MENSAGEM
Texto: Jr 31.1-6 - 2011
Tema: Jesus transforma a tristeza em alegria
Ocasião: Domingo de Páscoa, 24 de Abril de 2011 – Vila Velha - ES
Introdução:
O profeta Jeremias era de uma família de sacerdotes que morava em Anatote. Ele começou a anunciar a mensagem da palavra de Deus no ano 627 a.C. e morreu por volta do ano 580 a.C., provavelmente no Egito. Avisou ao povo de Judá que uma terrível desgraça iria cair sobre ele como castigo pelo seu pecado. Qual era o motivo do castigo? O povo de Deus estava servindo outros deuses e tinha uma falsa segurança pelo fato de o Templo do Senhor estar entre eles.
O nosso texto está inserido no “Livro do Consolo”, formado pelos capítulos 30,31 de Jeremias. Esses capítulos têm esse nome porque insistem no tema da esperança, apesar de todas as evidências mostrarem o castigo e destruição.
Exposição do texto:
Depois das profecias de castigo e dos relatos do cativeiro do povo e do seu fracasso, os capítulos 30 e 31 trazem promessas maravilhosas de consolo e reconstrução do povo de Deus. O nosso texto começa com uma expressão típica: Naquele tempo. Essa expressão acontece 37 vezes em toda a Bíblia e, 7 vezes aqui em Jeremias, e sempre com referências evangélicas de reconstrução, perdão e salvação. Mostra o momento da interferência de Deus na história da vida do seu povo. O nome de Deus aqui é IHWH, o Deus da Aliança, todo-poderoso, misericordioso, que torna visíveis os seus atos salvadores para o seu povo.
O versículo 2 faz uma referência à libertação do Egito e à maneira graciosa como Deus conduziu o seu povo pelo deserto, quando os estava encaminhando à terra prometida. Aqui Deus revela seu propósito de amor com seu povo, dizendo que o libertou “para dar descanso”. O pecado, que tanto tinha transtornado o povo, o levado a canseira e enfado da servidão aos egípcios e, agora, aos babilônios, é perdoado por Deus e, no perdão, o povo é presenteado com o descanso proporcionado por Deus.
O versículo 3 diz: “O Senhor apareceu a mim” e disse: “Com amor eterno te amei; por isso, com benignidade te atraí”. É o amor com o qual, desde a eternidade, em Cristo, Deus ama todas as pessoas em geral e, como, particularmente, já tinha demonstrado esse amor tão maravilhoso ao seu povo, livrando-o do cativeiro egípcio. Assim ele promete continuar agindo.
As palavras do versículo 4 revelam a promessa de Deus de reconstruir a Israel, o que certamente era o desejo de todas aquelas pessoas do povo de Deus e, ao mesmo tempo, algo que não iria conseguir com as suas próprias forças. Deus irá agir: Reconstruir, edificar. Isso produzirá uma resposta: As ações de graça, o louvor, a adoração, com adufes (Sl 150.4) e coros dos que dançam. Isso era algo comum nas ocasiões de festejos públicos. Aqui trata-se de uma santa alegria, não uma alegria carnal. Um pouco mais adiante, o profeta diz: “Então, a virgem se alegrará na dança, e também os jovens e os velhos; tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza (Jr 31.13).
Nos versículos 5,6 o profeta descreve a prosperidade e a bênção de Deus sobre o seu povo. Eles iriam plantar e comer os frutos. Deus abençoaria o trabalho deles na maravilhosa terra que lhes deu. Os atalaias, que comumente tinham a função de gritar e avisar quando vinha o inimigo para que o povo se preparasse para a batalha, agora tinha a função de gritar para convocar o povo para subir ao templo para o culto a Deus. O povo de Deus é chamado para a adoração jubilosa do Deus verdadeiro.
A mensagem do profeta Jeremias certamente transformou a tristeza do povo de Deus em alegria, pois anunciava uma verdadeira reconstrução, o ressurgimento do povo de Deus, abençoado pelo Senhor Deus, para o louvor da sua glória. Certamente, essa boa notícia, pregada pelo profeta Jeremias mais de cinco séculos antes de Jesus, era um tipo da ressurreição de Jesus, ato pelo qual Deus derrota todos os nossos inimigos e transforma a nossa tristeza em alegria.
Lei:
O povo de Israel, no exílio babilônico, tinha experimentado a morte nas suas múltiplas facetas: Derrota nacional, destruição do país, do templo, morte cruel de muitos compatriotas, desterro, afastamento dos entes queridos, submissão servil a um povo estranho, de costumes e deuses estranhos. Isso certamente encheu os corações daquelas pessoas de tristeza.
Os discípulos de Jesus também experimentaram a frustração da morte e seus sintomas: Eles tinham acompanhado a Jesus de maneira intensa naqueles últimos três anos. Viram coisas maravilhosas realizadas pelo Salvador. Ouviram o seu ensino sem precedentes. Presenciaram a maneira extraordinária como o Salvador acolhia os fracos, pobres, necessitados – pecadores! Eles presenciaram a traição, a prisão, a crucificação e a morte do Salvador Jesus. Eles fugiram, abandonando o Salvador. Isso certamente encheu seus corações de juma profunda tristeza.
Nós também enfrentamos diariamente a morte e seus sintomas: Os problemas de saúde: Preocupam tanto, causam sofrimento e dor. Quanta tristeza sente uma pessoa que não tem a sua saúde, que sofre com as doenças! As crises familiares e matrimoniais: Causam tanta dor, tornam pessoas da mesma casa inimigos uns dos outros, afastam aqueles que mais deviam se amar! A violência urbana: Mostra, a cada dia, os corpos mortos das suas vítimas. Ouvimos os gritos, os tiros, o choro bem perto de nós! O luto: Quanto aperto no coração sente aquele que deixou no cemitério o corpo de uma pessoa querida, a quem não pode ver mais.
O medo e a tristeza impediram os discípulos de Jesus de continuarem firmes ao lado do seu Senhor, confiando na vitória de Jesus sobre a morte. Para eles, com a crucificação de Jesus, tudo estava acabado! Não restava mais esperança. Somos tentados a também agir assim quando, pressionados pelos problemas, dificuldades, crises e, por falta de confiança em Deus, não conseguimos ver a presença do Senhor ao nosso lado, não conseguimos ver a sua ajuda, a saída, a solução. Os discípulos abandonaram a Jesus; e nós, o que acontece conosco quando enfrentamos problemas, quando a tristeza enche nosso coração? Somos tentados a não ouvir mais a palavra, a deixar de vir à Igreja, a não orar mais, a deixar de adorar a Deus, o que encherá ainda mais o nosso coração de tristeza e nos afastará ainda mais de Deus, atraindo o seu castigo sobre nós, aqui e por toda a eternidade.
Evangelho:
Jesus transforma a nossa tristeza em alegria. Foi assim na época do profeta Jeremias, quando o povo de Deus foi restaurado e guiado de volta para a sua terra. Quanta alegria sentiu aquele povo restaurado pelo Senhor! Foi assim com os discípulos que, depois de verem o salvador morto na cruz, puderam ver o salvador vivo, vitorioso sobre a morte e todos os inimigos infernais. Quanta alegria sentiram os discípulos, ao verem o salvador vivo, vitorioso!
Assim, Jesus transforma a nossa tristeza em alegria. Ele age conosco com amor eterno. Jesus deu a sua vida ao sofrimento e à morte em nosso lugar. Todo o desconsolo e tristeza que pesam em nosso coração, por causa dos nossos pecados, Jesus pagou em nosso lugar. Ele ressuscitou dos mortos, e a sua ressurreição é a ação de Deus para livrar-nos do medo da morte, da tristeza ocasionada pelas destruições da nossa vida. A obra redentora realizada por Jesus nos enche de alegria. Por isso, respondemos ao seu amor com alegria, louvor e adoração! O texto bíblico fala dos que celebram a Deus com adufes e danças! A nossa alegria é eterna, baseada em atos salvadores de Deus que não passam nem se desvanecem. A celebração da páscoa é a festa da ressurreição. A certeza da vitória sobre a morte e a alegria de viver uma vida que nunca termina.
Deus promete bênçãos já para o tempo do aqui: O alimento do evangelho, que nutre a nossa vida. A participação na Igreja de Deus, onde ele se faz presente pelos meios que escolheu – palavra e sacramentos. Ele também nos dá bênçãos materiais, físicas, tão necessárias para o tempo presente. Ele promete estar conosco quando sofremos por causa das doenças, dos problema familiares, das ameaças da violência e por qualquer outra razão. Ele nos trata com amor eterno e, por isso, sua presença ao nosso lado, tira a tristeza do nosso coração e nos dá alegria.
Conclusão:
Jesus transforma nossa tristeza em alegria. É para isso que nos chama para virmos sempre a Igreja. O nosso texto diz: “levantai-vos, subamos a Sião, ao Senhor, nosso Deus!”(v.6). O salmista constata: “Alegrei-me quando me disseram, vamos à casa do Senhor” (Sl 122.1). A presença do Cristo ressurreto na Igreja, no evangelho pregado a nós, no sacramento da santa ceia, são momentos nos quais levantamos a nossa voz na adoração sincera a Jesus, que retira a tristeza do nosso coração, e a transforma em alegria. Louvemos a Deus pelo seu imenso amor! Amém!
Textos: Sl 16; Jr 31.1-6; Cl 3.1-4; Mt 28.1-10
Hinos: 119, 100, 111, 117.
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