UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL
Disciplina: Movimento Ecumênico
Professor: Paulo W. Buss
Acadêmico: Éderson André Vorpagel
Data: 30-03-07
Trabalho: A era inconclusa “Desde os confins da terra”
Ao se fazer a leitura do IV capítulo do livro “A era inconclusa”, obtém-se informações muito interessantes a respeito da ecumenicidade. Vemos que na segunda metade do século XIX em especial, houve diversos movimentos que buscavam uma colaboração entre as Igrejas das mais diversas regiões. O surgimento do Conselho Mundial de Igrejas se deve a vários desses movimentos. A Conferência Missionária Mundial em Edimburgo, em 1910, foi que deu o fundamento para o nascimento do Conselho Mundial de Igrejas. Isso porém, não significou que cristãos de todo mundo se uniram nessa única Igreja ocidental, mas sim que todos os cristãos se uniram em busca de um sentido da obediência a Cristo no mundo moderno.
O movimento ecumênico compreende duas facetas: a busca por uma unidade maior e mais visível, e o nascimento de uma igreja mundial para cuja missão e auto-entendimento todos contribuíram. Estas duas fases serão descritas em seguida.
A busca pela unidade.
Em 1910 foi nomeada a Junta Permanente pela Conferência Missionária Mundial. Em 1921 essa Junta Permanente resultou no Conselho Missionário Internacional. A essa altura, já haviam surgido várias outras organizações para cooperação missionária ao redor do mundo, as quais serviram de núcleo para o novo corpo. O objetivo do Conselho Missionário Internacional não era o de impor regras para a missão, mas o compartilhamento de experiências e estratégias. Tanto em Jerusalém como em Madras, a natureza da igreja e do conteúdo da mensagem cristã estiveram em primeiro plano. Após isso, ocorreu a Segunda Guerra Mundial, e após ela em 1947, no Canadá, a Terceira Assembléia se dedicou a restabelecer os laços rompidos pela guerra e planejar a reconstrução da obra missionária.
A essa altura já se tinha adquirido uma consciência de que igreja e missão não poderiam ser separadas. Então, em 1952 na Alemanha, e de 1957 a 1958 em Gana, decidiu-se unir o Conselho Missionário Internacional e o Conselho Mundial de Igrejas, o que se realizou no encontro do Conselho Mundial em Nova Delhi, no ano de 1961.
Outro movimento que levou à fundação do Conselho Mundial de Igreja foi “Fé e Ordem”. Esses tópicos não haviam sido logo discutidos para evitar desentendimentos quanto a práticas ou crenças das igrejas. Porém, no ano de 1927, em Lausanne, ocorreu a Conferência Mundial sobre Fé e Ordem. Nessa conferência decidiu-se não buscar por unanimidade, mas a discussão franca das questões, ressaltando pontos aonde se chegara a um acordo, e pontos onde ainda haviam diferenças. Ao concluir a conferência, viu-se que os pontos comuns eram muito mais significativos que os em que não se chegara ao consenso. Em 1937 se reuniu em Edimburgo a Segunda Conferência Mundial sobre Fé e Ordem. Lá, decisiu-se concordar com o pedido da Segunda Conferência sobre Vida e Obra, ou seja, fundar um “Conselho Mundial de Igrejas”.
Os dois movimentos então nomearam uma comissão conjunta e passaram a trabalhar pela convocação da primeira assembléia do conselho. Após isso, ocorreu a Segunda Guerra Mundial. Mas em 1948, em Amsterdã, teve início a Primeira Assembléia do Conselho Mundial de Igrejas. O Conselho foi organizado de forma tal a incluir as preocupações do Vida e Obra e Fé e Ordem. O Conselho convocou todas as igrejas a rejeitar tanto o comunismo como o capitalismo liberal.
O número de membros do Conselho Mundial de Igrejas crescia, sendo que até os ortodoxos, que inicialmente não queriam participar, estavam começando a aderir. Na Segunda Assembléia, em Evanston, no ano de 1954, estiveram presentes 163 igrejas. Em 1961, em Nova Delhi, eram 197 as igrejas membros. A Fusão entre o Conselho Missionário Internacional e o Conselho Mundial de Igrejas abriu contato ao Terceiro Mundo e às igrejas mais jovens. Tanto que duas igrejas pentecostais chilenas também passaram a participar. A ênfase dos últimos encontros foi mantida, falando da unidade de “todos em cada lugar”.
Além disso, movimentos regionais e nacionais rumo à unidade cristã iam ocorrendo em diversas partes do mundo. Alguns exemplos disso são: a Igreja Unida do Canadá, que em 1925 uniu 40 denominações diferentes; a Igreja de Cristo na China, que em 1927 uniu reformados, metodistas, batistas e congregacionais, entre outros; e a Igreja de Cristo no Japão, que durante a Segunda Guerra Mundial, sob pressão do governo, uniu 42 denominações.
Missão desde os confins da terra.
Tanto a Igreja Católica como as Igrejas Protestantes sempre buscavam implantar suas igrejas em outros lugares conforme seus costumes tradicionais, praticamente desconsiderando o aprendizado que poderiam ter com igrejas mais jovens. Porém, com o movimento ecumênico e o fim do colonialismo, essas igrejas mais jovens passaram a propor, não apenas adaptações, mas desafios à teologia tradicional.
Assim, nas últimas décadas passou-se a observar a teologia cristã de uma perspectiva completamente diferente da tradicional. Passou-se a levar em conta o contexto cultural, as lutas econômicas e socias dos oprimidos. Entre os católicos, o surgimento e desenvolvimento dessa nova teologia teve mais força na América Latina. O Concílio Vaticano II, com sua abertura para o mundo moderno, deu o impulso necessário para a arrojada missão na América Latina. Em 1968, na cidade de Medellín, Colômbia, os bispos latino-americanos rejeitaram tanto o capitalismo como o comunismo, devido às injustiças que causam ao povo, e incitaram uma luta cristã pela justiça, visto que essa seria uma exigência do ensino bíblico. Assim, eles tomaram partido pelos pobres em sua luta pela libertação. Conforme eles, alguns elementos da Escritura foram obscurecidos ou deixados de perceber. Dessa forma, desafiaram tanto a Igreja como os poderosos da América Latina.
Roma pressionou os bispos a que se retratassem, porém, na nova assembléia, em Puebla, no México, em 1978, os bispos reafirmaram sua postura. Em diversas partes da América Latina, catequistas católicos leigos foram mortos, sendo que em El Salvador, até o arcebispo Oscar A. Romero foi assassinado. Nos Estados Unidos e na Europa, tal teologia foi considerada anátema.
Por fim, podemos observar uma inversão com relação há um século atrás. O Sul, que era considerado descristianizado, ou os “confins da terra”, agora está tendo a oportunidade de testemunhar ao Norte, que há um século atrás nos testemunhou o Evangelho, mas que agora parece estar mais preocupado apenas com o crescimento econômico.
Bibliografia:
GONZÁLES, Justo L. A era Inconclusa. Vol. 10. São Paulo: Vida Nova, 1995.
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