APOCALIPSE 1.1-8
INTRODUÇÃO
1. TÍTULO – A compreensão do primeiro vers. é de fundamental importância para a interpretação de todo o livro.
1.1. Conteúdo – Mostrar as coisas que em breve devem acontecer. Testificação da Palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo. A Palavra breve tem sentido imediato tanto para nós, como para os que nos sucederão, como teve para os que nos antecederam. Jesus é o receptor e também o doador da visão. Quando Jesus recebeu esta revelação? Sem dúvida, no tempo de sua humilhação. Porque depois de sua exaltação, quando lhe foi concedido todo o poder (Mt 28.19), não se pode falar mais num dar algo a Jesus. O receber só aconteceu no estado de humilhação. E o que ele recebeu do Pai, ele o transmitiu a seus apóstolos. E o ES , que Jesus enviou no dia de Pentecostes, veio, não para trazer coisas novas, mas para lembrar aos discípulos tudo o que Jesus ensinou (Jo 12.49; 17.8; 16.13-14; 15.23-26). Apocalipse, portanto, não traz, em si, doutrinas novas. Jesus havia dito que voltaria para julgar os vivos e os mortos e que neste último tempo a igreja aqui na terra, no cumprimento de sua missão, sofreria tribulações (At 14.22; Mt 24.19; Rm 8.35). O que Jesus ensinou a seus discípulos, mostra-o aqui em detalhes a seu servo João, para consolo dos fiéis. Para que não se escandalizem com os acontecimentos (Jo 16.11).
1.2. Seu método de transmissão – Deus à Jesus Cristo à Anjo à João à demais servos (1.1).
1.3. Beatitude dos receptores - Bem aventurados (7x em Ap). Aquele que lê (singular) – ordem no culto (o que lê no culto), aqueles que ouvem – ouvintes "ouvem e guardam" – são os cristãos que no culto ouvem e guardam.
2. O Autor – João (1.1,4,9; 2.1,2; 22.8)
3. Os destinatários – as cartas são dirigidas às sete igrejas da Ásia Menor, que representam a igreja do NT. As palavras "aos seus servos" (v.1) são abrangentes e se referem a todos os servos do NT). 7 (sete), porque é um número simbólico, perfeito (3 – Trindade + 4 – mundo total). Nestas igrejas é definido todas as virtudes e defeitos existentes ainda hoje).
4. Saudação – "Graça e paz"- amor de Deus aos homens em Cristo. A paz, numa relação vertical (Rm 5.1; Ef 2.8,9; Jo 20.19-21). De onde vem? Refere-se a Deus Pai ("é, era, há de vir"), ES ("sete espíritos") – tem sete tarefas a realizar (Is 11.2) e de Jesus Cristo "testemunha" (Jo 8.18; Jo 3.1) "as primícias, primogênito" (Cl 1.18; 1 Co 15.20) "soberano" (Sl 2; Hb 2.8). Ele será plenamente rei depois de sua vinda (At 2.32, 33; Ef 1.22).
5. Dedicatória – v. 6 – conf. Ap 5.9; Is 40.2. Reino – somos um conjunto de reis – coletividade – igreja (Ap 2.26,27; 1 Co 3.21,22) Sacerdotes (Hb 13.15; 1 Pe 2.9).
6. Tema do livro – v.7. "Eis que" – chamativas enfáticas (Mc 13.26; Mt 24.30), "todo olho" – parece que a cada olho é atribuída uma importância. Significa todas as pessoas, Dn 7.13. – Matriz da mensagem, Zc 12.10; Ml 3.2 – Destacam a 2ª vinda. "traspassar" – todos os que foram desobedientes. Este ver. Refere-se ao Juízo final (Mt 24.30 – desmaiarão. Um resumo do versículo seria: Cristo voltará.
7. Assinatura ou carimbo – v.8 – Palavras atribuídas a Deus. Ver v. 4. "Senhor Deus" – muito usado no AT. Este título é mencionado 10 x no NT, 9 no Ap. A matriz é 2 Sm 7.14 e 1 Cr 17.13. "Todo poderoso" – há fontes para ser atribuído a Deus (Os 12.5; Am 2.3).
APOCALIPSE 1.9-20
A VISÃO E SEU EFEITO SOBRE JOÃO
1. A visão inaugural: Jesus glorificado 1.9-20
1.1. Antecedentes: Nova identificação do autor; tribulações: At 14.22; Mt 10.34-39; 16.24-26; Tg 1.2,3; companheiro no reino: o reino é a causa da tribulação e o meio pelo qual nós superamos. Tribulação e reino são dois assuntos do livro. Por causa das tribulações sobre a igreja é necessário a perseverança. Nós experimentamos estas dificuldades em Jesus.
1.2. Local e razão de seu exílio: Patmos. Lá havia uma mina de sal. Tertuliano disse: "a pena de João era menos severa". RAZÃO: Por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
1.3. Seu estado de preparo para receber a visão: Em espírito. Não é um estado igual hoje na parapsicologia, carismáticos, etc. O estado de João não significa que ele estava fora de seus sentidos. "Em espírito" não se refere ao ES. Foi um ato de Deus. Dia do Senhor: Dia de culto. Há evidências de que os cristãos se reuniam no 1º dia da semana (At 20.7; 2 Co 12.2). Ele ouviu uma voz, provavelmente de um anjo, ordenando-lhe que escrevesse em livro o que veria.
2. A VISÃO
2.1. O aspecto do autor da voz – semelhante ao Filho do Homem (Jesus); roupas (vestes talares – era a vestimenta do sumo sacerdote – Ex 28.4). Os candeeiros representam a igreja, a luz do mundo. O v. 16 mostra que a unidade da igreja não está na organização mas no relacionamento com Cristo, mostrando Cristo segurando sete estrelas em sua mão direita. As sete lâmpadas eram as próprias igrejas. Sua função era dar luz ao mundo (Mt 5.14). Se uma lâmpada deixava de proporcionar luz era afastada (2.5). No v. 14 a sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve. Aqui representa a divindade de Cristo. Em Dn 7.9 quem tem esta aparência é o "ancião de dias". João a usou para indicar que Jesus tinha existência eterna com o Pai. Seus olhos eram como chama de fogo. Esta expressão (ver 2.8) parece simbolizar sua onisciência. Em 19.12 é uma característica de ira. No v. 15 os pés de fogo – força, estabilidade (Ez 1.7); a voz de muitas águas – grandeza, dignidade, poderosa (Ez 1.24; 43.2). No v. 16 sete estrelas – anjos das sete igrejas (pastores) boca...espada de dois gumes – palavra de Deus (LEI e EVANGELHO). Rosto brilhava como sol – exaltação de Cristo.
2.2. Efeito da visão sobre João v. 17 – Is 6.5; Dn 10.7-9; Is 6.22,23; Lc 5.8 – exemplos de profetas que diante da divindade caem aos pés de Deus. Termos que o homem se encontra com Deus, lembrança do pecado.
2.3 Conforto de Jesus – Não temas, eu sou o primeiro e o último – expressa a eternidade de Jesus – 2.8; 21.6; 22.13. Eternidade de Deus – Is 41.4; 44.6; 46.12. Eternidade de Jesus em Paulo – Ef 1.10; Cl 1.15,16. V. 18 – aquele que vive atesta a ressurreição de Cristo. Tenho as chaves – poder do ofício das chaves que por sua graça é dado a nós (Mt 18.15; Jo 20.23).
v.20: o mistério das sete igrejas – a igreja cristã é um mistério, por isso confessamos: "creio na santa igreja cristã, a comunhão dos santos". Jesus explica. Os candeeiros de ouro são as igrejas. Elas são de ouro porque foram purificadas pelo sangue de Jesus. Elas estão nas mãos de Jesus que as guia e protege. As sete estrelas são os anjos, os mensageiros, os pastores destas igrejas. Elas brilham como estrelas, porque proclamam, por palavras e obras, a luz de Cristo que guia ao céu (Mt 5.13; 2 Co 5.20; Fp 2.15; 1 Tm 4.12; Ef 4; 2 Co 6.1; At 20.28).
HORST KUHENBECKER
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