João
João era um dos filhos de Zebedeu, pescador da Galiléia, e sua mãe era Salomé (acredita-se que irmã de Maria, mãe de Jesus). João, junto com seu irmão (o Apóstolo Tiago) e os Apóstolos Pedro e seu irmão André, eram sócios em uma empresa de pesca antes de serem chamados por Jesus.
É dito que o João possuía uma casa em Jerusalém e que é possível que o encontro de Nicodemos com Jesus tenha ocorrido lá.
O Apóstolo João alcançou uma posição de influência dentro do cristianismo e logo antes da destruição de Jerusalém pelos romanos, em 70 d.C., foi para Efésios. Ele se tornou o pastor da igreja em Efésios e teve uma relação especial com outras igrejas na região.
O irmão de João, Tiago, foi o primeiro dos Apóstolos a morrer; João foi o último. Todos os Apóstolos tiveram morte violenta, porém João morreu pacificamente em Efésios, a uma idade avançada, ao redor dos anos 100 d.C.
Uma história diz que enquanto João residiu em Efésios esteve com ele Maria, a mãe de Jesus, durante alguns anos.
João foi exilado na ilha chamada Patmos, conhecida como a caverna do Apocalipse, por ordem do imperador romano Domitiano, onde o texto sagrado do livro de Apocalipse foi dado ao Apóstolo João por Jesus. Outros livros do Novo Testamento atribuídos a João são: o Evangelho de João, 1º, 2º e 3º João.
Quando foi liberado do exílio retornou a Efésios, onde viveu até o tempo do imperador romano Trajano. É dito que João, "Fundou e construiu igrejas ao longo de toda a Ásia, trabalhou até a idade avançada, morreu quase centenário e foi enterrado perto de Efésios".
Há uma história que diz que quando João era um velho em Efésios, tinha que ser levado para a igreja nos braços de seus discípulos. A estas reuniões ele costumava dizer não mais que "pequenas crianças, amai-vos uns aos outros". Depois de um tempo os discípulos cansados de sempre ouvir as mesmas palavras perguntaram, "Mestre, por que sempre diz isto?" "É um mandamento do Senhor" foi sua resposta. "E se só isto tiver sido feito, é o bastante".
Há também uma tradição que diz que João passou um tempo em Roma.
Nos Evangelhos os dois irmãos são chamados freqüentemente depois do pai; "os filhos de Zebedeu", e receberam de Cristo o título de Boanerges, "filhos do trovão" (Mc 3:17).
Uma explicação provável é de que eram discípulos de João Batista antes de serem chamados por Cristo. Do círculo de seguidores de João Batista, Pedro e André, se tornaram discípulos (Jo 1:35-42). Os primeiros discípulos voltaram com o novo Mestre, do Jordão para a Galiléia, e aparentemente João e os outros permaneceram durante algum tempo com Jesus (Jo 2:12-22; 4:2-8). Ainda depois do segundo retorno da Judéia, João e os companheiros retornaram ao comércio de pesca até que foram chamados por Cristo definitivamente (Mt 4:18-22; Mc 1:16-20).
Nas listas dos Apóstolos João tem o segundo lugar (At 1:13), o terceiro (Mc 3:17), e o quarto (Mt 10:3; Lc 6:14), contudo sempre depois de Tiago, com a exceção de algumas passagens (Lc 8:51, 9:28, no texto grego; At 1:13).
O nome de Tiago é escrito antes, a conclusão que se tira é que João era o mais jovem dos irmãos. Em todo caso João teve uma posição proeminente no corpo Apostólico. Pedro, Tiago e ele foram as únicas testemunhas dos milagres da filha de Jairo (Mc 5:37), da Transfiguração (Mt 17:1) e da Agonia no Getsêmani (Mt 26:37). Foram enviados somente ele e Pedro à cidade para fazer a preparação para a Última Ceia (Lc 22:8). Na Ceia o lugar dele foi próximo a Cristo, em cujo peito se apoiou (Jo 13:23-25). De acordo com a interpretação geral João era também aquele "outro discípulo" que com Pedro seguiu Cristo depois da apreensão no palácio do sumo sacerdote (Jo 18:15). Somente João permaneceu próximo ao Mestre amado ao pé da Cruz no Calvário, com a Mãe de Jesus e as mulheres piedosas; e levou a desolada Mãe sob seus cuidados como o último legado de Cristo (Jo 19:25-27). Após a ressurreição, João e Pedro foram os primeiros discípulos a irem ao sepulcro; e ele foi o primeiro a acreditar que Cristo verdadeiramente tinha subido (Jo 20:2-10). Quando, mais tarde, Cristo apareceu no Lago de Genesaré, João também foi o primeiro, dos sete discípulos, que reconheceu o Mestre, se levantando na orla (Jo 21:7). O Quarto Evangelista mostra claramente quão íntima era sua relação com o Senhor através do título com que se identifica sem dar seu nome: "aquele discípulo a quem Jesus amava".
Depois da ascensão de Cristo e da descida do Espírito Santo, João e Pedro tomaram a responsabilidade da fundação e direção da Igreja. Nós o vemos na companhia de Pedro curando um homem manco no Templo (At 3:1). Com Pedro ele é também lançado na prisão (At 4:3). Novamente o achamos com o Pedro visitando os convertidos na Samaria (At 8:14).
Não temos nenhuma informação concreta relativa à duração de suas atividades na Palestina. Aparentemente João permaneceu uns doze anos em comum com os outros Apóstolos, neste primeiro campo de trabalho, até a perseguição de Herodes Agrippa I espalhar os Apóstolos pelas várias províncias do Império romano (At 12:1-17). Apesar da opinião contrária de muitos escritores, não parece improvável que João tenha ido pela primeira vez para a Ásia Menor e exercido o seu ofício Apostólico lá, em várias províncias. Em todo caso uma comunidade Cristã já existia em Efésios antes de Paulo chegar (At 18:27) e é fácil de associar uma estada de João nestas províncias com o fato de o Espírito Santo não permitir o Apóstolo Paulo, em sua segunda viagem missionária, de proclamar o Evangelho na Ásia, Mísia, e Bitínia (At 16:6). Há poucos contra aceitar uma terceira viagem missionária de João, mas, em todo caso, a estada de João na Ásia, neste primeiro período, não foi longa nem ininterrupta. Ele voltou com os outros discípulos a Jerusalém para o Conselho Apostólico (cerca de 51 d.C.). Paulo, em oposição a seus inimigos na Galácia nomeia explicitamente João, junto com Pedro e Tiago Menor, como "pilar da Igreja" e faz referência ao reconhecimento de seus Evangelhos Apostólicos recebidos destes três, os homens mais proeminentes da antiga igreja em Jerusalém (Gl 2:9). Quando Paulo veio novamente para Jerusalém, para a segunda e depois a terceira jornada, (At 18:22; 21:17) ele percebe que não encontraria mais João lá. Alguns acreditam que João deixou a Palestina entre os anos 52 e 55.
As mais recentes histórias de João
Os escritores Cristãos do segundo e terceiro séculos testemunham uma história universalmente conhecida e não questionada, de que o Apóstolo e Evangelista João morou na Ásia Menor nas últimas décadas do primeiro século; e de Efésios guiou as Igrejas daquela província. No "Diálogo com Tryphon" Justin Martyr se refere a "João, um dos Apóstolos de Cristo" como uma testemunha que tinha vivido "conosco", que é, em Efésios. Irineu fala em muitos lugares do Apóstolo João e sua residência na Ásia e expressamente declara que ele escreveu seu Evangelho
em Efésios e que tinha vivido lá até o reinado de Trajano. Com Eusébio e outros, somos obrigados a colocar o banimento do Apóstolo para Patmos no reinado do Imperador Domitiano (81-96). Alguns acreditam que esteve exilado na ilha de Patmos entre os anos de 93 e 98.
Antes disso, de acordo com o testemunho de Tertuliano, João tinha sido lançado em um caldeirão de óleo fervente ante a Porta Latina, em Roma, sem sofrer qualquer dano.
Depois da morte de Domitiano o Apóstolo retornou a Efésios, durante o reinado de Trajano, e em Efésios morreu, perto do ano 100, bastante idoso. Morreu quase centenário. Lendas informam muitas características bonitas dos últimos anos da sua vida: que recusou a permanecer debaixo do mesmo teto com Cerinthus, a ansiedade comovedora dele sobre um rapaz que tinha se tornado ladrão, as palavras constantemente repetidas, de exortação, ao término da vida, "pequenas crianças, amai-vos uns aos outros". Por outro lado as histórias contadas nos apócrifos "Atos de João", que apareceram já no segundo século, são invenção sem fundamento histórico.
Festa de São João
São João é comemorado a 24 de junho. No início, consta no Menology de Constantinopla e no Calendário de Nápoles, parece ter sido considerado 26 de setembro como a data da sua morte.
João na arte Cristã
A arte Cristã normalmente representa João com uma águia, simbolizando as alturas para as quais sobe no primeiro capítulo de seu Evangelho. O cálice como simbólico de João, de acordo com algumas autoridades, não foi adotado até o décimo terceiro século, está algumas vezes associado com referência à Última Ceia, novamente associado à lenda de que a João foi dado um cálice de vinho envenenado, do qual, por ser abençoado, o veneno subiu na forma de uma serpente.
JOÃO, O AMADO
O que é que lhe vem à mente quando você pensa no apóstolo João? Talvez algumas imagens lhe venham de imediato à mente: o discípulo amado, aquele que se aconchega a Jesus na Santa Ceia e do qual se diz "aquele a quem Ele amava" (Jo 13.23). Ou então a do apóstolo do amor – aquele que, já avançado em idade, escreve aquelas três epístolas maravilhosas que encontramos no fim do Novo Testamento, onde a palavra chave, tantas vezes repetida, é o amor.
São de João as expressões "filhinhos" e "amados", várias vezes presentes em sua primeira carta e que parecem apontar para uma pessoa paciente, mansa e amorosa. Mas teria sido sempre assim?
I- UM ENCONTRO TRANSFORMADOR
Houve, sem dúvida, na vida de João, um momento que transformou a sua vida e que marcou o início de um percurso de aprendizado com Deus. João era filho de Zebedeu, irmão de Tiago. Era discípulo de João Batista, e um dos dois que estavam com ele quando ele exclamou sobre Jesus: "Eis o Cordeiro de Deus!" (Jo 1.36). O outro era André (v.40), e juntos foram os primeiros a conhecer Jesus mais de perto, quando este os convidou para ir e ver onde morava (v.39).
Quando, mais tarde, Jesus convoca os doze discípulos que o acompanhariam durante o tempo de seu ministério, João era um deles. Mas é de se estranhar o sobrenome que Jesus lhe atribuiu: "Boanerges, que quer dizer filho do trovão" (Mc 3.17) – uma alusão ao temperamento explosivo e violento que ele parecia ter. Esse tipo de temperamento parece se confirmar quando, ao encontrar homens que não seguiam com eles expelindo demônios, ele os proíbe de fazê-lo em nome de Jesus (Mc 9.38). Numa outra situação, o mesmo João se irrita contra os samaritanos que se recusaram a preparar pousada para Jesus, o que o leva a desejar "mandar descer fogo do céu para o consumir" (Lc 9.54)!
Apesar desses e de outros incidentes que revelam uma visão ainda distorcida do reino de Deus – como aquele em que ele e seu irmão Tiago pedem a Jesus que lhes conceda se assentarem ao Seu lado na glória (Mc 10.35-37), o fato é que o percurso de João já começava a sofrer a influência transformadora do andar com Jesus. O amor de Deus já havia encontrado o caminho do seu coração, e a mudança no caráter de João estava apenas começando...
II. O AMIGO DE JESUS
Apesar de Jesus falar constantemente às multidões e ter por cada pessoa, individualmente, uma terna compaixão, foi com os discípulos que chamou que ele estabeleceu um relacionamento mais chegado. A eles ele se revelava de forma mais clara, de forma gradual, à medida em que eles iam assimilando os valores do Reino. Marcos é claro a esse respeito em seu Evangelho, quando se refere aos ensinamentos de Jesus às multidões e declara: "Com muitas parábolas semelhantes lhes expunha a palavra, conforme o permitia a capacidade dos ouvintes. E sem parábolas não lhes falava; tudo, porém, explicava em particular aos seus próprios discípulos" (Mc 4.33-34). O próprio Jesus confirma isso, quando, ao explicar a seus discípulos o significado da parábola do semeador, lhes afirma: "A vós outros é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; aos demais fala-se por parábolas" (Lc 8.10).
Este grupo de doze homens caminhou, pois, numa relação mais íntima com Jesus. Estavam sendo treinados para liderar a Igreja que nasceria após a morte de Jesus e para expandir o Reino. Estavam tendo também seu caráter lapidado e forjado pelo convívio com o Senhor.
João era um desses doze e, dentre eles, era ainda um dos três mais chegados a Jesus (Pedro, Tiago e ele). Esses três estiveram presentes em momentos de intensa manifestação da divindade de Jesus, como a experiência da transfiguração de Jesus (Mt 17.1-8) e do momento de extrema angústia vivido por Jesus no Getsêmani (Mt 26.36-46). Os evangelhos certamente não relatam nem detalham todas as experiências vividas por Jesus durante o Seu ministério – como o próprio João declara (Jo21.25), mas de alguma forma o estreitamento da comunhão entre João e o Senhor Jesus cresceu tanto ao ponto de, entre os três discípulos mais chegados a Jesus, João ser cinco vezes citado como sendo "o discípulo a quem Jesus amava" (Jo 13.23; 19.26; 20.2; 21.7,20), ou, em outros termos, o amigo mais chegado de Jesus, ao ponto de Jesus conferir-lhe, na hora da morte, a incumbência de cuidar de Maria (Jo 19.26-27). O convívio diário com Jesus fizera certamente desenvolver-se em João um caráter muito especial, que o levou a se tornar o amigo de Jesus!
III. O APÓSTOLO DO AMOR
Depois da morte de Jesus, João dedica seus registros – quer o Evangelho que escreveu, quer as cartas – a enfatizar a verdade e o alcance deste imenso amor de Deus. É ele que nos lembra que o amor consiste "não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou e enviou o Seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1Jo 4.10), chegando ao ponto de definir: "Deus é amor" (v.16). Esta foi certamente a maior verdade que ele aprendeu e viveu a respeito do Reino de Deus. aquilo que Paulo afirma no conhecido texto de 1 Coríntios 13 – quando diz que eu posso falar em mistérios e exercer dons espirituais, mas se não tiver amor, nada disso se aproveitará – Jesus também deixa claro, no relato de João.
É o amor que leva o mundo a discernir os que são, de fato, discípulos de Jesus: "Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13.35).
João se deixou invadir tão plenamente pelo amor de Deus que hoje podemos nos referir a ele como o "apóstolo do amor". Durante os três anos em que ele conviveu com o Mestre, e à medida em que ia entendendo o amor de Jesus por ele, sua capacidade de amar os outros crescia também.
O mesmo deve acontecer conosco. É um processo natural no Reino de Deus: quanto mais tempo passamos com Jesus e somos transformados pelo Seu amor, tanto mias sensíveis nos tornamos quanto à necessidade que os homens têm de ser alcançados pelo amor de Deus!
CONCLUSÃO:
Ao analisarmos, ainda que tão brevemente, a vida de João e a extraordinária transformação do "filho do trovão" no "apóstolo do amor", que bom é lembrarmos que recebemos do Senhor o mesmo chamado que ele – o de sermos Seus amigos!
A intimidade do Senhor, como diz o salmista, é "para os que O conhecem e O temem, aos quais Ele dará a conhecer a Sua aliança" (Sl 25.14). Jesus confirmou, mais tarde, claramente, o Seu desejo de fazer de cada um de nós Seu amigo pessoal, quando disse aos discípulos, pouco antes de Sua morte: "Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer" (Jo 15.14-15). Atendamos a este chamado e desfrutemos da doce intimidade que Jesus nos oferece, ao ponto de sermos chamados, também nós, Seus amigos – "aqueles a quem Ele ama" (Jo 13.23)! Amém.
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