APOCALIPSE 2.1 – 3.22 - AS CARTAS ÀS SETE IGREJAS
1ª carta, à Igreja de Éfeso (2.1-7)
Éfeso era uma das mais opulentas cidades do seu tempo, com 255 mil habitantes. Seu majestoso templo da deusa Diana, constituía uma das sete maravilhas do mundo. Hoje nem se sabe ao certo onde esta cidade estava localizada. A igreja foi fundada pelo apóstolo Paulo, em 51 AD (At 18.19; 20.21; 1 Co 15.32; 16.9). Nela trabalharam Apolo, Áquila e Priscila, Timóteo e o apóstolo João (At 18.18-24; 20.17; 1 Tm 1.2).
Jesus se apresenta à ela como aquele que tem as igrejas em suas mãos. Ele elogia a vigilância da igreja, seu zelo pela verdade, sua luta contra as obras dos nicolaítas. Esta seita se originou, como se presume, da desinterpretação de uma carta do diácono Nicolau (At 6.5). A seita ensinava: Podemos pecar à vontade, para que a graça seja abundante. Hoje os antinomistas: não se deve pregar a lei na igreja.
A Igreja perdeu o seu primeiro amor, que ainda hoje se faz sentir nos recém-convertidos e por ocasião de alguns empreendimentos, mas que facilmente esmorece. Jesus considera isso uma queda e chama ao arrependimento. Se não se arrepender, ameaça tirar o candeeiro. O que aconteceu. O vencedor desfrutará a comunhão com Deus eternamente.
Esta igreja parece espelhar o tempo apostólico. Seu zelo, sua vida santificada, seu amor à verdade. Mas, já naquele tempo se fizeram sentir os sintomas da decadência (1 Co 5.6; Gl 1.5). E nós, de onde caímos?
2ª carta, à Igreja em Esmirna (2.8-11)
Esmirna, 64 Km ao norte de Éfeso, era um importante cruzamento de rotas comerciais tanto terrestres como marítimas. A cidade foi destruída várias vezes por terremotos e incêndios, mas sempre reerguida. É hoje uma das mais importantes cidades da Turquia. A igreja cristã ali era pequena e pobre. Sofreu perseguições, tanto de judeus como de gentios. No ano de 155 AD, seu bispo Policarpo, discípulo de João, foi queimado, mesmo sendo de avançada idade.
Jesus se apresenta a ela como aquele que sofreu e vive. Não a censura, mas a consola e elogia sua perseverança e fidelidade. Ela é rica para com Deus. O sofrimento de dez dias é um período curto predeterminado. Aos fiéis está reservada a coroa da glória eterna. E não os louros passageiros dos estádios esportivos de Esmirna.
Esmirna parece espelhar a igreja cristã dos primeiros três séculos que foi assolada por perseguições. A quem Jesus pode elogiar hoje? Cumpre-nos perseverar com toda a fidelidade na palavra de Deus.
3ª carta, à Igreja em Pérgamo (2.12-17)
Cidade antiga, bela e rica da província de Mísia. Foi célebre como centro de artes e literatura. Ali foi inventado o pergaminho. Possuía uma grande biblioteca. Muito notável também por sua superstição, seu culto à deusa Vênus e a Esculápio, o deus da magia e da medicina. O culto a César trouxe conflitos e perseguições aos cristãos. Antipas foi martirizado. Satanás instalou ali o seu trono e, mudando de tática, seduziu os cristãos ao mundanismo. Quão próximo estão os dois reinos neste mundo!
Jesus se apresenta a ela como aquele que tem a espada de dois gumes. O pastor da igreja manteve-se fiel, mas deveria ser mais decisivo. Houve tolerância e desleixo na disciplina cristã (1 Co 5.6; Gl 5.9). Isto é expresso pela doutrina de Balaão e a doutrina dos nicolaítas (Nm 31.15-16; 2 Pe 1.5; Jd 11).
Jesus chama a igreja ao arrependimento e à luta. A arma é a Palavra de Deus. Se ela não a usar, esta palavra será contra ela. A vencedor será dado o maná, o estar à mesa celestial (Is 62.1-4; Rm 8.24-25; Ef 3.19-19).
A igreja parece espelhar o período entre 323 e 800. Houve ainda perseguições, mas com a conversão do imperador Constantino (274-337), a igreja teve paz. Satanás seduziu, então, os cristãos a amarem o mundo e as coisas do mundo. E instalou em seu meio o seu trono (2 Ts 2.3-4).
4ª carta, à Igreja em Tiatira (2.18-19)
Cidade pequena, mas famosa por seus produtos manufaturados, por sua arte de tingir com púrpura. Hoje com 50 mil habitantes. A igreja foi fundada pelo apóstolo Paulo na casa de Lídia (At 16.14-15).
Jesus se apresenta a ela como o Filho de Deus, com seu olhar de fogo e seus pés de bronze, para juízo. O perigo que ameaçava a igreja de Pérgamo, instalou-se aqui, o amor ao mundo. A acusação que pesa sobre a igreja é a tolerância de Jezabel, a profetiza adúltera. O nome lembra a rainha Jezabel, esposa do rei Acabe (1 Rs 18.19; 2 Rs 9.32). A palavra "prostituição" é usada aqui no sentido de desviar-se, de romper a comunhão com Deus. Parece que ninguém tinha coragem para advertir esta mulher e condenar seus erros.
Jesus toma a situação em suas mãos. Intervém e castiga, mas ainda com amor, para conduzir ao arrependimento. Pouco depois, não se ouve mais nada a respeito desta igreja. Desapareceu da história.
Jesus consola o pequeno grupo de fiéis, os "vós outros", que não conheceram "as profundezas". O mundo julga os cristãos como ignorantes. Mas as profundezas do saber, são muitas as profundezas de Satanás. "Conserva o que tens". (1 Co 5.13; 2 Co 6.14-18). Quem permanecer fiel receberá autoridade sobre as nações. Não autoridade material, mas a de proclamar a palavra de Deus para perdoar os pecados aos pecadores penitentes e retê-los aos impenitentes, enquanto não se arrependerem.
Tiatira parece espelhar o período entre os anos 800 e 1214 da história da igreja. A igreja teve forma de piedade, mas faltou-lhe fé. O papa assume os dois poderes, o poder eclesiástico e o poder civil. Estas tentações permanecem até hoje. Bem-aventurados aqueles que guardam a fé e permanecem aos "vós outros", que não se deixam enganar pelas "profundezas de Satanás".
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