6ª Tese – As condições do chamado
Um candidato luterano pode, de boa consciência, aceitar como válido e legítimo um chamado para ser pastor de uma congregação, somente se esta congregação declarar que: Primeiro, deseja ser servida como uma congregação ortodoxa, evangélica luterana; segundo, confessa a Escritura, Antigo e Novo Testamento, como palavra de Deus; terceiro, aceita e confessa publicamente os livros confessionais da Igreja Evangélica Luterana (especialmente o Catecismo Menor, a inalterada Confissão de Augsburgo como sua confissão) e deseja que o ofício pastoral seja conduzido conforme esta confissão; quarto, igualmente conforme as cerimônias confessionais da igreja luterana ortodoxa; quinto, mantenha os livros didáticos corretos na igreja e escola; sexto, pratique a inscrição antecipada para a Santa ceia; sétimo, de forma geral, dê livre curso à palavra de Deus (onde quer que seja apresentada em público ou em particular) em doutrina, admoestação, conforto, os membros prometem se subordinarem à mesma.
Observação – 1
Não é correto se o pastor chamado deixa a congregação que o chamou por muito tempo sem informá-la sobre o recebimento do chamado. O pastor chamado deve informar a congregação que o chamou imediatamente sobre o recebimento do chamado, mesmo se ainda não sabe o que fará. E se precisa de mais tempo para tomar sua decisão, informar à congregação que o chamou sobre as tratativas que está tomando.
Observação – 2
Pode também acontecer que, sem ferir a consciência, um pastor ortodoxo pregue a palavra de Deus a uma congregação como uma confissão errônea ou mista, mas não que se torne seu pastor e ministre a Santa Ceia a seus membros. Pois se o fizesse, ele como pastor ortodoxo entraria em comunhão com falsas confissões e aprovaria a falsa confissão pelo sacramento (2 Co 6.14s.; 1 Co 1.10; Rm 16.17; 2 Jo 10-11; Rm 4.11).
Isto é verdade não somente para aquelas congregações que, como um todo, têm uma confissão falsa, mas também para aquelas congregações que aceitam um nome ortodoxo, nas quais, no entanto, aqueles que declaram uma falsa confissão têm o direito de serem membros. No caso em que um pregador dá a Santa Ceia também àqueles que não crêem no mistério da Santa Ceia, como àqueles que confessam a fé, Lutero escreveu em seu escrito de admoestação a Frankfurt, em 1530: “Em suma, para lidar com esta matéria é uma horror para mim que numa e mesma igreja, no mesmo sacramento, participem os que crêem receberem somente pão e vinho, e por outro aqueles que crêem receberem o corpo e o sangue de Cristo. Eu pergunto, é possível que um pregador e cura d´almas seja tão endurecido e maldoso que silencia, deixando ambos irem, cada qual conforme sua fé?, etc.”
“Mas se houver [tal pregador], ele deve ter um coração que é mais duro do que pedra ou de diamante. Ele deve ser um apóstolo da ira. Pois turcos e judeus são muito melhores do que aqueles que negam nosso sacramento e o confessam abertamente. Nós não podemos nos deixar enganar nem cair em idolatria. Estas pessoas, no entanto, devem ser verdadeiros príncipes diabólicos, que me dão simplesmente pão e vinho e querem me levar a considerá-lo o corpo e sangue de Cristo e assim querem me enganar miseravelmente. Isto seria demasiadamente quente e duro. Deus lhes fará processo curto. Quem tiver tais pregadores, ou percebe isto neles, que se guarde deles, como do próprio demônio” (Erlangen XXVI, 304; Walch XVII, 2446).
Aqui, na verdade, Lutero tem em mente só os pregadores que seguiam Zwinglio. Pois lhe parecia algo impossível que um pregador, que acredita na presença real de Cristo na Santa Ceia, entre numa tal união sacrílega. Mas se isto acontecer, que pregadores, com a correta confissão no corpo e sangue de Cristo, o administrem e permitem que um número de seus comungantes o considere somente pão e vinho, a atrocidade é maior.
Observação - 3
A essência de uma congregação ortodoxa não consiste no seu nome, mas na confissão da doutrina pura. Após Deus ter, neste último período da história do mundo, restaurado a doutrina pura da palavra de Deus em sua igreja, por seu instrumento escolhido, Lutero, os inimigos de sua doutrina apelidaram os seguidores da doutrina de Lutero de “luteranos”, e suas congregações de “igreja luterana”. Este nome tornou-se o distintivo dos ortodoxos. Eles não têm de se envergonham do nome “luterano”, como os judeus fiéis não se envergonham do nome de “israelitas” (Jo 1.47), e os antigos ortodoxos não se envergonhavam do nome “Atanásius, mesmo sendo esses nomes “israelita” e “Atanásius” nomes de pessoas, bem como o nome de Lutero.
É perverso querer apelar ao protesto de Lutero contra o uso do seu nome. (Treue Vermahnung an alle Christen sich vor Aufruhr und Empörung zu hüten, do ano de 1522). Walch X, 420ss.; Erlanger XXII, 55). Quem dos luteranos não subscreveria de coração esse protesto, se isso indicasse que cremos mais em Lutero do que em Cristo, aderindo assim a uma doutrina sectária?
(Nota ao pé da página: Lutero escreve em seus escritos contra a cega condenação dos 17 artigo no ano de 1524: “Assim temos um nome tão infame e vergonhoso no mundo, como admitidamente ninguém o teve nos últimos mil anos. Pois, a quem se pode chamar de luterano ou evangélico, assim pensam eles, esses são chamando mais de dez vezes de diabólicos, esses merecem mais do que um inferno” (Erlangen, XXIV, 77ss.; Walch XXI, 130).
Se nós somos chamados de luteranos porque cremos o que Lutero ensinou conforme a palavra de Deus, e se nós confessamos nossa fé de forma clara e completa, ao chamarem nós de luteranos, por que iríamos nós nos envergonhar do nome de Lutero? Se nós nos envergonhassemos do seu nome, nós nos envergonharíamos também da verdade que aprendemos dele. Como Lutero protestou contra seus inimigos, por chamarem os cristãos por seu nome, assim ele também admoesta em outro lugar, com referência a 2 Tm 1.8, que rejeitar o seu nome é negar a verdade contida nessa pergunta: Tu és luterano? Isto não significa outra coisa do que: Crês tu o que Lutero ensinou”? (Von beider Gestalt des Sacraments, ano 1522; Erlangen XXVIII, 316s; Walch XX, 136) [Lutero diz aqui: Deixa tal pessoa ir, tu precisas confessar a doutrina].
Assim Lutero já profetizou em 1524: “Eu na verdade não gosto que a doutrina e o povo sejam chamados de luteranos, e precisam sofrer que eles abusem tanto da palavra de Deus com do meu nome. Mesmo assim, eles precisam deixar a Lutero, a doutrina luterana e o povo luterano a honra; por outro, eles e seus professores sucumbirão, mesmo que todo o mundo o lamente e se irritassem todos os demônios. [...] Porque nós sabemos de quem é a Palavra que nós pregamos” (Uma carta de conforme para Miltenberger. Erlangen XLI 127ss.; Walch V, 1858ss).
Com isto não queremos negar, que podem surgir situações sob as quais a confissão ao nome luterano não possa ser requerida como conditio sine qua non para servir uma congregação com a Palavra e os sacramentos. [Nota ao pé da página: Isto seria especialmente o caso se um pregador de uma congregação com confissão falsa, por exemplo, papista, reformado, união-evangélica, metodista, etc., se este pregador chegasse ao conhecimento da verdade (pudesse continuar a pregar sem mencionar o nome “luterano”). Walther citou Lutero, que advertiu assim o Conselho da cidade de Regensburg (Erlangen LV 57ss.].
Observação – 4
Como já era costume na igreja antiga, que aqueles que queriam ser batizados e aceitos na congregação cristã, deveriam declarar publicamente o Credo Apostólico como sua confissão, contra os falsos mestres e seitas naquela época; assim o é agora, se uma congregação quer ser considerada ortodoxa, é ainda mais necessário que ela declare a confissão da igreja ortodoxa de nosso tempo como sua confissão. Visto não podermos esperar que todos os membros conheçam os escritos simbólicos da Igreja Luterana, é suficiente que a congregação confesse o Catecismo de Lutero e a inalterada Confissão de Augsburgo. Assim lemos também na Fórmula de Concórdia, Declaração Sólida: “E em sexto lugar, já que essas questões importantíssimas também concernem ao homem comum e leigo, que, para sua salvação, deve, como cristão, distinguir entre doutrina pura e falsa, também confessamos unânimes o Catecismo Menor e o Maior do Dr. Lutero, tais como escritos por ele e incorporados aos seus tomos, visto que foram unanimemente aprovados e recebidos por todas as igrejas unidas à Confissão de Augsburgo e publicamente usados em igrejas, escolas e casas, e porque neles a doutrina cristão é formulada, com base na palavra de Deus, para os leigos singelos, de maneira corretíssima e simplicíssima, sendo, da mesma forma, explanada na medida do necessário (Suma, Fundamento, Regra e Norma...§ 8). Em outro lugar o Catecismo Menor é chamado de “a Bíblia dos Leigos”, por resumir tudo o que a Escritura ensina de forma ampla.
E também o pastor chamado para a congregação se comprometa com a palavra de Deus e as Confissões da Igreja, como garantia de que não pregará sua própria sabedoria, mas a pura doutrina cristã. Esta obrigação é de grande vantagem também para o pastor chamado na condução do seu ofício, pois ele pode apelar para a congregação contra os ataques de falsos espíritos que surgem na congregação e muitas discussões desnecessárias nas congregações podem ser sufocadas.
Sobre a origem, o significado e o compromisso dos pastores com respeito às Confissões da Igreja Luterana, consulte o trabalho apresentado na quarta sessão do Sínodo de Missouri, westliches Distrikt, 1858, sob o título: Warum sind die simbolischen Bücher unserer Kirche von denen, welche Diener der selben werden wollen, nicht bedingt, sondern unbedingt zu unterschreiben.” (Por que os livros simbólicos de nossa igreja são subscritos não condicional mas incondicionalmente por aqueles que querem ser pastores em nossa igreja?). Consulte também “Der Lutheraner” ano 14.
Observação - 5
Lemos no Artigo VII da Confissão de Augsburgo: “Porque para a verdadeira unidade da igreja cristã é suficiente que o evangelho seja pregão unanimemente de acordo com a reta compreensão dele e os sacramentos sejam administrados em conformidade com a palavra de Deus. E para a verdadeira unidade da igreja cristã não é necessário que em toda a parte se observem cerimônias uniformes instituídas pelos homens”. (Cf. Artigo X da Fórmula de Concórdia). Seria, portanto, não evangélico e nem luterano, se um pastor, fosse obrigado a aceitar o chamado de uma congregação sob a condição de aceitar todas as cerimônias e instituições que são costumes naquela Igreja Luterana. Isso seria um retorno ao passado, seria anticristã.
[Nota ao pé da página: Nossos teólogos ortodoxos enumeram como adiáforo os costumes em nossa Igreja Evangélica Luterana: quadros, dias santos, música de órgão, canções, liturgia; quanto ao batismo: o aplicar da água três vezes, o batismo por leigos na emergência, o sinal da cruz, o vestido batismal, o renunciar o diabo, o exorcismo, a confissão da fé por parte de padrinhos, etc.; na administração da Santa Ceia: o pão sem fermento em forma de hóstia, a distribuição do pão sem quebrá-lo, o colocar os elementos na boca das pessoas, o ajoelhar-se na hora da recepção, a comunhão a doentes, etc.; com respeito ao ofício da pregação: vestimentas, confissão particular, etc.; cantos em latim; o inclinar a cabeça quando o nome de Jesus é pronunciado; o sistema de perícopes; velas e o crucifixo no altar; a divisão dos Dez Mandamentos com três mandamentos na primeira tábua e sete na segunda tábua; o início da oração do Senhor com a ordem de Pai Nosso e o dizer e livra-nos do mal, da sétima petição, etc. ]
[Na ordem do Pai Nosso, Lutero reteve a ordem tradicional: Pai Nosso (Vater unser) que já se tornou arcaica nos seus dias, mas tinha sido consagrado pelo longo uso. O inclinar a cabeça quando o nome de Jesus é pronunciado é um sinal de adoração a Jesus. A confissão contra a tendência de Nestório dos Reformados que separam o Filho de Deus de Jesus, querem adorar o Filho de Deus sem adorarem a Jesus.]
Pode, no entanto, ocorrer um caso no qual a instituição ou a remoção de um adiáforo pode indiretamente ser a negação da verdade. Temos um exemplo na história do apóstolo Paulo. Ele circuncidou Timóteo por causa dos fracos na fé, quando isto era um adiáforo (At 16.3). Mas ele não se deixou mover pelos falsos mestres a circuncidar Tito como se isso fosse necessário. Ele fez o que escreveu aos gálatas, para que a verdade do evangelho permanecesse entre nós (Gl 2.3-5).
Se os inimigos da doutrina pura insistem para que os ortodoxos removam ou instituam um adiáforo, como algo necessário, então isto não será mais um adiáforo. Neste caso, a verdade do evangelho, especialmente a doutrina da liberdade cristã, está sendo atacada. Os inimigos estão atacando, tentando os ortodoxos a negarem esta liberdade. Neste caso, qualquer um que consente com eles não está usando sua liberdade, mas está abrindo mão da mesma.
Quando Carlstadt insistiu em abolir o levantar da hóstia (elevatio), pois o considerava pecado, Lutero escreveu: “Eu tinha a intenção de abolir a elevação da hóstia, mas não quero fazê-lo agora, por um tempo, em oposição e contra os espíritos fanáticos (entusiastas, que o proíbem e o consideram pecado e nos privam da liberdade.) Pois antes de ceder espaço da largura de um cabelo ou ceder por um momento a esses espíritos assassinos, para deixar nossa liberdade (como Paulo ensina em Gálatas 5.1), preferia ser amanhã um zeloso monge e seguir rigorosamente todos os ritos do mosteiro. A liberdade cristã não é algo de pouca importância. Nós queremos preservá-la tão pura e inteira como nossa fé. Ela custou demais ao nosso querido Salvador Jesus Cristo. E ela nos é muito necessária. Não podemos abrir mão dela sem perder a salvação” (Contra os profetas celestiais, Walch XX, 255; Erlangen XXIX, 194ss. [Lutero foi de opinião que abrir mão da liberdade cristã é um retorno à justiça das obras e deixar o evangelho, o ensino da salvação somente por graça, pela fé].
Por Carlstadt querer considerar pecado chamar a Santa Ceia de sacramento, Lutero escreveu no mesmo escrito: “Irmão, não considere isso algo insignificante, de alguém proibir o que Deus não proibiu, e quebrar a liberdade cristã que custou a Cristo o seu sangue, e sobrecarregar as consciências de pecado, onde não há pecado. [...] Ouça meu irmão, tu sabes que pela liberdade cristã, bem como por todo artigo de fé, estamos prontos a deixar o corpo e a vida, e fazer o contrário a tudo o que é proibido, e deixar de fazer tudo que se ordena contra, como Paulo o ensina em Gl 5.1. [...] Assim tu vês que nessas coisas pequenas o perigo não é pequeno se alguém o quer impor algo à consciência. Tal como se alguém te proibisse comer carne num dia de comer peixe, então coma carne. E se te ordenasse comer carne, num dia de carne, então não coma. Se te proibissem o matrimônio, então case, e mostre que tu o farias com gosto, e assim por diante. Onde quer que eles ordenem, proíbem, tornam pecado ou boas obras, afligindo a consciência, anunciando perigo onde Deus quer liberdade e nada ordenou nem proibiu, tu precisas manter esta liberdade e sempre fazer o oposto para preservar a liberdade”. (Walch XX,278; Erlangen XXIV, 214ss.)
Compare isso com o artigo X da Fórmula de Concórdia. O que tange às cerimônias confessionais, elas não podem ser enumeradas para todos os casos, conforme o que foi dito. O que para um tempo e determinado lugar é cerimônia confessional, pode não o ser em outro tempo ou lugar. Se a confissão da doutrina e a preservação da liberdade cristã não estão em perigo, então o uso ou não de qualquer adiáforo é livre para a congregação, enquanto não for uma ofensa contra o amor e a boa ordem, e a edificação da igreja não for perturbada. Cerimônias que a Igreja Ev. Luterana e seus pregadores não podem abrir mão no tempo presente, sem enfraquecer a confissão da doutrina pura incluem: a omissão do quebrar o pão na Santa Ceia bem como o uso do Credo Apostólico e o renunciar o diabo na cerimônia batismal. Se uma congregação não deseja conformar-se com a Igreja Ev. Luterana nessas questões, um candidato luterano poderá não aceitará o chamado de sã consciência. [...]
Os Calvinistas se opõem ao renunciar o diabo no batismo infantil, porque eles negam que a criança possa estar sob a influência do diabo se ela for um eleito de Deus. Os Reformados se opõem à Confissão do Credo Apostólico no batismo, porque negam que o Santo Espírito trabalha pelo batismo para levar alguém à fé. Os Reformados insistem no quebrar o pão na Santa Ceia, porque eles vêem nisso uma ação simbólica, não como um meio da graça na qual o corpo e o sangue de Cristo são distribuídos como penhor do perdão e da salvação. Ceder nessas coisas aos Reformados é concordar com sua argumentação e confessar sua doutrina.
Observação - 6
Aceitar o chamado de boa consciência é somente possível se vier de uma congregação que permite que se introduzam bons livros didáticos na congregação e na escola. Sem dúvida, não seria um cura d´almas (Seelsorger), mas, sim, um assassino (Seelenmörder) quem tolerasse livros e hinários nos quais há veneno para as almas. Se uma congregação ainda não possui livros doutrinariamente puros, importa mostrar-lhes os erros. Basta então que a congregação se declare disposta a substituí-los o quanto antes. Um exemplo de verdadeira fidelidade confessional, diante do fato de calvinistas permitirem que se cante seus salmos de louvor, temos na revista Lehre u. Wehre, XVII, 366-373.
Observação - 7
Na Confissão de Augsburgo, artigo XXV.1 nossa igreja declara: Conserva-se entre nós o costume de não dar o sacramento àqueles que não foram previamente examinados e absolvidos. No artigo XXIV.1 sobre a missa, a Apologia afirma: O sacramento é administrado aos que querem fazer uso dele, depois de terem sido examinados e absolvidos.
Seria, portanto, contra a consciência aceitar um chamado de uma congregação que não concorda com a inscrição pessoal para a Santa Ceia. Isto é inquestionável, porque conforme a palavra de Deus, o pregador é em primeiro lugar não somente um professor, mas também deve ser pastor, bispo, (supervisor), vigia sobre as almas e deve ter o cuidado para que ninguém tome a Santa Ceia para sua condenação; segundo, especialmente o que se refere ao sacramento, ele não é simples distribuidor, mas administrador (1 Co 4.1). Ele é responsável, o quanto depende dele, para evitar o mau uso da Santa Ceia; terceiro, que, pela advertência de Jesus, ele não devem lançar as pérolas aos porcos (Mt 7.6). Teremos ainda a oportunidade para falar sobre isso com maiores detalhes, quando analisaremos a correta postura do pregador na inscrição à Santa Ceia, na confissão e absolvição privada.
Observação – 8
A condição de a congregação filiar-se a um Sínodo, não deverá ser uma condição para a aceitação de um chamado; da mesma forma, o pastor chamado não precisa concordar com a condição de não se filiar a um Sínodo. A primeira condição é contrária à liberdade da congregação; a última é contra a liberdade do pastor chamado. No século 19, alguns imigrantes tiveram uma repugna ao Sínodo, pois temiam que o Sínodo fosse senhor sobre eles, como eram os consistórios na Alemanha.
Observação – 9
Um grupo de pessoas, a quem ainda falta o conhecimento correto, mas que deseja chamar um pastor luterano, podemos e devemos apresentar, antes de aceitar tal chamado, um documento com requisitos mínimos, como segue, que este grupo deverá assinar.
Nós, os abaixo assinados, declaramos por este documento o seguinte:
- Estamos dispostos a formar uma congregação Evangélica Luterana, à qual só podem pertencer, os que desejam ser luteranos.
- Estamos dispostos a chamar um pregador que nos transmitirá a palavra de Deus como contida na Escritura Sagrada e exposta nas confissões públicas da Igreja Ev. Luterana, resumida no Catecismo Menor do Dr. Martinho Lutero (e na inalterada Confissão de Augsburgo, de 1530).
- Que a administração da Santa Ceia será conforme instituída por Cristo.
- O pregador conduzirá e executará fielmente seu ministério conforme a palavra de Deus.
- Não queremos contratar o pastor, conforme o direito humano, por um ou dois anos, para nós servir, mas, como descrito na Bíblia, chamá-lo como servo de Deus; por isso queremos reconhecê-lo como servo de Deus enquanto ensinar corretamente, levando uma vida sem escândalos e exercer seu ministério fielmente.
- Nós nos reservamos o direito e a autoridade de depô-lo, conforme a ordem de Cristo, se ele se tornar um falso mestre, viver de forma escandalosa ou for maliciosamente infiel no seu ministério.
- Estamos prontos para deixar-nos instruir na palavra de Deus e a aceitar as devidas correções que emanam dela. Não queremos impedir nosso pastor a nos pregar a palavra de Deus em todos os aspectos do seu ofício.
- Queremos, toda a vez que decidimos participar da Santa Ceia, nos inscrever para a mesma, e pelo menos uma vez ao ano nos anunciar pessoalmente com ele.
- Queremos trocar todos os livros incorretos por livros corretos, pois desejamos que em nossa igreja e escola sejam usados somente livros doutrinariamente corretos.
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