Sl 22.1-24: Não é uma descrição do sofrimento pessoal de quem o escreveu e nem do povo de Israel, mas uma descrição do sofrimento do Messias. Ficamos com o Dr. Walter Kunst-maun, o qual segue Leupold e Kirkpatrick, que dá interpretação messiânica a este texto. O próprio Cristo aplica a si mesmo. (Kunstmann, in: "Seleção de Salmos").
Is 52.13-53.12: É um magnífico cântico do Servo Sofredor. Este texto traz tudo que precisamos saber sobre teologia, como diz o Dr. Martim C. Warth em "Igreja Luterana", 2º Semestre de 1989. Descreve em termos magistrais a profundeza da humilhação de Cristo. Fala literalmente da feiura do Messias em lermos como "aspecto... mui desfigurado" (Is 52.14), sem "formosura" (Is 53.2). Mais adiante diz também o texto que o Messias ficaria muito satisfeito com os "frutos" do seu "penoso trabalho" (Is 53.11). liste texto não pode ficar fora de nossas citações nas mensagens deste dia. Rica ênfase missionária.
Hb 4.14-16; 5.7-9: Nos últimos dois vv. citados Cristo é chamado de "Autor da Salvação eterna para todos os que lhe obedecem (pela fé, naturalmente)" (v. 5). Para que os homens pudessem ser obedientes, Cristo se tornou seu "sumo sacerdote" (Hb 4.14), pois ele é aquele que ofereceu sacrifício por nós e, ao mesmo tempo, o Cordeiro de Deus sacrificado. Seu ofício sacerdotal Ele ocupa até hoje.
João 18.1-19.42: É um texto tão amplo e rico que fica difícil ao pregador se definir. Sugerimos uma leitura dramatizada dos diálogos do texto como evangelho do dia. Como texto da mensagem do dia sugerimos Jo 18.11: "Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?" Deste versículo tiramos o tema: "A tomada voluntária do amargo cálice nos torna voluntários."
II. O Contexto.
Jesus acabara de dar seus últimos grandes discursos, seus ensinamentos a seus alunos, em Jerusalém e arredores. Explicara-lhes, em mais de uma ocasião, a necessidade de sua morte. Dissera-lhes ser necessário morrer, ressuscitar, e subir aos céus para que o Consolador pudesse vir (Jo 14 e 1G). Acabara de advertir os seus alunos contra a auto-sufi-ciência espiritual; indicara o traidor; instituíra a Santa Ceia; dera enorme lição de humildade ao levar-lhes os pés. Pressentindo que chegou a sua hora, Jesus vai para o jardim do Getsé-mani. Este nome significa "lagar para óleo". É o tanque ou recipiente onde se espremiam as olivas para obtenção do apreciado azeite, como também uvas ou qualquer outra fruta.
Os discípulos ainda não haviam entendido bem a absoluta necessidade da morte de Cristo. Pedro, por exemplo, em mais de uma ocasião queria impedir que tal tragédia, na sua opinião, acontecesse. Numa destas empreitadas petrinas Jesus lhe diz: "Arroda! Satanás, porque não cogitas das coisas de Deus, c, sim, das dos homens" (Mc 8.33). Agora, n,o jardim do Getsêmani, vendo que Jesus seria preso, o intempestuoso Pedro puxa da espada e corta a orelha do servo do sumo sacerdote, cujo nome era Malco (Jo 18.10). Jesus ordena que Pedro re-coloque a espada no seu lugar e cura o servo ferido. Como Pedro ainda não entendera bem, que espécie de reinado Cristo viera instaurar, pensou que era seu dever usar a força para defender seu rei. Na verdade, quem estava defendendo quem? Era Jesus que estava defendendo seus queridos alunos. Pouco antes dissera aos soldados: "Se é a mim que buscais, deixai ir estes (Jo 18.8). O reinado de Cristo não é deste mundo. É de natureza espiritual, de amor e poder.
III. O Texto.
Jesus diz a Pedro: "Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?" (Jo 18.11). Em Mateus 26.52 está registrado assim: "Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão". Grave advertência!
Jesus se prontificou a beber o amargo cálice da morte por amor aos homens. A sofrer as dores infernais que os homens deveriam sofrer. E tudo isto sem, ter pecado algum, como Paulo escreve em 2 Coríntios 5.21: "Àquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus."
Quando Jesus ordena a Pedro: "Bále" (aoristo imperativo), traduzido por "mete", Ele não deixa dúvida nenhuma de que não é com a força que se propaga Seu reino. Outra expressão grega, "ou mè", tem o sentido "nunca, jamais". O que mostra o grau absoluto de convicção quanto à necessidade que Jesus tinha de beber o cálice. "Pio" é aoristo subjuntivo de "pino", beber. O uso do aoristo aqui também deixa claro que de fato Jesus tomaria o amargo cálice da morte. Tendo feito estas rápidas considerações sobre três expressões gregas, aventuramos a seguinte versão própria: "Mete (de uma vez por todas) a espada na bainha; o cálice que o Pai me deu, jamais (ou: nunca; por acaso eu não) o beberia?" É uma pergunta retórica, cuja resposta é uma só: "É claro, é certo, é evidente que SIM".
IV. Disposição.
Sugerimos a que segue, que evidentemen- te pode ser alterada.
Tema: A tomada voluntária do amargo cálice nos torna voluntários.
Texto: Jo 18.11.
1. Cristo voluntariamente tomou o amargo cálice da morte. 1.1. Cristo se humilhou voluntariamente.
1.2. Cristo padeceu, sofreu e morreu voluntariamente, por AMOR.
1.3. Deus Pai ficou satisfeito plenamente com o cálice tomado por seu Filho e o ressuscitou dentre os mortos no terceiro dia.
2. O amargo cálice de Cristo nos torna voluntários.
2.1. Por natureza não somos voluntários, mas mortos em pecado.
2.2. Pela fé na morte redentora de Cristo somos tornados filhos do Pai.
2.3. Como filhos somos novas criaturas, de espirito vo-luntário (SI 51.12), livres para vivermos nossa fé ativa pelo amor.
Edgar Züge
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