Preparando Histórias a partir da Bíblia
Em 1Co 10.31 o apóstolo Paulo exorta os cristãos a “fazerem tudo para a glória de Deus.” O preparo de histórias bíblicas também está incluído nisto e, até de maneira especial, pois levar a Palavra de Deus aos pequeninos é algo poderoso e maravilhoso. É poderoso porque o Espírito Santo age pela Palavra de Deus operando ou fortalecendo a fé conforme lhe apraz. É maravilhoso porque o professor de Escola Bíblica pode sentir-se um real “instrumento” de Deus na obra da evangelização. Logo, saber como preparar histórias bíblicas para crianças é ao mesmo tempo um desafio e uma satisfação e, assim, a Bíblia toda pode transformar-se - como é desejável - em nossa fonte cristalina de lindas e edificantes histórias. Vamos aprender juntos com o Senhor Jesus e uns com os outro
Passos para o preparo da história a partir da bíblia
As duas regras básicas para o entendimento da Escritura Sagrada são que “a Bíblia se interpreta a si mesma” e que “a Palavra de Deus está expressa em Lei e Evangelho.” Os passos seguintes querem seguir estes princípios mestres que o Dr. Martinho Lutero recuperou para a cristandade. Eis os passos. Para aplicá-los a um texto, tenha sempre papel e caneta à mão a fim de anotar as descobertas de sua pesquisa! Lembre-se também que os mesmos não precisam ser feitos (e na verdade nem podem) todos de uma só vez! Estude seu texto com atenção a partir do roteiro, peça a ajuda de Deus Espírito Santo, dê tempo ao tempo e mãos à obra!
1. Leitura atenciosa do texto na própria Bíblia: Se preciso, leia mais de uma vez! Procure entender o significado das palavras desconhecidas (um dicionário pode ajudar!). Procure tambérm anotar quem são as personagens do seu texto e o que elas falam, sofrem ou fazem. É importante saber a que ou a quem os pronomes
estão se referindo (ex.: “ele”, quem é?). Procure ainda verificar se em seu texto há uma narração de um episódio histórico, um sermão ou ensino de alguém (de quem para quem?), uma parábola (estória comparativa) ou uma profecia (de que, sobre quem e para quem?). Preferencialmente, deixe para consultar comentários bíblicos apenas ao fim da pesquisa.
2. Comparação com outras versões e traduções da Bíblia: Compare seu texto ao menos com mais uma versão. Se você estiver usando a tradução de Almeida Revista e Atualizada da Sociedade Bíblica do Brasil, será muito útil observar também como o mesmo texto encontra-se na Bíblia na Linguagem de Hoje. A Palavra de Deus é a mesma e as versões diferentes ajudam a esclarecer o seu texto.
3. Leituras e anotação de passagens paralelas do texto (caso houver): Neste ponto, é muito útil consultar as passagens que aparecem ao pé da página da Bíblia. Normalmente, elas indicam trechos de outras partes da Escritura que estão sendo repetidos pelo escritor bíblico. Especialmente em histórias dos Evangelhos, consulte os demais evangelistas que registram o mesmo episódio (as indicações destas passagens encontram-se logo abaixo do título das mesmas). É bom anotar alguma passagem, bem como semelhanças ou diferenças que lhe chamem atenção!
4. Círculos de contexto: é hora de começar a relacionar o texto com seu contexto. Observe, portanto, os seguintes círculos de contexto:
a) O texto em seu capítulo: observe o que (que história) vem antes e depois do texto;
b) O texto em seu livro bíblico: observe em que parte do livro o texto está inserido (começo, meio ou fim, por exemplo, da vida de Jesus);
c) O texto nos livros bíblicos do mesmo autor: é o caso de uma história ser relembrada pelo autor em outro livro seu. Pode acontecer muito em Lucas
(Lucas e Atos), João (Jo, l, 2,3, João e Apocalipse)) ou Paulo;
d) O texto na Bíblia toda: por vezes há histórias com assuntos semelhantes aos daquela que você está estudando espalhados pela Bíblia ( e aí está um dos motivos importantes para o Professor estar lendo as Escrituras)!
5. Doutrinas presentes: você pode listar agora as principais doutrinas presentes no seu texto ( ex.: as pessoas da Trindade e a obra de cada uma; Jesus, verdadeiro Deus, verdadeiro homem; o pecado; a salvação; a conversão; a vida eterna, etc.). Neste ponto, o manuseio do Catecismo pode ser muito interessante a fim de relembrar as doutrinas que você encontrou.
6. Lei e evangelho: aqui está o ponto mais importante para a aplicação da história. Descobrir a Lei (pecado que merece a condenação, Rm 3.23; 6.23)
e o Evangelho (o perdão imerecido de Deus ao homem pecador por causa do sacrifício de Jesus, Jo 3.l6; Rm 6.23b) no seu texto é deixar o próprio Deus agir da maneira como ele gosta; mostrar o nosso pecado (desobediência a um ou vários dos Dez Mandamentos) a fim de que nos desesperemos de nós mesmos e confessemos que precisamos da ajuda de alguém para, depois, nos consolar com a Boa Notícia de que, confiando em Jesus, ganhamos de presente o seu perdão, pois ele pagou o nosso pecado em nosso lugar, morrendo na cruz. Por isso, procure cuidadosamente em seu texto aspectos tanto de Lei (que dão um “puxão de orelhas” em alguém, especialmente em nós mesmos por causa da transgressão dos Dez Mandamentos), como de Evangelho (que mostram Deus concedendo o perdão ou consolo a alguém por causa de Jesus).
7. Resumo da Lei: Em breves palavras, escreva o principal(is) pecado(s)revelado(s) no texto. Lembre-se que a verdadeira Lei de Deus é a transgressão de algum(s) dos seus Dez Mandamentos (não é preciso inventar Mandamentos, todos os pecados se encaixam neles!).
8. Resumo do Evangelho: em breves palavras, escreva o principal perdão
ou consolo revelado em seu te4xto. Lembre-se, tal perdão ou consolo é obra unicamente de Deus através de Jesus (nada que o ser humano faça pode dar-lhe perdão)!
9. Pensamento central do texto: Procure resumir o texto em poucas palavras, dando atenção especial para a lição mais importante que você aprendeu (ou que suas crianças podem aprender) através dele (selecione o que de mais importante ou relevante existe no texto; não é possível contar ou aplicar tudo sobre ele).
1O. Aplicação: Qual a relação que o texto tem com sua vida e a de seus alunos? Faça esta aplicação, é necessária e fundamental na história bíblica, para não ser algo distante e frio para o professor e alunos, mas algo que orienta e edifica, bem próximo dos ouvintes. É a aplicação que torna válida a história bíblica.
11. Objetivo: Estabeleça um objetivo principal que você queira atingir através da apresentação da história (pense também nas necessidades espirituais dos seus alunos, na sua fé ou na sua vida diária). Aí, é só fazer um planejamento (a partir do texto, selecionar o material, músicas, determinar o tempo da história, da oração, etc.), usar muita criatividade e escolher a melhor maneira de apresentar, exemplos: ilustrar com figuras, objetos, flanelógrafo, etc.
Que o Espírito Santo abençoe cada um nesta sublime tarefa, preparando e apresentando histórias à partir da Bíblia.
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