, a metade do número redondo e completo – dez.
A sexta Trombeta (9.12-19)
Os símbolos desta calamidade são mais demoníacos que os das quinta trombeta, já que vão culminar a destruição indicada nas quatro primeiras trombetas. A terceira parte da humanidade é aniquilada. O número simbólico quatro indica a calamidade com a criação natural. Os cavalos, por mais terríveis que sejam, indicam que este símbolo é controlado pelos homens. A referência ao rio Eufrates pode indicar uma origem geográfica ou cultural da calamidade.
A sétima trombeta não vai soar antes de 11.15. Ela simboliza o acontecimento do dia do juízo final. Ao contrário das primeiras seis, seu toque é recebido com alegria.
Resultado (9.20-21)
Os dramáticos acontecimentos da história não conseguiram fazer com que o homem se arrependesse. Tão completo é o poder da maldade sobre o mundo, que o homem continua na sua rebelião contra Deus. João introduz o tema neste ponto, e acrescenta mais detalhes no capítulo 16.
Interpretação
Os capítulos 8 e 9 são os que apresentam as maiores dificuldades de interpretação no livro de Apocalipse. Os comentaristas e intérpretes diferem tanto nas suas opiniões que dificilmente se consegue compreender o que o texto quer nos dizer. Por isso vamos ver alguns princípios que podem nos orientar e nos ajudar.
- João não estava simplesmente dando voltas. O livro está bem delineado e podemos confiar na sua consistência e nos seus símbolos. Por isso é que cada um dos sete selos tem o seu significado específico.
- As sete trombetas são o sétimo selo. Encontramos que os primeiros seis selos revelam aspectos terríveis da história da humanidade. Agora se faz uma rigorosa distinção dos primeiros selos. Isso deve indicar uma calamidade de natureza diferente dos seis aspectos da história vistos anteriormente.
- O símbolo sempre tem o mesmo significado geral em qualquer passagem que seja usado. A trombeta é o símbolo que anuncia uma acontecimento. A sétima trombeta introduz o dia do juízo final como um acontecimento. João, usando a linguagem apocalíptica, descreve a história da humanidade como algo terrível. As sete trombetas predizem os acontecimentos na mesma ordem que Paulo os prediz em 2 Ts 2.1-12.
- A grande maioria dos intérpretes, inclusive Lutero, identificaram a sexta trombeta com a invasão dos turcos islâmicos no ano 1057 DC. Seguindo esta identificação, muitos viram a quinta trombeta como a conquista muçulmana do oeste da Ásia e África, em torno do ano 650 DC. Um impressionante número de símbolos pode ser identificado com estes acontecimentos. Se continuamos nessa direção, é possível identificar as primeiras quatro trombetas com as invasões dos Godos, dos Vândalos, dos Hunos e dos Bárbaros (sempre falando da história do continente europeu).
- Mas ao meditar mais profundamente nestes acontecimentos, fica evidente que se vai muito longe. A profecia bíblica e a cuidadosa escritura simbólica de João precisam ser manipulados falsamente para que possamos fazer uma identificação tão específica.
- João escreveu de tal forma que os destinatários da carta a compreendessem. Possivelmente eles a entenderam da seguinte maneira: “Vamos sofrer por causa de guerras, martírio e terror (os seis selos); e o pior de tudo vai ser uma terrível invasão (as primeiras seis trombetas).” Quando se pretende ver a invasão gótica do império romano como o cumprimento das palavras de João, então não podemos dizer que ele se dirigia especificamente às Igrejas da Ásia Menor.
- Nesta parte a linguagem de João nos dá uma total impressão de calamidades e sofrimentos terríveis. Este é o seu propósito. Não faz sentido para nós procurar identificar um significado particular para cada símbolo em particular.
Questões para Debate
Sobre o texto
- Qual é a diferença entre as previsões de João para o futuro e o tipo de previsões que encontramos nos horóscopos astrológicos de nossos dias?
- Se não podemos identificar especificamente os acontecimentos dos quais João está falando, como podemos compreender o texto? Estavam os primeiros leitores do Apocalipse de João habilitados para identificar acontecimentos particulares com base nas suas palavras?
- João mostra que a humanidade não vai se arrepender como resultado destes devastadores acontecimentos (9.20). O que podemos dizer quando querem nos convencer de que os ateus e os falsos cristãos não são inimigos de Deus?
Para nossas vidas
- Qual é a diferença entre as invasões das quais fala João e a conquista de Canaã por Josué (Js 6.20)?
- Em que pode ajudar a um cristão o fato de conhecer algo sobre os sofrimentos que estão por vir? Devemos falar com nossas crianças e jovens (e assustá-los) sobre as terríveis perspectivas de uma guerra nuclear?
- Um dos propósitos deste estudo bíblico é aprender cada vez mais sobre o que Deus fez e faz por nós. O que estes dois capítulos dizem sobre Deus?
- O que as palavras de 8.3 nos ensinam sobre as atuais relações internacionais quanto às tribulações e guerras de nossos dias?
Para o Próximo Estudo
Este é um interlúdio entre o soar da sexta e da sétima trombeta. Leia primeiro a explicação do próximo estudo, e em seguida os capítulos 10 e 11 de Apocalipse. Prepare as suas respostas para as questões sobre as quais será o debate.
Sexta Parte – A IGREJA PERSEGUIDA
Num interlúdio entre a sexta e a sétima trombeta, João come um livrinho e vê as duas testemunhas de Deus triunfarem depois de uma aparente derrota. Semelhante ao interlúdio do sétimo capítulo, este deve expressar a grande expectativa da Igreja, em contraste com o quadro de calamidades apresentado pelas trombetas.
Símbolos
A “nuvem” (10.1) é um símbolo do julgamento e o “arco-íris” é o símbolo da graça perpetuada com o homem. É assim que o anjo proclama o relacionamento de Deus com o homem em relação às sete trombetas. Os “sete trovões” (10.3) podem indicar a totalidade da Palavra, que não é revelada no tempo.
O “mar” (10.2) é o símbolo do governo humano, e a “terra” é o símbolo da falsa religião. O anjo declara a superioridade de Deus sobre ambos. O juramento quádruplo indica que tudo o que se diz se destina a toda a criação, pois quatro é o número da criação.
O “livrinho aberto” (10.2) indica um registro predeterminado. Leia Ez 2.8-3.3: possivelmente seja fonte do quadro de João. Ao comê-lo, João faz com que este registro (e o conteúdo das profecias) formem parte dele mesmo.
Com o “medir o templo” (11.1, veja Ez 40-48) se indica sua permanência diante de Deus. O templo é a Igreja. Não se medem os pátios – as aparências externas.
O período de “1260 dias” 11.3 e 12.6), ou de “um tempo, tempos, e metade de um tempo” (12.14), ou “42 semanas” (11.2 e 13.5), são três anos e meio, ou a metade do número completo sete. Os “três dias e meio” referidos em 11.9 são o mesmo símbolo. Estes foram interpretados muitas vezes de acordo com o princípio dia-ano, mas possivelmente querem indicar um “tempo definido e limitado”.
As “oliveiras” (11.4) são um símbolo de vida. Os intérpretes concordam que João descreve a Moisés e Elias como as duas testemunhas no versículos 5 e 6. De acordo com a tradição, eles foram levados para o céu sem passa pela morte física (veja Lc 9.28-31). Estando no céu, eles estavam em condições de conhecer a predeterminada história do homem. Estas duas testemunhas também são símbolos da promessa de que Deus sempre vai providenciar suficientes testemunhas na terra.
A “cidade” que simbolicamente se chama “Sodoma, ou Egito” (11.8), possivelmente não indica uma cidade em particular, mas a perversa “grande cidade” deste nosso mundo.
A “arca do acordo” (11.19) se perdeu há muitos séculos. A revelação de seu protótipo celestial ao soar da sétima trombeta significa a restauração do poder imediato de Deus sobre seu povo – a Igreja.
Estudo Bíblico
Ler 10.1-7
No clímax dos terríveis acontecimentos da história humana, João viu um anjo com a poderosa mensagem de Deus, declarando o domínio de Deus sobre a maldade do mundo e as falsas religiões. Sua mensagem é bastante resumida. O poderoso segredo serve para aumentar a tensão. A mensagem do anjo significa que os acontecimento humanos estão no seu final: chegou o tempo da vitória final de Cristo sobre todas as forças do mal.
Ler 10.8-11
A Palavra profética de Deus deve ser anunciada. João recebeu a ordem de digerir o livrinho para que fosse parte de seu organismo, para transmiti-lo ao mundo. A primeira impressão é de grande alegria porque o fim está perto. Mas a realização do que significa o fim do homem e da Igreja é amargo.
Ler 11.1-3
A primeira impressão é de que a Igreja está firme e segura. Mas esta impressão desaparece com o surgimento dos pagãos. Pessoas que tratam de infiltrar-se na Igreja, mas que somente a utilizam decididamente para seus próprios propósitos, pisoteando o pátio santo. Mas, durante o limitado tempo da graça, dos dias de João até o final, haverá suficientes testemunhas para proclamar o arrependimento e a humildade.
Ler 11.4.14
As testemunhas de Deus não podem ser feridas; elas comprovam o seu poder. Mas no fim, o martírio é o único caminho para derrotar o mal. João não vê nenhuma esperança de conversão para o mundo. O mundo está dominado por Satanás e não faz outra coisa senão lutar com o povo de Deus. No fim, por um breve tempo, Deus levanta suas testemunhas. Nem sequer Moisés e Elias venceram a maldade dos homens, ainda que tenham continuado fiéis. O mundo se alegra com o descrédito da mensagem de Deus, quando suas testemunhas são derrotadas. Mas, por meio do martírio, Deus restaura o poder das testemunhas e o mal é derrotado. O grande terremoto que acompanha a ressurreição das testemunhas não é como as calamidades que acompanharam o sexto selo, cuja finalidade era chamar os homens ao arrependimento. Este é o símbolo da vitória de Deus: por meio do martírio, suas testemunhas conquistam os corações dos homens.
Ler 11.15-19
O soar da sétima trombeta nos introduz no Dia do Juízo Final (versículo 18). Este Dia é recebido com grande júbilo pela Igreja. Mas a visão apocalíptica de João do Dia do Juízo não é a mesma que temos comumente deste Dia. Ela inclui uma reunião final das forças do mal contra as forças de Deus: a última grande batalha e a vitória final de Deus. A conseqüência será o “milênio” descrito na parte dois e proclamado em 11.15. Assim como a abertura do sétimo selo revelou os acontecimentos das sete trombetas, assim a sétima trombeta nos introduz na narrativa da batalha entre o bem e o mal, que alcança seu clímax nos capítulos 19 a 21.
Questões para Debate
Sobre o texto
- Que atitude encontramos nas palavras de João com relação ao mundo? Esta atitude concorda com a passagem de Jo 3.16?
- Será que a Igreja de nossos dias também sofre a infiltração de pagãos e do paganismo, nas suas formas exteriores, ou será que João se referia a algum outro período da história?
- Podem mencionar-se algumas testemunhas destacadas de Deus na atualidade – cujas palavras e exemplos mostram o juízo e o amor de Deus? Por que João somente fala de duas?
Para nossas vidas
- Na sua opinião, as testemunhas de Deus têm muita influência no mundo atual? Qual seria o efeito sobre sua fé se, aos olhos do mundo, elas fossem consideradas falsas e desacreditadas?
- João pode ver com antecipação a destruição do mundo. Em que sentido esta perspectiva é doce (10.10)? Em que sentido é amarga? Crês que é necessária a destruição do mundo para que possa vir um novo tempo?
- Que lugar nos planos de missão e no trabalho da Igreja ocupa o martírio? Devemos esforçar-nos para evitar o martírio?
Para o Próximo Estudo
Os capítulos 12 e 13 começam a narrar a batalha entre o bem e o mal. Eles devem ser lidos com atenção e cuidado, assim como a explicação do texto. Isso lhe ajudará para que, quando o grupo se reúna, você possa falar da compreensão das palavras de João.
Sétima Parte – A IGREJA ASSEDIADA
O quadro de João com relação ao Dia do Juízo Final é o clímax da batalha entre o bem e o mal – a vitória final de Deus. Preparando-se para falar dela, João descreve toda a batalha. Os capítulos 12 e 13 mostram o ataque de Satanás contra a Igreja na terra.
Símbolos
A “mulher” (12.1) é tomada da mitologia grega e egípcia. João usa esta figura para simbolizar o eterno modelo da Igreja, mãe dos cristãos (12.17) e mãe do Messias. O “sol, a lua e as estrelas” mostram seu domínio sobre a criação. Nas figuras correntes, as doze estrelas significam os doze signos do Zodíaco, simbolizando o poder sobre os acontecimentos predeterminados. Possivelmente João está usando este símbolo como sendo o número da Igreja.
O filho que nasceu é o Messias. A descrição do versículo 5 é tomada do Salmo 2.9. Aqui não se faz uma referência ao nascimento físico de Jesus. É, mais do que tudo, uma declaração, referindo-se à batalha final, de que o rei que vai dominar as nações está separado do povo de Deus – a Igreja.
O “dragão vermelho” (12.3) é Satanás, o inimigo de Deus. Seus chifres e suas coroas simbolizam seu poder e domínio no mundo. O “monstro” (13.1-4), ao qual Satanás concede seu poder, é o império romano. A descrição no versículo 2 é tomada da visão dos quatro monstros em Dn 7.1-10. Eles representam os dominadores do mundo, desde o exílio de Israel até a terrível perseguição de Antíoco Epifânio, o rei Selêucida. Ao fazer sua identificação, João é claro ao transmitir a visão apocalíptica de que o governo humano é irreparavelmente mau. A “blasfêmia”, que no versículo 1 se referia especialmente a Antíoco Epifânio, agora se refere à demanda dos imperadores romanos para serem considerados divinos, deuses.
A “cabeça do monstro com a ferida mortal” (13.3) se refere a um mito sobre Nero, que corria nos dias de João. Nero havia se suicidado, mas muitos acreditavam que ele iria voltar para oprimir outra vez a Igreja. O reino de terror implantado por Domiciano era uma evidência de que isso pudesse ter acontecido. Por trás dessas referências específicas ao império romano, o monstro simboliza todo e qualquer poder político satânico.
O monstro de 13.11-18 é a religião falsa que chega para suplantar este satânico poder político. No começo parece um cordeiro, mas fala com a voz de Satanás. Nos dias de João este monstro era o sacerdócio do culto ao imperador. Mas o símbolo inclui todas as tendências dentro da Igreja que se inclinam a uma dominação política.
O número “seiscentos e sessenta e seis – 666” (13.18) possivelmente significa o “número do homem”, porque está próximo do sete – o número de Deus. A falsa religião exalta ao homem mais do que a Deus.
Significados
Os acontecimentos deste texto não são estritamente cronológicos. Cada parte apresenta um aspecto da batalha entre Deus e Satanás. João não está escrevendo a história: ele está apresentando símbolos que mostram a natureza da batalha. Cada parte mostra a situação como João a descreve.
Ler 12.1-6
Os sujeitos na batalha são a mulher (a Igreja), a criança (o Messias) e o dragão (Satanás). O filho é o vencedor final – isso está assegurado. O dragão com o seu poder destruidor está atento para assassinar a criança mas falha, porque o Messias é levado para perto de Deus e do seu trono. A Igreja se retira para o deserto por um tempo definido e limitado (veja 11.1-3).
Ler 12.7-12
A batalha não tem lugar somente na terra. Satanás se rebelou contra Deus e foi expulso do céu. A terra está em suas mãos e está cheia de maldade. Os mártires, que derrotaram a Satanás com sua confissão, “por meio do sangue de Cristo” foram removidos da esfera do seu poder para a segurança do céu.
Ler 12.13-17
O alvo do ataque de Satanás na terra é a Igreja e seus membros. Mas Deus providencia a salvação para a Igreja (veja Ex 19.4); a verdadeira terra ajuda a defendê-la contra Satanás. Ele continua seu ataque contra os crentes que confessam o nome de Jesus.
Ler 13.1-4
O ataque de Satanás é direto. Ele deu seu poder a duas forças, o governo humano e a falsa religião ou falsa igreja. A primeira delas é o monstro que vem do mar. Em 17.10 ele é identificado claramente com o império romano. Seu poder é tão grande que todos os homens o adoram. João não tem esperanças de que a Igreja possa influenciar o governo para o lado do bem ou vencê-lo.
Ler 13.5-10
O governo humano, representado pelo império romano, estava controlando a terra em nome de Satanás. Todos os habitantes o adoram, com exceção daqueles que foram carimbados como seguidores do Cordeiro. Possivelmente João considerava esta forma de martírio como inevitável para os cristãos, ainda que os dias do poder de Satanás estão limitados (13.5). Por essa razão ele conclama seus seguidores à fidelidade.
Ler 13.11-18
A falsa religião, o monstro da terra, apoia o governo humano. O exemplo típico disso, nos dias de João, era o sacerdócio da religião imperial, que exigia de todos os homens a adoração ao imperador (13.14b), perseguindo social e economicamente a todos aqueles que não o fizessem. Mas a declaração de João é geral: todas as falsas religiões que exigem adoração e fidelidade ao governo humano mais do que a Deus, podem ser consideradas satânicas.
Questões para Debate
Sobre o texto
- Qual é a atitude de João com relação ao governo, representado pelo monstro de 13.1-10? Ele considerava que o governo era um agente de Deus para o bem da terra?
- De acordo como 12.10, aqueles que testificam sua fé derrotam a Satanás por meio do martírio. Não existe nenhuma nota de esperança para a Igreja nos capítulos que estamos estudando?
- A perspectiva pela qual João vê a situação é a de que os governos estão nas mãos de Satanás e de que a Igreja é falsa quando apoia o governo nas suas exigências satânicas. Qual é a diferença entre o mandamento de Paulo de obedecer às autoridades (Ro 13.1) e o tipo de apoio indicado em Ap 13.12?
Para nossas vidas
- Pode-se concordar com a visão que João tem do governo e das autoridades? Em que sentido as autoridades podem ser contrárias à Igreja?
- A Igreja, como uma organização no mundo, tem seu próprio governo. Em que sentido existe o perigo de que estas autoridades atuem contra o propósito de Deus para a Igreja?
- Se você concorda com a perspectiva que João tem da Igreja e do estado, que distinção se deve fazer nas atividades da congregação?
Para o Próximo Estudo
No capítulo 14, muda o quadro da maldade no mundo para que admiremos o triunfo da Igreja. Leia cuidadosamente o capítulo e também as notas do próximo estudo.
Oitava Parte – A IGREJA TRIUNFANTE
Nos estudos passados vimos a batalha entre Deus e o mal sob a perspectiva da Igreja perseguida na terra. Agora vamos vê-la sob a perspectiva da Igreja vitoriosa. Este é outro aspecto do quadro. É um acontecimento tão verdadeiro quanto é verdadeiro que no mundo vivemos atacados. A derrota de Satanás é certa; em Cristo conquistamos a vitória.
Símbolos
O “monte Sião” (14.1) é o monte sobre o qual estava edificado o templo em Jerusalém. É o símbolo para o centro do domínio de Deus. João usa este símbolo para ligar a Igreja com a história do Antigo Testamento do domínio de Deus sobre Israel, seu povo. Os 144.000 são toda a Igreja.
A “castidade” no versículo 4 não é uma descrição literal. É um símbolo da pureza, referindo-se particularmente à idolatria. Na referência específica dos dias de João, a Igreja triunfante está integrada por todos aqueles que não negaram ao Senhor (“nunca mentiram”, versículo 5), e que não adoraram ao Imperador.
A “Babilônia”, no versículo 8 e no capítulo 18, é o nome apocalíptico para Roma e para o império romano. Com isso João identificava a Igreja com Israel, dado que a Babilônia foi o antigo inimigo que oprimiu Israel.
A rigorosa distinção da humanidade entre os maus e os salvos é simbolizada pelas “marcas na testa”: o nome de Deus para seu povo (versículo 1) e a marca do monstro para os demais (versículo 9). “Fogo e enxofre” (lava vulcânica) no versículo 10 se refere ao castigo de Sodoma.
Duas cenas de colheita são descritas nos versículos 14-20. A “colheita da terra” indica aos salvos que eles são colhidos pelo Messias (versículo 16). Confira Mt 13.37-43 e Jo 4.35. O “espremer as uvas” indica a destruição dos perdidos. No entanto João não indica essa distinção; as duas colheitas também podem referir-se ao mundo mau.
Possivelmente não há nenhum símbolo particular na declaração de que o sangue dos maus cobriu uma extensão de 300 quilômetros (1600 estádios).
Significados
Ler 14.1-5
Apesar dos ataques de Satanás, das autoridades do mundo e da falsa igreja, a verdadeira Igreja triunfa com Cristo. Ela não caiu na idolatria e não negou a Cristo. Ela canta o louvor a Deus, como somente ela sabe fazer, pois só ela conhece a Deus.
Ler 14.6-11
A mensagem de Deus ao mundo perdido na maldade é expressada pelos três anjos. O primeiro traz a mensagem do evangelho. Com isso João insere a ênfase cristã na linguagem apocalíptica. Ainda que o anjo faz uma advertência de juízo, é o Evangelho que serve de base para o julgamento. O chamado ao culto se encontra no Evangelho.
O segundo anjo anuncia a destruição da Babilônia, identificada com o primeiro monstro. A “terrível imoralidade” é a idolatria da adoração ao imperador (13.4). Essa mensagem é detalhada nos capítulos 18 e 19.
O terceiro anjo adverte sobre a condenação que vai alcançar aqueles que optam por adorar ao imperador, que tenta colocar-se no lugar de Deus. Esta condenação é detalhada em 19.17-21 e 20.7-15.
Ler 14.12,13
João interpreta a mensagem dos três anjos para a Igreja. Aqui está o chamado para suportar a perseguição e permanecer fiel a Deus. Aqueles que encaram o martírio com paciência, são abençoados. Eles passam da batalha na terra diretamente à assembléia no monte Sião, onde se conhece a sua fidelidade. Sua confissão lhes acompanha.
Ler 14.14-20
Estamos no tempo da colheita, durante o qual a Igreja na terra é atacada por Satanás e a Igreja triunfante canta louvores no céu. Se meditamos nestas duas colheitas, podemos ver que Cristo faz sua própria colheita e o anjo da ira junta o resto da humanidade para preservá-los para o juízo final. É neste tempo da história que a humanidade é dividida. A conquista final sobre a maldade e o julgamento do trono vão completar a execução da sentença.
Batalha contra Satanás
Neste momento é importante fazer um resumo dos temas destes estudos. Nos capítulos 12 e 13 as forças do mal que dominam a terra são identificadas. No capítulo 14 as forças de Deus são asseguradas da vitória final. Nos capítulos 15 e 16 vamos ver os frutos da maldade, as evidências da ira de Deus e um chamado ao arrependimento. Os capítulos 17 a 19 profetiza, a derrota dos inimigos de Deus, e o capítulo 20 apresenta o registro do julgamento final. Os capítulos 20 e 21 são a promessa da glória que espera a Igreja vitoriosa.
Questões para Debate
Sobre o texto
- O povo de Deus é descrito em 14.15. Esta descrição te consola? João está falando de você e de sua congregação?
- Você concorda com o quadro de Jesus e seus anjos que se descreve nos versículos 10 e 11? Se não, como você explica a diferença entre a sua opinião e a descrição de João?
- Se você ou um amigo cristão fossem enfrentar a morte nesta semana, você consideraria o versículo 13 como uma perspectiva realista?
- Qual é a sua reação às idéias de que Deus e seus anjos estão “colhendo” o povo da terra?
Para nossas vidas
- O que diz este capítulo com relação ao propósito da sua vida?
- João traça uma linha bem definida entre o povo de Deus e povo do mundo. Devemos tentar também separar os dois povos na atualidade? O que a declaração de João diz com relação aos nossos amigos e nossa vida social?
- O que é a Igreja para a comunidade onde você participa? Qual é a diferença entre a sua resposta e a resposta de João?
Para o Próximo Estudo
Sete taças da ira de Deus são derramadas sobre a terra. Leia os capítulos 15 e 16, e também a explicação que se dá neste estudo. Pense nisso enquanto estiver lendo o jornal ou assistindo o noticiário. Será que João está apresentando um quadro verdadeiro e fiel da vida?
Nona Parte – O CHAMADO INÚTIL
Sete taças representam a ira de Deus. Mas este quadro não é tão simples quanto parece. João as apresenta como um chamado ao arrependimento. Isto é seguramente o conceito que vem do Antigo Testamento de que a ira de Deus serve aos propósitos do seu amor, mesmo quando o homem lhe despreza ou faz pouco caso do chamado.
Símbolos
A maioria dos símbolos destes dois capítulos podem ser interpretados como uma repetição do Êxodo, quando Israel saiu do Egito em direção à terra prometida. As taças de castigo são o equivalente às pragas que forçaram o Egito a libertar o povo de Deus, no sentido de que são um chamado ao arrependimento. O “mar de vidro” (15.2) é o equivalente ao Mar Vermelho. Os mártires que conseguiram a vitória sobre a aflição “cantavam o canto de Moisés”, o hino da vitória sobre seus inimigos. A presença de Deus com eles é simbolizada pela “tenda da presença” (15.5), que equivale ao Tabernáculo. A destruição da Babilônia (Roma) ao derramar da sétima taça equivale à destruição de Jericó e à conquista da terra prometida.
Neste quadro se mostra uma inversão profética da seqüência do tempo. Os mártires são apresentados como os que já passaram da aflição ao céu antes do envio das pragas.
As pragas possivelmente não se referem a acontecimentos específicos. Elas são todas as maldades da vida, junto com a batalha entre Satanás e as forças de Deus (16.12-21), as quais deveriam levar o homem ao arrependimento.
A palavra “Armagedom” possivelmente indica as “colinas do Megido”. Megido era uma das fortalezas do vale de Esdrelón, perto da serra do Carmelo. Sua importância histórica para os israelitas estava nas batalhas decisivas que aí foram travadas. João não estava fazendo a referência geograficamente. O que ele indicava era que a batalha na qual as duas forças vão enfrentar-se vai ser crucial e decisiva.
Os símbolos do conflito que aparecem nos versículos 20 e 21 não se referem a um ataque aéreo nem a uma destruição atômica. A batalha final é espiritual em lugar de militar e, de acordo com João, não é uma batalha como as outras, é simplesmente a vitória de Deus.
Significados
Ler 15.1-8
Um hino de louvor preparou o ambiente para os sete selos e as sete trombetas. Os mártires que derrotaram a Satanás por seu testemunho fiel e que foram liberados das aflições da terra, cantam o hino de louvor que introduz as sete taças do castigo. Um dos quatro seres vivos, símbolos da criação, deu a cada um dos sete anjos as sete taças com os castigos que vêm de Deus. O símbolo da “tenda da presença” ou “santuário” vem de Ex 40, porque Deus mostra sua presença por meio de uma nuvem.
Ler 16.1-7
Os primeiros três anjos derramaram suas taças sobre a terra, sobre o mar e sobre os rios. Podemos interpretar isto como a continuação do simbolismo da falsa igreja, do governo da terra e do ataque às fontes da verdade. Com isso João está dizendo que o mal gera a maldade da história. Quando o homem perverte a Verdade de Deus, sua Verdade abandona aqueles que optam por seguir ao pecado.
João enfatiza a Justiça deste abandono no canto antifonal dos versículos 5-7. Isto é o reconhecimento da justiça poética – o castigo acompanhando o crime.
Ler 16.8-16
A quarta taça, como a quarta trombeta, vai afetar o sol. Mas o efeito é justamente oposto: calor ardente e seca. A quinta taça trouxe escuridão. Enquanto a quinta trombeta revelou os gafanhotos demoníacos, a quinta taça vai afetar diretamente o trono do demônio. A sexta trombeta e a sexta taça estão dirigidas contra o vale do rio Eufrates – a taça do castigo abrindo o caminho para a invasão da trombeta.
É impossível para nós localizar significados específicos nestas pragas. Dado que os homens “amaldiçoaram o nome de Deus... e não abandonaram os seus maus caminhos” depois dos tormentos, podemos concluir que estes castigos tinham a finalidade de levar aos homens ao arrependimento e foram revelados com este propósito.
Logo temos uma pausa entre a sexta taça e a sétima taça, para preparar o caminho para a derrota final do mal. As três forças do mal – Satanás, o governo e a falsa igreja – somam suas forças para a batalha. Mas isso não é uma assembléia física ou uma batalha visível. No versículo 15 João recorda a advertência de Jesus, de que o final vai vir silenciosa e repentinamente.
Ler 16.17-21
A sétima taça, com o símbolo de grandes calamidades, registra a destruição de Roma. Mas Roma, nos dias de João, é o conjunto dos inimigos da Igreja – o centro de todos aqueles que lutam contra a Igreja. A descrição deste inimigo e o significado de sua queda se amplia nos capítulos 17 a 19.
Interpretação Geral
As sete taças de castigo ou da ira de Deus representam os mesmo e terríveis aspectos da história humana apresentados nos sete selos e nas sete trombetas. João vê tudo isto no contexto da batalha entre as forças de Satanás e o povo de Deus. Todas as calamidades da terra vão acumulando-se até o fim, quando Cristo retorna para manifestar a sua vitória.
Questões para Debate
Sobre o texto
- João coloca uma grande ênfase no castigo de Deus, que é o conteúdo destas taças. Os termos precisam ser bem definidos. Estas perguntas vão servir de ajuda. É o propósito de Deus que o homem seja castigado? É o propósito de Deus fazer uma distinção entre o seu povo e aqueles que o desprezam? Por que as sete taças do castigo são entregadas aos sete anjos por uma dos quatro seres vivos?
- Babilônia, o antigo inimigo de Israel, representa Roma dos dias de João. Que cidade, força ou poder estará representando na atualidade?
- Um cristão pode realmente ver as agonias do ser humano e louvar a Deus por Ele ser verdadeiro e justo (16.5-7)?
Para nossas vidas
- As enfermidades, a miséria e as calamidades de nossos dias, são também um chamado ao arrependimento? Se sim, será que estas coisas conseguem alcançar seu objetivo?
- A paz perfeita e a prosperidade não seriam mais efetivos para levar os homens a adorar ao Senhor e a aceitar a sua Graça?
- Que mensagem a Igreja deveria proclamar quando houvessem terremotos, calamidades públicas ou pragas?
Para o Próximo Estudo
O próximo estudo trata do longo texto relacionado com a Babilônia e sua queda. Estude de 17.1 a 19.10 cuidadosamente, e prepare-se para falar sobre as conclusões a que você chegar.
Décima Parte – A DESTRUIÇÃO DO INIMIGO
A vitória final de Cristo requer a destruição de seus inimigos. Um destes inimigos, de acordo com a linguagem apocalíptica, é o poder ou governo humano. Nos dias de João, este governo humano era o império romano. Nestes capítulos João descreve a sua ruína. Ao ler este estudo, procure imaginar como João se sentia com respeito a Roma, à adoração ao imperador e à divinização de Roma.
Símbolos
Ainda que João explica seus símbolos no capítulo 17, a explicação que dá é tão difícil quanto os seus símbolos. Mas o significado fica claro quando comparamos os relatos de amor: a mulher prostituta e a noiva do Cordeiro (19.6-8); a Babilônia pecadora e a santa cidade do capítulo 21; o monstro que “estava vivo, agora não vive mais, porém tornará a aparecer”, com o Senhor “que é, que era e que há de vir” (1.8).
A mulher no capítulo 17 representa a Roma ou aos desuses romanos. O monstro no qual ela está montada é o governo, especificamente o governo romano. As descrições dos versículos 8 e 11 se referem à lenda de que Nero iria reviver. Os sete montes no versículo 9 são os montes de Roma e os sete reis são imperadores. Mas este número é simbólico, indicando a quantidade exata e total de imperadores, aos quais não se pode identificar a partir das referências de João. Domiciano é “o que está governando”. O outro que “ainda não apareceu” (versículo 10), possivelmente indica que serão vários, mas que o final está perto.
Os dez chifres (versículo 12) significam governos menores. Eles possivelmente se referem aos inimigos de Roma mencionados nos versículos 15-17. Também podem indicar governos que chegam para destruir Roma, mesmo que estejam sob a autoridade do monstro.
As imagens apresentadas nos capítulos 18 e 19 se explicam por si mesmas.
Significados
Ler 17.1-14
Roma corrompeu e depravou toda a terra com sua idolatria. Ela era o centro da maldade, embriagada com o sangue dos mártires cristãos. Ela se entregou totalmente ao domínio do monstro. Satanás deu poder ao monstro, e com este poder o governo romano fez coisas assombrosas. Mas o poder de Roma é limitado. Seus reis estão contra Deus, mas o Cordeiro e seu exército de cristãos fiéis vai vencer.
Ler 17.15-18
Roma vai ser destruída pelo mesmo poder satânico ao qual se entregou. O mal implementado por seu governo será destruído por seus próprios governos. Neste sentido os reis do monstro servem aos propósitos de Deus: eles se destroem continuamente uns aos outros.
Ler 18.1-8
O anjo anuncia a queda de Roma, descrevendo sua desolação e as razões para sua destruição. Observe como se inclui a maldade econômica no versículo 3, que se desenvolve mais especificamente nos versículos 11-20.
O povo de Deus é chamado a sair da cidade, por causa da aproximação da condenação. Ele não deveria tomar parte na sua maldade. João não segue uma seqüência cronológica: o passado e o presente continuamente são misturados para agravar o impacto de cada nova exposição.
Ler 18.9-24
Os dominadores do mundo, os comerciantes e aqueles que fazem o transporte das mercadorias vão chorar pela destruição de Roma. Sua maldade e sua aflição se justificam por estarem comprometidos com a idolatria de Roma. Agora estão relacionados com a sua destruição (versículos 9 e seguintes). A relação das cargas é assoladora, incluindo até “escravos, que são almas humanas” (versículo 13). O lamento dos marinheiros, simbolizado com o jogar pó sobre suas cabeças, mostra a adoração que eles tinham pela cidade (versículos 18 e seguintes e 13.4).
A nota de alegria no versículo 20 é uma interpolação da voz de João, em claro contraste com o lamento do mundo. A Igreja se alegra com a punição de Roma.
O capítulo termina com uma bem escrita descrição da desolação de Roma. O simbolismo do anjo e da pedra de moinho no versículo 21 é emprestado de Jr 51.61-64.
Ler 19.1-5
A multidão dos salvos no céu, a Igreja e toda a criação adoram a Deus e o louvam pelo seu justo julgamento de Roma.
Ler 19.6-10
Agora que foi destruída a cidade má na terra, chegou o tempo do casamento do Cordeiro (Cristo) e da cidade santa (a Igreja). Esta é uma reversão completa da maldade e do mistério da terra à pureza e à alegria do povo de Deus. O próprio João se deixa contagiar pela alegria desta mensagem, tanto que se ajoelhou para adorar ao mensageiro. João é corrigido quando faz isso, porque Deus é a única fonte de alegria. A Palavra da Graça, que é Jesus, é o centro de todas as mensagens de Deus.
Questões para Debate
Sobre o texto
- Quais são os aspectos de “grande cidade” condenados por João? É certo que estes aspectos lutam contra a Igreja?
- Que cidade ou cidades podemos identificar atualmente com a descrição de João? Será que Moscou é mais semelhante a ela do que Nova York?
- João está descrevendo a destruição final do mal. Na sua mente o primeiro que deve desaparecer é esta cidade (simbólica). Você concorda com isso?
Para nossas vidas
- João conclama aos cristãos a sair da cidade (18.4). Deve acontecer isso literalmente? Que outro caminho existe para que possamos escapar de “tomar parte nos seus pecados e não participar dos seus castigos”?
- Todos os comentários de João sobre a política e o comércio dos seus dias apontam para a insensatez. Eles serão destruídos e os que vivem disso vão chorar. O que isto indica a respeito da mordomia dos nossos bens? Que sentido João dá ao nosso conceito de liberdade?
- O mundo estaria melhor sem essa cidade (simbólica) e o seu comércio?
Para o Próximo Estudo
Leia 19.11 a 20.15. Ali encontramos alguns dos mais difíceis parágrafos da Bíblia, por causa das suas muitas interpretações – especialmente aquelas que são propostas pelas seita. `repare-se para falar das suas respostas.
Décima Primeira Parte – O GRANDE TRONO BRANCO
As palavras de João nos capítulos 17 a 20 não podem ser lidas como uma seqüência histórica: primeiro acontecerá isto, depois aquilo e depois o resto. Elas são um estudo daquilo que vai acontecer quando Cristo vencer o mal. No final, Roma vai ser destruída. No final os monstros do governo humano e da falsa religião serão destruídos. No final Satanás será destruído.
Símbolos
Todos os símbolos de 19.11-13 se relacionam com Jesus Cristo. O cavalo branco é um sinal de vitória. As muitas coroas indicam que ele é o Rei dos reis. O nome que só ele mesmo conhecia, lhe confere uma relação única com o Pai, mesmo sendo Um com o Pai. Na linguagem apocalíptica comum sua capa estava coberta com o sangue dos seus inimigos quando ele pisou os ramos da sua ira. Mas João não especifica isso na sua linguagem; a interpretação cristã de que este seja seu próprio sangue que ele derramou para a redenção também é possível. Ele é chamado “A Palavra de Deus”; ele é como foi revelado aos homens por Deus: justo e gracioso.
O monstro e o falso profeta ou Anticristo, de 19.20, são os dois monstros do capítulo 13; o governo personificado no Anticristo e a falsa igreja. O “lago de fogo que queima com enxofre” é o símbolo da condenação final; não se pode tomar literalmente.
Os mil anos em que Satanás está atado no capítulo 20 não são mencionados em nenhuma outra parte da Bíblia, e são desconhecidos em outras literaturas apocalípticas. Qualquer tipo de interpretação literal desta passagem é uma violência, não só ao respeito da Bíblia mas também ao próprio relato de João no livro de Apocalipse.
Mil é o cubo do número redondo dez. Assim como a figura dos três anos e meio simboliza “um período de tempo definitivamente limitado”, os mil anos significam “o resto do tempo”. Quando a testemunha passa pelo martírio, reina com Cristo pelo resto do tempo. Esta é a primeira ressurreição, somente dos mártires.
A prisão de Satanás acontece “depois” dos acontecimentos do capítulo 19, porque no fim dos tempos ele reúne suas forças (destruídas em 19.21) para atacar as forças de Deus. A batalha em 20.9 é a mesma vitória de Cristo registrada em 19.20. Assim os mil anos da prisão de Satanás são este dia de graça, no qual seu poder ajuda a dominar os dois monstros do capítulo 13. No fim Satanás retorna para liderar as forças do mal contra Cristo.
“Gogue e Magogue” (20.8) é a linguagem apocalíptica para designar os poderes do mundo. A expressão vem de Ez 38 e 39, onde se fala de Gogue como sendo o rei de Magogue.
Muitas mitologias falam de livros nos quais estão registrados todos os acontecimentos da vida dos homens que serão julgados (20.12). João acrescenta a ênfase de outro livro – o livro da vida, no qual estão registrados os escolhidos de Deus. O primeiro é o livro dos atos; o segundo é o livro da graça. Observe que o nome dos discípulos de Cristo está registrado nos dois livros, mas que somente o segundo livro contém a salvação.
“Morte e mundo dos mortos”, ou Hades (20.13) são personificados como os últimos inimigos aos quais o homem teme. Ambos são destruídos pela vitória final.
Significados
Ler 19.11-16
No final Jesus Cristo vai reunir as suas forças vitoriosas para limpar a maldade do mundo.
Ler 19.17-21
Na visão de João a batalha é fácil. Antes do começo da batalha, o Rei chama os abutres para que se reunam. Quando as forças anticristãs atacam, se torna claro que atacaram uma Onipotência. No final, o poder humano e a falsa profecia são exterminados e jogados no lixeiro eterno.
Ler 20.1-6
João escreveu seu livro para cristãos que estavam sofrendo perseguições. Fez isso vendo a maldade do mundo, predizendo a destruição das forças satânicas no mundo e, principalmente, prometendo o “milênio” aos que sofriam o martírio.
Somente uma das visões indica o “milênio”. Satanás é acorrentado e trancado no abismo durante o dia da graça, no qual a Igreja combate os seus inimigos humanos. Entretanto, aqueles cristãos que foram mortos por causa de seu testemunho fiel (e somente eles) foram levados para reinar com Cristo no céu até o fim. Os outros que morreram durante esse período devem esperar pelo julgamento do último dia para ressuscitar. Os mártires escapam ao julgamento e ao perigo da morte eterna.
Ler 20.7-10
Mas no final Satanás será solto para provocar a sua derrota final. Ele vai reunir suas forças contra a Igreja. Mas agora João indica que a batalha é fácil, ou que nem sequer chega a acontecer, porque Deus é Onipotente. O Diabo e suas forças são jogados na lixeira eterna, junto com os poderes do homem e a falsa igreja.
Ler 20.11-15
O juízo final marca o fim de toda a criação. Antes que sejam criados o novo céu e a nova terra, as antigas coisas são eliminadas. Todos os que morreram são reunidos para enfrentar o juízo. O julgamento se baseia num duplo critério: os livros com o registro dos atos dos homens, e o livro da vida, onde estão registrados os nomes das testemunhas que guardaram sua fidelidade a Deus (ver 3.5 e 13.8).
Questões para Debate
Sobre o texto
- Os milenistas afirma que os cristãos vão reinar sobre um mundo perfeito e livre da maldade durante um período de tempo. Por que está idéia é simpática para os homens? Em que sentido este atrativo é contrário ao Evangelho de Cristo?
- Muitas vezes se declara que não existem evidências da existência de Satanás no mundo atual. A revelação de João concorda com esta afirmação?
- Paulo fala daqueles que estarão vivos quando Cristo voltar (1 Ts 4.16). João somente menciona os mortos. Pode-se encontrar a razão disso?
Para nossas vidas
- Por que João argumenta contra a idéia de que o mundo pode melhorar com o tempo? Você pensa que as evidências concordam com a oposição de João?
- Que esperança encontramos no fato de que João não prevê uma batalha devastadora no final?
- Quais são as diferenças e semelhanças entre a descrição de João do juízo e as declarações de Paulo sobre a salvação em Rm 3.21-26?
Para o Próximo Estudo
Depois do terror deste tempo virá o tempo da glória no céu. Leia a visão de João sobre esta glória em 21.1-22.5. Prepare-se para responder com a sua própria visão da esperança.
Décima Segunda Parte – A NOVA JERUSALÉM
Não se pode ilustrar o céu, porque é o Reino do infinito Deus. Mas se pode ilustrar a esperança dos cristãos. Usando os símbolos de maior glória no mundo e a ausência absoluta dos males e calamidades do mundo, João nos mostra que o céu vale qualquer sacrifício.
Símbolos
O “novo céu e a nova terra” mencionados indicam uma total destruição da presente criação, no lugar de uma reforma. João segue sua perspectiva apocalíptica, que consiste na sua convicção de que o presente mundo é totalmente mau e está nas mãos de Satanás.
Neste aspecto a Cidade Santa – a Noiva de Cristo – é o novo céu e a nova terra. A freqüente repetição do número 12 a identifica com a Igreja, o povo de Deus, incluindo Israel do Antigo Testamento. A cidade é um cubo (21.16) assim como o santo dos santos no templo de Jerusalém era um cubo. A presença de Deus faz com que toda a cidade seja o templo; não é necessário um lugar especial para Deus (21.22). Os hiperbólicos símbolos de João, totalmente divorciados da realidade (dois mil e duzentos quilômetros de altura, uma só rua de ouro puro claro como vidro e portas feitas a partir de uma só pérola), enfatizam sua transcendental novidade. Ela não é a culminação desta criação nem o clímax de alguma evolução.
As jóias em 21.19 são de difícil identificação. Aparentemente não são as mesmas jóias do peitoral do sumo-sacerdote do Antigo Testamento, parecendo identificar os doze apóstolos em lugar das doze tribos de Israel. Talvez as jóias se identifica, com os 12 signos do Zodíaco, nomeados em ordem inversa por João para chamar a atenção à sua significação cristã. O certo é que os nomes dos apóstolos estão inscritos nas pedras de base da cidade, significando que o Evangelho de Jesus Cristo é o verdadeiro fundamento tanto do Antigo como do Novo Testamento, e que a Igreja é o verdadeiro povo de Deus.
Aparentemente em 21.24 temos uma contradição, pois João fala dos reis e nações do mundo como sendo o monstro do mar. As imagens são tomadas de Is 60.3,11 – uma passagem profética em lugar de apocalíptica. João tenta indicar que a verdadeira glória de qualquer nação está na Igreja, e que esta glória será levada para a Cidade Santa. A nova Jerusalém é a culminação de toda a criação, não somente da Igreja. Ela é o fim e o propósito de todas as coisas.
O “rio que sai do trono de Deus” e a “árvore da vida” (22.1) indicam um retorno ao jardim do Éden. João usa este símbolo seguindo Ez 47.1-12. A nova criação vai restaurar as bênçãos do Paraíso, com o qual começou a presente criação. O fruto da árvore (ou árvores) é o símbolo da graça de Deus.
Significados
Ler 21.1-4
Nós estamos vivendo na esperança de que, depois de todas as calamidades e batalhas deste mundo, estas serão extirpadas e poderemos viver uma nova vida na nova criação, que é perfeita. A glória principal será a presença de Deus; não há maior alegria. Todas as evidências de sofrimento e dor ficarão para trás.
Ler 21.5-8
João escrevia para aqueles que corriam o perigo do martírio. Para eles faz uma promessa segura baseada nas palavras e promessas do eterno Deus. Os discípulos de Cristo que vencem o mundo pelo seu testemunho de fidelidade têm assegurado seu lugar no céu. Mas os covardes que não passam pelo exame, os incrédulos e contaminados que não fizeram caso do Senhor não têm mais esperanças de uma vida com Deus do que aqueles assassinos que atacaram a Igreja. A mesma sentença corresponde para aqueles que cometem imoralidades sexuais, não temendo a Deus; a feitiçaria de todo e qualquer tipo; aos que adoram os ídolos do mundo; e aos mentirosos que levam o nome de Cristo sem ser seus discípulos. Todos os termos de João são escolhidos para servir ao grande propósito do livro.
Ler 21.9-21
A Santa Cidade, esperança da Igreja, é descrita em claro contraste com a cidade do mal (capítulos 17 e 18). Aquela estava no deserto; esta é vista desde uma montanha muito alta. Aquela está relacionada com um abismo sem fim; esta vem baixando do céu. Aquela era o centro do comércio na terra; esta está cheia de riquezas que não se terminam de descrever. Na cidade condenada terminam todas as coisas boas (18.21-23); na Cidade Santa se esquecerá o sofrimento e a maldade.
Toda a descrição de João é simbólica, e não pode ser interpretada literalmente. João usa a linguagem simbólica para demonstrar que a alegria do céu não pode ser descrita com nossas palavras. Não existe nada no mundo para comparar.
Ler 21.22-27
Inclusive as coisas que neste mundo são contadas como bênçãos estarão superadas. A Cidade não necessita de templo; o próprio sol, a lua e as estrelas serão substituídos pela presença de Deus. Muros e portões não são necessários; não haverá necessidade de proteção diante das ameaças e da escuridão. Tudo o que é glorioso e honroso será levado a ela, não para ser somado ao esplendor da Cidade, mas para ressaltar sua glória suprema.
Ler 22.1-5
A graça de Deus proverá para todas as necessidades e a vida será um constante Paraíso de relação com Deus. Poderemos ver Deus cara a cara, porque aquilo que nos separa dele na primeira criação será removido.
Questões para Debate
Sobre o texto
- João faz uma lista dos sofrimentos que estarão ausentes no céu, em 21.4. Você deseja acrescentar outras coisas a esta lista para que seja mais atualizada?
- Como será o edifício da Igreja no céu? Vamos reunir-nos para adorar no céu?
- Que futuro o céu reserva para as ciências? E para a filosofia do homem? E para as artes? Ap 21.24 pode indicar uma resposta.
Sobre nossas vidas
- Qual é a sua expectativa com relação ao céu? De que forma esta expectativa se manifesta nos problemas pessoais que você enfrenta na vida?
- João, falando da Igreja, conclama cada cristão a permanecer fiel no seu testemunho no meio das provas. Em que implica ser membro da Igreja na atualidade? A promessa do céu pode ajudar a superar estes requisitos?
- Os jovens da Igreja devem enfrentar as provas mais sérias e difíceis que a maioria dos adultos. Será que as promessas de João, referindo-se à felicidade no céu para os vitoriosos, é um apoio significativo para eles?
Para o Próximo Estudo
Estude o epílogo da carta de João em Ap 22.6-21. Se ainda existir alguma questão ou tema a respeito do livro de Apocalipse por esclarecer, o próximo estudo será a oportunidade ideal.
Décima Terceira Parte – A IGREJA NO MUNDO
A conclusão do livro de Apocalipse é uma confusa mistura de versículos. Não se consegue acompanhar um mesmo sujeito por todo o texto. Eles estão dispostos com grande habilidade para expressar a extrema urgência com que João envia o livro. O livro seguramente deixou seus leitores ansiosos, mas também convencidos de que aquilo que leram é terrivelmente importante e urgente.
Significado
Ler 22.6-21
Os escritores apocalípticos freqüentemente davam muita importância à parte final dos seus livros, colocando-lhes uma data anterior ou antiga pela importância das revelações que se incluíam. Isto geralmente incluía instruções para que o livro fosse lacrado para ser descoberto mais tarde (atualmente, quando o está escrevendo). Não ocorre isto com João. Ele assina o seu próprio nome e não tem a pretensão de ser alguém especial (versículo 8). O livro não é lacrado nem selado para um tempo posterior (versículo 10). O tempo para sua leitura é agora, e o livro está escrito para as pessoas dos dias de João. O fim está perto e é urgente que estas novidades sejam proclamadas.
As palavras são verdadeiras (versículo 6). João viu tudo isso. Foi um anjo que lhe mostrou tudo (versículo 8)); não houve um relacionamento especial com Deus. Mas as palavras eram as de Jesus, e é o mesmo Jesus que ressalta a urgência do livro (versículos 12 e 16).
O tempo da terrível luta entre o bem e o mal é o que lhe confere importância ao livro. João não tenta mudar o mundo: o mundo vai continuar como até então (versículo 11). Mas a recompensa para aqueles que seguem fiéis e para os inimigos de Deus deve continuar sendo lida (versículo 14). Ninguém deve achar que estas declarações não sejam tão sérias como João as descreve, ou que existe outro caminho além deste que é apresentado por João. Quem quer que introduza modificações ou alterações ao livro será excluído da glória junto com aqueles que lutaram contra Deus (versículo 18).
Já vem o tempo em que a vitória de Cristo estará completa. O Espírito da Igreja, a própria Igreja e João oram de maneira fervente pela vinda de Cristo em triunfo (versículos 17 e 20).
Todo o Livro
O Apocalipse de João foi escrito num tempo de dura perseguição para inspirar os cristãos a manter a fidelidade na sua confissão de fé. A perspectiva básica do livro é que o mundo inteiro está perdido por causa do domínio de Satanás, que está promovendo uma verdadeira guerra contra Deus. Os seguidores de Deus são uma pequena minoria que Deus escolheu para a salvação. Todas as coisas deste mundo – os governos e poderes, as falsas igrejas que apoiam os maus governantes, e as forças que eles reúnem – são maus, sem esperança, e lutam contra a Igreja.
Por isso é que a história do homem é algo terrível. Calamidades se sucedem e não existe uma luz de esperança no meio de tudo isso. Por meio das catástrofes os homens deveriam aprender a arrepender-se, só que isto não acontece por causa do domínio de Satanás. Ele somente leva os homens para mais longe de Deus, e para uma maior rebelião e oposição ao Senhor.
Satanás e suas forças entre os homens lutam contra Deus atacando a Igreja. Eles requerem que os cristãos adorem ao monstro do governo ou morram. A Igreja não tem esperanças de que esta situação mude, nem de ganhar a maioria dos homens para o lado de Deus. O único caminho da vitória é suportar a perseguição até a própria morte.
Esta é a vitória real. Os mártires que alcançam chegam imediatamente ao trono de Deus, para reinar com Cristo até o fim dos tempos. Deus assegurou a vitória. Ele selou e separou seu povo, e o protege das calamidades do mundo. Os cristãos só precisam ter confiança e permanecer fiéis. Não há dúvidas quanto à vitória final, e de que o poder de Satanás não pode subsistir contra Deus.
Esta situação não vai mudar até que Jesus volte em triunfo. No final, Satanás vai reunir pessoalmente suas forças para tentar derrotar a Igreja. Mas ele será dominado repentina e completamente, e enviado com seus seguidores para a eterna condenação. Neste dia o mal será destruído. Esta criação totalmente contaminada será exterminada. Uma nova criação de perfeita beleza será preparada para a eterna glória daqueles que foram discípulos de Cristo.
Questões para Debate
Aqui estão alguns contrastes entre João e Paulo para debate. Não são contrastes no sentido de que um é verdadeiro e o outro é falso; são duas formas diferentes de ver a mesma verdade. Escolha a perspectiva que seja mais significativa para nossos dias, e que nos ajuda melhor a cumprir nosso propósito no mundo. As questões são simples.
Natureza do mundo
Paulo: O mundo é amado por Deus e foi redimido por Deus; em Cristo Deus reconciliou o mundo consigo mesmo.
João: O mundo está cheio do poder de Satanás. O mundo é mau, sem esperança, e já está condenado.
Lugar do Governo
Paulo: O governo é uma instituição divina para o bem-estar da humanidade. Devemos obedecê-lo não só para escapar do seu castigo, mas também por causa de nossa consciência diante de Deus.
João: O governo muitas vezes é um instrumento de Satanás, pelo qual ele tenta os homens à idolatria. Os homens são levados a adorar ao governo, e por este ato estarão adorando também a Satanás.
Função da Igreja
Paulo: Somos embaixadores enviados para anunciar a mensagem da reconciliação. Chamamos a todos os homens, sem distinção, para a reconciliação com Deus.
João: Nós somos o povo escolhido de Deus, constantemente atacado pelo mundo. Como a vitória final está assegurada, possivelmente não há outra forma de vencer o mundo, exceto por meio do martírio.
A Igreja como esperança para o mundo
Paulo e João: Crêem que a salvação final da Igreja é o propósito principal da criação.
Paulo: Na salvação final toda a criação estará livre da escravidão ao pecado. Paulo está esperando ansiosamente por aquele dia.
João: Esta terra e o céu desaparecerão por completo e um novo céu e uma nova terra serão criados para a glória eterna.
Conclusões sobre os Estudos do Livro de Apocalipse
- Como estes estudos afetaram seus sentimentos com relação à primitiva Igreja cristã?
- Como estes estudos afetam seu compromisso com a Igreja atual? Você tomou alguma decisão para sua vida pessoal como resultado dos estudos?
- Quais são seu atuais sentimentos com relação ao livro de Apocalipse?
Nenhum comentário:
Postar um comentário