Os elementos da Santa Ceia
Mensageiro Luterano Dezembro 2010
No Catecismo Menor, aprendemos que “a Santa Ceia é o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, para ser comido e bebido, sob o pão e o vinho...”. Pão e vinho são os elementos visíveis da Santa Ceia. Porém, as igrejas que proíbem qualquer bebida alcoólica usam vários motivos para justificar o uso do suco em vez do vinho. Há também os que justificam outros elementos em lugar do pão. A seguir, vamos conhecer os principais argumentos.
Fruto da videira
Quando o Senhor Jesus instituiu a Santa Ceia, usou a expressão: “deste fruto da videira” (Mt 26.29). Esta era uma expressão usada pelos judeus para designar o vinho usado em festas solenes e casamentos. Muitos alegam que esta é uma expressão genérica que se refere a todos os derivados da uva, como o suco e até mesmo o refrigerante a base de uva.
Suco de uva
Há os que alegam que a palavra grega para vinho, oinos, teria o significado tanto de vinho, como de suco de uva, este também chamado de mosto ou vinho novo. Com isso, querem dizer que Jesus teria usado suco e não vinho. Porém, em Israel, a colheita da uva acontece por volta de setembro e outubro, e a Páscoa em março e abril. Assim, não havia como impedir a fermentação do vinho durante esse espaço de tempo. Além disso, o mosto era armazenado em odres feitos de couro de cabrito, ou em vazilhas de barro, onde naturalmente fermentava. O sacolejo do transporte e a alta temperatura não evitava o processo de fermentação.
A conservação
Outros alegam que os judeus tinham técnicas de conservação do suco de uva. Eles o
guardavam em recipientes lacrados e depois o colocavam submersos em poços de água em temperatura abaixo de 10ºC, que o conservava por vários meses. Esta seria mais uma comprovação de que Jesus teria usado o suco. No entanto, ainda que o mosto fosse consumido, o vinho velho, chamado de vinho bom, sempre era preferido (Lc 2.1-10).
A fermentação
Jesus instituiu a Ceia durante a Páscoa. A lei da Páscoa (Ex 12.14-20; 13.7) proibia o uso do fermento durante o evento. A fermentação era símbolo da corrupção pecaminosa (Mt 16.6,12; 1Co 5.7,8). Apenas o pão asmo, ou seja, o pão sem fermento, era permitido. Muitos alegam que o vinho, sendo bebida fermentada, também era proibido. Porém, o fermento citado é o do pão acrescentado à farinha, e não o do vinho que é natural dele.
Cultura Judaica
Há também os que alegam que o pão e o vinho eram ingredientes da cultura judaica.
Logo, Jesus teria usado elementos ligados a uma cultura, mas não teria atrelado a Santa Ceia a elementos daquela cultura. Os adeptos desta interpretação dizem que pode-se usar elementos de qualquer cultura. Assim, numa região produtora de cana de açúcar, poderia então se usar cachaça e rapadura na Santa Ceia – os mineiros poderiam usar leite e pãozinho de queijo.
Por que usa mos pão e vinho? Quanto ao uso do pão
Está claro nas palavras da instituição: “tomou o pão” (Mt 26.26). Portanto não é possível usar outro elemento em lugar do pão. Jesus usou pães que estavam à disposição, ou seja, o pão sem fermento, pois era festa dos pães asmos (Lc 22.7). O pão com fermento era proibido só na Páscoa; em outras épocas, ele era usado. E os discípulos continuaram celebrando a Santa Ceia com os pães que tinham à disposição, entre eles, o pão fermentado. Assim, não está errado usar pão com fermento, mas, por coerência, é bom usar sempre a hóstia que é um pão sem fermento.
Quanto ao uso do vinho
Nas festas sagradas e nos casamentos, os judeus usavam vinho fermentado. A Bíblia o cita como “bebida forte” (Lv 10.9; Lc 1.15), ou seja, vinho mesmo, não suco. A Bíblia condena a embriaguez, mas não o uso do vinho. Além disso, em Coríntio, os cristãos usaram vinho na Santa Ceia com teor alcoólico, o que até gerou casos de embriaguez (1Co 11.21). Assim, pela tradição da Igreja e crença luterana, na Santa Ceia, usamos o pão e o vinho, de preferência um vinho de boa qualidade.
David Karnopp Vacaria, RS
Mensageiro Luterano Dezembro 2010
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